tag:blogger.com,1999:blog-11567879053481843072024-03-14T11:18:48.907-07:00Fãs de CrepúsculoKristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.comBlogger34125tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-64265417559549023072009-03-31T10:49:00.000-07:002009-03-31T10:51:31.464-07:00Ajuda!Gente eu queria pedir a ajuda de vocês para botar mais coisas no blog eu queria que vocêsme dessem sugestões!Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-39633114725185426392009-03-18T10:17:00.000-07:002009-03-18T10:24:43.963-07:00Explicação das capas e titulos!Crepúsculo: É o fim do dia, logo é noite e os vampiros estão a solta! Na capa o símbolo é uma maçã quer dizer o fruto proibido, que é o Edward para Bella o fruto Proibido!<br /> Lua Nova: eu não sei o que significa a capa mais o título significa: Lua Nova é a fase da lua que fica "mais escondida" que é a noite mais escura, ou seja o livro trata da fase mais escura da vida da Bella que é quando Edward a abandona dizendo que não a ama mais!<br /> Eclipse: Eu não tenho certeza mais eu acho que o título se trata de quando o sol "Jacob" e a lua "Edward" meio que mesmo sendo oposto eles tem de ficar juntos por Bella. A capa se trata de quando a amizade de Bella e Jacob fica por um fio!Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-41512900877136501902009-03-17T12:31:00.000-07:002009-03-17T12:47:44.327-07:00AmanhecerBOOK II- JACOB<br /><br />Prefácio<br />A vida é uma merda, e aí você morre.<br />Sim, eu deveria ser tão sortudo.<br /><br /><br />Capítulo 8 – Já esperando pela droga da grande luta<br /><br />“Jesus, Paul, você não tem uma casa própria?”<br />Paul, ocupando todo o meu sofá enquanto descansava, assistindo a algum jogo estúpido de baseball, na minha merda de televisão, sorrindo maliciosamente para mim e aí - bem devagar - ele pega um Dorito da sacola em seu colo e coloca inteiro em sua boca.<br />“É melhor que isso tenha vindo com você.”<br />Crunch. (mordida) “Não” ele disse enquanto mastigava. “Sua irmã me disse para ir em frente e pegar o que eu quisesse.”<br />Eu tentei fazer com que a minha voz soasse como se eu não estivesse prestes a socá-lo. “A Rachel está aqui agora?”<br />Isto não funcionou. Ele ouviu aonde eu ia e empurrou o pacote para suas costas.<br />Ele crepitou enquanto Paul a esmagava contra a almofada.<br />O chips desmanchou em pedaços. As mãos de Paul se ergueram em punhos, perto de seu rosto como um boxeador.<br />“Venha, criança. Eu não preciso da Raquel para me proteger.”<br />Eu bufei. “Certo. Como se você não fosse chorar para ela na primeira chance.”<br />Ele gargalhou e relaxou no sofá, deixando as mãos caírem. “Eu não vou tagarelar com uma garota. Se você tiver sorte, isto ficará somente entre nós. E vice-versa, certo?”<br />Legal da parte dele me dar um convite. Eu relaxei meu corpo como se eu tivesse me rendido. “Certo.”<br />Os olhos deles se voltaram para a TV.<br />Eu me lancei.<br />O nariz dele fez um satisfatório som de algo quebrando, no meu primeiro golpe.<br />Ele tentou me agarrar, mas eu saí fora de seu caminho, antes que ele pudesse me segurar, o pacote de Doritos em minha mão esquerda.<br />“Você quebrou meu nariz, seu idiota.”<br />“Apenas entre nós, certo, Paul?”<br />Eu fui guardar o chips. Quando eu voltei, Paul estava reposicionando seu nariz antes que este pusesse sarar torto.<br />O sangue já tinha estancado; parecia que não tinha origem, enquanto escorria pelos seus lábios e queixo.<br />Ele amaldiçoou, estremecendo enquanto ele puxava a cartilagem.<br />“Você é tão chato Jacob. Eu juro, eu prefiro ficar com a Leah.”<br />“Ouch. Wow, eu aposto que Leah realmente vai gostar de ouvir que você quer passar um tempo com ela. Isto irá aquecer o fundo de seu coração.”<br />“Você irá esquecer que eu falei isso.”<br />“Claro. Eu tenho certeza que isso não vai escapar.”<br />“Ugh,” ele grunhiu, e então voltou para o sofá, esfregando o que sobrou do sangue no colarinho da sua camisa. “Você é rápido, criança. Eu admito.” Ele voltou sua atenção ao indistinto jogo.<br />Eu fiquei lá por um segundo, e aí eu fui a passos largos para meu quarto, murmurando sobre abduções alienígenas.<br />Antigamente, você sempre podia contar com Paul para uma luta. Você não tinha que acertar ele - qualquer insulto mínimo faria. Não precisava de muito pra tirar ele do sério. Agora, claro, quando eu realmente queria uma boa luta confusa, rasgante, de derrubar árvores, ele tinha de estar todo meloso.<br />Já não é ruim o bastante que outro membro do bando tivesse tido uma impressão - porque, realmente, isto faz quatro em dez agora! Quando isso irá parar? Esse mito estúpido supostamente era para ser raro, para gritar em voz alta! Todo esse obrigatório amor a primeira vista é completamente doentio!<br />Isto tinha que ser em minha irmã? Isso tinha que ser com Paul?<br />Quando Rachel chegou de Washington no final do semestre de verão - graduada mais cedo, a nerd - minha principal preocupação tinha sido manter o segredo, ia ser difícil com ela aqui. Não estava acostumado a esconder coisas na minha própria casa. Isso me fez verdadeiramente compreensivo com as crianças, como Embry e Collin, cujos pais não sabiam que eles eram lobisomens. A mãe de Embry pensou que ele estava passando por algum estágio de rebeldia. Ele estava sempre de castigo por constantes fugas, mas, claro, não havia muito o que ele podia fazer sobre isso. Ela checava seu quarto todas as noites e, todas as noites, ele estava vazio de novo. Ela tinha gritado e ele escutado em silêncio, e então passava por isso novamente no outro dia.<br />Nós tentamos convencer Sam a dar uma trégua a Embry e deixar sua mãe saber, mas Embry disse que ele não importava. O segredo era muito importante.<br />Portanto eu estava sendo totalmente adequado em manter o segredo. E então, dois dias depois de Rachel chegar em casa, Paul gamou nela na praia. Bada bing, bada boom - amor verdadeiro! Nenhum segredo é necessário quando você encontra a sua outra metade, e todo aquele lixo de impressão de lobisomem.<br />Rachel ficou sabendo de toda a história e eu ganharei Paul como cunhado algum dia. Eu sabia que Billy não estava muito emocionado com isso, também. Mas ele lidou com isso melhor do que eu. Claro, ele tinha escapado pra a casa dos Clearwaters com mais freqüência que o normal nesses dias. Não vi onde isso foi tanto melhor. Nenhum Paul, mais abundância de Leah.<br />Eu me perguntei - uma bala pela minha têmpora de fato me mataria ou somente iria deixar uma grande sujeira para eu limpar?<br />Eu me joguei na cama. Estava cansado - não tinha dormido desde minha última patrulha - mas eu sabia que não iria dormir. Minha cabeça estava muito cheia de bobagens. Os pensamentos balançavam no interior do meu crânio como um enxame desorientado de abelhas. Barulhento.<br />De vez em quando elas ferroavam. Deviam ser vespas, não abelhas. Abelhas morrem depois de uma ferroada. E os mesmos pensamentos estavam me ferroando de novo e de novo.<br />Essa espera estava me deixando louco. Já se haviam se passado quase quatro semanas. Eu tenho esperado, de um jeito ou outro, as notícias teriam de chegar agora.<br />Eu passei noites em claro imaginando qual forma elas tomariam.<br />Charlie soluçando ao telefone - Bella e seu marido perdidos em um acidente. Uma queda de avião? Essa seria difícil de fingir. A menos que os sanguessugas não se importassem de matar um bando de espectadores curiosos para autenticá-lo, e por que eles iriam? Talvez um pequeno avião. Provavelmente eles teriam um de reserva.<br />Ou o assassino voltaria para casa sozinho, depois do fracasso de tentar fazer dela um deles? Ou nem ido tão longe. Talvez ele a tenha esmagado como um saco de batata frita na sua tentativa de conseguir algo? Porque sua vida era menos importante para ele que seu próprio prazer.<br />A estória seria trágica - Bella perdida em um terrível acidente. Vítima de um assalto que deu errado. No jantar sufocando até a morte. Um acidente de carro, igual ao da mamãe. Tão comum. Acontece o tempo todo.<br />Será que ele a traria pra casa? Enterrá-la em consideração a Charlie? Cerimônia com o caixão fechado, é claro. O caixão da minha mãe tinha sido pregado.<br />Eu poderia apenas esperar que ele voltasse aqui, dentro do meu alcance.<br />Talvez não fosse existir nenhuma estória. Talvez Charlie ligasse para perguntar ao meu pai que ele tinha ouvido alguma coisa do Dr. Cullen, que não apareceu pra trabalhar apenas um dia. A casa abandonada. Nenhuma resposta de nenhuma ligação nos telefones dos Cullen. O mistério pego por algum programa de segunda categoria, suspeita de jogo sujo…<br />Talvez a grande casa branca queimasse por completo com todos dentro. Claro, eles precisariam de corpos pra isso aí. Oito humanos de tamanhos aproximadamente iguais. Queimados além do reconhecimento - além do reconhecimento da arcada dentária.<br />Qualquer coisa dessas seria difícil - pra mim, isso mesmo. Seria difícil encontrá-los caso eles não quisessem ser encontrados. Claro, eu teria de procurar pra sempre. Se você tivesse todo o tempo do mundo, você poderia checar cada pedacinho de palha no palheiro, um por um, pra ver se encontrava a agulha.<br />Agora mesmo, eu não me importaria de desmantelar o palheiro. Pelo menos isso seria algo pra fazer. Eu odiava saber que eu podia estar perdendo minha chance. Dando aos sugadores de sangue o tempo pra fugir, se esse fosse o plano.<br />Nós poderíamos ir à noite. Nós poderíamos matar cada um deles que pudéssemos encontrar.<br />Eu gostava dessa idéia do plano por que eu conhecia Edward bem o suficiente pra saber que, se eu matasse qualquer da sua corja, eu teria a minha chance de pegá-lo também. Ele viria por revanche. E eu daria isso a ele - eu não deixaria meus irmãos matá-lo no pacote. Seria apenas eu e ele. Que o melhor homem vença.<br />Mas Sam não escutaria isso. Nós não vamos quebrar o acordo. Deixe que eles o façam. Apenas porque nos não tínhamos a prova que os Cullen não fizeram nada de errado. Ainda. Você tinha que adicionar o ainda, porque todos nos sabíamos que seria inevitável. Bella voltaria como uma deles ou não voltando. De qualquer jeito seria uma vida que tinha se perdido. E isso significava fim do jogo.<br />Na outra sala, Paul urrava como uma mula. Talvez ele tivesse mudado pra um canal de comédia. Talvez o comercial fosse engraçado. Isso atacou meus nervos.<br />Eu pensei em quebrar o seu nariz de novo. Mas não era com Paul que eu queria brigar. Realmente não.<br />Eu tentei ouvir os outros sons, o vento nas árvores. Não era o mesmo, nem através de ouvidos humanos. Tinha milhões de vozes no vento que eu não conseguia ouvir nesse corpo.<br />morelhas eram sensíveis o suficiente. Eu podia ouvir das árvores até a estrada, os sons dos carros vindo através da última curva onde você poderia finalmente ver a praia - a vista das ilhas e das pedras e do grande oceano azul que cobria o horizonte. Os policiais de La Push costumavam ser bem rigorosos naquela parte. Turistas nunca percebiam o sinal para reduzir a velocidade no outro lado da pista.<br />Eu podia ouvir as vozes fora da loja de souvenires na praia. Eu podia ouvir o sino ressoando enquanto a porta era aberta e fechada. Eu podia ouvir a mãe de Embry no caixa, imprimindo um recibo.<br />Eu podia ouvir a maré batendo contra as pedras da praia. Eu podia ouvir os gritos das crianças enquanto a água gelada vinha rápido demais para que elas pudessem sair do caminho. Eu podia ouvir as mães reclamando das roupas encharcadas. E eu podia ouvir uma voz familiar…<br />Eu estava tão concentrado ouvindo que a repentina explosão da risada de asno de Paul me fez pular pra fora da cama.<br />“Saia da minha casa!”, eu resmunguei. Sabendo que ele não iria prestar nenhuma atenção, eu segui o meu próprio conselho. Eu abri minha janela com violência e pulei pela parte de trás da casa, assim eu não veria Paul de novo. Seria tentador demais. Eu sabia que eu o socaria de novo, e Rachel já estaria irritada o bastante. Ela veria o sangue na blusa dele, e ela me culparia na mesma hora sem esperar por provas. Com certeza, ela estaria certa, mas, ainda assim…<br />Eu marchei para a costa, meus punhos em meus bolsos. Ninguém olhava pra mim duas vezes quando eu entrei no estacionamento sujo da Primeira Praia. Essa era uma das vantagens do verão - ninguém se importava se você não estivesse vestindo nada mais além de shorts.<br />Eu segui a voz familiar que ouvi e encontrei Quil facilmente. Ele estava na parte sul da praia, evitando a maior parte da multidão de turistas. Ele soltava um constante rio de avisos.<br />“Fique fora da água, Claire. Vamos. Não, não. Oh! Ótimo, criança. Sério, você quer que Emily grite comigo? Eu não vou te trazer de volta pra praia de novo se você não - Ah é? Não - ugh. Você acha engraçado, é? Hah! Quem está rindo agora, huh?”<br />Ela tinha um balde em uma mão, e seus jeans estavam encharcados. Ele tinha uma mancha gigante causada pela água na parte da frente de sua camisa.<br />“Cinco dólares na garotinha”, eu disse.<br />“Hey, Jake.”<br />Claire gritou e jogou seu balde nos joelhos de Quil. “Desce, desce!”<br />Ele a colocou cuidadosamente de pé e ela correu na minha direção. Envolvendo minha perna com seus braços.<br />“Tio Jay!”<br />“O que ‘tá acontecendo, Claire?”<br />Ela riu. “Qwil tooodo molhado agora.”<br />“Eu posso ver isso. Onde está sua mãe?”<br />“Foi, foi, foi”, Claire cantou. “Claire brincou com Qwil tooodo dia. Claire nunca voltar pra casa.”<br />“Parece que alguém está dando pares de golpes terríveis.”<br />“Três, na verdade” Quil corrigiu. “Você perdeu a festa. Tema de princesa. Ela fez com que eu usasse uma coroa e então Emily sugeriu que todos eles testassem a maquiagem nova dela em mim.”<br />“Wow, eu realmente lamento não ter estado perto para ver isso.”<br />“Não se preocupe, Emily tem as fotos. Na realidade, eu pareço um gostosão.”<br />“Você é tão babaca.”<br />Quil encolheu os ombros. “Claire se divertiu. Esse era o objetivo.”<br />Eu revirei os meus olhos. Era difícil estar perto de gente que já havia tido sua impressão. Não importava em que estágio eles estavam - já apertando o laço como Sam ou apenas uma babá excessivamente abusada como Quil - a paz e a certeza que eles sempre irradiavam estavam me dando ânsias de vômito.<br />Claire se pendurou em nos ombros deles e apontou pra o terreno. “Pega a peda, Qwil! Pa mim, pa mim!”<br />“Qual das pedras, pequena? A vermelha?”<br />“Vemelha não.”<br />Quil dobrou os seus joelhos - Claire gritava e puxava seus cabelos como uma rédea de cavalo.<br />“Essa azul?”<br />“No, no, no…” a garotinha cantava entusiasmada com seu novo jogo.<br />A parte estranha era: Quil estava se divertindo tanto quando ela. Ele não tinha aquela expressão tão presente que os pais e mães relaxados tinham - aquela cara de quando-é-a-hora-da-soneca?. Você nunca veria um pai de verdade tão animado ao brincar de qualquer estúpida brincadeira infantil que seu filho pudesse pensar. Eu tinha visto Quil brincar de pique - esconde por uma hora inteira sem sinais de chateação.<br />E eu nem poderia tirar um sarro dele - eu o invejava tanto.<br />Apesar de eu achar que seria péssimo o fato dele ter uns bons 14 anos de atitudes inconvenientes pela frente até que Clair tivesse idade - para Quil, pelo menos, era bom lobisomens não envelhecerem. Mas mesmo todo esse tempo não parecia deixá-lo muito preocupado.<br />“Quil, você já pensou em namorar?” Eu perguntei.<br />“Huh?”<br />“No, no amaelo!” Claire exultou.<br />“Você sabe. Uma garota real. Quero dizer, só por enquanto, sabe? Em suas noites de folga como babá.”<br />Quil fitou-me coma boca aberta.<br />“Pega a peda! Pega a peda!” Claire gritava quando ele não ofereceu a ela outra chance.<br />“Desculpe Clair - ursinho. E essa linda pedra roxa?”<br />“Não.” ela deu risinhos “Não, oxo.”<br />“Me dá uma pista. Estou implorando, garota.”<br />Claire pensou. “Veide.” ela finalmente disse.<br />Quil fitou as rochas, estudando-as. Ele pegou 4 pedras em diferentes tons de verde ofereceu a ela.<br />“Eu a peguei?”<br />“Sim.”<br />“Qual delas?”<br />“Todas essas pedas.”<br />Ela fez uma concha com suas mãos e Quil colocou as pequenas rochas dentro dela. Ela sorriu e imediatamente fez sons metálicos sobre a cabeça com eles. Ele estremeceu teatralmente e depois começou a caminhar em direção ao estacionamento do lote. Provavelmente preocupado com ela pegar um resfriado com suas roupas molhadas.<br />Ele era pior do que qualquer paranóica e superprotetora mãe.<br />“Desculpe se eu estive insistindo, cara, sobre a coisa sobre garotas.” Eu disse.<br />“Fica frio.” Quil disse. “Isso meio que me pegou de surpresa. Eu não tinha pensado nisso.”<br />“Eu aposto que ela compreenderia. Você sabe, quando ela crescer. Ela não iria ficar brava que você tivesse uma vida enquanto ela estava nas fraldas.”<br />“Não, eu sei. Eu tenho certeza que ela entenderia isso.”<br />Ele não disse nada alem disso.<br />“Mas você não fará isso, fará”? Eu adivinhei.<br />“Eu não consigo ver isso.” ele disse em uma voz baixa. “Eu não consigo imaginar. Eu só não… vejo ninguém desse jeito. Eu não noto mais as garotas, sabe. Eu não vejo seus rostos.”<br />“Coloque isso junto com uma tiara e maquiagem, e talvez Claire tenha um diferente tipo de competição para se preocupar.”<br />Quil riu e mando um beijo ruidoso pra mim. “Você esta disponível para essa sexta, Jacob?”<br />“Nos seus sonhos.” Eu disse, e depois fiz uma cara. “Yeah, eu acho que estou”.<br />Ele hesitou por um segundo e depois disse “Você já pensou em namorar?”.<br />Eu suspirei. Eu acho que me abri para essa pergunta.<br />“Você sabe, Jake, talvez você pudesse pensar em ter uma vida.”<br />Ele não disse isso como uma piada. Sua voz era simpática. Isto fez a frase piorar.<br />“Eu também não as vejo, Quil. Eu não vejo os seus rostos.”<br />Quil também suspirou.<br />Longe, muito baixo para qualquer um, exceto nós, ouvir sobre o som das ondas, um uivo passou pela da floresta.<br />“Droga, é o Sam,” Quil disse. Suas mãos voaram para tocar Claire, como se fosse para ter certeza que ela continuava ali. “Eu não sei onde a mãe dela está.”<br />“Eu irei ver o que é isso. Se eu precisar de você, eu o deixarei saber.” Eu corri pensando nas palavras. Elas vieram para fora ligadas. “Hey, Porque você não a leva ela para os Clearwaters? Sue e Billy conseguem manter o olho nelas se eles precisarem. Eles podem saber o que esta acontecendo, de qualquer jeito.”<br />“Ok - saia logo daqui, Jake!”<br />Eu fui correndo, não pelo caminho sujo pela sebe cheia de ervas daninhas, mas pelo caminho mais curto em direção à floresta. Eu passei primeiro pelo caminho da madeira flutuante e logo cortei o meu caminho pelas roseiras bravas, ainda correndo. Eu senti pequenas lágrimas como espinhos cortarem minha pele, mas eu as ignorei. A dor causada por elas seria curada assim que eu contornasse as árvores. Cortei caminho por trás da loja e me lancei através da estrada. Alguém buzinou atrás de mim. Uma vez na segurança das árvores, corri mais rápido, tomando passos largos. As pessoas não me olhariam se eu ficasse longe do espaço aberto. Pessoas normais não podiam correr assim. Algumas vezes eu pensei que seria divertido participar de corridas - você sabe. Como nas Olimpíadas ou coisa assim. Seria legal ver as expressões nas caras daqueles atletas super stars quando eu passasse voando por eles. Eu tinha certeza que a prova que eles fazem para assegurar-se que você não toma anabolizantes revelaria provavelmente alguma merda realmente peculiar no meu sangue.<br />Logo que vi que estava dentro de uma verdadeira floresta, sem estradas ou casas por perto, eu derrapei para parar e chutei meus shorts fora. Com rápidos, práticos movimentos, eu os enrolei e amarrei a corda de couro em volta do meu tornozelo. Eu ainda estava amarrando a corda apertada quando eu comecei a tremer. O fogo passou por debaixo da minha espinha, arremessando os espasmos ao longo dos meus braços e pernas. Levou apenas um segundo. Vislumbrei o que me fez algo mais. Lancei minhas patas pesadas contra a terra coberta de folhas e estiquei em um longo giro. A transformação era muito fácil quando eu estava concentrado como estava. Não tinha mais dúvidas quanto ao meu temperamento. Exceto quando eu perdia o controle. Durante uma metade de segundo eu me lembrei do momento terrível daquela piada ainda mais terrível e inexprimível do casamento. Eu tinha sido tão insano com a fúria que eu não podia fazer meu corpo funcionar direito. Eu tinha sido pego em uma armadilha, tremendo e queimando, incapaz de mudar e matar o monstro que estava a apenas alguns passos de mim. Eu estava tão confuso. Morrendo para matá-lo. Com medo de machucá-la. Meus amigos no caminho. E quando eu finalmente fui capaz de tomar a forma que desejava, a ordem do meu líder. O comando do Alpha. Se tivesse sido somente Embry e Quil lá naquela noite, sem Sam… Eu teria sido capaz de matar o assassino, então?<br />Eu odiava quando Sam estabelecia a lei assim. Eu odiava o sentimento de não ter escolha. De ter de obedecer.<br />Então eu percebi que tinha público. Eu não estava sozinho nos meus pensamentos.<br />Tão absorvido todo o tempo , Leah pensou.<br />É, sem nenhuma hipocrisia, Leah, Eu pensei de volta.<br />Isso acontece garotos, Sam nos disse.<br />Nós sentimos o silencio, e eu senti Leah estremecer com a palavra garotos.<br />Sentimental, como sempre.<br />Sam não quis notar. Onde estão Quil e Jared?<br />Quil está com Claire. Ele esta a levando para os Clearwater.<br />Bom. Sue vai tomar conta dela.<br />Jared está indo até Kim. Embry pensou. Boa oportunidade de não te escutar.<br /><br />Houve um rosnado baixo através do bando. Gemi junto com eles.<br />Quando Jared finalmente apareceu, não havia dúvidas de que ele ainda pensava em Kim.<br />E ninguém queria um replay do que eles tinham feito agora mesmo.<br />Sam se sentou de novo deixando outro uivo rasgar no ar. Isso era um sinal e uma ordem.<br />O bando foi reunido a algumas milhas ao leste de onde eu estava. Passei pela floresta grossa em direção a eles. Leah, Embry e Paul estavam todos trabalhando, um pouco mais a frente Leah estava próxima - eu logo poderia ouvir seus pés pisando não muito forte entre a floresta. Nós continuamos numa linha paralela, escolhendo não correr juntos.<br />Bem, não esperaremos por ele o dia todo. Ele vai ter que saber depois. O que foi, chefe? Paul queria saber.<br />Precisamos conversar. Alguma coisa aconteceu. Eu senti os pensamentos de Sam voltados pra mim - e não apenas os de Sam, mas os de Seth, Collin e Brady também. Collin e Brady - os garotos novos - estavam rondando com Sam hoje, então eles deviam saber tudo o que Sam sabia. Eu não sabia por que Seth já estava aqui, e consciente. Não era a vez dele hoje.Seth, diga a eles o que você ouviu. Eu acelerei, querendo estar lá. Eu ouvi Leah se mover mais rápido, também. Ela odiava ficar pra trás. Ser a mais veloz era a única coisa que ela era melhor.Reclame disso, estúpido, ela assobiou, e então ela realmente acelerou. Eu afundei minhas garras no chão e apressei o passo.Sam não parecia disposto a tolerar nossa competição. Jake, Leah, dêem um tempo. Nenhum de nós desacelerou.Sam grunhiu, mas deixou pra lá. Seth? Charlie ligou pra todo mundo até que encontrou Billy na minha casa. É, eu falei com ele, Paul completou.Eu senti um solavanco quando Seth pensou no nome de Charlie. Era isso. A espera tinha acabado. Eu corri mais rápido, me forçando a respirar, embora meus pulmões parecessem paralisados.Qual história seria?<br />Assim, ele é todo enlouquecido. Adivinhem, Edward e Bella voltaram semana passada, e…<br />Meu peito aliviou-se.<br />Ela estava viva. Ou ela não estava morta pelo menos.<br />Eu não tinha percebido que ela ia fazer muita diferença pra mim. Eu estive pensando nela como morta todo esse tempo, e eu só vi agora. Vi que nunca acreditaria que ele a traria viva de volta. Realmente não importava muito, porque eu sabia o que estava próximo.<br />Sim, cara, e aqui está a má notícia. Eu falei com Charlie, e ele disse que ela está mal, que está doente. Carlisle disse a Charlie que ela pegou uma grave doença quando estava na América do Sul. Charlie está enlouquecendo! Porque ele ainda não está autorizado a vê-la, ele diz que não se importa se também ficar doente, mas seriam cuidados dobrados para Carlisle. Nada de visitas. Charlie disse que é muito grave, mas que Carlisle está fazendo o possível. Charlie estava se remoendo sozinho todos os dias, mas só agora resolveu ligar pra Billy. Ele disse que ela piorou hoje.<br />O silêncio mental de Seth quando terminou de contar, foi profundo. Então todos compreenderam.<br />Então ela iria morrer desta doença, era o que Charlie sabia. Será que eles deixariam que ele visse o cadáver? O pálido, perfeitamente não-respirante corpo? Eles não poderiam deixá-lo tocar a pele fria - ele poderia notar o quão duro era. Eles teriam que esperar até que ela pudesse ficar parada, pudesse se privar de matar Charlie e os outros convidados do funeral. Quanto tempo isso levaria?<br />Será que ela iria ser enterrada? E depois iria cavar para sair, ou seus amiguinhos sugadores de sangue a tirariam de lá?<br />Os outros ouviram a minha especulação em silêncio. Eu estava com este pensamento muito mais presente do que eles.<br />Leah e eu entramos na clareira praticamente ao mesmo tempo. Ela tinha certeza que seu faro tinha nos conduzido. Ela largou seu quadril ao lado de seu irmão enquanto eu trotava para ficar ao lado direito de Sam. Paul me deu espaço.<br />De novo Leah pensou, mas eu mal a escutei.<br />Eu me perguntava porque eu era o único que estava em pé. Meus pêlos estavam de pé nos meus ombros, eriçando-se com minha impaciência.<br />Bem, pelo que nós estamos esperando? Eu perguntei.<br />Ninguém disse nada, mas eu pude ouvir o sentimento de hesitação deles.<br />Ah, qual é! O trato foi quebrado!<br /> Nós não temos provas - talvez ela esteja doente…<br />OH, POR FAVOR!<br /> Ok, então a circunstancias são realmente fortes. Mas...<br />JacobSam pensou vindo devagar, hesitante. Você tem certeza de que é isso o que você quer?Realmente isso é a coisa certa? Todos nós sabemos o que ela queria.<br />O tratado não menciona nada sobre a preferência das vitimas, Sam!<br />Ela é realmente uma vitima? Você a rotula desse jeito?<br />Sim!<br />Jake, Seth pensou, Eles não são nossos inimigos.<br />Cale a boca, garoto! Só porque você teve algum tipo de trabalho doentio de herói com aquele sugador de sangue, isso não muda a lei. Eles são nossos inimigos. Eles estão em nosso território. Nós o colomanos pra fora. Eu não ligo se você teve um briga divertida ao lado de Edward Cullen uma vez.<br />Então o que você irá fazer quando Bella lutar ao lado deles, Jacob? Huh? Seth exigiu.<br />Ela não é mais a Bella.<br />Você vai ser aquele que vai acabar com ela?<br />Eu não pude me controlar ao recuar.<br />Não, você não pode. Então o quê? Você vai fazer um de nós fazer isso?<br />E em seguida ficar se lamentando com quem quer que seja para sempre?<br />Eu não faria…<br />É claro que não.Você não está pronto para essa luta, Jacob.<br />Meu instinto assumiu, e eu sigui em frente, resmungando para um lobo magro cor de areia no círculo.<br />Jacob! Sam questionou. Seth, cale a boca por um instante!<br />Seth balançou sua grande cabeça.<br />Droga, o que eu perdi? Quil disse em pensamento, e foi correndo para o lado de fora. Ouvi algo sobre um telefonema do Charlie…<br />Estamos prontos para ir, eu lhe disse. Por que você não arrasta o Kim e o Jared para fora com os dentes? Nós vamos precisar de todos!<br />Venha até aqui, Quil em. Sam ordenou. em Não decidimos nada ainda.<br />Eu rosnei.<br />Jacob, eu tenho que pensar no melhor para o grupo. Tenho que escolher a decisão que melhor nos protege. Os tempos mudaram desde que nossos antepassados fizeram o acordo. Eu…. bem, eu não acredito que os Cullen sejam um problema para nós. E nós sabemos que eles não ficarão aqui por muito mais tempo. Certamente quando eles resolverem sua história, eles venham a desaparecer, e assim, poderemos voltar ao normal.<br />Normal?<br />Se nós desafiarmos eles, Jacob, eles vão se defender também.<br />Você está com medo?<br />Você está disposto a perder um irmão? Ele parou. Ou uma irmã? Ele mudou a direção por um segundo.<br />Eu não tenho medo de morrer.<br />Eu sei disso, Jacob. É uma razão de eu questionar seus pensamentos sobre isso…<br />Eu encarei seus olhos negros. Você irá honrar o pai do tratado, ou não?<br />Eu honro o meu grupo, e faço o que é melhor para ele.<br />Covarde.<br />Seu fucinho ficou tenso, colocando para fora seus longos dentes.<br />Chega, Jacob! Isto está anulado. A voz mental de Sam mudou, aquele timbre que eu não podia desobedecer. A voz do Alpha. Ele encontrou o olhar de cada lobo no círculo.<br />O grupo não irá atacar os Cullen se eles não provocarem. O espírito do tratado continua. Eles não são um perigo para o nosso povo, nem são um perigo para a população de Forks. Bella Swan fez sua escolha, não vamos punir nossos aliados pela escolha dela.<br />Escute, escute. Seth pensou entusiasmado.<br />Eu pensei que tivesse dito para você se calar, Seth.<br />Oops Sam, desculpa!<br />Jacob, onde você acha que você está indo?<br />Eu saí do círculo, indo para o oeste, para que eu pudesse me transformar de volta. Eu vou dizer adeus para o meu pai. Aparentemente não há propósito algum para que eu fique aqui parado.<br />Aw, Jake - não faça isso novamente!<br />Cala a boca, Seth, a vozes severas disseram juntas.<br />Não queremos que você vá, Sam disse para mim em seu pensamento, mais suave do que antes.<br />Então me force a ficar, Sam. Tire de mim minha escolha. Faça de mim um escravo.<br />Você sabe, eu não farei isso.<br />Então não há nada mais a dizer.<br />Eu fugi deles, tentando seriamente não pensar no que viria depois. Em vez disso, me concentrei nas minhas memórias de lobo nos últimos meses, de deixar a minha humanidade sangrar para fora de mim, até que eu fosse mais lobo que humano. Vivendo o momento, comendo quando sentia fome, dormindo quando sentia sono, e correndo - correndo só por correr.<br />Desejos simples, respostas simples para esses desejos. A dor veio em níveis fáceis de separação. A dor da fome. A dor do frio sobre as patas. A dor das garras cortantes que me deixava com mal humor enquanto jantava. Cada dor tinha uma resposta simples, uma ação clara que terminaria com a dor.<br />Não era assim com humanos.<br />Porém, logo quando eu estava perto de casa, eu voltei a minha forma humana. Eu precisava ser capaz de pensar na minha vida, em particular. Desamarrei minhas calças e as puxei com força, já voltando para casa. Eu não fiz nada. Eu estava escondido para pensar, e era bastante tarde para o Sam mandar em mim. Ele não podia me ouvir agora.<br />Sam havia feito uma decisão muito clara. O grupo não iria atacar os Cullen. Tudo bem.<br />Ele não tinha mencionando ‘um indivíduo agindo isoladamente’.<br />Não, o grupo não iria atacar ninguém hoje.<br />Mas eu iria.<br /><br /><br />Capítulo 9 – Como raios eu não vi que isso estava chegando<br /><br />Eu realmente não planejei dizer tchau para o meu pai.<br />Afinal de contas, uma ligação rápida para o Sam e o jogo teria terminado. Eles iriam me cortar e me fazer voltar. Provavelmente tentar me fazer ficar com raiva, ou até me machucar - de alguma forma me acalmar para Sam fazer uma nova lei.<br />Mas Billy estava me esperando, sabendo que eu estaria em algum tipo de estado. Ele estava no jardim, apenas sentado ali na cadeira de rodas com seus olhos justamente no ponto que eu surgi entre as árvores. Eu o vi julgando a minha direção - indo direto pela casa em direção a garagem.<br />“Você tem um minuto, Jake?”<br />Eu derrapei quando parei. Olhei para ele e então para a garagem.<br />“Venha, garoto. Pelo menos me ajude a entrar”<br />Eu bati os meus dentes, mas decidi que era possível que ele causasse mais problemas com o Sam se eu não mentisse para ele por alguns minutos.<br />“Desde quando você precisa de ajuda, meu velho?”<br />Ele riu a sua risada escandalosa. “Meus braços estão cansados. Eu vim sozinho todo o caminho da casa da Sue.”<br />“É uma descida. Você desceu todo o caminho”<br />Eu empurrei a sua cadeira para cima da rampa que eu fiz para ele em direção a sala de estar.<br />“Você me pegou. Acho que eu cheguei a trinta milhas por hora. Foi ótimo”<br />“Você vai acabar com aquela cadeira, você sabe. E então você vai ter que se arrastar pelos cotovelos.”<br />“Sem chances. Seu trabalho vai ser me carregar.”<br />“Você não vai para muitos lugares.”<br />Billy colocou as suas mãos na roda e foi até a geladeira. “Sobrou alguma comida?”<br />“Você me pegou. Paul ficou aqui o dia inteiro, então, provavelmente não.”<br />Bill assentiu. “Tenho que começar a esconder as compras se a gente quiser evitar a fome.”<br />“Diga a Rachel para ir para a casa dele.”<br />O seu tom de brincadeira acabou, e seus olhos ficaram mais suaves. “A gente só tem ela aqui em casa algumas semanas. Primeira vez que ela veio em um longo temo. É difícil - as meninas eram mais velhas que você quando sua mãe morreu. Elas têm problemas em ficar nessa casa.”<br />“Eu sei”<br />Rebecca não voltou aqui desde que se casou, apesar de que ela tinha uma boa desculpa. As passagens do Havaí eram bem caras. O estado de Washington era perto o suficiente para Rachel não ter a mesma desculpa. Ela vinha fazendo aulas direto através dos semestres de verão, trabalhando em dois turnos em uma cafeteria no campus. Se não fosse por Paul, ela provavelmente teria ido embora de novo bem rápido. Talvez fosse por isso que Billy não o expulsava de casa.<br />“Bom, eu vou ir trabalhar em alguma coisa…” Eu comecei da porta da frente.<br />“Espere um pouco, Jake. Você não vai me dizer o que aconteceu? Terei que ligar para o Sam para saber?”<br />Eu parei com as minhas costas para ele, escondendo o meu rosto.<br />“Nada aconteceu. Sam vai dar as costas para eles. Aparentemente somos um bando de adorados dos sanguessugas agora.”<br />“Jake…”<br />“Eu não quero conversar sobre isso.”<br />“Você está saindo, filho?”<br />O aposento estava quieto por um longo instante enquanto eu decidia como dizer isso.<br />“Rachel pode ter o quarto dela de volta. Eu sei que ela odeia aquele deslocamento de ar.”<br />“Ela preferiria dormir no chão a perder você. Eu também”<br />Eu bufei.<br />“Jacob, por favor. Se você precisa de… um tempo. Bom, tire-o. Mas não tão longo de novo. Volte.”<br />“Talvez. Talvez eu apareça nos casamentos. Uma aparição no do Sam, então no de Rachel. Apesar de que Jared e Kim devem vir primeiro. Provavelmente deveria conseguir um terno ou algo parecido.”<br />“Jake, olhe para mim.”<br />Eu virei para trás devagar. “O que?”<br />Ele olhou para os meus olhos por alguns minutos. “Onde você está indo?”<br />“Eu não tenho nenhum lugar especifico na minha cabeça.”<br />Ele balançou a cabeça para o lado e seus olhos diminuíram. “Não sabe?”<br />Nós olhamos um para o outro. Os segundos passaram.<br />“Jacob” ele disse. A sua voz estava tensa. “Jacob, não. Não vale a pena.”<br />“Eu não sei sobre o que você está falando.”<br />“Deixe Bella e os Cullens. Sam está certo.”<br />Eu olhei para ele durante um segundo, e então atravessei o quarto em dois longos passos. Peguei o telefone e desconectei o cabo da caixa e da tomada. Eu apertei a corda cinza na palma da minha mão.<br />“Tchau, pai.”<br />“Jake, espere-,” ele me chamou, mas eu estava fora da porta, correndo.<br />A motocicleta não era tão rápida quanto correr, mas era mais discreta. Eu pensei em quanto tempo iria demorar para Billy ir com a cadeira até a loja e então conseguir alguém no telefone que poderia levar a mensagem para Sam. Eu aposto que Sam ainda estava na sua forma de lobo. O problema era se Paul voltasse para nossa casa rápido. Ele poderia se tornar um lobo em um segundo e deixar Sam saber o que eu estava fazendo.<br />Eu não ia me preocupar com isso. Eu iria o mais rápido que conseguisse, e se eles me pegassem, eu lidaria com isso quando acontecesse.<br />Eu liguei a moto e então estava correndo através da rua suja de lama. Eu nem olhei para trás quando passei pela casa.<br />A rodovia estava cheia com o tráfego de turistas. Eu passei por eles e pelos carros, levando alguns xingamentos e dedos. Eu virei na 101 a setenta, nem me preocupando em olhar. Eu tive que prestar atenção por um minuto para evitar bater em uma minivan. Não que isso iria me matar, mas provavelmente iria me atrasar. Ossos quebrados - os grandes pelo menos - demoravam dias para sarar completamente, como eu já sabia.<br />O trânsito melhorou um pouco e eu acelerei a moto para oitenta. Eu ainda não havia tocado no freio até que estivesse na pista de acesso; eu imaginei que estivesse seguro agora. Sam não viria tão longe para me impedir. Era tarde demais.<br />Não era até aquele momento - quando eu tive certeza do que tinha feito - que eu comecei a pensar sobre o que exatamente eu estaria fazendo agora. Eu diminuí para vinte, fazendo as manobras por entre as árvores mais cuidadosamente do que eu precisava.<br />Eu sabia que eles me escutariam chegando, com moto ou não, não haveria surpresa. Não tinha como disfarçar minhas intenções. Edward poderia ouvir meus planos assim que eu estivesse perto o bastante. Talvez ele já estivesse escutando. Mas eu pensei que isso ainda poderia funcionar, porque eu tinha todo o seu ego do meu lado. Ele queria me enfrentar sozinho.<br />Então eu apenas caminhei, me lembrando do que Sam havia dito mais cedo, e então desafiaria Edward para um duelo.<br />Eu urrei. Provavelmente o parasita deixaria todo o drama de lado, indo direto ao assunto.<br />Quando eu terminasse com ele, eu pegaria o máximo do resto que pudesse antes que eles me pegassem. Huh - eu me perguntava se Sam consideraria minha morte uma provocação. Provavelmente diria que eu tive o que mereci. Não deveria querer ofender os seus BFFs chupadores de sangue.<br />Já tinha percorrido metade da pista e o cheiro me acertou como um tomate podre na cara. Ugh. Vampiros fedorentos. Meu estômago começou a embolar. O cheiro forte ia dificultar as coisas - sem estar misturado ao cheiro dos humanos como da última vez que eu vim aqui - embora não fosse tão ruim como sentir esse cheiro pelo meu nariz de lobo.<br />Eu não tinha certeza do que esperar, mas não havia nenhum sinal de vida em volta da grande cripta branca. É claro que eles sabiam que eu estava aqui.<br />Eu desliguei o motor e ouvi o silêncio. Agora eu podia escutar a tensão, murmúrios raivosos que vinham do outro lado das enormes portas duplas. Alguém estava em casa. Eu ouvi meu nome e sorri, feliz por pensar que estava causando um pouco de stress a eles.<br />Eu inspirei profundamente - só seria pior lá dentro - e subi pelas escadas da varanda num salto.<br />A porta abriu antes que eu desse meu primeiro toque nela, e o médico permaneceu parado na entrada, seus olhos sérios.<br />“Olá, Jacob.” ele disse mais calmo do que eu esperava. “Como você está?”<br />Eu respirei profundamente pela minha boca. O fedor emanando através da porta era predominante.<br />Eu estava desapontado por ter sido Carlisle a ter atendido. Eu preferia que Edward viesse até a porta, seus dentes venenosos a mostra. Carlisle era tão… Só humano ou qualquer outra coisa. Talvez tivessem sido os atendimentos a domicílio na última primavera, quando eu estava todo quebrado. Mas isso fez com que eu me sentisse desconfortável ao olhar para seu rosto e saber que eu planejava matá-lo se pudesse.<br />“Eu ouvi que Bella foi trazida de volta a vida.” eu disse.<br />“Er, Jacob, essa não é mesmo a melhor hora.” O médico pareceu desconfortável também, mas não da maneira que eu esperava. “Podemos fazer isso depois?”<br />Eu o encarei sem palavras. Por um acaso ele estava pedindo para adiar o encontro mortal para uma hora mais conveniente?<br />Então eu ouvi a voz de Bella, rachada e áspera e eu não consegui pensar em mais nada.<br />“Porque não?” ela perguntou a alguém. “Temos que esconder segredos de Jacob também? Com que razão?”<br />Sua voz não era o que eu estava esperando. Eu tentei lembrar das vozes dos jovens vampiros com quem lutamos na primavera, mas tudo que eu lembrava era dos rosnados. Talvez os recém nascidos não tivessem o tom de voz cortante como os mais velhos. Talvez todos os novos vampiros soassem roucos.<br />“Entre, por favor, Jacob” Bella rouquejou mais alto.<br />Os olhos de Carlisle aumentam.<br />Eu me perguntei se Bella estava com sede. Meus olhos se espreitaram também.<br />“Com licença” Eu disse para o médico enquanto eu o contornava. Foi difícil - foi contra todos os meus instintos dar as costas pra qualquer um deles. Embora não sendo impossível. Se existisse algo como vampiro confiável, seria o estranho gentil líder.<br />Eu ficaria longe de Carlisle quando a luta começasse. Teria o suficiente deles para matar sem contar com ele.<br />Eu na ponta do pé entrei na casa, mantendo minhas costas na parede. Meus olhos varreram a sala - estava diferente. A última vez que eu tinha estado aqui estava tudo organizado para uma festa. Tudo estava claro e pálido agora. Inclusive os seis vampiros em grupo em pé perto do sofá branco.<br />Eles estavam todos aqui, todos juntos, mas não foi isso que me fez congelar onde eu estava com meu queixo caído.<br />Foi o Edward. A expressão no seu rosto.<br />Eu já o vi com raiva, eu já o vi arrogante e uma vez eu o vi com dor. Mas isso - era além da agonia. Seus olhos estavam meio dementes. Ele não se ergueu para me olhar furiosamente. Ele ficou olhando pra baixo ao lado do sofá com uma expressão de como alguém o tivesse jogado no fogo. Suas mãos eram garras rígidas ao lado seu corpo.<br />Eu nem consegui me diverti com sua angústia. Eu apenas pude pensar em uma coisa que o deixaria ficar daquela maneira e meus olhos seguiram os seus.<br />Eu a vi no mesmo instante que eu senti a seu perfume.<br />Estava quente, limpo, perfume humano.<br />Bela estava meio escondida atrás do braço do sofá, curvada em posição fetal, seus braços abraçando ao redor de seus joelhos. Por um longo segundo eu não puder ver nada além de que ela continuava a ser a Bella que eu amava, sua pele continuava macia, pálida como um pêssego, seus olhos ainda eram do mesmo marrom chocolate. Meu coração pulsou diferente, um medidor quebrado, e eu me perguntei se isso era apenas um sonho mentiroso que eu estava pra acordar.<br />Então eu a vi de verdade.<br />Tinha círculos profundos ao redor de seus olhos, círculos escuros que pulavam pra fora porque seu rosto estava todo abatido. Ela estava mais magra? Sua pele pareceu esticado - como se a maça do rosto fosse se rasgar. A maior parte do seu cabelo escuro estava preso pra trás em um bagunçado nó, alguns fios de cabelos caiam na sua testa e pescoço e estavam molhados pelo suor que escorria na sua pele. Tinha algo nos seus dedos e pulso que pareciam muito frágeis, era assustador.<br />Ela estavadoente. Muito doente.<br />Não era mentira. A estória que Charlie contou para Billy não era estória.<br />Enquanto eu a encarava, olhos incômodos, sua pele ficou meio esverdeada.<br />A loira sugadora se sangue - a esplendorosa Rosalie - curvou-se sobre ela, tirando-a da minha visão, rondando-a de uma maneira estranhamente protetora.<br />Isso estava errado. Eu sabia como Bella se sentia sobre Rosalie - os pensamentos eram tão evidentes, às vezes era como se eles fossem impressos sobre sua testa.<br />Então ela não teve que me dizer todos os acontecimentos da situação para que eu pudesse entender. Eu sabia que Bella não gostava de Rosalie. Eu via no conjunto dos lábios dela quando ela falava sobre ela. E não era só isso, ela também sentia medo dela. Ou ela havia tido. Mas não estava assim quando Bella deu uma olhada para ela. Sua expressão era defensora ou coisa parecida. Então Rosalie agarrou uma bacia do chão e segurou-a embaixo de Bella bem a tempo para que ela vomitasse sonoramente dentro dela.<br />Edward ficou de joelho ao lado de Bella, encarando seus olhos - encarando seus olhos torturados - enquanto Rosalie se mantinha alerta para voltar.<br />Nada daquilo fez sentido.<br />Quando ela pode levantar a cabeça, ficou um pouco envergonhada, e sorriu fracamente para mim. “Desculpe-me por isso, Jacob,” ela sussurrou.<br />Edward estava realmente quieto. Sua cabeça caiu sobre os joelhos de Bella. Ela colocou uma das mãos sobre sua bochecha, para que assim o confortasse. Eu não me toquei que minhas pernas haviam me carregado adiante até que Rosalie assobiou para mim, rapidamente aparecendo entre eu e a poltrona. Ela parecia uma daquelas pessoas da TV. Eu não me importei que ela estivesse lá. Ela não parecia real.<br />“Rose… não,” Bella sussurrou. “Está tudo bem…”<br />A loira se deslocou para fora do meu caminho, apesar de que eu pudesse notar que ela estava odiando fazer isso, ela olhou para mim com raiva. Bella encolheu sua cabeça, ela cambaleou. Ela era mais fácil de ignorar do que eu tinha imaginado.<br />“Bella, qual o problema?” Eu sussurrei. Sem pensar nisso, eu me agachei, ficando de joelhos também, inclinado sobre o braço do sofá em frente do seu… Marido.<br />Ele não me parece notar, e eu quase não notei a ele. Eu fui atingido pela mão livre da Bella, tomando-a sobre a minha. Sua pele era glacial. “Está tudo certo?”<br />Tratava-se de uma questão estúpida, ela não precisava responder.<br />“Eu estou tão feliz por você ter vindo me ver hoje, Jacob” Ela disse.<br />Ainda que eu soubesse que Edward não podia ouvir seus pensamentos, ele ainda parecia estar ouvindo alguma coisa que eu não estava. Ele lamentou novamente, arrumando o cobertor que a cobria, e ela acariciou a bochecha dele.<br />“O que é isso, Bella?” Eu insisti, envolvendo minhas mãos apertadas ao redor de seus frágeis dedos frios.<br />Em vez de me responder, ela passou os olhos ao redor da sala como estivesse procurando alguma coisa, como um apelo e um aviso em seu olhar. Seis pares de olhos ansiosos voltaram para ela. Por último, ela virou-se para Rosalie.<br />“Me ajuda aqui, Rose?” Ela perguntou.<br />Os lábios de Rosalie estavam puxados para trás ao longo de seus dentes, e ela se aproximou de mim como se quisesse rasgar minha garganta. Eu estava certo de que era exatamente isso.<br />“Por favor, Rose.”<br />A loira fez uma cara, mas curvou-se sobre ela novamente, ao lado de Edward, que não se movia uma só polegada. Ela colocou seu braço cuidadosamente por trás dos ombros de Bella.<br />“Não”, eu sussurrei. “Não se levante…” Ela estava tão fraca.<br />“Eu irei responder à sua pergunta,” ela rangeu os dentes, soando um pouco mais da maneira com que ela geralmente falava comigo.<br />Rosalie puxou Bella do sofá. Edward permaneceu onde estava, empurrando-se para frente até que sua face estivesse enterrada nas almofadas.<br />O corpo de Bella estava inchado, seu tronco se projetando em forma de balão de um jeito estranho, doentio. Esticava-se contra o cinza claro da blusa que era grande demais para seus ombros e braços. O resto parecia mais magro, como se a grande saliência que crescia tivesse sugado todo seu peso. Levei um segundo para perceber que aquela parte havia sido deformada - eu não tinha entendido até ela dobrar suas mãos ternamente ao redor do seu estomago, uma acima, e a outra abaixo. Como se isso pudesse protegê-lo.<br />Então eu vi, mas eu ainda não podia acreditar. Eu a vi apenas há um mês. Não havia nenhuma maneira que ela pudesse estar grávida. Não tão grávida.<br />Eu não acreditava que ela estava.<br />Eu não queria ver isso, não queria pensar sobre isso. Eu não queria imaginar ele dentro dela. Eu não queria saber que alguma coisa que eu odiava tanto tinha tomado raiz no corpo que eu amava. O meu estômago revirou, e eu tive que voltar engolir o vômito.<br />Mas estava pior do que isso, muito pior. Seu corpo distorcido, os ossos contra a pele do seu rosto, magro. Eu só pude adivinhar que ela parecia assim - tão grávida, tão doente - porque, o que quer que estivesse dentro dela, estava tirando sua vida, para alimentar-se.<br />Porque era um monstro. Assim como seu pai.<br />Eu sempre soube que ele iria matá-la.<br />Ele quebrava a cabeça enquanto ouvia as palavras dentro da minha. Em um segundo, nós dois estávamos sobre os joelhos e então ele estava de pé, erguendo-se sobre mim. Seus olhos estavam negros, os círculos que estavam por sua volta, estavam roxos.<br />“Lá fora, Jacob,” ele rosnou.<br />Eu estava de pé, também. Olhando pra ele com desprezo agora. É por isso que eu estava aqui.<br />“Vamos fazer isso,” eu concordei.<br />O grande Emmet avançou para o outro lado de Edward, com a aparência faminta, Jasper logo atrás dele. Eu realmente não me importei. Talvez meu bando pudesse limpar os pedaços quando eles me matassem. Talvez não. Isso não importava.<br />Pelo momento mais cuidadoso de um segundo meus olhos tocaram nos dois levantando ao fundo. Esme. Alice. Pequena e distraidamente feminina. Bem, eu tinha certeza que os outros me matariam antes que eu tivesse que fazer qualquer coisa contra elas. Eu não queria matar garotas… Mesmo garotas vampiras.<br />Embora eu devesse fazer uma exceção para aquela loira.<br />“Não,” Bella disparou, e ela tropeçou adiante, sem equilíbrio, para parar nos braços de Edward. Rosalie se moveu com ela, como se houvesse uma corrente prendendo-as uma a outra.<br />“Eu apenas preciso falar com ele, Bella,” Edward disse numa voz baixa, falando apenas pra ela. Ele estendeu a mão para tocar o rosto dela, para riscá-lo. Isso fez a sala ficar em vermelho, me fez ver fogo - aquilo, depois de tudo que ele tinha feito com ela, ele ainda tinha permissão pra tocá-la daquela forma. “Não se estresse,” Ele se foi, ordenando. “Por favor, descanse. Nós dois estaremos de volta em apenas alguns minutos.”<br />Ela fitou a face dele, lendo-a cuidadosamente. Então ela acenou e caiu no sofá. Rosalie a ajudou a apoiar suas costas no assento. Bella fitou-me, tentando segurar meu olhar.<br />“Comporte-se,” ela insistiu. “E depois volte.”<br />Eu não respondi. Eu não estava fazendo nenhuma promessa hoje. Eu olhei pra o outro lado e então segui Edward saindo pela porta da frente.<br />Uma indefinida e incoerente voz em minha cabeça notou que separá-lo da convenção não tinha sido tão difícil, tinha?<br />Ele continuou andando, nunca checando para ver se eu estava a ponto de saltar em suas costas desprotegidas. Eu supus que ele não precisava checar. De qualquer forma eu teria que tomar essa decisão muito rapidamente.<br />“Eu ainda não estou pronto para você me matar, Jacob Black,” Ele sussurrou quando andava rapidamente pra fora da casa. “Você terá que ter um pouco de paciência.”<br />Como se eu me importasse com seu horário. Eu rosnei por entre um suspiro. “Paciência não é minha especialidade.”<br />Ele continuou andando, talvez cem pares de cercados longe da casa, comigo logo atrás dele. Eu estava totalmente quente, meus dedos tremendo. Na vantagem, pronto e esperando.<br />Ele parou sem sinal de advertência e se virou para me encarar. Sua expressão me congelou novamente.<br />Por um segundo eu era apenas uma criança - uma criança que tinha vivido toda sua vida na mesma pequenina cidade. Apenas uma criança. Por que eu sabia que eu teria que viver muito mais, sofrer muito mais, para finalmente entender a agonia chamuscando nos olhos de Edward.<br />Ele ergueu uma mão como que para limpar o suor de sua testa, mas seus dedos arranharam sua face como se eles fossem dilacerar sua pele de granito imediatamente. Seus olhos pretos queimando sua energia, fora de foco, ou vendo coisas que não estavam lá. Sua boca se abriu como se ele fosse gritar, mas nada saiu.<br />Essa era a face que um homem teria se ele estivesse queimando no poste.<br />Por um momento eu não pude falar. Aquilo era muito real, esse rosto - eu tinha visto uma sombra dele na casa, visto isso nos olhos deles dois, mas isso fez isso definitivo. A última fincada no caixão dela.<br />“Isso a está matando, certo? Ela está morrendo.” E eu soube quando disse isso que minha expressão era uma versão em pêlos da dele. Mais fraco, diferente, porque eu ainda estava em choque. Eu não tinha organizado meus pensamentos sobre isso ainda - isso estava acontecendo muito rápido. Ele havia tido tempo para absorver essa idéia. E isso era diferente porque eu já a tinha perdido muitas vezes, de muitas formas, em minha cabeça. E diferente porque ela nunca foi realmente minha para que eu pudesse perdê-la.<br />E diferente porque esse erro não foi meu.<br />“Meu erro,” Edward sussurrou, e seus joelhos cederam. Ele se dobrou em minha frente, vulnerável, o alvo mais fácil que você pode imaginar.<br />Mas eu me senti frio como gelo - não havia fogo em mim.<br />“Sim,” ele gemeu na lama, como se ele estivesse confessando para o chão. “Sim, a está matando.”<br />Seu desamparo me irritou. Eu queria uma luta, não uma execução. Onde estava sua complacente superioridade agora?<br />“Então porque Carlisle não fez nada?” Eu rosnei. “Ele é médico, certo? Tire isso de dentro dela.”<br />Então ele olhou pra cima e me respondeu com uma voz cansada. Como se ele estivesse explicando para uma criança da pré-escola pela décima vez. “Ela não nos permitirá.”<br />Levou um minuto para que as palavras fossem absorvidas. Jesus, ela estava correndo fiel desta forma. Claro, morrer pelo feto de mostro. É tão Bella.<br />“Você a conhece bem,” ele sussurrou. “Quão rapidamente você vê… Eu não vi. Não a tempo. Ela não falaria comigo no caminho de volta pra casa, não realmente. Eu pensei que ela estava assustada - aquilo seria natural. Eu pensei que ela estivesse com raiva de mim por colocá-la nisso, por comprometer sua vida. Novamente. Eu nunca imaginei o que ela realmente estava pensando o que ela estava resolvendo. Não até que minha família nos encontrou no aeroporto e ela correu para os braços de Rosalie. De Rosalie! E então eu ouvi o que Rosalie estava pensando. Eu não entendi até que ouvi aquilo. Já você entendeu depois de um segundo…” Ele deu um meio suspiro, meio gemido.<br />“Apenas repense um momento. Ela não deixará você.” O sarcasmo foi ácido em minha língua. “Você já notou que ela é exatamente tão forte quanto uma humana normal de 50 - 52 kg? Quão estúpido um vampiro pode ser? Segurá-la e dopá-la.”<br />“Eu queria que,” ele sussurrou, “Carlisle tivesse…”.<br />O que, eles também eram nobres?<br />“Não. Não nobre. A estrutura corporal dela complicou as coisas.”<br />Oh. A história dele não tinha feito muito sentido antes, mas se adequou agora. Então é pra isso que a loira estava apta. O que havia nisso para ela, todavia? A rainha da beleza queria que Bella morresse tão mal?<br />“Talvez,” ele disse. “Rosalie não vê isso exatamente dessa forma.”<br />“Então ponha a loira pra fora primeiro. Sua espécie pode ser recomposta, certo? A transforme em um quebra-cabeças e tome conta de Bella.”<br />“Emmett e Esme a estão apoiando. Emmett não nos permitiria… E Carlisle não me ajudará com Esme contra isso…” Ele desabafou. Sua voz desaparecendo.<br />“Você deveria ter deixado Bella comigo.”<br />“Sim.”<br />Era um pouco tarde para isso, todavia. Talvez ele devesse ter pensando sobre tudo isso antes de presenteá-la com o monstro sanguessuga.<br />Ele me fitou de dentro de seu próprio inferno pessoal, e eu pude ver que ele concordou comigo.<br />“Nós não sabíamos,” ele disse as palavras tão silenciosas como uma respiração. “Eu nunca sonhei. Nunca houve nada como Bella e eu antes. Como nós poderíamos saber que uma humana poderia conceber uma criança de um de nós -”.<br />“Quando a humana deveria ficar dilacerada em pedaços no processo?”<br />“Sim,” ele concordou num sussurro tenso. “Eles estão lá fora, os sádicos, os incubus, os succubus. Eles existem. Mas a sedução é apenas uma introdução ao banquete. Ninguém sobrevive.” Ele abanou sua cabeça como se a idéia o tivesse revoltado. Como se ele fosse diferente.<br />“Eu não sabia que eles tinham um nome especial para o que você é.” eu cuspi.<br />Ele me fitou com uma face que parecia ter cem anos de idade.<br />“Mesmo você, Jacob Black, não pode me odiar tanto quanto eu me odeio.”<br />Errado, eu pensei muito enfurecido para falar.<br />“Matar-me agora não a salvará.” ele disse tranquilamente.<br />“Então o que salvará?”<br />“Jacob, você tem que fazer algo por mim.”<br />“O inferno que eu faço, parasita!”<br />Ele se manteve me fitando com aqueles olhos meio cansados, meio loucos. “Por ela?”<br />Eu apertei meus dentes com força. “Eu fiz tudo que estava ao meu alcance para mantê-la longe de você. Tudo. Agora é tarde.”<br />“Você a conhece, Jacob. Você está conectado a ela de um jeito que eu nem mesmo entendo. Você é parte dela, e ela é parte de você. Ela não irá me ouvir, por que acha que eu estou a subestimando. Ela pensa que é forte o bastante para isso…” Ele vacilou e depois continuou devagar. “Ela talvez te ouça”<br />“Porque ela iria?”<br />Ele olhou para seus pés, seus olhos ainda mais brilhantes do que antes, de um jeito selvagem. Eu me perguntei se ele estava realmente enlouquecendo. Vampiros podem perder a cabeça?<br />“Talvez” Ele respondeu meu pensamento. “Eu não sei. Parece que sim.” Ele balançou a cabeça. “Eu tenho que tentar esconder isso dela, pois isso a deixa pior. Ela não pode controlar as coisas como estão. Eu tenho que parecer composto; Não posso fazer tudo mais difícil. Mas isso não importa agora. Ela tem que te ouvir!”<br />“Eu não posso dizer nada a ela que você já não disse. O que você quer que eu faça? Dizer que ela é estúpida? Ela provavelmente já sabe disso. Dizer que ela vai morrer? Eu aposto que ela também já sabe disso.”<br />“Você pode oferecer o que ela quer.”<br />Ele não estava falando coisas com sentido. Fazia parte da loucura?<br />“Eu não ligo para nada, só mantê-la viva,” ele disse de repente decidido. “Se ela quer filhos, ela pode os ter. Ela pode ter meia dúzia de filhos. Tudo que ela quiser.” Ele parou por um momento, “Ela pode ter cachorros, se tiver vontade.”<br />Ele encontrou o meu olhar por um momento e sua face congelou debaixo de todo o controle. Todo meu orgulho se esmigalhou com suas palavras, e eu senti minha boca abrindo com o choque.<br />“Mas não desse jeito!” Ele assobiou antes que eu pudesse me recuperar. “Não essa coisa que suga a vida dela enquanto eu fico parado apenas olhando! Olhando o mal estar dela piorar. Vendo a coisa machucando ela.” Ele disse em um rápido suspiro, como se alguém o tivesse socado nas tripas. “Você tem que fazê-la ver a razão, Jacob. Ela não vai ouvir mais a mim. Rosalie sempre está lá, alimentando essa maluquice - a encorajando. Protegendo-a. Não, protegendo a coisa. A vida de Bella não significa nada para ela.”<br />O barulho vindo da minha respiração soou como se eu estivesse chocado.<br />O que ele estava dizendo? Que a Bella deveria o quê? Ter um filho? Comigo? O que? Como? Ele estava desistindo dela? Ou ele achava que ela se importaria em ser dividida?<br />“Tanto faz. Qualquer coisa que a mantenha viva.”<br />“Essa é a coisa mais maluca que você já disse,” Eu murmurei.<br />“Ela te ama.”<br />“Não o bastante.”<br />“Ela está pronta pra morrer para ter uma criança. Talvez ela aceite algo menos extremo.”<br />“Você não a conhece?”<br />“Eu sei, eu sei. Vai nos custar muito convencê-la. Por isso eu preciso de você. Você sabe como ela pensa. Faça-a ver o sentido.”<br />Eu não podia pensar sobre o que ele estava sugerindo. Era muito. Impossível. Errado. Doentio. Alugar Bella pelo fim de semana e depois devolvê-la como um filme de locadora? Que bagunça.<br />Tão tentador.<br />Eu não queria considerar, não queria imaginar, mas as imagens vieram de qualquer forma. Eu teria fantasiado sobre a Bella daquele jeito muitas vezes, quando ainda havia uma possibilidade de nós darmos certo, e então um tempo depois as fantasias deixaram apenas feridas; Porque não havia nenhuma possibilidade, nenhuma possibilidade mesmo. Eu não poderia me controlar antes. Eu não poderia me controlar agora. Bella nos meus braços, Bella suspirando o meu nome…<br />Ainda pior, essa nova imagem que eu nunca teria imaginado antes, uma que por todos os direitos não deveria ter existido para mim. Não ainda. Uma imagem que eu sabia que não sofreria por anos se não tivesse aparecido na minha cabeça agora. Mas esta continuou lá, criando raízes pelo meu cérebro como uma erva - venenosa e imortal. Bella, saudável e radiante, tão diferente de agora, mas algo permanecia o mesmo: seu corpo, não distorcido, mas sim mudado numa maneira mais natural. Carregando o meu filho.<br />Eu tentei escapar da erva venenosa na minha mente. “Fazer Bella ver o sentido? Em que universo você vive?”<br />“Ao menos tente.”<br />Eu balancei a minha cabeça rapidamente. Ele esperou, ignorando a resposta negativa porque ele poderia ouvir o conflito nos meus pensamentos.<br />“De onde essa porcaria psicopata está vindo? Você está inventando tudo isso?”<br />“Eu estive pensando sobre nada além de maneiras de salvá-la desde que descobri o que ela estava planejando fazer. O que ela morreria para fazer. Mas eu não sabia como te contatar. Eu sabia que você não me ouviria se eu ligasse. Eu iria atrás de você em breve, se você não tivesse vindo hoje. Mas é difícil de deixá-la, mesmo que por alguns minutos. Sua condição… muda tão rápido. A coisa está… crescendo. Rapidamente. Não posso estar longe dela agora.”<br />“O que é?”<br />“Nenhum de nós tem a menor idéia. Mas é mais forte do que ela. Já.”<br />Então eu poderia repentinamente vê-lo - ver o monstro na minha cabeça, quebrando-a de dentro para fora.<br />“Ajude-me a parar,” ele sussurrou. “Ajude-me a parar isso, não deixar acontecer.”<br />“<em>Como</em>? Oferecendo meus serviços?” Ele nem ao menos hesitou quando eu disse aquilo, mas eu sim. “Você é doente. Ela nunca vai ouvir a isso.”<br />“Tente. Não há nada a perder agora. Como isso machucaria?”<br />Iria me machucar. Eu já não fui rejeitado por Bella o suficiente sem isso?<br />“Um pouco de dor para salvá-la? É um preço tão alto?”<br />“Mas não vai funcionar.”<br />“Talvez não. Talvez isso a confunda. Talvez ela volte atrás em sua decisão. Um momento de dúvida é tudo que eu preciso.”<br />“E aí você puxa o tapete debaixo da oferta? ‘Brincadeirinha, Bella’?”<br />“Se ela quer uma criança, é isso que ela vai ter. Eu não vou reconsiderar.”<br />Eu não poderia acreditar que eu estava ao menos pensando nisso. Bella iria me socar - não que eu ligasse, mas ela provavelmente iria quebrar sua própria mão novamente. Eu não deveria ter deixado-o falar comigo, mexer com a minha cabeça. Eu deveria apenas matá-lo agora.<br />“Não agora,” ele sussurrou. “Ainda não. Certo ou errado, isso a destruiria, e você sabe disso. Não precisa agir assim. Se ela não te ouvir, você terá outra chance. No momento que o coração de Bella parar de bater, eu estarei te implorando para me matar.”<br />“Você não vai ter que implorar por muito tempo.”<br />O esboço de um sorriso apareceu no canto de sua boca. “Eu estou contando com isso.”<br />“Então estamos combinados.”<br />Ele balançou a cabeça afirmativamente e me estendeu sua mão fria.<br />Engolindo o meu nojo, eu peguei sua mão - meus dedos fechados ao redor da pedra - e eu a balancei uma vez.<br />“Nós estamos combinados,” ele concordou.<br /><br /><br />Capítulo 10 - Por que eu simplesmente não fui embora? Ah, é, porque eu sou um idiota.<br /><br />Eu me senti como - como sei lá o quê. Como se isso não fosse real. Eu estava em alguma versão gótica de uma comédia ruim. Ao invés de eu ser o garoto que ia convidar a líder de torcida para o baile, eu era o lobisomem que chegou em segundo lugar prestes a perguntar à esposa do vampiro sobre dormirem juntos e procriarem. Maravilhoso.<br />Não, eu não ia fazer isso. Isso estava perturbado e errado. Eu ia esquecer tudo o que ele disse.<br />Mas eu tinha que falar com ela. Eu tinha que tentar fazê-la me ouvir.<br />E ela não ia. Como sempre.<br />Edward não respondeu ou comentou sobre os meus pensamentos enquanto ele voltava para a casa. Eu imaginava sobre o lugar que ele escolheria para parar. Eu me admirei com o lugar que ele escolheu para parar. Era longe o suficiente da casa para que os outros não ouvissem seus sussurros? Era esse o ponto?<br />Talvez. Quando ele caminhou através da porta, os olhares dos demais Cullen eram suspeitos e confusos. Nenhum deles pareceu enojado ou ultrajado. Então nenhum deles deve ter ouvido outro favor que Edward pediu para mim.<br />Eu hesitei no caminho perto da porta aberta, sem certeza do que fazer. Eu estava melhor ali, com um pouco de ar mais respirável vindo do lado de fora.<br />Edward passou entre a desordem, com os ombros rígidos. Bella olhou ansiosamente para ele, então seus olhos vacilaram para mim por um segundo. Então ela estava olhando para ele novamente.<br />Seu rosto se tornou um cinza pálido, e eu pude ver o que ele quis dizer quanto ao stress está fazendo-a se sentir pior.<br />“Nós vamos deixar Jacob e Bella conversar a sós,” Edward disse. Não houve nenhuma indecisão em sua voz. Robô.<br />“Só por cima da minha pilha de cinzas.” Rosalie assobiou para ele. Ela estava perto da cabeça de Bella, uma de suas mãos geladas estavam possessivamente na face pálida de Bella.<br />Edward não olhou para ela. “Bella”, ele disse no mesmo tom vazio. “Jacob quer falar com você. Você tem medo de ficar sozinha com ele?”<br />Bella olhou para mim, confusa. Então ela olhou para Rosalie.<br />“Rose, está tudo bem. Jake não vai nos machucar. Vá com Edward.”<br />“Isso pode ser um truque,” a loira avisou.<br />“Eu não vejo como” Bella disse.<br />“Carlisle e eu estaremos sempre ao seu alcance, Rosalie” Edward disse. A voz sem emoção estava cedendo, mostrando a raiva através dela. “Nós somos os únicos dos quais ela tem medo.”<br />“Não,” Bella sussurrou. Seus olhos brilharam seus cílios úmidos “Não Edward, eu não…”<br />Ele balançou sua cabeça, sorrindo um pouco. O sorriso era doloroso de se olhar. “Eu não quis dizer isso, Bella. Eu estou bem. Não se preocupe comigo.”<br />Repugnante. Ele estava certo - ela sofria ao ferir os sentimentos dele. Aquela garota era uma clássica mártir. Ela nasceu totalmente no século errado. Ela devia ter vivido na época em que podia se jogar aos leões para alimentá-los por uma boa causa.<br />“Todo mundo,” Edward disse, sua mão friamente apontou para a porta “Por favor.”<br />A postura que ele estava tentando manter pela Bella estava abalada. Eu pude ver o quão perto ele estava de virar aquele homem possesso que ele foi lá fora. Os outros viram, também. Silenciosamente, eles caminharam porta afora enquanto eu saí do caminho. Eles se moveram rapidamente; meu coração bateu duas vezes mais rápido, e o quarto estava vazio exceto por Rosalie, hesitando no meio do caminho, e Edward, ainda esperando ao lado da porta.<br />“Rose,” Bella disse calmamente. “Eu quero que você vá.”<br />A loira olhou furiosamente para Edward e gesticulou para ele ir à frente. Ele desapareceu porta afora. Ela me deu um olhar de aviso com raiva e então desapareceu, também.<br />Uma vez que estávamos sozinhos, eu atravessei a sala e me sentei no chão perto de bela. Eu peguei suas mãos frias nas minhas, esfregando-as cuidadosamente.<br />“Obrigada, Jake. Isso é bom.”<br />“Eu não vou mentir, Bells. Você está horrível.”<br />“Eu sei,” ela suspirou. “Eu estou com uma aparência assustadora.”<br />“Uma coisa assustadora saindo do pântano,” Eu concordei.<br />Ela riu. “É bom ter você aqui. É bom sorrir. Eu não sei quanto mais drama eu posso agüentar.”<br />Eu girei os olhos.<br />“Ok, ok,” ela concordou “eu que causei isso a mim mesma.”<br />“Sim, você causou. O que você está pensando Bells? Sério!”<br />“Ele pediu para você gritar comigo?”<br />“Mais ou menos. Não consigo imaginar por que ele acha que você vai me ouvir. Você nunca me ouviu antes.”<br />Ela suspirou.<br />“Eu te disse -” Eu comecei a falar.<br />“Você sabia que ‘Eu te disse’ tem um irmão, Jacob?” ela perguntou, me cortando. “E o seu nome é ‘Cale essa boca.’”<br />“Boa.”<br />Ela forçou um sorriso. Sua pele esticou até os ossos. “Eu não posso receber os créditos - Eu peguei isso de uma reprise de Os Simpsons.”<br />“Eu perdi esse.”<br />“Foi engraçado.”<br />Nós não conversamos por um minuto. Suas mãos começaram a se aquecer um pouco.<br />“Ele realmente pediu para que você conversasse comigo?”<br />Eu acenei com a cabeça. “Para colocar algum sentido em você. Há uma batalha que já está perdida antes de começar.”<br />“Então você concorda?”<br />Eu não respondi. Eu não tinha certeza do que eu sabia.<br />Eu sabia disso - cada segundo que eu passava com ela era um acréscimo à dor que eu sofreria depois. Como um viciado em heroína com uma dose limitada, o dia do ajustes de conta estava chegando para mim. Quanto mais doses eu tomava agora, mais difícil seria quando as minhas doses acabassem.<br />“Isso vai dar certo, você sabe,” ela me disse após um minuto de silêncio. “Eu acredito nisso.”<br />Isso me fez ficar vermelho de novo. “Demência é um dos seus sintomas?” Eu repreendi.<br />Ela riu, embora minha raiva fosse tão real que as minhas mãos começaram a tremer ao redor das dela.<br />“Talvez,” ela disse. “Eu não estou dizendo que as coisas vão ser fáceis, Jake. Mas como eu teria passado por tudo que eu passei e não acreditar em mágica até agora?”<br />“Mágica?”<br />“Especialmente por você.” ela disse. Ela estava sorrindo. Ela puxou um de suas mãos das minhas e pressionou contra o meu rosto. Mais quente do que antes, mas parecia fria contra o meu rosto, como a maioria das coisas parecia. “Mais do que qualquer outra pessoa, você tem alguma mágica esperando para fazerem as coisas certas para você”<br />“O que você está tagarelando?”<br />Ainda sorrindo. “Edward me disse uma vez como que tudo isso parecia - aquilo sobre impressão. Ele me disse que era como Sonho De Noite de Verão, como mágica. Você vai achar quem você está realmente procurando, Jacob, e talvez tudo isso faça sentido.”<br />Se ela não estivesse parecendo tão frágil eu teria começado a gritar.<br />Mas como ela parecia, eu rosnei para ela.<br />“Se você está pensando que a impressão pode trazer sentido a toda essa insanidade…” eu lutei por palavras. “Você realmente pensa que só porque eu talvez tenha uma impressão em uma estranha, faça tudo isso ser certo?” Eu apontei um dedo em direção ao seu corpo inchado. “Diga-me qual é o ponto, Bella! Qual foi o ponto de eu te amar? Qual foi o ponto de você amar ele? Quando você morrer” - as palavras saíram em um rosnado - “como isso pode ser certo? Qual o sentido de toda essa dor? Minha, sua, dele! Você vai matá-lo, não que eu ligue para isso.” Ela estremeceu, mas eu continuei. “Então qual é o ponto de sua louca história de amor, no final? Se tem algum sentido, por favor, me mostre Bella, porque eu não consigo ver.”<br />Ela suspirou. “Eu não sei ainda, Jake. Mas eu simplesmente… sinto… que tudo isso vai acabar bem, mas é difícil ver agora. Eu acho que você pode chamar isso de fé.”<br />“Você está morrendo por nada, Bella! Nada!”<br />A sua mão saiu do meu rosto para a sua barriga inchada, acariciando-a.<br />“Eu não vou morrer,” ela disse por dentre os dentes, e eu posso dizer que ela estava repetindo coisas que ela já disse antes. “Eu vou manter meu coração batendo. Eu sou o forte o suficiente para isso.”<br />“Isso é um monte de besteira, Bella. Você está tentando acompanhar o sobrenatural por muito tempo. Nenhuma pessoa normal consegue fazer isso. Você não é forte o suficiente.” Eu peguei seu rosto em minhas mãos. Eu não tive que me lembrar de ser gentil. Tudo nela estava gritando ‘quebrável’.<br />“Eu posso fazer isso. Eu posso fazer isso,” ela murmurou, parecendo muito com aqueles livros de criança sobre uma pequena locomotiva que podia.<br />“Não parece para mim. Então, qual é o seu plano? Espero que você tenha um.”<br />Ela balançou sua cabeça, não olhando para os meus olhos. “Você sabia que a Esme pulou de um precipício? Quando ela era humana, quero dizer.”<br />“E…?”<br />“E ela estava tão perto da morte que eles nem se importaram em levá-la para a sala de emergência - eles a levaram direto para o necrotério. O coração dela ainda estava batendo, então Carlisle a encontrou…”.<br />Era isso que ela quis dizer antes, sobre deixar o seu coração batendo.<br />“Você não está pensando em sobreviver sendo humana,” eu declarei estupidamente.<br />“Não, eu não sou idiota.” ela encarou meu olhar então. “Eu acho que você provavelmente tem sua própria opinião sobre isso, embora”<br />“Vampirização de emergência,” eu resmunguei.<br />“Isso funcionou para a Esme. E Emmet, e Rosalie e mesmo para o Edward. Nenhum deles estava em sua melhor forma. Carlisle somente os transformou porque eles estavam quase morrendo. Ele não acaba com vidas, ele as salva.”<br />Eu senti uma pontada de dor de culpa sobre o bom doutor vampiro, como antes. Eu expulsei meus pensamentos para longe e comecei a implorar.<br />“Ouça-me, Bells. Não faça isso dessa maneira.” Como antes, quando a ligação de Charlie chegou a mim, eu pude ver quanta diferença isso fazia para mim. Eu percebi que eu precisava dela viva. De qualquer forma. Eu respirei profundamente. “Não espere até que seja tarde demais, Bella. Não desse jeito. Viva. Ok? Somente viva. Não faça isso por mim. Não faça isso por ele.” Minha voz se tornou forte, mais alta. “Você sabe o que ele vai fazer quando você morrer. Você já viu isso antes. Você quer que ele volte para aqueles italianos assassinos?” Ela se encolheu no sofá.<br />Eu deixei de lado essa parte, não seria necessário dessa vez.<br />Forçando minha voz para parecer suave, eu perguntei. “Lembra quando eu fui machucado por aqueles recém nascidos? O que foi que você me disse?”<br />Esperei, mas ela não respondeu. Pressionou seus lábios em uma linha.<br />“Você me disse pra ser bom e escutar Carlisle,” eu lembrei. “E o que eu fiz? Escutei o vampiro. Por você.”<br />“Você escutou porque era a coisa certa a fazer.”<br />“Certo - escolha qualquer motivo.”<br />Ela respirou fundo. “Não é a mesma coisa agora.” Seu olhar baixou para seu estômago grande e arredondado e sussurrou num tom baixo, “Não vou matá-lo.”<br />Minhas mãos tremeram novamente. “Oh, eu não sabia da grande novidade. Um alegre menino, huh? Devia ter trazido alguns balões azuis.”<br />Seu rosto ficou rosado. O tom era tão lindo - fez meu estômago torcer como uma faca. Uma faca serrilhada, velha e sem corte.<br />Eu ia perder a discussão. De novo.<br />“Eu não sei se é menino,” ela admitiu, um pouco sem graça. “O ultra-som não funcionou. A membrana em volta do bebê é muito forte - como sua pele. Então é um pequeno mistério. Mas eu sempre vi um menino na minha mente.”<br />“Não é um bebê bonito aí dentro, Bella.”<br />“Veremos,” ela disse. Quase orgulhosa.<br />“Você não vai,” resmunguei.<br />“Você é muito pessimista, Jacob. Definitivamente existe uma chance de que eu escape viva disso.”<br />Eu não consegui responder. Baixei meus olhos e respirei fundo e vagarosamente, tentando conter minha fúria.<br />“Jake,” ela disse, tocando meu cabelo, acariciando minha bochecha. “Vai ficar tudo bem. Shh. Está tudo bem.”<br />Não olhei pra cima. “Não. Não vai ficar tudo bem.”<br />Ela limpou algo úmido da minha bochecha<br />“Qual é o problema Bella?” Eu olhei para o carpete pálido. Meus pés descalços estavam sujos, deixando manchas. Ótimo. “Pensei que o motivo disso tudo era você querer seu vampiro mais do que tudo. E agora você apenas desiste dele? Isso não faz o menor sentido. Desde quando você é tão desesperada pra ser mãe? Se queria tanto assim, porque se casou com um vampiro?”<br />Eu estava perigosamente perto da oferta que ele me fez. Podia ver as palavras me levando para aquilo, mas eu não conseguia mudar a direção.<br />Ela suspirou. “Não é assim, Eu nunca me importei realmente em ter um bebê. Nunca pensei nisso. Não é apenas ter um filho. É… bem… este bebê.”<br />“É um assassino, Bella. Olhe para você.”<br />“Não, ele não é. Sou eu. Apenas fraca e humana. Mas eu consigo, Jake, eu posso -”<br />“Ah, qual é! Cale a boca, Bella. Você pode jogar esse discurso imbecil pro seu sugador de sangue, mas você não me engana. Você sabe que não vai conseguir”.<br />Ela me olhou torto. “Eu não sei isso. Estou preocupada sobre, claro.”<br />“Preocupada sobre.” repeti entre meus dentes.<br />Ela respirou fundo e segurou o estômago. Minha fúria se esvaiu como uma lâmpada sendo desligada.<br />“Estou bem,” ela disse respirando pesado. “Não é nada.”<br />Mas eu não escutei; suas mãos haviam puxado a blusa pro lado, e eu observei, horrorizado, a pele exposta. Seu estômago parecia manchado em porções enormes de tinta preto-arroxeada.<br />Ela seguiu meu olhar, e colocou a blusa de volta no lugar.<br />“Ele é forte, só isso,” ela disse em defesa.<br />Os pontos escuros eram machucados.<br />Eu quase engasguei, e entendi o que ele quis dizer, sobre assistir enquanto aquilo a machucava. De repente, me senti um pouco louco.<br />“Bella,” eu disse.<br />Ela ouviu a mudança em minha voz. Olhou pra cima ainda respirando pesadamente, seus olhos confusos.<br />“Bella, não faça isso.”<br />“Jake -”<br />“Me escuta. Não decida nada precipitado. Certo? Apenas escute. E se…?”<br />“E se…?”<br />“E se isso não fosse a única opção? E se não fosse tudo ou nada? E se você escutasse Carlisle como uma boa menina, e ficasse viva?”<br />“Eu não -”<br />“Não terminei ainda. Então você fica viva. E pode começar de novo. Isso não deu certo. Tente novamente.”<br />Ela franziu a testa. Levantou uma das mãos e tocou a parte em que minhas sobrancelhas estavam unidas. Seus dedos alisaram minha testa por um momento enquanto ela tentava entender a situação.<br />“Não entendo… o que você quer dizer com tentar de novo? Você não acha que Edward me deixaria…? E qual seria a diferença? Tenho certeza de que qualquer bebê-”<br />“Sim,” respondi depressa. “Qualquer bebê dele faria o mesmo.”<br />Seu rosto cansado ficou ainda mais confuso. “O que?”<br />Mas eu não conseguia dizer mais nada. Não havia motivo. Eu nunca seria capaz de salvá-la dela mesma. Nunca fui capaz disso.<br />Então ela piscou, e pude ver que ela havia entendido.<br />“Oh. Ugh. Por favor, Jacob. Você acha que eu deveria matar meu filho e o substituiria por algum outro genérico? Inseminação artificial?” Ela estava brava agora. “Por que eu teria o bebê de um estranho? Suponho que não faça diferença? Qualquer bebê serve?”<br />“Não foi isso que eu quis dizer,” murmurei. “Não um estranho.”<br />Ela se inclinou pra frente. “Então o que você quer dizer?”<br />“Nada. Não estou dizendo nada. O mesmo de sempre.”<br />“De onde surgiu isso?”<br />“Esqueça, Bella.”<br />Ela franziu a testa, desconfiada. “Por acaso ele pediu pra que você sugerisse isso?”<br />Hesitei surpreso por ela ter feito essa conexão tão rápido. “Não.”<br />“Ele pediu, não foi?”<br />“Não, sério. Ele não disse nada sobre qualquer coisa artificial”.<br />Seu rosto se acalmou um pouco, e ela deitou nos travesseiros, parecendo exausta. Ela olhou para o lado quando falou, no entanto não se direcionando a mim. “Ele faria qualquer coisa por mim. E eu o estou machucando tanto… Mas o que ele está pensando? Que eu trocaria isto” - suas mãos correram sobre sua barriga - “por algum estranho…” Ela murmurou a última parte, e então sua voz falhou. Seus olhos estavam úmidos.<br />“Você não precisa machucá-lo,” sussurrei. Minha boca queimou como veneno ao implorar por ele, mas eu sabia que por esse ângulo era minha melhor chance de mantê-la viva. Ainda uma chance em mil. “Você poderia fazê-lo feliz novamente, Bella. E acho que ele está enlouquecendo. Juro, eu acho,”<br />Ela não parecia estar escutando; sua mão traçava pequenos círculos em seu estômago enquanto ela mordia os lábios.<br />O silêncio durou um longo tempo. Imaginei se os Cullen estavam muito longe. Estariam ouvindo minha tentativa patética de dialogar com ela?<br />“Não um estranho?” ela murmurou para si mesma. Eu vacilei. “O que exatamente Edward disse?” ela perguntou com a voz baixa.<br />“Nada. Ele apenas achou que você me escutaria.”<br />“Não isso. Sobre tentar de novo.”<br />Seus olhos grudaram nos meus, e eu podia ver que já havia falado demais.<br />“Nada.”<br />Sua boca abriu um pouco. “Wow.”<br />Tudo ficou silencioso pela duração de algumas batidas do coração. Olhei para meus pés novamente, incapaz de olhá-la nos olhos.<br />“Ele realmente faria qualquer coisa, não é?” ela sussurrou.<br />“Eu disse que ele está enlouquecendo. Literalmente, Bells.”<br />“Estou surpresa que você não o dedurou logo. O colocado em apuros.”<br />Quando a encarei, ela estava sorrindo.<br />“Pensei nisso.” Tentei sorrir de volta, mas podia sentir o sorriso deformado em meu rosto.<br />Ela sabia o que eu estava oferecendo, e não pensaria duas vezes sobre isso. Eu sabia que ela não iria. Mas ainda machucava.<br />“Não há muito que você não faria por mim também, não é?” ela sussurrou. “Realmente não sei por que você se dá ao trabalho. Não mereço nenhum de vocês.”<br />“Não faz diferença, no entanto, faz?”<br />“Não dessa vez.” Ela sussurrou. “Gostaria de poder explicar isso da forma correta pra que você entenda. Não posso machucá-lo”- ela apontou para seu estômago - “mais do que pegar uma arma e atirar em você. Eu amo esse bebê.”<br />“Por que você tem sempre que amar as coisas erradas, Bella?”<br />“Não acho que eu ame as coisas erradas.”<br />Tentei acabar com o aperto na minha garganta pra que pudesse fazer com que minha voz soasse dura como eu queria. “Acredite em mim.”<br />Comecei a me levantar.<br />“Aonde você vai?”<br />“Não estou fazendo nada de bom ficando aqui.”<br />Ela estendeu sua mão magra, pedindo. “Não vá.”<br />Eu podia sentir o vício me tentando, para que ficasse perto dela.<br />“Eu não pertenço a este lugar. Preciso voltar.”<br />“Por que veio hoje?” ela perguntou, ainda com a mão estendida.<br />“Apenas para ver se você estava realmente viva. Não acreditei que você estava doente como Charlie disse.”<br />Eu não podia dizer pelo olhar se ela havia acreditado ou não.<br />“Você vai voltar? Antes…”<br />“Não vou ficar por perto pra vê-la morrer, Bella.”<br />Ela vacilou. “Você está certo, está certo. Você deve ir.”<br />Fui até a porta.<br />“Adeus,” ela suspirou atrás de mim, “Te amo, Jake.”.<br />Eu quase voltei. Quase me virei e caí de joelhos e comecei a implorar novamente. Mas eu sabia que precisava deixar Bella, seu fracasso, antes que ela me matasse como estava matando a ele.<br />“Claro, claro,” murmurei ao sair.<br />Eu não vi nenhum dos vampiros. Eu ignorei minha moto, ficando completamente sozinho no meio da campina. Ela não era rápida o suficiente para mim agora. Meu pai iria pirar - Sam também. O que a matilha iria fazer com o fato de que eles não tinham ouvido a minha frase? Iriam pensar que os Cullen me pegaram antes que eu tivesse uma chance? Eu me despi, não ligando para quem poderia estar assistindo, e comecei a correr. Eu estava deslocado dentro de um lobo meio de frente.<br />Eles estavam me esperando. Claro que estavam.<br />Jacob, Jake, oito vozes em coro aliviadas.<br />Venha para casa agora, a voz Alpha ordenou. Sam estava furioso.<br />Eu senti Paul esmaecer, e eu sabia que Billy e Rachel estavam esperando para ouvir o que havia acontecido comigo. Paul estava também ansioso para dar a eles a boa notícia que eu não era comida de vampiro para ouvir toda a historia.<br />Eu não tive que contar para a matilha que eu estava no caminho - eles podiam ver a floresta embaçada passando por mim enquanto eu chegava em casa. Eu também não tive que dizer a eles que eu era mais do que louco. A doença em minha cabeça era óbvia.<br />Eles viram todo o horror - o estômago mosqueado de Bella; sua fraca voz,: ele é forte, isso é tudo; o homem queimado na cara de Edward: vendo ela doente e definhando… Ver isso machucando ela; Rosalie abaixando sobre o corpo mole de Bella: A vida de Bella não significa nada a ela - e pela primeira vez, ninguém tinha nada a dizer.<br />O choque deles era apenas um silencio em minha cabeça.<br />Sem palavras<br />!!!!<br />Eu estava a uma hora de casa antes de alguém me encontrar. Daí todos eles começaram a correr para me encontrar.<br />Estava quase escuro - as nuvens cobriram o pôr-do-sol completamente. Arrisquei partir pela estrada sem ser visto.<br />Nos encontramos cerca de 10 milhas longe de La Push, numa clareira deixada pelos hóspedes. Era fora do caminho, entre as montanhas, onde ninguém podia nos ver. Paul os encontrou ao mesmo tempo em que eu, e o bando estava completo.<br />As falas em minha mente estavam um caos total. Todos gritavam ao mesmo tempo.<br />Os pêlos do pescoço de Sam estavam totalmente eriçados, e ele estava rosnando num ritmo contínuo enquanto andava pros lados em torno do círculo. Paul e Jared se moveram como sombras atrás dele, suas orelhas rentes à suas cabeças. O círculo todo estava agitado, em pé e rosnando baixo.<br />Inicialmente sua raiva era indefinida, e eu pensei que fosse por mim. Estava cansado demais pra me importar. Eles podiam fazer o que quisessem comigo por desobedecer a ordens.<br />Então a discussão de pensamentos sem foco começou a tomar um rumo único.<br />Como isso pôde acontecer? O que significa? O que será?<br />Não é seguro. Não é certo. Perigoso.<br />Não é natural. Monstruoso. Uma abominação.<br />Não podemos permitir.<br />O bando andava em sincronia, pensava em sincronia, menos eu e outro. Sentei ao lado do irmão que fosse, embasbacado demais para olhar com meus olhos ou mente e ver quem estava ao meu lado, enquanto o bando andava em círculo a nosso redor.<br />O trato não cobre isso.<br />Isso coloca a todos em perigo.<br />Tentei entender a espiral de vozes, tentei acompanhar curva que os pensamentos faziam para ver onde ela levava, mas não fazia sentido. As imagens no centro de suas mentes eram minhas imagens - a pior delas. Os machucados de Bella, o rosto de Edward enquanto ele sofria.<br />Eles o temem também.<br />Mas não nos deixarão fazer nada a respeito.<br />Protegendo Bella Swan.<br />Não podemos deixar que isso nos influencie.<br />A segurança de nossas famílias, de todos aqui, é mais importante que um humano.<br />Se eles não o matarem, nós o faremos.<br />Proteger a tribo.<br />Proteger nossas famílias.<br />Temos que matá-lo antes que seja tarde demais.<br />Outra de minhas memórias, as palavras de Edward: A coisa está crescendo. Rápido.<br />Tentei me concentrar, identificar as vozes.<br />Sem tempo a perder, Jared pensou.<br />Isso vai significar uma luta, Embry apontou. Bem feia.<br />Estamos prontos, insistiu Paul.<br />Temos o elemento surpresa a nosso lado, Sam pensou.<br />Se os pegarmos divididos, podemos dar conta deles em separado. Vai aumentar nossas chances de vitória, Jared pensou, começando a traçar uma estratégia.<br />Balancei minha cabeça, me levantando aos poucos. Me senti instável - como se o circular dos lobos me deixasse tonto. O lobo ao meu lado se levantou também. Seu ombro empurrou o meu, me ajudando a ficar em pé.<br />Esperem, pensei.<br />O círculo parou por um momento, e começou a andar novamente.<br />Temos pouco tempo, disse Sam.<br />Mas - o que você está pensando? Você não os atacaria por quebrarem o acordo esta tarde. Agora planeja uma emboscada, quando o tratado continua intacto?<br />Isso não é algo que nosso tratado antecipava, disse Sam. Isso é um perigo para cada humano na área. Não sabemos que tipo de criatura os Cullen criaram, mas sabemos que é forte e cresce rápido. E será jovem demais para seguir o tratado. Lembra o recém nascido que lutamos? Selvagem, violento, fora do controle da razão ou de alguma forma de restrição. Imagine um desses, mas protegido pelos Cullen.<br />Nós não sabemos - tentei interromper.<br />Nós não sabemos, ele concordou. E não podemos arriscar a chance com o desconhecido nesse caso. Podemos permitir que os Cullen existam enquanto temos absoluta certeza de que podemos confiar que eles não causarão nenhum mal. Essa… Coisa não pode ser confiável.<br />Eles não sabem muito mais do que nós.<br />Sam pegou a imagem do rosto de Rosalie, sua posição protetora, de minha mente, e mostrou aos outros.<br />Alguns estão prontos para lutar por isso, não importa o quê.<br />É apenas um bebê, meu Deus!<br />Não por muito tempo, Leah sussurrou.<br />Jake, meu amigo, isso é um problema, disse Quil. Não podemos apenas ignorá-lo.<br />Você está tornando a situação maior do que ela realmente é, argumentei. O único que corre real perigo é Bella.<br />Novamente por sua própria escolha, disse Sam. Mas dessa vez, a escolha dela afeta a todos nós.<br />Eu não acho.<br />Nós não podemos nos arriscar assim. Não vamos permitir um bebedor de sangue caçar nas nossas terras.<br />Então os mande embora, o lobo que ainda me defendia disse. Era Seth. É claro.<br />E provocar desgosto nos outros? Quando bebedores de sangue entram nas nossas terras, nós os destruímos, não importa onde eles pretendem caçar. Nós protegemos todos que podemos.<br />Isso é loucura, eu disse. Essa tarde você estava com medo de colocar o pacote em perigo.<br />Essa tarde eu não sabia que nossas famílias estavam em risco.<br />Não acredito nisso! Como você vai matar essa criatura sem matar a Bella?<br />Não houve palavras, mas sim um silêncio cheio de significado.<br />Eu uivei. Ela também é humana! Nossa proteção não se aplica a ela?<br />Ela vai morrer de qualquer forma, Leah pensou. Nós só vamos encurtar o processo.<br />Foi a gota d’água. Eu me esquivei de Seth na direção da sua irmã, meus dentes a mostra. Eu estava quase alcançando sua perna esquerda quando senti os dentes de Sam na minha cintura, me arrastando de volta.<br />Eu rosnei em dor e fúria e me virei para ele.<br />Pare! Ele ordenou no timbre que era o dobro do Alpha.<br />Minhas pernas pareceram desaparecer debaixo de mim. Eu me joguei até uma parada, apenas conseguindo me manter de pé por força de vontade.<br />Ele tirou o seu olhar de mim. Você não vai ser cruel com a Bella, Leah, ele a comandou. O sacrifício de Bella é um preço muito grande e nós vamos todos reconhecer isso. É contra tudo que nós acreditamos tirar a vida de um humano. Fazer uma exceção nesse código é algo para se sentir pesar. Nós todos nos arrependeremos do que faremos esta noite.<br />Esta noite? Seth repetiu, chocado. Sam - Eu acho que deveríamos falar um pouco mais sobre isso. Consultar com os Anciões, pelo menos. Você não pode estar realmente querendo que nós -<br />Nós não podemos arcar com a sua tolerância com os Cullens agora. Não há tempo para debates. Você fará o que for mandado, Seth.<br />Os joelhos de Seth tremeram e sua cabeça caiu ao peso do comando do Alpha.<br />Sam caminhou num círculo apertado ao nosso redor.<br />Nós precisaremos do grupo completo para isso. Jacob, você é o nosso lutador mais forte. Você vai lutar conosco esta noite. Eu entendo que é difícil para você, então você vai se concentrar nos lutadores deles - Emmett e Jasper Cullen. Você não precisa se envolver com a… Outra parte. Quil e Embry lutarão contigo.<br />Meus joelhos tremeram; Eu lutei para me manter de pé enquanto a voz do Alpha chicoteava no meu ser.<br />Paul, Jared e eu cuidaremos de Edward e Rosalie. Eu acho, pela informação que Jacob nos trouxe, que eles estarão guardando a Bella. Carlisle e Alice também estarão próximos, possivelmente Esme. Brady, Collin, Seth e Leah vão se concentrar neles. Quem quer que tenha o caminho livre para alcançar - nós todos ouvimos ele mentalmente hesitar ao nome da Bella - a criatura, vai cuidar dela. Destruí-la é nossa prioridade.<br />O grupo murmurou em uma concordância nervosa. A tensão conseguiu deixar todos de pêlos em pé. Os passos estavam mais rápidos e o som das patas contra o assoalho estava mais agudo, suas unhas entrando no solo.<br />Apenas Seth e eu estávamos parados, os olhos mantidos no centro de uma tempestade de dentes a mostra e orelhas atentas. O nariz de Seth estava quase tocando o chão, submisso aos comandos de Sam. Eu senti sua dor com a deslealdade por vir. Para ele isso era uma traição - durante aquele único dia de aliança, lutando ao lado de Edward Cullen, Seth havia verdadeiramente se tornado o amigo do vampiro.<br />Não tinha resistência nele, de qualquer forma. Ele iria obedecer não importasse quanto isso o machucasse. Ele não tinha outra escolha.<br />E que outra escolha eu tinha? Quando o Alpha fala, o bando segue.<br />Sam nunca tinha levado sua liderança tão longe antes; eu sabia que ele honestamente odiava ver Steh ajoelhado perante ele como um escravo aos pés do mestre. Ele não o obrigaria se ele não tivesse outra escolha. Ele não podia mentir para nós, já que nossas mentes estavam ligadas uma a outra. Ele realmente achava que era nosso dever destruir Bella e o monstro que ela estava carregando. Ele realmente acreditava que nós não tínhamos tempo a perder. Ele acreditava tanto nisso que morreria para isso.<br />Eu vi que ele enfrentaria Edward ele mesmo; A habilidade de Edward de ler pensamentos fez dele a maior ameaça na mente de Sam. Sam não nos deixaria enfrentar tamanho perigo.<br />Ele via Jasper como o segundo maior oponente, e esse era o porquê ele me encarregou de enfrentá-lo. Ele sabia que eu tinha a maior chance, dentre todos do bando, de ganhar esta luta. Ele deixaria os alvos mais fáceis para os mais jovens do bando e Leah. A pequena Alice não era perigo sem a sua habilidade de prever o futuro para guiá-la, e ele sabia, a partir da nossa antiga aliança, que Esme não era uma lutadora. Carlisle poderia ser mais um desafio, mas seu desgosto por violência poderia atrapalhá-lo.<br />Eu me senti pior do que o Seth quando eu vi os planos de Sam, tentando trabalhar nos ângulos para dar para cada membro do bando uma melhor chance de sobrevivência.<br />Tudo foi ao avesso. Esta tarde, eu estava ansioso por atacá-los. Mas Seth estava certo - não era para uma luta que eu estava me preparando. Eu tinha me cegado pelo ódio. Eu não me permiti ver com mais cuidado, porque eu sabia o que eu veria se eu o fizesse.<br />Carlisle Cullen. Olhando para ele sem aquele ódio me cegando, eu não podia negar que matá-lo seria assassinato. Ele era bom. Bom como qualquer humano que protegíamos. Talvez melhor. Os outros também, eu supus, mas eu não conseguia sentir isso tão forte vindo deles. Eu não os conhecia tão bem. Era Carlisle quem odiava lutar, mesmo que fosse para salvar sua própria vida. Era por isso que nós éramos capazes de matá-lo - porque ele não queria que nós, seus inimigos, morrêssemos.<br />Isso era errado.<br />E não era somente porque matando Bella seria como matar a mim mesmo, como um suicídio.<br />Recomponha-se, Jacob. Sam ordenou. A tribo vem em primeiro lugar.<br />Eu estava errado hoje, Sam.<br />Suas razões estavam erradas, então. Mas agora nós temos um dever a cumprir.<br />Eu o confrontei. Não.<br />Sam rosnou e parou na minha frente. Ele olhou fixamente dentro dos meus olhos e um rosnado passou por dentre seus dentes.<br />Sim, o Alfa decretou, sua voz dupla ressoou com o calor de sua autoridade. Não há escapatória essa noite. Você, Jacob, vai lutar contra os Cullen conosco. Você, com Quil e Embry irão se encarregar de Jasper e Emmer. Você é obrigado a proteger a tribo. É por isso que você existe. Você vai cumprir com essa obrigação.<br />Meus ombros se arquearam quando o decreto me bateu. Minhas pernas caíram e eu estava sob a minha barriga.<br />Nenhum membro do bando podia se negar ao Alfa.<br /><br /><br />Capítulo 11 - As duas coisas primordiais no topo da minha lista coisas-que-eu-nunca-quero-ter-que-fazer<br /><br />Sam começou a mover os outros para a formação enquanto eu ainda estava no chão. Embry e Quil estavam ao meu lado, esperando eu me recuperar e assumir a minha posição.<br />Eu conseguia sentir o impulso, a necessidade de me colocar em pé e liderá-los. A compulsão crescia, e eu lutava inutilmente, contraindo meus músculos no chão onde eu estava.<br />Embry choramingou calmamente em minha orelha. Ele não queria ter que pensar nas palavras, com medo que isso atraísse a atenção de Sam novamente. Eu senti seu lamento silencioso para eu me levantar, para esquecer disso e fazer o que eu tinha que fazer.<br />Havia medo no bando, não tanto por si mesmo, mas no geral. Nós não conseguíamos imaginar que todos nós sairíamos vivos essa noite. Qual de nossos irmãos nós perderíamos?<br />Qual mente iria nos deixar para sempre? Por qual familiar nós iríamos nos lamentar e nos consolar na manhã seguinte?<br />Minha mente começou a trabalhar com as deles, a pensar em acordo, assim poderíamos dividir nossos medos. Automaticamente, eu me levantei do chão e sacudi o meu pêlo.<br />Embry e Quil bufaram aliviados. Quil tocou seu focinho no meu lado uma vez.<br />Suas mentes estavam lotadas com o nosso desafio, nossa tarefa. Nós nos lembrávamos da noite em que nós assistimos os Cullen praticamente para a luta com os recém-nascidos. Emmet cullen era o mais forte, mas Jasper seria provavelmente nosso maior problema. Ele se movia como um raio - força e rapidez unidas em um só. Quantos séculos de experiência ele teria tido? O suficiente para que todos os demais Cullen o procurassem para a liderança.<br />Eu vou pelo meio, se você quiser ir pelos flancos. Quil ofereceu. Havia mais excitação em sua mente do que na dos outros. Quando Quil assistiu as instruções de Jasper naquelas noites, ele estava morrendo para testar suas habilidades contra as dos vampiros. Para ele, isso seria uma competição. Mesmo sabendo que a vida dele estava em perigo, ele via isso dessa maneira. Paul também estava assim, e aquelas crianças que nunca estiveram em uma batalha, Collin e Brady. Seth provavelmente também estaria assim - se os oponentes não fossem seus amigos.<br />Jake? Quil me cutucou. Como você quer agir?<br />Eu balancei a minha cabeça. Eu não conseguia me concentrar - o impulso de seguir as ordens pareciam cordas, como em um teatro de bonecos, amarradas em meus músculos. Um passo à frente, depois outro.<br />Seth estava se arrastando atrás de Collin e Brady - Leah assumiu a liderança ali. Ela ignorou Seth enquanto planejava com os outros, e eu pude ver que ela preferia deixá-lo de fora da luta. Havia um lado maternal em seus sentimentos pelo seu irmão menor. Ela desejava que Sam o mandasse para casa. Seth não captou os pensamentos de Leah. Ele estava se ajustando às cordas de bonecos, também.<br />Talvez se você parasse de resistir… Embry sussurrou.<br />Apenas se foque em nossa parte. Os maiores. Nós conseguiremos vencê-los. Nós somos melhores que eles! Quil estava trabalhando consigo mesmo - como um animador antes de um grande jogo.<br />Eu conseguia ver como isso seria fácil - não pensar em nada mais do que a minha parte. Não era difícil me imaginar atacando Jasper e Emmet. Nós já estivemos perto disso antes. Eu não os via como inimigos há muito tempo. Eu podia fazer isso de volta.<br />Eu apenas precisava esquecer que eles estavam protegendo a mesma coisa que eu. Eu tinha que esquecer a razão do por que eu talvez quisesse que eles ganhassem…<br />Jake, Embry avisou. Mantenha a sua cabeça no jogo.<br />Meus pés se moveram preguiçosamente, sendo puxados pelas cordas.<br />Não há nenhum sentido nessa luta. Embry sussurrou novamente.<br />Ele estava certo. Eu iria acabar fazendo o que Sam queria, se era essa a sua vontade. E era. Óbvio.<br />Havia uma boa razão para a autoridade do Alfa. Mesmo um bando forte como o nosso não teria tanta força sem um líder. Nós tínhamos que nos movimentar juntos, pensar juntos, tudo para sermos eficazes. E isso necessitava que o corpo tivesse uma cabeça.<br />Então e se Sam estivesse errado agora? Não havia nada que pudéssemos fazer. Ninguém poderia ir contra a sua decisão.<br />Exceto.<br />Então aí estava - um pensamento que eu nunca tinha tido, nunca quis ter tido. Mas agora, com minhas pernas todas presas por cordas, eu reconheci essa exceção com alívio - mais do que alívio, com uma alegria feroz.<br />Nenhum podia ir contra a decisão do Alfa - exceto eu.<br />Eu nunca tinha adquirido nada. Mas haviam coisas que haviam nascido comigo, coisas que eu havia renunciado.<br />Eu nunca quis liderar o bando. Eu nunca quis fazer isso. Eu não queria a responsabilidade de nossos destinos sob os meus ombros. Sam era melhor do que eu jamais seria.<br />Mas ele estava errado essa noite.<br />E eu não havia nascido para me ajoelhar a ele.<br />Os laços se foram de meu corpo no momento em que eu abracei o meu direito de nascença.<br />Eu podia sentir isso se reunindo em mim, ambos, uma liberdade e também um estranho e vazio poder. Vazio porque o poder de um Alfa vinha de seu bando, e eu não tinha um bando. Por um segundo, uma solidão avassaladora caiu sobre mim.<br />Eu não tinha um bando.<br />Mas eu fui direto e forte quando eu andei até onde Sam estava, planejando com Paul e Jared. Ele se virou para o som de meu avanço, e seus olhos negros se estreitaram.<br />Não, eu disse para ele novamente.<br />Ele ouviu isso ao longe, ouviu a escolha que eu havia feito no som da voz Alfa em meus pensamentos.<br />Ele pulou meio passo para trás com um uivo chocado.<br />Jacob? O que você vez?<br />Eu não vou seguir você, Sam. Não para algo tão errado.<br />Ele me encarou, atordoado. Você… Você escolheria seus inimigos ao invés de sua família?<br />Eles não são - eu chacoalhei a minha cabeça, esclarecendo isso - eles não são nossos inimigos. Eles nunca foram nossos inimigos. Até que eu realmente pensei em destruí-los, mas era apenas um pensamento, eu não previa isso.<br />Isto não é sobre eles, ele rosnou para mim. Isto é sobre Bella.<br />Ela nunca foi a certa para você, ela nunca o escolheu, mas você continua destruindo sua vida para ela!<br />Estas eram palavras duras, mas palavras verdadeiras. Eu traguei uma quantidade grande de ar, inspirando.<br />Talvez você tenha razão. Mas você vai destruir o bando além dela, Sam. Não importa quantos deles sobrevivam hoje à noite, eles sempre terão o assassinato em suas mãos.<br />Nós temos que proteger nossas famílias!<br />Eu sei o que você decidiu Sam. Mas você não decide para mim, não mais.<br />Jacob - você não pode dar as costas ao bando.<br />Eu ouvi o duplo eco do comando de Alfa dele, mas estava leve agora. Já não aplicava a mim. Ele apertou a mandíbula dele, enquanto tentava me forçar a escutar suas palavras.<br />Eu fitei os olhos furiosos dele. O filho de Ephraim Black não nasceu para seguir o filho de Levi Uley.<br />E é isto, então, Jacob Black? O pêlo de seu pescoço eriçou e seu focinho se enrugou mostrando os dentes. Paul e o Jared rosnaram e eriçaram ao lado dele. Até mesmo se você puder me derrotar, o bando nunca o seguirá!<br />Agora eu arredei para trás, um ganido surpreso escapando da minha garganta.<br />O derrote? Eu não vou lutar com você, Sam.<br />Então qual é seu plano? Eu não estou saindo de forma que você possa proteger a ova de vampiros à custa da tribo.<br />Eu não estou dizendo para você sair fora.<br />Se você ordena que eles o sigam -<br />Eu nunca levarei qualquer um para longe dele.<br />O rabo dele chicoteou de um lado para outro enquanto ele recebia o julgamento das minhas palavras. Então ele deu um passo adiante de forma que estávamos com as patas juntas, os dentes deles a centímetros de distância do meu. Eu não tinha notado até este momento que eu tinha crescido e ficado mais alto que ele.<br />Não pode haver mais de um Alfa. O bando me escolheu. Você nos separará hoje à noite? Você abandonará os seus irmãos? Ou você terminará esta loucura e nos unirá novamente? Toda palavra foi dita com comando, mas não me pôde tocar. Sangue de Alfa corria não diluído em minhas veias.<br />Eu podia ver por que nunca havia mais que um macho de Alfa em um bando. Meu corpo estava respondendo ao desafio.<br />Eu poderia sentir o instinto para defender minha reivindicação crescendo em mim. O caroço primitivo de meu ego de lobo enrijeceu para a batalha de supremacia.<br />Eu focalizei toda minha energia para controlar aquela reação. Eu não entraria em uma briga insensata, destrutiva com Sam. Ele ainda era meu irmão, embora eu estivesse o rejeitando.<br />Há só um Alfa para este bando. Eu não estou contestando isso. Eu só estou escolhendo seguir meu próprio caminho.<br />Você agora pertence a um bando de vampiros, Jacob?<br />Eu vacilei.<br />Eu não sei Sam. Mas eu sei isto. -<br />Ele se encolheu enquanto sentia o peso Alfa em meu tom. Eu o afetei mais do que quando ele me tocou. Porque nasci para liderar sobre ele.<br />Eu me colocarei entre você e os Cullens. E não apenas assistirei enquanto o bando mata inocentes - era difícil de aplicar aquela palavra a vampiros, mas era verdade - O bando é melhor que isso. Os conduza na direção certa, Sam.<br />Eu dei as costas para ele, e um coro de uivos rasgou no ar ao redor de mim.<br />Cavando minhas unhas na terra, eu corri para longe do alvoroço que eu tinha causado. Eu não tive muito tempo. Pelo menos Leah era a única que poderia me alcançar, e eu estava um pouco mais à frente.<br />O uivo enfraqueceu com a distância, e eu me confortei com o som que continuou rasgando a noite quieta. Eles não estavam atrás de mim, ainda.<br />Eu tinha que advertir os Cullen antes que o bando ficasse sabendo e tentasse me impedir. Se os Cullen estivessem preparados, poderiam dar para Sam uma razão para repensar nisso antes que fosse muito tarde.<br />Eu corri para a casa branca que eu ainda odiava, enquanto deixava meu lar para trás. Meu lar não pertencia mais a mim. Eu dei as costas a isso.<br />Hoje tinha começado como qualquer outro dia. Cheguei em casa com o amanhecer chuvoso, tomei café da manhã com Billy e Rachel, a TV ruim, brigando com Paul… Como tudo mudou tão completamente, ficou surrealista? Como tudo ficou confuso e distorcido de forma que eu estava agora aqui, sozinho, um Alfa pouco disposto, longe de meus irmãos, escolhendo vampiros ao invés deles?<br />O som que eu estava temendo suspendeu meus pensamentos sombrios - era o impacto macio de patas grandes contra o chão, enquanto me perseguiam. Eu me lancei adiante, entrando na floresta negra.<br />Eu apenas tinha que chegar perto o bastante de forma que Edward pudesse ouvir a advertência em meus pensamentos. Leah vai não poder me deter sozinha.<br />E então eu percebi o humor dos pensamentos atrás de mim. Não raiva, mas entusiasmo. Não perseguindo… Mas seguindo.<br />Meu passo largo vacilou. Eu cambaleei dois passos antes que se igualassem novamente.<br />Espere. Minhas pernas não tão longas quanto as suas.<br />SETH! O que você pensa que está FAZENDO? VÁ PARA CASA!<br />Ele não respondeu, mas eu pude sentir a excitação dele enquanto ele estava atrás de mim. Eu pude ver nos olhos dele como ele pôde ver nos meus. A cena noturna estava deserta para mim - cheio de desespero. Para ele, estava esperançosa.<br />Eu não tinha percebido que estava reduzindo a velocidade, mas de repente ele estava em meu encalço, correndo ao meu lado.<br />Eu não estou brincando, Seth! Este não é lugar para você. Cai fora daqui.<br />O lobo magrelo bronzeado bufou. Eu te dou cobertura, Jacob. Eu acho que você tem razão. E eu não vou ficar junto de Sam quando -<br />Oh sim, o inferno que vai não ficar junto de Sam! Volte com sua bunda peluda a La Push e faça o que Sam lhe disser para fazer.<br />Não.<br />Vá, Seth!<br />Isso é uma ordem, Jacob?<br />A pergunta dele me pegou desprevenido. Eu parei de uma vez, deslizando, minhas unhas fazendo sulcos na lama.<br />Eu não estou ordenando ninguém para fazer coisa alguma. Eu estou apenas lhe contando o que você já sabe.<br />Ele parou abruptamente ao meu lado. Eu lhe contarei o que eu sei - eu sei que está terrivelmente quieto. Você não notou?<br />Eu pisquei. Meu rabo assobiou nervosamente enquanto eu percebia o que ele que ele quis dizer. Não estava quieto em um sentido. Uivos ainda enchiam o ar, longe no oeste.<br />Eles não planejaram isso, Seth disse.<br />Eu sabia disso. O bando estaria em alerta vermelho agora. Usariam a ligação de mentes para ver dos os lados igualmente. Mas eu não podia ouvir o que eles pensavam. Eu podia ouvir apenas Seth. E mais ninguém.<br />Parece-me que bandos diferentes não têm a ligação. Huh. Acho que nunca houve razão para nossos pais saberem disso antes. Porque nunca houve razão para bandos diferentes antes. Nunca houve lobos suficientes para dois. Nossa. É realmente muito quieto. Meio estranho. Mas também é bom, não acha? Aposto que era mais fácil, assim, para Ephraim e Quil e Levi. Sem tanto falatório, só os três. Ou dois.<br />Cale a boca, Seth.<br />Sim, senhor.<br />Pare com isso! Não existem dois bandos. Existe O bando, e existe eu. E só. Então você pode ir pra casa.<br />Se não houvesse dois bandos, então por que podemos nos ouvir, mas não ao resto? Acho que quando você virou suas costas para Sam, aquilo foi um gesto significativo. Uma mudança. E quando eu te segui, isso foi significativo também.<br />Você tem razão, acabei concedendo. Mas o que pode mudar, pode vir a mudar novamente.<br />Ele se levantou e começou a trotar para o leste. Sem tempo para discutir sobre isso. Devíamos ir agora mesmo antes que Sam…<br />Ele estava certo nessa parte. Não havia tempo para essa discussão. Comecei a correr novamente, não me forçando tanto. Seth estava logo atrás, na posição tradicional de Segundo no meu flanco direito.<br />Eu posso correr em algum outro lugar, ele pensou. Seu nariz baixando um pouco. Não segui você porque estava atrás de alguma promoção.<br />Corra onde quiser. Não faz diferença pra mim.<br />Não havia som de perseguição, mas nós dois aceleramos um pouco ao mesmo tempo. Eu estava preocupado agora. Se eu não conseguia observar a mente do bando, isso tornaria tudo mais difícil. Não saberia mais sobre a hora do ataque do que os Cullen.<br />Vamos fazer patrulhas, Seth sugeriu.<br />E o que faremos se o bando nos desafiar? Meus olhos se estreitaram. Atacar nossos irmãos? Sua irmã?<br />Não - soamos um alarme e vamos embora.<br />Boa resposta. Mas e depois? Não acho…<br />Eu sei, Ele concordou. Menos confiante agora. Não acho que eu possa lutar contra eles também. Mas eles não estarão felizes com a idéia de nos atacar tanto quanto nós não estamos felizes com a idéia de atacá-los. Isso pode ser o suficiente para pará-los. Além do mais, só tem oito deles agora.<br />Pare de ser tão… Levei um minuto para decidir a palavra certa. Otimista. Está me dando nos nervos.<br />Sem problemas. Quer que eu fique trágico e lamuriento, ou apenas quieto?<br />Apenas fique quieto.<br />Isso eu posso fazer.<br />Sério? Não parece.<br />Ele finalmente se calou.<br />E então estávamos cruzando a estrada e nos movendo para a floresta que circundava a casa dos Cullen. Poderia Edward nos ouvir?<br />Talvez nós devêssemos pensar algo como “viemos em paz”.<br />Vá em frente.<br />Edward? Ele chamou, numa tentativa. Edward está aí? Tá, agora me sinto meio estúpido.<br />Você soa estúpido também.<br />Acha que ele poderia nos ouvir?<br />Nós estávamos a menos de uma milha de distancia. Eu acho que sim. Ei, Edward. Se você pode me ouvir - está vagando em círculos, Sugador de sangue. Você está com problemas.<br />Nós temos um problema, Seth corrigiu.<br />Então nós passamos pelas árvores em direção ao grande gramado. A casa estava escura, mas não vazia. Edward estava parado na sacada acompanhado de Emmet e Jasper. Eles estavam brancos como a neve na pálida luz.<br />“Jacob? Seth? O que está havendo?”<br />Eu diminui o ritmo, e voltei alguns passos. O cheiro era tão forte, que entortei o nariz, para não queimar tanto. Seth continuou quieto, hesitando, e então ele sentiu depois.<br />Para responder a pergunta de Edward, eu deixei minha mente voltar ao confronto com Sam, lembrando da briga. Seth pensou comigo, com intervalos, mostrando a cena por outro ângulo. Nós paramos quando chegamos na parte sobre “abominação”, por que Edward sibilou furiosamente e saltou da sacada.<br />“Eles querem matar a Bella?” sem rodeios ele rosnou.<br />Emmet e Jasper, decididamente não ouviram a primeira parte da conversa, tomando sua inofensiva pergunta como uma afirmação.<br />Eles estavam exatamente ao lado dele em um piscar, com os dentes expostos, e se movendo em nossa direção.<br />Olá, agora, Seth pensou, voltando para si.<br />“Jazz-não eles! Os outros. O bando está vindo!”<br />Emmet e Jasper voltaram como foguetes tropeçando em seus calcanhares; Emmet se voltou para Edward, enquanto Jasper ficou nos encarando.<br />“Qual é o problema deles?” Emmet exigiu.<br />“O mesmo que o meu” Edward rosnou. “Mas eles se encarregaram de fazer seu próprio plano. Com os outros. Diga a Carlisle! Ele e Esme têm que voltar agora.”<br />Eu senti um mal estar. Eles estavam separados.<br />“Eles não estão longe,” Edward disse na mesma voz morta de antes.<br />Eu estou indo dar uma olhada Seth disse. Também correrei pelo perímetro.<br />“Você vai correr perigo, Seth?” Edward perguntou.<br />Seth e eu trocamos um olhar.<br />Achamos que não, nós vamos ficar juntos. E depois eu adicionei, Mas talvez eu deva ir. Só por precaução…<br />Eles acham que isso é menos provável que um desafio para mim. Seth disse sarcasticamente. Eu sou apenas uma criança para eles…<br />Você é apenas uma criança para mim, criança.<br />Eu já estou saindo. Você precisa passar as coordenadas para os Cullen.<br />Ele disparou para a escuridão. Eu não queria dar ordens a Seth, então eu o deixei ir.<br />Edward e eu ficamos nos olhando na escuridão. Eu pude ouvir Emmet murmurando em seu telefone. Jasper estava vendo o lugar onde Seth estava antes de desaparecer. Alice apareceu na varanda, depois começou a me olhar por um longo momento, depois ela se virou para Jasper. Eu achava que Rosalie poderia estar lá dentro com a Bella. Ainda guardando-a - de grandes perigos.<br />“Essa não é a primeira vez, que eu te agradeço Jacob,” Edward murmurou. “Eu nunca deveria ter perguntado aquilo para você.”<br />Eu pensei no que ele me perguntou hoje cedo. Quando ele pensou em Bella, não havia nada que ele não fizesse. .Yeah, você não deveria.<br />Ele pensou sobre isso e depois inclinou a cabeça. “Eu suponho que você esteja certo sobre isso.”<br />Eu suspirei pesadamente. Bem, essa não é a primeira vez que eu não fiz isso por você.<br />“Certo” ele murmurou.<br />Desculpe por não ter feito bem nenhum hoje. Eu lhe disse que ela não iria me ouvir.<br />“Eu sei. Eu nunca realmente acreditei que ela fosse. Mas…”<br />Você tinha que tentar. Eu entendi isso. Ela esta melhor?<br />A voz dele e seus olhos ficaram vazios. “Pior” ele respirou.<br />Eu não queria deixar essa palavra ser absorvida. Eu fiquei grato quando Alice falou.<br />“Jacob você se importaria de mudar de forma?” Alice perguntou. “Eu quero saber o que esta acontecendo.”<br />Eu pensei no mesmo tempo que Edward respondeu.<br />“Ele precisa estar em contato com Seth.”<br />“Bem, então você poderia ser tão gentil e me dizer o que esta acontecendo?”<br />Ele explicou cortando as sentenças dramáticas. “A matilha pensa que Bella se tornou um problema. Eles previram o potencial perigo vindo do… do que ela esta carregando. Eles sentiram que precisam remover esse perigo. Jacob e Seth debandaram da matilha para nos avisar. O resto deles esta planejando um ataque hoje à noite.”<br />Alice vaiou, inclinando longe de mim. Emmet e Jasper trocaram um piscar de olhos, e então os olhos deles variaram sobre as árvores.<br />Ninguém esta por aqui, Seth relatou. Tudo esta quieto na fronteira oeste.<br />Eles podem ter dado a volta.<br />Eu vou fazer uma curva.<br />“Carlisle e Esme estão a caminho,” Emmett disse. “Vinte minutos, no máximo.”<br />“Nós deveríamos tomar uma posição defensiva,” Jasper disse.<br />Edward acenou. “Vamos entrar.”<br />Eu vou correr pelo perímetro com Seth. Se eu ficar muito longe para que você ouça meus pensamentos, ouça meu uivo.<br />“Eu irei.”<br />Eles entraram na casa, olhos cintilando em todo lugar. Depois que eles estavam dentro, eu girei e corri em direção ao ocidente.<br />Eu ainda não estou encontrando muito, Seth disse-me.<br />Eu cuidarei de metade do círculo. Se mova rápido - nós não queremos que eles tenham uma chance de fugir passando por nós.<br />Seth desamparado seguiu adiante num rápido ímpeto de velocidade.<br />Nós corremos em silêncio, e os minutos passaram. Eu ouvi os barulhos ao redor dele, checando duplamente sua cabeça.<br />Hey - algo está vindo rápido! Ele me alertou depois de quinze minutos de silêncio.<br />Em minha direção!<br />Mantenha sua posição - Eu não acho que seja o bando. É um som diferente.<br />Seth -<br />Mas ele apanhava o cheiro que se aproximava na brisa, e eu li isso em sua mente.<br />Vampiro. Aposto que é Carlisle.<br />Seth volte. Pode ser alguma outra pessoa.<br />Não, é deles. Eu reconheço o cheiro. Espere, eu vou me aproximar para explicar isso.<br />Seth, eu não acho -<br />Mas ele tinha ido.<br />Ansiosamente, eu corri pela borda ocidental. Isso não seria tão fácil se eu não pudesse cuidar de Seth uma caprichosa noite? E se algo acontecesse a ele sob meus cuidados? Leah me rasgaria em pedaços.<br />Pelo menos a criança manteve isso curto. Não foram nem dois minutos mais tarde quando eu o senti em minha cabeça novamente.<br />Sim, Carlisle e Esme. Cara, eles ficaram surpresos em me ver! Eles estão provavelmente lá dentro agora. Carlisle agradeceu.<br />Ele é um cara legal.<br />Sim. Essa é uma das razões de estarmos certos sobre isso<br />Eu espero.<br />Por que você está tão pra baixo, Jake? Eu apostarei que Sam não trará o bando esta noite. Ele não vai enviá-los n uma missão suicida.<br />Eu suspirei. Isso não pareceu importar, de qualquer forma.<br />Oh. Isso não é muito sobre Sam, é?<br />Eu fiz a volta no fim de minha ronda. Eu apanhei o cheiro de Seth onde ele tinha girado por fim. Nós não estávamos deixando nenhuma brecha.<br />Você acha que Bella vai morrer de qualquer forma, Seth sussurrou.<br />Sim, ela vai.<br />Pobre Edward. Ele deve estar louco.<br />Literalmente.<br />O nome de Edward trouxe outras memórias ferventes à superfície. Seth as leu perplexamente.<br />E então ele estava uivando. Oh, cara! De jeito algum! Você não fez isso! Isso é assunto passado! E você também sabe disso! Eu não posso acreditar que você disse que o mataria. O que é isso? Você tem de dizer a ele que não.<br />Cale a boca, seu idiota! Eles vão pensar que o bando está vindo!<br />Oops! Ele cortou um meio berro.<br />Eu girei e comecei a dar passos longos para a casa. Apenas se mantenha fora disso, Seth. Tome conta de todo o círculo agora.<br />Seth se agitou e me ignrou.<br />Alarme falso, alarme falso, eu pensei enquanto corria mais rápido.<br />Desculpe, Seth é jovem. Ele se esquece das coisas. Nenhum ataque, alarme falso!<br />Quando eu fui para o campo, eu pude ver Edward, que encarou meus olhos do lado de fora de uma janela escura. Eu continuei a correr, querendo ter certeza de que ele havia entendido a mensagem.<br />Não há nada lá fora - você entendeu?<br />Ele balançou a cabeça uma vez.<br />Isso seria muito fácil se a comunicação não fosse apenas ‘mão única’. Mas então, eu estava meio que satisfeito por não estar em sua mente.<br />Ele olhou por cima do seu ombro, de volta pra casa, e eu vi um ombro través de toda a janela escura.<br />O que está acontecendo?<br />Como se eu fosse obter uma resposta.<br />Eu fiquei bastante tempo no campo, escutando. Com essas orelhas eu quase podia ouvir os pequenos passos de Seth milhas fora da floresta. Era fácil ouvir cada som dentro da casa escura.<br />“Foi um alarme falso”, Edward explicou com uma voz morta, bastando repetir o que eu disse a ele. “Seth estava preocupado com alguma outra coisa, e se esqueceu de que nós ouvimos um sinal. Ele é muito jovem.”<br />“Que bom ter um menino de dois anos guardando o lugar…”<br />“Eles fez um grande serviço esta noite, Emmett,” Carlisle disse. “Um grande sacrifício pessoal.”<br />“Sim, eu sei. Eu estou apenas com inveja. Eu desejava estar lá fora.”<br />“Seth não acha que Sam vai atacar agora,” Edward disse mecanicamente. “Não quando nós estamos avisados, e faltando dois membros do bando”.<br />“O que Jacob acha?” Carlisle perguntou.<br />“Ele não está otimista.”<br />Ninguém falou. Havia um som de algo muito distante e difuso que eu não conseguia distinguir. Eu podia ouvir suas respirações baixas - e eu podia separar Bella do resto. Estava áspera, forçada. Aumentava e diminuía em ritmos estranhos. Eu podia ouvir seu coração. Parecia… muito rápido. Tentei comparar com meu próprio ritmo cardíaco, mas não tive certeza de que teria como comparar. Não é como se eu fosse normal.<br />“Não toque nela! Vai acordá-la,” Rosalie sussurrou.<br />Alguém suspirou.<br />“Rosalie,” Carlisle murmurou.<br />“Não comece, Carlisle. Deixamos que fosse do seu jeito mais cedo, mas é tudo o que permitiremos.”<br />Parece que Rosalie e Bella agora falavam em plural. Como se fossem de um bando só delas.<br />Andei quieto ao redor da casa. Cada passo me levava mais perto. As janelas escuras eram como um set de TV de alguma sala de espera - era impossível manter meus olhos longe dela muito tempo.<br />Alguns minutos, mais alguns passos e meu pêlo estava esbarrando ao lado da entrada enquanto eu caminhava.<br />Eu podia ver através das janelas - ver o topo das paredes e o teto, o lustre desligado que pendia dele. Eu era alto o suficiente para ver, tudo o que eu precisava fazer era esticar meu pescoço um pouco… e talvez uma pata na ponta da varanda…<br />Espiei dentro do quarto grande e aberto, esperando ver algo parecido com a cena desta tarde. Mas havia mudado tanto que fiquei confuso. Por um segundo, achei que estava vendo o quarto errado.<br />A parede de vidro havia desaparecido - parecia metal agora. E os móveis estavam espalhados fora do caminho, com Bella curvada de um jeito estranho numa cama no centro do espaço vazio. Não uma cama normal - uma com apoios como de hospital. Também parecidos com os de um hospital eram os monitores em volta de seu corpo, com tubos em sua pele. As luzes dos monitores piscavam, mas nem som algum. O som, como de algo pingando, era de um IV colocado em seu braço - um fluído que era grosso e branco, opaco.<br />Ela engasgou um pouco em seu sono agitado, e Edward e Rosalie correram para seu lado. Seu corpo arqueou, e ela gemeu. Rosalie passou suas mãos pela testa de Bella. O corpo de Edward endureceu - ele estava de costas para mim, mas sua expressão devia ser algo sério, pois Emmett se colocou entre os dois antes mesmo que alguém pudesse piscar. Ele estendeu suas mãos na frente de Edward.<br />“Não esta noite, Edward. Temos outras coisas para nos preocuparmos.”<br />Edward virou-se para longe deles, e ele parecia aquele homem sofrido novamente. Seus olhos encontraram os meus por um momento, e eu voltei a ficar com as quatro patas no chão.<br />Corri de volta para a floresta escura, correndo ao encontro de Seth, correndo para longe do que estava atrás de mim.<br />Pior. É ela estava pior.<br /><br /><br />Capítulo 12 - Algumas pessoas não entendem o conceito de ‘‘Não Desejado”<br /><br />Eu estava quase dormido.<br />O sol havia surgido por dentre as nuvens há uma hora atrás - a floresta estava cinza ao invés de negra. Seth se agaixou e passou ao meu lado, e eu o acordei de madrugada para trocar de lugar. Mesmo depois de ter corrido a noite toda, eu estava tendo dificuldades para fazer com que a minha mente calasse a boca o suficiente para eu conseguir dormir, mas o ritmo de corrida do Seth estava ajudando.Um, dois-três, quatro, um, dois-três, quadro -dum dum- dum dum- a pata enfadonha estrondeia contra a terra úmida, de novo e de novo como o grande circuito de som da casa dos Cullen. Nós já tínhamos deixado um rastro no chão. Os pensamentos de Seth estavam vazios, eram só um borrão de verde e cinza assim como as árvores passando por ele.<br />Isso era tranqüilizador. Isso ajudava a encher a minha mente com o que ele ao invés de deixar minhas próprias imagens assumirem seu lugar.<br />Então o uivo agudo de Seth quebrou cedo a quieta manhã.<br />Eu me movi rápido do chão, minhas pernas da frente se lançaram em uma rápida corrida antes mesmo que as minhas patas traseiras se levantassem do chão. Eu corri até o lugar onde Seth estava congelado, ouvindo com ele os passos de patas vindo em nossa direção.<br />B’ Dia, garotos.<br />Um chocado lamento passou por dentre os dentes de Seth. Então nós dóis rosmamos como nós lemos mais profundamente nos novos pensamentos.<br />Oh, cara! Vá embora, Leah! Seth rosnou<br />Parei quando cheguei a Seth, cabeça repelida, pronta para uivar novamente - desta vez para reclamar.<br />Corte o barulho, Seth.<br />Certo. Ugh! Ugh! Ugh! Ele choramingou e arranhou o chão, cavando buracos na terra.<br />Leah correu lentamente na vista, o seu pequeno corpo se teceu por dentre a vegetação rasteira.<br />Pare de choramingar, Seth. Você é tão infantil.<br />Eu rosnei para ela, minhas orelhas se achataram contra o meu crânio. Ela voltou um passo automaticamente.<br />O que você pensa que está fazendo, Leah?<br />Ela bufou um pesado suspiro. É um tanto quanto óbvio, não é? Eu estou entrando na sua droga de pequeno grupo renegado. Os cães-guardas dos vampiros. Ela latiu baixou, uma risada sarcática.<br />Não, você não está. Dê a volta agora antes que eu rasgue os seus tendões.<br />Como se você pudesse me pegar. Ela riu e preparou seu corpo para se lançar em uma corrida. Quer correr, Oh líder destemido?<br />Eu inspirei profundamente, enchendo os meus pulmões até que os lados de meu corpo crescessem. Então, quando eu tive certeza de que eu não ia gritar, eu exalei em uma rajada.<br />Seth, vá fazer com que os Cullens saibam que é apenas a idiota da sua irmã - eu pensei nessas palavras o mais áspero possível. Eu lido com isso.<br />To indo! - Seth estava feliz em ir embora. Ele desapareceu em direção à casa.<br />Leah resmungou e se inclinou em direção a Seth, o pêlo de suas costas arrepiado. Você vai deixar que ele corra em direção aos vampiros sozinho<br />Eu tenho certeza de que ele prefere eles do que passar outro minuto com você.<br />Cale a boca, Jacob. Oops, me desculpe - Quero dizer, cale a boca, mais alto Alfa.<br />Por que raios você está aqui?<br />Você pensa que eu vou ficar sentada em casa enquanto o meu irmãozinho serve de voluntário para ser um brinquedo de mastigar de vampiros?<br />Ele não precisa da sua proteção. Na verdade, ninguém quer você aqui.<br />Ui, aaai, isso vai deixar uma grande marca. Ha, ela latiu, me diga quem me quer ao redor e eu caio fora daqui.Isso não é sobre o Seth, é?<br />É claro que é. Eu estou somente apontando que não ser bem-vinda não é uma coisa nova para mim. Não é de fato um fator que me motiva, se você entende o que eu quero dizer.<br />Eu cerrei meus dentes e tentei manter a minha cabeça no lugar.<br />Sam te mandou?<br />Se eu estivesse aqui como uma mensageira do Sam, você não seria capaz de me ouvir. Minha aliança não é mais com ele.<br />E escutei cuidadosamente aos pensamentos misturados com as palavras.<br />Se isso era uma distração ou um truque, eu deveria estar alerta o suficiente para perceber. Mas não havia nada. A declaração não continha nada além da verdade. Relutante, quase desesperadora verdade.<br />Você é leal a mim agora? Perguntei com sarcasmo. Uh-huh. Certo.<br />Minhas escolhas são limitadas. Estou trabalhando com as opções que eu tenho. Acredite em mim, não estou gostando disso mais do que você não está.<br />Aquilo não era verdade. Havia uma ponta de excitação em sua mente. Ela estava infeliz com isso, mas também estava numa espécie de êxtase. Vasculhei sua mente, tentando entender.<br />Ela se enfureceu, ressentindo a intrusão. Normalmente eu tentava manter Leah fora - nunca tentei entendê-la antes.<br />Fomos interrompidos por Seth, pensando sua explicação a Edward. Leah lamentou ansiosa. O rosto de Edward, emoldurado na mesma janela da noite passada, mostrava nenhuma reação às novidades. Era uma face vazia, morta.<br />Wow, ele parece péssimo, Seth murmurou para si mesmo. O vampiro não mostrou reação a esse pensamento também. Ele desapareceu para dentro da casa. Seth virou-se e voltou a nosso encontro. Leah relaxou um pouco.<br />O que está acontecendo? Leah perguntou. Me explique para que eu possa acompanhar.<br />Não há motivo. Você não vai ficar.<br />Na verdade, Sr Alpha, eu vou. Porque desde que aparentemente eu preciso pertencer a alguém - e não pense que eu não tentei sair sozinha, você mesmo sabe o quão bem isso acontece - eu escolhi você.<br />Leah, você não gosta de mim. Eu não gosto de você.<br />Obrigada, Capitão Óbvio. Isso não me importa. Fico com Seth.<br />Você não gosta de vampiros. Não acha que há um conflito de interesses aqui?<br />Você também não gosta de vampiros.<br />Mas eu estou comprometido com essa aliança. Você não.<br />Manterei distância deles. Posso fazer patrulhas longe, como Seth.<br />E eu devo acreditar em você nisso?<br />Ela esticou o pescoço, ficando na ponta dos pés, tentando ficar tão alta quanto eu para me encarar nos olhos. Não vou trair meu bando.<br />Eu queria jogar minha cabeça pra trás e rosnar, como Seth havia feito antes. Este não é seu bando! Isso não é nem mesmo um bando. Isso é apenas eu, indo sozinho! O que acontece com vocês, Clearwaters? Por que não podem me deixar em paz?<br />Seth, vindo logo atrás de nós agora, resmungou; eu o havia ofendido. Legal.<br />Eu tenho sido de grande ajuda, não tenho, Jake?<br />Você não tem sido muito insuportável, menino, mas se você e Leah forem um pacote só - se a única maneira de me livra dela é você ir pra casa… Bom, pode me culpar por querer que você vá embora?<br />Ugh, Leah, você estragou tudo!<br />É, eu sei, ela lhe disse, e o pensamento estava cheio de seu desespero.<br />Senti a dor naquelas três pequenas palavras, e era maior do que eu havia imaginado. Eu não queria sentir aquilo. Não queria me sentir mal por ela. Claro, o bando era duro para ela, mas ela trouxe isso para si mesmo com a amargura que manchava cada um de seus pensamentos e tornou ficar em sua mente um pesadelo.<br />Seth se sentia culpado também. Jake… você não vai realmente me mandar embora, vai? Leah não é tão ruim. Sério. Quer dizer, com ela, podemos alcançar um perímetro maior. E isso deixa Sam com apenas sete. Não tem como ele pensar num ataque estando tão em baixa no número de membros. Provavelmente é uma coisa boa…<br />Você sabe que não quero liderar um bando, Seth.<br />Então não nos lidere, Leah ofereceu.<br />Bufei. Parece perfeito para mim. Corram para casa então.<br />Jake, Seth pensou. Eu pertenço aqui. Eu gosto de vampiros. Os Cullen, pelo menos. São pessoas para mim, e vou protegê-los, porque é isso que devemos fazer.<br />Talvez você pertença, menino, mas sua irmã não. E ela vai estar em qualquer lugar que você-<br />Parei de repente, porque vi algo quando disse aquilo. Algo que Leah vinha tentando não pensar.<br />Leah não ia a lugar algum.<br />Pensei que isso fosse pelo Seth, pensei de mau humor.<br />Ela hesitou. É óbvio que estou aqui pelo Seth.<br />E para ficar longe de Sam.<br />Ela trincou o queixo. Não tenho que me explicar pra você. Só preciso fazer o que me dizem. Pertenço ao seu bando, Jacob. Fim.<br />Caminhei pra longe dela, rosnando.<br />Droga. Eu nunca ia me livrar dela. Por mais que ela não gostasse de mim, que ela desprezasse os Cullen, que adoraria poder matar todos os vampiros agora mesmo, por mais que ficasse irritadíssima por ter que protegê-los - nenhuma dessas coisas era nada comparado ao que ela sentia ao se ver livre de Sam.<br />Leah não gostava de mim, então não me era nenhum fardo desejar que ela desaparecesse.<br />Ela amava Sam. Ainda. E saber que ele queria que ela desaparecesse era uma dor maior do que ela podia viver com, agora que tinha uma escolha. Ela teria pego qualquer outra opção.<br />Mesmo se isso significasse me mudar com os Cullesn como o cachorrinho deles.<br />Eu não sei se eu iria tão longe, ela pensou. Sua intenção era fazer as palavras soarem agressivas, mas haviam grandes fendas em seu show(?). Eu tenho certeza que eu tentaria me matar algumas boas vezes antes.<br />Olha, Leah …<br />No, olha você, Jacob. Pare de discutir comigo, isso não vai adiantar em nada. Eu ficarei fora por uns dias, ok? Ferei tudo que você quiser. Excerto voltar para o “pacote” do Sam e ser sua patética ex, a qual ele não pode se livrar. Se você quiser que eu va embora - ela sentou em suas patas traseiras e olhou diretamente nos meus olhos - você vai ter que me forçar.<br />Eu rosnei por um longo minuto de raiva. Eu estava começando a sentir certa simpatia pelo Sam, mesmo depois do que ele fez comigo e com Seth. No era de se admirar que ele sempre estava nos dando ordens. Como mais ele consiguiria alguma coisa feita?<br />Seth, você ficaria bravo comigo se eu matasse sua irmã?<br />Ele fingiu pensar por um minuto.Bom … sim, provavelmente.<br />Eu suspirei.<br />Tudo bem, então, Sra. Faça-minhas-vontades. Por que você não faz alguma coisa útil e nos diz o que você sabe? O que aconteceu depois de irmos embora ontem a noite?<br />Muitos uivos. Mas você provavelmente ouviu essa parte. Foi tão auto que nos levou algum tempo até percebermos que não podíamos mais ouvir vocês. Sam estava … As palavras dela falharam, mas eu podia ver em sua cabeça. Eu e Seth nos encolhemos. Depois disso, ficou muito claro que nós teríamos que repensar em algumas coisas. Sam estava planejando falar com os mais velhos primeiro, essa manha. Nós deveríamos nos encontrar e descobrir um plano de jogo. Eu posso dizer que ele não ia montar outro ataque logo de cara, é claro. Suicida a esse ponto, com você e Seth AWOL (?) e os sugadores-de-sangue previnidos. Eu não sei ao certo o que eles vão fazer, mas eu não andaria pela floresta sozinha se eu fosse um dos sanguessugas. É temporada aberta para vampiros agora.<br />Você decidiu faltar a reunião essa manhã?Eu perguntei.<br />Quando nos repartimos para patrulhas ontem a noite, eu pedi permissão para ir pra casa, contar a mamãe o que tinha acontecido -<br />Merda! Você contou a mamãe? Seth rugiu.<br />Seth, segura as pontas com a coisa de irmãos por um segundo. Continue Leah.<br />Então, quando eu voltei a ser humana,eu tirei alguns minutos para pensar.. Bem, na verdade, eu tirei a noite inteira. Aposto que os outros pensaram que eu tinha adormecido. Mas toda essa coisa d os dois grupos separados, dois grupos de mentes separadas me ajudaram a peneirar meus pensamentos. No fim, eu pesei a segurança do Seth e, er, outros benefícios da idéia de se tornar um traidor e feder a vampiros por quem sabe quanto tempo. Você sabe o que eu decidi. Eu deixei um recado para minha mãe. Eu espero que nos ouçamos quando Sam descobrir …<br />Leah levantou uma orelha para o oeste.<br />Sim, eu espero que ouçamos, Eu concordei.<br />Então isso é tudo. O que nós fazemos agora? Ela perguntou.<br />Ela e Seth olharam para mim expectativa mente.<br />Isso era exatamente o tipo de coisa que eu não queria ter que fazer.<br />Eu acho que nos só devemos manter os olhos abertos lá pra fora. Isso é tudo que podemos fazer. Você devia dormir um pouco Leah.<br />Você dormiu tanto quanto eu.<br />Não era para você obedecer ao que lhe fosse mandado?<br />Certo. Isso vai ficar ultrapassado, ela murmurou e depois bocejou. Bom, tanto faz. Eu não ligo.<br />Eu vou correr pelas bordas, Jake. Eu não estou cansado. Seth estava tão feliz por eu não ter os forçado a ir para casa que ele estava cheio de entusiasmo.<br />Claro, claro. Eu vou checar as coisas com os Cullens.<br />Seth decolou ao longo do novo caminho indo pela terra úmida. Leah olhu para ele pensativamente.<br />Talvez um round ou dois antes que eu caia … Ei Seth, quer ver quantas vezes eu posso ganhar de você?<br />NÃO!<br />Após uma baixa risadinha, Leah se enfiou nas arvores, logo depois de Seth.<br />Eu protestei inutilmente. Pedir paz e quietude era muito.<br />Leah estava sendo ela mesma. Ela mantinha as zombarias no mínimo enquanto corria ao redor da pista, mas era impossível não notar sua presunção. Eu pensei no ditado de ‘um é pouco, dois é bom…” Definitivamente ele não se aplicaria aqui, porque na minha mente ‘um’ já era demais. Mas se tivesse que haver 3 de nós, seria difícil pensar em alguém que eu não trocaria por ela.<br />Paul? Ela sugeriu<br />Talvez, Eu permiti.<br />Ela riu para si mesma, muito elétrica e nervosa para se sentir ofendida. Eu me perguntei por quanto tempo mais aquela coisa toda de evitar Sam duraria.<br />A partir de agora, esse será meu objetivo- ser menos irritante que Paul.<br />Yeah, trabalhe nisso.<br />Eu me transformei em minha outra forma quando eu estava á alguns metros do gramado. Eu não havia planejado ficar muito tempo humano aqui. Mas eu também não havia planejando ter Leah em minha cabeça.Eu vesti meu shorte irregular e comecei a atravessar o gramado.<br />O coração dela está trabalhando com muita dificuldade agora; se ele falhar… não vai haver nada que eu possa fazer.”<br />O coração de Bella pulsou e vacilou, dando uma agonizante ênfase para as suas palavras.<br />Talvez o planeta tenha começado a girar ao contrário. Talvez isto explicaria como tudo estava o contrário do que tinha sido ontem - como que eu podia estar à espera por aquilo que um dia me pareceu ser a pior coisa do mundo.<br />“O que aquela coisa está fazendo com ela?” Eu suspirei. “Ela estava tão pior ontem à noite. Eu vi… os tubos e tudo mais. Através da janela.”<br />“O feto não é compatível com o corpo dela. Muito forte, para uma coisa, mas ela pode provavelmente durar por algum tempo. O maior problema é que isso não permite que ela tenha o alimento que ela precisa. O seu corpo está rejeitando qualquer forma de nutrição. Eu estou tentando alimentá-la através de forma intravenosa, mas ela simplesmente não absorve. Tudo sobre a sua condição está acelerada. Eu estou assistindo ela - e não só ela, mas o feto também - morrendo de fome a cada hora. Eu não consigo parar e eu não consigo diminuir o ritmo disso. Eu não consigo entender o que isso quer.” A sua voz cansada vacilou no final.<br />Eu me senti da mesma forma ontem, quando eu vi as manchas negras pelo seu estômago - furioso, e um pouco louco.<br />Eu fechei minhas mãos em forma de punho para controlar a tremedeira. Eu odiava a coisa que a estava machucando. Não era suficiente que aquela coisa estivesse batendo nela de dentro pra fora. Não, ele tinha que matá-la de fome também. Provavelmente apenas procurando por alguma coisa para pode enfiar seus dentes - uma garganta para sugar. Já que isso não era grande o suficiente para matar ninguém ainda, isso estava sugando a vida de Bella.<br />Eu podia dizer exatamente o que essa coisa querida: morte e sangue, sangue e morte.<br />Minha pele estava quente e formigando. Eu respirei lentamente para dentro e para fora, me concentrando em manter a calma.<br />“Eu queria poder ter uma idéia melhor do que é isso,” Carlisle murmurou. “O feto é bem protegido. Eu não sou capaz de produzir uma imagem por ultrassom. Eu duvido que tenha alguma maneira de uma agulha ultrapassar o saco aminiótico, mas Rosalie não iria concordar em me deixar tentar, de qualquer forma.”<br />“Uma agulha?” eu resmunguei. “O que isso poderia fazer de bom?”<br />“Quando mais informação eu tivesse sobre o feto, mais eu poderia saber do que ele é capaz. O que eu não daria por um pouco do líquido amniótico. Se eu ao menos soubesse a contagem de cromossomos…”<br />“Você está me deixando perdido aqui, Doutor. Tem como passar para linguagem de burros?”<br />Ele riu - mesmo que sua risada tenha soado exausta.<br />“Ok. Quanto de biologia você sabe? Você estudou os pares de cromossomos?”<br />“Acho que sim. Nós temos 23, certo?”<br />“Humanos tem.”<br />Eu pisquei. “Quantos você tem?”<br />“Vinte e cinco.”<br />Eu franzi minhas sobrancelhas por um segundo. “O que isso significa?”<br />“Eu acho que isso significa que nossas espécies são quase que completamente diferentes. Menos do que o relatado entre um leão e um gato doméstico. Mas essa nova vida - bem, bem, isso sugere que nós somos mais compatíveis do que eu havia imaginado” Ele suspirou tristemente. “Eu não sabia que eu tinha que alertá-los.”<br />Eu suspirei, também. Tinha sido fácil odiar Edward com ignorância. Eu ainda o odiava por isso. Era difícil eu sentir o mesmo por Carlisle. Talvez porque eu não morria de inveja de Carlisle.<br />“Isso pode ajudar a saber a contagem - se o feto é mais próximo a nós ou a ela. Para saber o que nós estamos esperando.” Então ele se encolheu. ” talbez isso não ajude em nada. Eu acho que eu só quero ter alguma coisa para estudar, alguma coisa para fazer.”<br />“Imagino como meus cromossomos são,” eu murmurei à toa. Eu pensei em um daqueles testes das Olimpíadas para detectar esteróides. Eles fogiam de testes de DNA?<br />Carlisle tossiu, mais ou menos consciente “Você tem vinte-e-quatro pares, Jacob.”<br />Eu me virei lentamente para encará-lo, levantando uma das sobrancelhas.<br />Ele pareceu embaraçado. “Eu estava… curioso. Eu tomei a liberdade enquanto eu tratava de você junho passado.”<br />Eu pensei nisso por um segundo. “Eu acho que isso devia me deixar bravo. Mas eu realmente não ligo.”<br />“Me desculpe. Eu devia ter pedido.”<br />“Tá ok, Doutor. você não causou nenhum dano.”<br />“Não, eu prometo que eu não quis causar nenhum dano. É que… eu acho a espécie de vocês fascinante. Eu suponho que os elementos da natureza vampírica vieram de algum lugar-comum através dos séculos. A divergência da sua família da humanidade é muito interessante. Mágica, quase.”<br />“bibbidi-Bobbidi-Boo,” eu resmuguei. Ele estava parecendo com a Bella com toda aquela bobagem sobre mágica.<br />Carlisle riu outra risada cansada.<br />Então nós ouvimos a voz de Edward dentro da casa e nós dois paramos para escutá-lo.<br />“Eu já volto, Bella. Eu quero falar com Carlisle por um momento.<br />Atualmente, Rosalie, você se incomodaria em me acompanhar?” Edward soara diferente”. Havia um pouco de vida em sua voz morta. Uma faísca de algo. Não exatamente esperança, mas talvez o desejo de esperança.<br />“O que é isso, Edward?” Bella disse rouca.<br />“Nada do que você precisa se preocupar, amor. Só vai levar um segundo. Por favor, Rose?”<br />“Esme?” Rosalie chamou. “Você pode tomar conta de Bella para mim?”<br />Eu ouvi o sussurro do vento quando Esme esvoaçava escada a baixo.<br />“Claro” ela disse.<br />Carlisle deslocado, se torcendo para olhar esperando na porta. Edward atravessou a porta primeiro, com Rosalie bem atrás dele. Sua cara, como sua voz, deixara de ser morta. Ele parecia intensamente focado. Rosalie olhou suspeita.<br />Edward fechou a porta atrás dela.<br />“Carlisle” ele murmurou.<br />“O que é isso, Edward?”<br />“Talvez nós tenhamos lidado com isso de uma maneira errada. Eu estava ouvindo você e Jacob agora, e quando você estava falando sobre o que o… feto quer, Jacob teve um pensamento interessante.”<br />Eu? O que eu pensei? Alem do meu obvio ódio pela coisa? Pelo menos eu não estava sozinho nisso. Eu posso dizer que Edward teve uma dificuldade em usar um termo tão leve com feto.<br />“Nós não temos atualmente pensado nesse ângulo,” Edward falou. “Nós viemos tentando dar a Bella o que ela necessita. E seu corpo vem aceitando isso tão bem quanto um de nos aceitaria. Talvez nós devêssemos abordar as necessidades do… feto primeiro. Talvez se nos conseguirmos satisfazer isso, nos poderíamos ser capazes de ajudá-la mais efetivamente.”<br />“Eu não estou te acompanhando, Edward,” Carlisle disse.<br />“Pense sobre isso, Carlisle. Se a criatura é mais vampiro que humano, você ao pode adivinhar o que ela anseia - o que ela não esta conseguindo? Jacob conseguiu.”<br />Eu consegui? Eu corri por toda a conversa, tentando lembrar quais pensamentos eu tive, que eu mantive para mim mesmo. Eu lembrei ao mesmo tempo em que Carlisle entendeu.<br />“Oh,” disse ele em um tom surpreso. “Você pensa que isso é… sede?”<br />Rosalie assobiou sobre seu fôlego. Ela não estava mais suspeitando. Sua perfeita cara revoltava foi toda iluminada, seus olhos cheios com excitação. “Claro” ela resmungou. “Carlisle, nós temos todo aquele tipo O negativo esperando para Bella. Essa é uma boa idéia,” ela adicionou, não olhando para mim.<br />“Hmm.” Carlisle colocou a mão em seu queixo, perdido em pensamentos. “Eu me pergunto… E depois, qual será o melhor jeito de administrar…”<br />Rosalie balançou sua cabeça. “Nós não temos tempo para ser criativos. Eu digo que deveríamos começar com o jeito tradicional.”<br />“Esperem um momento,” Eu sussurrei. “Só espere um pouco. Você esta - você esta falando em fazer Bella beber sangue?”<br />“Foi sua idéia, cachorro,” disse Rosalie, olhando com cara feia para mim, sem olhar muito para mim.<br />Eu a ignorei e observei Carlisle. Aquele mesmo fantasma de esperança que esteve no rosto de Edward, estava agora nos olhos do doutor. Ele franziu seus lábios, especulando.<br />“Isso é…” Eu não pude achar a palavra certa.<br />“Monstruoso?” Edward sugeriu. “Repulsivo?”<br />“Bastante.”<br />“Mas e se isso ajudá-la?” Ele suspirou.<br />Eu sacudi a minha cabeça raivosamente. “O que você vai fazer? Enfiar um tubo pela gargante dela?”<br />“Eu planejava perguntar à ela o que ela pensa. Eu apenas quis correr primeiro que Carlisle.<br />Rosalie acenou com a cabeça. “Se você disser à ela que isso pode ajudar o bebê, ela vai estar disposta a fazer qualquer coisa. Mesmo que nós tenhamos que alimentá-los por um tubo.”<br />Eu percebi então - quando eu ouvi como a voz dela se tornou apaixonada quando ela disse bebê - que aquela loira estaria de acordo com qualquer coisa que ajudasse aquele pequeno monstro sugador-de-vida.<br />Era isso que estava acontecendo, o misterioso fator que a vinculava aos dois? Rosalie estava atrás da criança?<br />Pelo canto do olho, eu vi Edward acenar a cabeça uma vez, distraidamente, não olhando em minha direção. Mas eu sabia que ele estava respondendo minhas perguntas.<br />Hum. Eu não tinha pensando que aquela Barbie fria como o gelo poderia ter um lado maternal. Tanto para proteger Bella - Rosalie provavelmente enfiaria um tubo pela goela abaixo da Bella.<br />A boca de Edward se espremeu em uma linha, e eu soube que eu estava certo de novo.<br />“Bem, nós não temos tempo para sentar e discutir sobre isso,” Rosalie disse impacientemente. “O que você acha, Carlisle? Nós podemos tentar?”<br />Carlisle inspirou profundamente, e então ele se pôs em pé. “Nós vamos perguntar para Bella.”<br />A loira sorriu de forma convencida - é claro que se dependesse da Bella isso ia ser da sua maneira.<br />Eu me arrastei pelos degraus e o ssegui depois que eles desapareceram na casa. Eu não tinha certeza do porquê. Talvez só uma mórbida curiosidade. Isso era como um filme de terror. Monstros e sangue por todo o lugar.<br />Talvez eu simplesmente não pudesse resistir a outra dose de minha droga que estava acabando.<br />Bella estava deitada na cama de hospital, sua barriga era uma montanha debaixo do lençol.<br />Ela parecia com cera - sem cor e meio transparente. Você pensaria que ela já estava morta, exceto por um pequeno movimento em seu peito, sua respiração rasa. Então seus olhos, seguindo nós quatro com uma suspeita exausta.<br />Os outros já estavam ao seu lado, passando rapidamente pelo quadro, com um movimento impetuoso. Isso era assustador de se ver. Eu caminhei vagarosamente como um pedestre vagaroso.<br />“O que está acontecendo? Bella perguntou em um sussurro estridente. Suas mãos cor de cera se contraíram - como se ela estivesse tentando proteger seu estômago em forma de balão.<br />“Jacob teve uma idéia que talvez possa te ajudar,” Carlisle disse. Eu gostaria que ele tivesse me deixado fora disso. Eu não sugeri não. Dê o crédito ao marido sugador de sangue dela, a quem pertencia. “Isso não vai ser… prazeiroso, mas–”<br />“Mas isso vai ajudar o bebê,” Rosalie interrompeu ansiosamente. “Nós pensamos em um melhor de alimentá-lo. Talvez.”<br />As pálpebras de Bella se estremeceram. Então ela tossiu uma fraca risada. “Não prazeiroso?” Ela sussurrou. “Deus, que grande mudança.” Ela olhou para o tubo preso ao seu braço e tossiu de novo.<br />A loira riu com ela.<br />A garota parecia que tinha apenas algumas horas de vida, e ela estava sentindo dor, mas estava fazendo piadas. Tão Bella. Tentando amenizar a tensão, fazer isso melhor para todos.<br />Edward andou ao redor de Rosalie, sem humor algum tocando sua expressão intensa. Eu estava feliz por isso. Isso ajudava, ao menos um pouco, que ele estava sofrendo mais do que eu. Ele pegou a sua mão, a que não estava protegendo sua barriga inchada.<br />“Bella, amor, nós vamos te pedir para fazer algo monstruoso,” ele disse, usando os mesmos adjetivos que ele havia oferecido para mim. “Repulsivo.”<br />Bem, pelo menos ele estava mostrando isso de forma clara à ela.<br />Ela deu uma superficial e agitada inspiração. “O quão ruim?”<br />Carlisle respondeu. “Nós pensamos que o feto pode ter um apetite mais perto do nosso do que o seu. Nós pensamos que é sede.”<br />Ela piscou. “Oh. OH.”<br />“Sua condição - a sua e a dele - estão definhando rapidamente. Nós não temos tempo a perder. A forma mais rápida de testar a teoria–”<br />“Eu terei que beber isso,” ela sussurrou. Ela balançou a cabeça suavemente - apenas com energia o suficiente para incliná-la um pouco. “Eu posso fazer isso. Praticando para o futuro, certo?” Seus lábios sem cor se erguerem em um fraco sorriso para Edward. Ele não sorriu de volta.<br />Rosalie começou a bater a ponta do pé impacientemente. O som era realmente irritante. Eu imaginei o que ela faria se eu a lançasse contra uma parede agora mesmo.<br />“Então, quem vai pegar um urso cinzento para mim?” Bella sussurrou.<br />Carlisle e Edward se olharam por um relance. Rosalie patou de bater o pé.<br />“O que?” Bella perguntou.<br />“Vai ser um teste mais eficaz se nós não pegarmos atalhos, Bella,” Carlisle disse.<br />“O feto pode desejar sangue,” Edward explicou,” Não é desejo de sangue animal. ”<br />“Não irá fazer a diferença para você, Bella. Não pense nisso”, Rosalie incentivou.<br />Bella arregalou os olhos. “Quem?” ela respirava fundo, e seu olhar flutuou para mim.<br />“Eu não estou aqui como um doador, Bells,” Eu resmunguei.<br />“Ele tem um laço de parentesco humano, mas precisa de sangue mais que qualquer outra coisa, e isso não se aplica a mim resolver.—-”<br />“Nós temos sangue em mão,” Rosalie disse a ela, falando sobre o que eu havia dito antes. Era como se eu não estivesse lá. “Por que você — apenas neste caso. Não precisa se preocupar com nada. It’s vai ser multa. Eu tenho bons pressentimentos sobre isso, Bella. Acho que o bebê vai ser muito melhor.”<br />Bella passou a mão por sua barriga.<br />“Bem,” sua voz arranhou, quase inaudível. “Estou com fome, então aposto que ele também.” Ela tentou fazer outra piada. “Vamos já com isso! Meu primeiro vampiro em ação!”<br />A porta se abriu antes que eu chegasse aos degraus, e eu fiquei surpreso por ver Carlisle não Edward sair pra me encontrar- sua expressão me parecia exausta e derrotada. Por um segundo, meu coração congelou. Eu parei, incapaz de falar.<br />“Você está bem, Jacob?” Carlisle perguntou.<br />“É a Bella?” Eu deixei escapar.<br />“Ela está…. do mesmo jeito que estava noite passada. Eu o assustei?<br />Me perdoe. Edward disse que vc viria em sua forma humana, e eu sai pra cumprimentá-lo, já que ele não queria deixá-la. Ela está acordada.<br />E Edward não queria perder tempo com ela, porque ele não tinha muito tempo restante. Carlisle não disse as palavras em voz alta, mas, talvez ele tenha que fazê-lo.<br />Já faz algum tempo desde que adormeci - desde muito antes da minha última patrulha. Eu realmente posso sentir aquilo agora. I deu um passo a frente, me sentei nos degraus da entrada, e cai contra o corrimão.<br />Movendo- se sorrateiramente como somente um vampiro é capaz, Carlisle se sentou no mesmo degrau, contra o outro corrimão.<br />“Eu não tive a chance de agradecê-lo noite passada, Jacob. Você não imagina como eu aprecio sua… compaixão.<br />Eu sei que seu objetivo é proteger a Bella, mas, eu devo a você a segurança da resto da família também. Edward me disse o que eu deveria fazer…. ”<br />“Não mencione isto,” eu murmurei.<br />“Se você preferir.”<br />Nos sentamos em silêncio. Eu podia ouvir os outros na casa. Emmett, Alice e Jasper, falando em voz baixa, vozes sérias lá em cima.<br />Esme cantarolava sem ritmo certo em outro quarto.<br />Rosalie a Edward respiravam bem perto - Eu não podia definir quem era quem, mas, eu podia ouvir a diferença em Bella respirava cansada.<br />Eu podia ouvir o coração dela também. Ele parecia… desigual.<br />Era como se o destino tivesse aparecido pra me obrigar a fazer tudo que eu jurei não fazer em um período de vinte quatro horas. Ali estava eu, dando uma volta, esperando ela morrer.<br />Eu não queria mais ouvir. Falar era melhor do que ouvir.<br />“Ela é como família pra você?”, eu perguntei Carlisle. Esse detalhe me chamou atenção antes, quando ele disse que eu tinha ajudado o resto da família dele também.<br />“Sim. Bella já é como uma filha pra mim. Uma filha querida.”<br />“Mas você vai deixar ela morrer.”<br />Ele ficou em silêncio tempo suficiente pra me fazer olhar pra cima. Seu rosto estava muito, muito cansado. Eu sabia como ele se sentia.<br />“Eu posso imaginar o que você pensa de mim por isso”, ele por fim disse. “Mas eu não posso ignorar a vontade dela. Não seria certo tomar esse tipo de decisão por ela, forçá-la.”<br />Eu queria ficar com raiva dele, mas ele estava fazendo isso ser difícil. Era como se ele estivesse jogando minhas próprias palavras pra cima de mim de volta, só de uma forma diferente. Elas soavam certas antes, mas não poderiam estar certas agora. Não com Bella morrendo. Ainda assim… Eu me lembrei da sensação de me curvar no chão perante Sam - de ter não ter nenhuma escolha além de me envolver no assassinato de alguém que eu amava. Porém não era a mesma coisa. Sam estava errado. E Bella amava coisas que não deveria amar.<br />“Você acha que tem alguma chance dela conseguir? Digo, como uma vampira e tudo mais. Ela me contou… sobre Esme.”<br />“Eu disse que existe uma chance remota nesse ponto”, ele respondeu baixo. “Eu já vi o veneno dos vampiros fazer milagres, mas existem condições em que até mesmo o veneno não pode superar. O coração dela está se esforçando demais agora; se ele falhar… não vai ter nada que eu possa fazer.”<br /><br />Capítulo 13 - Graças a Deus eu tenho um estômago forte<br /><br />Carlisle e Rosalie subiram instantaneamente. Eu podia ouvi-los debatendo se eles deviam esquentá-lo para ela. Me admirei com toda a casa de horrores que eles conservaram por aqui. Geladeira cheia de sangue, check. Alguma coisa mais? Câmara de tortura? Sala de caixões com defuntos?<br />Edward ficou segurando a mão de Bella. Seu rosto estava morto novamente. Ele não pareceu ter energia de manter nem mesmo um pouco da esperança que ele tinha antes. Eles se olharam, mas não de um modo doce.Parecia que estavam conversando.De certa forma eles me lembravam Sam e Emily.<br />Não, não foi doce, mas isso só fez com que fosse mais difícil de ver.<br />Eu soube como isso era para Leah, tendo que ver isso todo o tempo. Tendo que ouvir isto da cabeça de Sam.<br />Claro que nós todos nos sentimos mal por ela, nós não éramos os monstros - não naquele sentido, de qualquer maneira.<br />Mas eu suponho que nós tínhamos a culpado pelo jeito que ela lidou com isto. Revoltando-se contra todo o mundo, tentando nos fazer sentir infeliz como ela estava .<br />Eu nunca a culparia novamente. Como qualquer um não conseguiria espalhar este tipo de infelicidade? Como qualquer um não poderia tentar aliviar um pouco do fardo empurrando um pequeno pedaço disto para outra pessoa?<br />E se significasse que eu tenho que ter um bando, como eu posso lhe culpar por levar minha liberdade? Eu faria o mesmo. Se havia um modo de aliviar esta dor, eu fazeria isto, também.<br />Rosalie voou escada abaixo depois de um segundo, flutuando rapidamente pelo quarto como uma brisa afiada, incitando o cheiro ardente.<br />Ela parou dentro da cozinha, e eu ouvi o rangido de uma porta de armário.<br />” Não está limpo, Rosalie, ” Edward murmurou. Ele revirou os olhos.<br />Bella parecia curiosa, mas Edward apenas sacudiu a cabeça para ela.<br />Rosalie passeou pelo comodo e desapareceu novamente.<br />” Isso foi ideia sua?” Bella sussurrou, a voz dela áspera enquanto ela fazia soar alto bastante para eu ouvir.<br />Esquecendo-se de que eu podia ouvir perfeitamente. Eu tipo gostei de como, muitas vezes, ela parecia esquecer que eu não era totalmente humano.<br />Eu cheguei mais perto, de forma que ela não teria que se esforçar.<br />Não me culpe por isto. Seu vampiro estava apenas lendo comentários maliciosos em minha cabeça.”<br />Ela sorriu um pouco. ” Eu não esperei o ver novamente “.<br />” Sim,eu também, ” eu disse. Há pouco me sentia estranho parado aqui, mas os vampiros tinham tirado todos móveis do caminho para a organização médica.<br />Eu imagino que isso não os aborrecem - sentar ou ficar em pé não faz muita diferença quando você era pedra. Não me aborreceria muito, tampouco, a não ser que eu estava tão exausto.<br />” Edward me contou o que você teve que fazer. Eu sinto muito “.<br />” Tudo bem, era provavelmente só uma questão de tempo até que eu “pirasse” por algo que Sam queria que eu fizesse, ” eu menti.<br />” E Seth, ” ela sussurou,<br />” Ele está realmente contente por ajudar “.<br />” Eu odeio causar problemas para você “.<br />Eu ri uma vez - mais um latido que um riso.<br />Ela suspirou lentamente. ” Eu suponho que nada disso é novo, é?<br />“No, not really.”<br />” Você não tem que ficar e assistir isto, ” ela disse, exprimindo com dificuladade as palavras .<br />Eu poderia partir. Provavelmente era uma boa idéia. Mas se eu fizesse, do jeito que ela está agora, eu poderia perder os últimos quinze minutos da vida dela.<br />” Eu realmente não tenho outro lugar para ir, ” eu lhe falei, enquanto tentava manter minha voz sem emoção. ” A coisa de lobo está muito menos atrativa desde que Leah se uniu a nós “.<br />Leah “? ela ofegou.<br />” Você não lhe contou? Eu perguntei para Edward.<br />Ele apenas encolheu os ombros sem deixar de encarar ela. Eu pude ver que não eram notícias muito excitantes para ele, não era algo de valor comparado com os eventos que estavam acontecendo.<br />Bella não tomou de forma simplista. Ela encarou como se fosse uma má notícia.<br />“Porquê?” ela respirou fundo.<br />Eu não quero entrar em todo o romance longo de novela. “Para manter os olhos em Seth”.<br />“Mas Leah nos odeia”, ela sussurrou.<br />Nós. Agradável. Embora eu pudesse ver que ela tinha medo.<br />“Leah não vai estar com ninguém.” Mas eu “Ela vai estar em meu grupo.” Eu fiz uma careta dizendo as palavras. “Assim segue a minha liderança.” Ugh.<br />Bella não parecia convencida.<br />“Você está assustada com Leah, mas você está melhor com a psicopata loira?”<br />Bella olhou com desdem para mim. “Não. Rose…. compreenda.”<br />“Sim.” Eu rosnei. “Ela entende que você vai morrer e ela não se importa, desde que seu mutante sobreviva.”<br />“Pare de ser um estúpido, Jacob,” ela sussurrou.<br />Ela parecia muito frágil pra sentir raiva de mim. Eu tentei sorrir um pouco. “Você diz como se isso fosse possível.”<br />Bella tentou não sorrir de volta por um segundo, mas acabou não adiantando; seus lábios brancos como giz se repuxaram nos cantos. E, em seguida, Carlisle e a psicopata em questão estavam aqui. Carlisle tinha um plástico branco sobre sua mão - com uma tampa e uma espécie de palheta curvada. Oh - não deixou claro, agora eu tinha conseguido. Edward e Bella não queriam ter de pensar sobre o que ela estava fazendo mais do que qualquer coisa necessária. Você não podia ver o que estava na taça de todos. Mas eu podia sentir o cheiro daquilo.<br />Carlisle hesitou, a mão estava com o copo meio estendido, Bella olhou novamente.<br />“Poderíamos tentar um outro método”, disse Carlisle calmamente.<br />“Não,” Bella sussurrou.”Não, eu vou tentar primeiro. Não temos tempo…”<br />De primeira eu pensei que ela só estivesse preocupada com ela mesma, mas depois ela colocou a mão um tanto trêmula com delicadeza sobre seu estômago.<br />Bella aproximou-se e tomou o copo dele. Sua mão tremeu um pouco, eu podia ouvir sua ansia por dentro. Ela tentou se sustentar sobre um cotovelo, mas ela mal podia levantar a cabeça. Um sussurro de calor passou pela minha espinha quando vi como ela tinha se tornado fragil em menos de um dia.<br />Rosalie passou o ombro sobre a barriga da Bella, apoiando sua cabeça, também, como fez com o bebê. A loira era uma sabe-tudo quando se tratava de crianças.<br />“Obrigado,” Bella sussurrou. Seus olhos flutuaram de volta para nós. Ainda consciente o suficiente para se sentir auto-consciente. Se ela não estivesse tão sem sangue, eu apostaria que ela estava ruborizada.<br />“Não se importe com eles”, Rosalie murmurou.<br />Ela fez com que eu me sentisse estranho. Eu deveria ter deixado Bella quando tive a oportunidade. Eu não pertencia a eles, nem fazia parte deles. Eu pensei em pular fora, mas então eu percebi um movimento como este faria apenas pior para Bella — fazer o mais difícil para ela continuar com isso. Ela imaginava que eu estava muito triste para ficar. O que era quase verdade.<br />Ainda. Embora eu não estivesse indo para reivindicar responsabilidade por essa idéia, ou eu não queria trazer má sorte, uma das duas coisas.<br />Ela levantou a taça até seu rosto inalando, e sugou até o fim do conteúdo, com o canudo. Ao acabar ela fez uma careta.<br />“Bella, querida, nós podemos achar um modo mais facil,” Edward disse, segurando sua mão para fora do copo.<br />“Tampe seu nariz,” Rosalie sugeriu. Ela num piscar de olhos tirou a mão de Edward como se pudesse arrancá-la. Eu queria que ela tivesse feito. Eu aposto como o Edward não levaria isso para tentar, e eu adoraria ver a Loira perder a cabeça.<br />“Não, não é nessesário. É apenas isso - ” Bella respirou fundo. “E está cheirando bem,” ela adimitiu com uma voz baixinha.<br />Eu engoli fote, lutando para me manter com cara de desgosto.<br />“Essa é uma coisa boa,” Rosalie contou a Bella anciosamente. “Isso parece que nós estamos na direção certa. Dando uma chance.” A Loira ficou com uma nova expressão, eu fiquei surpreso, pois ela não mudou desda ultima dança.<br />Bella enfiou o canudo em seus lábios, apertando seus olhos e entortando seu nariz. Eu pude ouvir o sangue espalhado ao redor do copo denovo, e sua mão tremeu. Ela engoliu de vagar,apenas por um segundo, e depois por um momento ficou quieta com o seus olhos fechados.<br />Edward e eu ficamos parados como se fossemos do mesmo time. Ele tocou sua face. Eu coloquei as minhas mãos para traz.<br />“Bella, amor-”<br />“Eu estou bem,” ela cochichou. Ela abriu os olhos e olhou para ele. Sua expressão era…de pedir perdão. Suplica. Assustada. “Isso tem gosto bom, também.”<br />Fiquei com azia, estava quase vomitando. Eu manti meus dentes juntos.<br />“Isso é bom,” a Loira repetiu, informalmente. “Um bom sinal.”<br />Edward pressionou suas mãos na bochecha dela, passando seus dedos em volto do formato dos seus frágeis ossos.<br />Bella suspirou e colocou seus lábios no canudo de novo. Ela deu um grande gole desta vez. A ação não foi frágil como todo o resto dela. Como se algum tipo de instinto tivesse assumido o comando.<br />“Como está o seu estômago? Você se sente nauseada?” Carlise perguntou.<br />Bella balançou a cabeça. “Não, eu não me sinto mal,” ela falou em um suspiro.”Isso é bom não é?”<br />“Excelente” Rosalie falou.<br />“Acho que é um pouco cedo para isso, Rose,”Carlise murmurou.<br />Bella bebeu outro golãoe sangue. Depois ela olhou rápidamente para Edward. “Isso vai sujar a minha ficha?” ela disse com a voz fraca ” Ou nós só começamos a contar depois de eu virar uma vampira?”<br />“Ninguém está contando Bella. Em todo caso, ninguém nunca morreu disso.” Ele sorriu de forma quase sem vida.” Sua ficha ainda está limpa.”<br />Eles me perderam.<br />“Eu explico mais tarde,” Edward respondeu tão baixo, que parecia apenas sua respiração.<br />“O que?” Bella sussurrou.<br />“Só falando comigo mesmo,” ele mentiu.<br />Se ele tiver sucesso com isso, se Bella sobreviver, Edward não vai conseguir limpar a própria barra tão facilmente quando ela tiver os sentidos tão afiados quanto os dele. Edward teria que trabalhar o seu lado honesto.<br />Os lábios de Edward se juntaram, esboçando um sorriso.<br />Bella deu mais alguns goles, olhando distraidamente para janela. Provavelmente fingindo que nós não estamos aqui. Ou talvez só eu. Ninguém mais no grupo seria um achava o que ela estava fazendo repugnante. Pelo contrário - eles provavelmente estavam fazendo um grande esforço tentando não arrancar o copo de perto dela.<br />Edward rolou os olhos.<br />Deeus, como alguém suportava viver com ele? Era realmente uma droga ele não poder ler os pensamentos da Bella. Se não, ele também criticando as bobagens que ela pensa, e ela iria se cansar.<br />Edward gargalhou uma vez. O olhar de Bella o acompanhou, e ela sorriu levemente ao ver o humor em sua cara. Eu estava certo de que já havia algum tempo que ela não via aquilo.<br />“Alguma coisa engraçada?” ela perguntou em um suspiro fraco.<br />“Jacob,” ele respondeu.<br />Ela olhou para mim sorrindo. “Jake é um palhação,” ela concordou.<br />Ótimo, agora eu era o bobo da corte. “Bada bing,” Eu resmunguei debilmente.<br />Ela sorriu de novo, e depois tomou outro gole do copo. Eu estremeci quando o canudo sugou apenar ar, fazendo um alto barulho de sucção.<br />“Eu o fiz,” ela disse, parecendo satisfeita. Sua voz estava mais clara - era a primeira vez no dia que não era um sussurro.<br />“Se eu continuar fazendo isso, Carlise, você vai tirar as agulhas de mim?”<br />“O mais cedo possível,” ele prometeu. “Honestamente, elas não estão fazendo muita diferença onde estão.”<br />Rosalie acariciou a testa de Bella, e elas trocaram um olhar esperançoso.<br />E todos podiam ver - o copo cheio de sangue humano tinha feito uma diferença imediata. A cor de sua pele estava voltando - suas bochechas de cera já estavam levemente rosadas. Ela nem parecia precisar tanto mais da ajuda de Rosalie.<br />A respiração dela estava mais fácil, e eu podia jurar que os batimentos cardíacos estavam mais fortes, mais regulares.<br />Tudo acelerou.<br />O fantasma de esperança nos olhos de Edward retornou para a coisa real.<br />- O que você gostaria mais? - Rosalie pressionou.<br />Os ombros de Bella caíram.<br />Edward lampejou um olhar à Rosalie antes de falar com Bella. - Você não tem que beber mais agora.<br />- É, eu sei. Mas… eu quero. - ela admitiu mau-humorada.<br />Rosalie passou seu dedos finos pelo cabelo comprido de Bella. - Você não precisa ficar com vergonha sobre isso, Bella. Seu corpo tem necessidades. Todos nós entendemos isso. - O tom dela era tranqüilizador no começo, mas então ela acrescento rispidamente - Qualquer um que não entenda isso não deveria estar aqui.<br />Isso foi para mim, obviamente, mas eu não ia deixar a Loira me pegar. Eu estava feliz que a Bella se sentia melhor. E se isso me deixasse de fora? Eu não tinha falado nada.<br />Carlisle pegou o copo da mãe de Bella. - Eu já volto.<br />Bella me encarou enquanto ele desaparecia.<br />- Jake, você está horrível. - ela resmungou.<br />- Olha quem fala.<br />- É sério - quando foi a ultima vez que você dormiu?<br />Eu pensei nisso por um segundo - Hm. Não tenho certeza.<br />- Ah, Jake. Agora estou bagunçando com a sua saúde também. Não seja estúpido.<br />Eu cerrei meus dentes. Ela podia se matar por um monstro, mas eu não podia perder algumas poucas noites de sono para vê-la fazer isso?<br />“Descançe, por favor,” ela continuou. “Tem algumas camas lá em cima - se sinta a vontade de deitar em qualquer uma delas, seja bem - vindo”<br />O rosto de Rose deixava claro que eu não era tão bem vindo. Me admirei pelo sono de beleza precisar de uma cama de qualquer maneira. Por que ela era tão possesiva com isso?<br />“Obrigada, Bells, mas eu prefiro dormir no chão. Longe do fedor, você sabe.”<br />Ela fez uma careta. ” Está bem”<br />Carlisle estava de volta, e Bella estendeu a mão para pegar o sangue, distraida, como se ela pensasse em outra coisa. Com a mesma expressão distraida ela sugou tudo aquilo.<br />Ela realmente parecia melhor, ela se direcionou para frente, tomando cuidado com os tubos, e logo estava sentada.<br />Rosalie esperou, com as mãos prontas para pegar Bella se ela viesse a tombar. Mas Bella não precisou da ajuda dela. Respirando fundo, em longos intervalos, Bella terminou o segundo copo.<br />“Como você se sente agora?” Carlisle perguntou.<br />“Bem, meio com fome… Eu só não estou muito certa se eu estou com fome ou sede, entende?<br />“Carlisle, só olhe pra ela,” Rosalie murmurou, tão presunçosa ela devia ter uma pena de canario nos labios. ” Obiviamente é o que o corpo dela quer. Ela deveria tomar mais.”<br />“Ela ainda é humana, Rosalie. Ela precisa de comida também. Vamos dar a ela um tempo para ver como isso afeta ela, e então talvez nos podemos tentar um pouco de comida de novo. Alguma coisa em particular Bella?”<br />“Ovos,” ela disse imediatamente, então ela trocou um olhar e um sorriso com edward. Seu sorriso era frágil,mas havia mais vida em seu rosto do que antes.<br />Eu pisquei uma vez, e quase esqueci de como abrir meus olhos novamente<br />“Jacob,” Edward murmurou. “Você realmente devia ir dormir. Como Bella disse, você é certamente bem vindo nas acomodações aqui, apesar de que você provavelmente se sinta mais confortável lá fora. Não se preocupe com nada - eu prometo que vou te procurar caso necessite.”<br />“Claro, claro”, eu resmunguei. Agora que aparentemente Bella tinha mais algumas horas, eu podia escapar. Me enrolar debaixo de alguma árvore em algum lugar… longe o suficiente para que esse cheiro não me seguisse. O sugador de sangue me acordaria se tivesse alguma coisa errada. Ele me devia.<br />“Eu devo,” Edward concordou.<br />Eu balancei a cabeça e coloquei a minha mão sobre a de Bella. Estava fria como gelo.<br />“Melhore,” eu disse.<br />“Obrigada, Jacob.” ela virou a sua mão e apertou a minha. Eu senti o contorno de sua aliança de casamento solto em seu dedo fino.<br />“Pegue um cobertor para ela ou algo assim”, eu murmurei enquanto me virava para a porta.<br />Antes que eu fizesse isso, dois uivos perfuraram o ar matutino. Não havia nenhum erro na urgência do tom. Nenhum erro dessa vez.<br />“Droga,” eu rosnei, e me lancei através da porta. Atirei meu corpo pela varanda, deixando com que o fogo me transformasse no ar. Houve um som rasgante enquanto meus shorts se fragmentava. Merda. Essas eram as únicas roupas que eu tinha. Não importava agora. Eu caí sob minhas patas e rumei em direção ao leste.<br />O que foi? Eu gritei na minha cabeça.<br />Estão se aproximando, Seth respondeu, na última árvore.<br />Eles se dividiram?<br />Eu estou correndo em direção ao Seth na velocidade da luz, Leah prometeu. Eu pude sentir o ar bufando de seus pulmões enquanto ela se jogava em uma velocidade incrível. A floresta a chicoteava ao redor. Por enquanto, nenhum outro ponto de ataque.<br />Seth, não os desafie. Espere por mim.<br />Eles estão lento. Ugh - é tão ruim não ser capaz de ouvi-los. Eu acho…<br />O que?<br />Eu acho que eles pararam.<br />Esperando pelo resto do bando?<br />Shh. Sentiu isso?<br />Eu absorvi suas sensações. O vislumbre lânguido, sem som no ar.<br />Alguém está planejando?<br />Parece que sim, Seth concordou.<br />Leah vôou no pequeno pedaço onde Seth esperava. Ela fincou suas garras no chão, virando-se como um carro de corrida.<br />Cuido de sua retaguarda, mano.<br />Eles estão vindo, Seth disse nervosamente. Devagar. Andando.<br />Quase aí, eu disse a eles. Eu tentei voar que nem a Leah. Era horrível estar longe de seth e Leah com um perigo em potencial mais perto deles do que de mim. Errado. Eu devia estar com eles, entre eles e o que quer que estivesse vindo.<br />Olha só quem está ficando paternal, Leah pensou de forma irônica;<br />Cabeça no jogo, Leah.<br />Quatro, Seth decidiu. O garoto tinha bons ouvidos. Três lobos, um homem.<br />Eu cheguei à pequena clareira então, movendo-me imediatamente ao ponto. Seth suspirou com alívio e então se restabeleceu imediatamente ao lado de meu ombro direito. Leah se colocou ao meu lado esquerdo com menos entusiasmo.<br />Agora eu estou em uma posição abaixo de Seth, ela reclamou com ela mesma.Primeiro a chegar, primeiro a servir. Seth pensou de maneira convencida. E mesmo assim, você nunca esteve acima do terceiro lugar perto do Alfa. Ainda é uma promoção.Embaixo do meu irmão bebê não é uma promoção.<br />Shh! Eu reclamei. Eu não ligo para onde você está. Cale a boca e fique preparada.<br />Eles apareceram em nossas vistas segundos depois, caminhando, como Seth havia pensado. Jared na frente, humano, mãos levantadas. Paul e Quil em quatro patas atrás dele. Sua postura não era agressiva. eles vacilaram atrás de Jared, orelhas levantadas, alertas mas calmos.<br />Mas… era estranhado que Sam tenha preferido mandar Collin ao invés de Embry. Não seria isso que eu faria se eu fosse mandar um tratado diplomático em território inimigo. Eu não mandaria uma criança. Eu mandaria um lutador experiente.<br />Uma distração? Leah pensou.<br />Estariam Sam, Embry e Brandy fazendo um movimento individual? Não parecia com isso.<br />Quer que eu vá conferir? Eu posso correr até a divida e voltar em dois minutos.<br />Devo avisar aos Cullens? Seth imaginou.<br />E se eles quiserem nos dividir? Eu perguntei. Os Cullens sabem que tem alguma coisa acontecendo. Eles estão preparados.<br />Sam não seria tão estúpido… Leah suspirou, medo fragmentado em sua mente. Ela estava imaginando Sam atacando os Cullens com os dois restantes ao seu lado.<br />Não, ele não iria, eu assegurei a ela, me sentindo mal com a imagem em sua cabeça, também.<br />Nesse instante, Jared e os três lobos olharam para nós, esperando. Era estranho não escutar o que Quil, Paul e Collin estavam dizendo uns para os outros. As expressões deles estavam vazias - ilegíveis.<br />Jared pigarreou e acenou para mim.<br />- Bandeira branca da paz, Jake. Estamos aqui para covnersar.<br />Pensa que isso é paz? Seth perguntou.<br />Faz sentido, mas…<br />Sim, Leah concordou. Mas.<br />Nós não relaxamos.<br />Jared franziu as sobrancelhas.<br />- Seria mais fácil conversar se eu pudesse ouvir você também.<br />Olhei para ele. Eu não iria me transformava de volta até que me sentisse bem com essa situação. Até que fizesse sentido. Por que Collin? Essa era a parte que me deixava mais preocupado.<br />- Certo. Acho que vou só falar, então. - Jared disse. - Jake, nós queremos que você volte.<br />Quil deixou escapar um leve lamento atrás dele. Apoiando a opinião.<br />- Você separou nossa família. Não é para ser desse jeito.<br />Eu não exatamente discordava com isso, mas esse não era o caso. Havia algumas diferenças de opinião mal resolvidas entre Sam e eu no momento.<br />- Nós sabemos que você se sente.. fortemente com a situação com os Cullens. Nós sabemos que isso é um problema. Mas você esta exagerando.<br />Seth rosnou. Exagerando? E atacar nós aliados sem aviso não é?<br />Seth, nunca ouviu falar de cara de pôquer? Se acalme.<br />Desculpe.<br />Os olhos de Jared se viraram para Seth e voltaram para mim. - Sam está disposto a levar isso com calma, Jacob. Ele se acalmou, conversou com os outros anciãos. Eles decidiram que uma ação imediata não é a melhor coisa no momento.<br />Eles já perderam o elemento surpresa, pensou Leah.<br />Era esquisito como os pensamentos da reunião eram. O bando já era o “bando do Sam”, já eram “eles” para nós. Alguma outra coisa, de fora. Era especialmente esquisito que Leah pensasse desse jeito - ela sendo uma parte sólida do”nós”.<br />- Billy e Sue concordam com você, Jacob, que nós podemos esperar para Bella… estar separada do problema. Mata-la não é algo que qualquer um de nós de sente bem em fazer.<br />Embora eu tivesse acabado de reclamar com Seth sobre isso, não pude conter um resmungo próprio. Então eles não se sentiam bem com assassinatos, é?<br />Jared levantou as mãos novamente. - Calma, Jake. Você sabe o que eu quis dizer. A questão é, nós vamos esperar e avaliar a situação. Decidir depois se há algum problemas com… a coisa.<br />Há, Leah pensou. Que peso.<br />Você não acredita?<br />Eu sei o que eles estão pensando, Jake. O que o Sam está pensando. Eles estão apostando que a Bella morra de qualquer jeito. E eles acham que você ficará tão bravo…<br />Que eu mesmo vou liderar o ataque. Meus ouvidos se pressionaram contra meu crânio. O que Leah estava presumindo parecia bem provável. E bem possível também. Quando… se aquela coisa matasse Bella, ia ser fácil esquecer como eu me sentia com relação a família de Carlisle agora. Provavelmente eles iriam parecer inimigos - nada mais que parasitas sugadores de sangue - para mim outra vez.<br />Eu irei te lembrar, Seth sussurrou.<br />Sei que vai, garoto. A questão é se eu vou escutar você.<br />- Jake? - Jared perguntou.<br />Eu bufei de raiva.<br />Leah, vá fazer uma ronda - só para ter certeza. Eu vou ter que falar com ele, e quero ter certeza de que nada aconteça enquanto estiver transformado.<br />Dá um tempo, Jacob. Você pode se transformar na minha frente. A pesar de meus melhores esforços, eu já vi você pelado - não acontece nada comigo, então não se preocupe.<br />Eu não estou tentando proteger a inocência dos seus olhos, estou tentando proteger nossas vidas. Saia daqui.<br />Leah fungou uma vez e disparou para a floresta. Eu podia ouvir as garras dela cortando o chão, a empurrando para frente.<br />Nudez era uma parte inconveniente mas inevitável da vida em bando. Nenhum de nós tinha qualquer problema antes de Leah aparecer. Então ficou estranho. Leah tinha um bom controle quando se tratava de seu temperamento - sempre tomava o mesmo tempo para que ela parasse e não se explodisse em suas roupas sempre que ficava irritada. E não era como se não valesse a pena olhar para ela; só não valia nada a pena quando ela pegava você pensando sobre isso depois.<br />Jared e os outros estava olhando para o lugar onde ela tinha desaparecido com expressões desconfiadas.<br />- Onde ela está indo? - Jared perguntou.<br />Eu o ignorei, fechando meus olhos e me controlando denovo. Parece que o ar estava tremendo ao meu redor, estremecendo em pequenas ondas. Eu me apoiei nas patas traseiras, no exato momento em que estava totalmente em pé enquanto mudei para meu “eu” humano.<br />- Ah - Jared disse. - Oi, Jake.<br />- Oi, Jared.<br />- Obrigado por falar comigo.<br />- Sim.<br />- Queremos que você volte, cara.<br />Quil lamentou denovo.<br />- Não se é assim tão fácil, Jared.<br />- Venha para casa - Ele disse, se inclinando. Suplicando. - Nós podemos arrumar isso. Você não pertence a esse lugar. Deixe Seth e Leah voltarem para casa também.<br />Eu ri. - Certo. Como se eu não estivesse implorando para que eles fizessem isso desde o começo.<br />Seth bufou atrás de mim.<br />Jared avaliou isso, seus olhos cautelosos denovo. - E agora, então?<br />Eu pensei sobre isso por um minuto enquanto ele esperava.<br />- Eu não sei. Mas não tenho certeza se as coisas podem voltar ao normal, de qualquer jeito, Jared. Não sei como funciona - não parece que eu possa simplesmente ligar e desligar essa coisa de Alpha de acordo com meu humor. Parece que é permanente.<br />- Seu lugar ainda é conosco.<br />Levantei uma sobrancelha. - Dois Alphas não podem ficar no mesmo lugar, Jared. Se lembra como chegou perto na noite passada? O instinto é muito competitivo.<br />- Então vocês vão ficar com os parasitas pelo resto de suas vidas? - ele reclamou. - Você não tem casa aqui. Já está sem roupas. - ele lembrou. - Vai ficar como lobo o tempo todo? Você sabe que a Leah não gosta de comer desse jeito.<br />- Leah pode fazer o que ela quiser quando ficar com fome. Ela está aqui por escolha própria. Eu não estou falando a ninguém o que fazer.<br />Jared suspirou. - Sam sente muito pelo que fez a você.<br />Eu acenei. - Eu não estou mais nervoso.<br />- Mas?<br />- Mas não vou voltar, não agora. Nós vamos esperar e ver como as coisas acontecem também. E vamos prestar atenção nos Cullens pelo tempo que for necessário. Porque, ao contrário do que você pensa, isso não é só sobre a Bella. Nos estamos protegendo aqueles que devem ser protegidos. E isso vale para os Cullens, também. - Pelo menos um numero pequeno deles, de qualquer modo.<br />Seth uivou levemente em acordo.<br />Jared franziu as sobrancelhas. - Acho que não há nada que eu possa dizer para você, então.<br />- Não agora. Vamos ver como as coisas caminham.<br />Jared se virou para Seth, se concentrando nela agora, separado de mim. - Sue me pediu para lhe dizer - não, para lhe implorar, para vir para casa. Ela está com o coração partido, Seth. Toda sozinha. Não se como você e Leah conseguem fazer isso com ela. Abandona-la desse jeito, quando seu pai acabou de morrer…<br />Seth choramingou.<br />- Devagar, Jared. - eu avisei.<br />- Só o deixando ver como é.<br />Eu bufei. - Certo. - Sue era mais durona do que qualquer outra pessoa que eu conhecia. Mais durana que meu pai, mais durona que eu. Durona o suficiente para brincar com as emoções dos filhos se isso os fizesse voltar para casa. Mas não era justo ocupar Seth desse jeito.- Sue já sabe sobre isso há quantas horas? E a maior parte do tempo que ela passou com Billy, o velho Quil Ateara e Sam? É, tenho certeza de que ela está só se acabando na solidão. Claro que você está livre para ir se quiser, Seth. Você sabe disso.<br />Seth fungou.<br />Então, um segundo depois, ele ergueu uma orelha para o norte. Leah deveria estar perto. Nossa, ela era rápida. Duas batidas, e Leah derrapou para uma parada leve a alguns metros de distancia. Ela trotou, ficando na frente de Seth. Ela manteve o nariz no ar, obviamente não olhando em minha direção.<br />Eu gostei disso.<br />- Leah? - Jared perguntou.<br />Ela encontrou o olhar dele, seu focinho virando um pouco sobre os dentes.<br />Jared não pareceu surpreso pela hostilidade dela. - Leah, você sabe que não quer ficar aqui.<br />Ela rangeu os dentes para ele. Joguei a ela um olhar de aviso que ela não viu. Seth lamentou e a cutucou com o cotovelo na altura dos ombros.<br />- Desculpe - Jared disse. - Acho que não devia presumir. Mas você não tem nenhuma ligação com os sugadores de sangue.<br />Leah deliberadamente olhou para seu irmão e depois para mim.<br />- Então você quer tomar conta de Seth, eu entendo isso. - Jared disse. Os olhos dele se viraram para mim e então para ela. Provavelmente se perguntando sobre aquele segundo olhar - assim como eu estava. - Mas Jake não vai deixar nada acontecer com ele, e ele não está com medo de ficar aqui. - Jared fez uma careta. - De qualquer modo, por favor, Leah. Queremos você de volta. Sam quer você de volta.<br />A cauda de Leah se debateu.<br />- Sam me disse para implorar. Ele me disse literalmente para me ajoelhar e implorar.<br />“Ele quer você em casa, Lee-Lee, onde é o seu lugar.”<br />Eu vi Leah encolher-se quando Jared usou o antigo apelido que Sam dera para ela. E então, quando ele adicionou aquelas três últimas palavras, os pêlos do pescoço dela se eriçaram e ela estava uivando uma longa corrente de reclamações através de seus dentes. Eu não precisei estar na cabeça dela para ouvir as maldições que ela estava lançando, e nem ele.<br />Eu esperei ela acabar. “Eu vou tirar conclusões e dizer que o lugar de Leah é onde ela quiser que seja.”<br />Leah rosnou, mas, como ela estava olhando para Jared, imaginei que ela estava concordando.<br />“Olha, Jared, nós ainda somos da família, certo? Nós vamos superar essa rixa, mas, até que o façamos, você provavelmente deva ficar em sua terra. Só para que não haja desentendimentos. Ninguém quer briga entre família, certo? Sam também não quer isso, quer?”<br />“Claro que não,” rebateu Jared. “Nós ficaremos em nossas terras. Mas onde é a sua terra, Jacob? É a dos vampiros?”<br />“Não, Jared. Estou sem casa, no momento. Mas não se preocupe- isso não vai durar para sempre.” Eu tive de pegar fôlego. “Não há tanto tempo assim… sobrando. Está bem? Então os Cullen provavelmente vão partir e Seth e Leah vão voltar para casa.”<br />Leah e Seth protestaram juntos, seus narizes se virando para mim em sincronia.<br />“Mas e você, Jake?”<br />“Voltarei à floresta, eu acho. Eu não posso ficar por La Push. Dois Alphas significam muita tensão. Além disso, era o que eu pretendia mesmo. Antes dessa confusão.”<br />“E se precisarmos conversar?” Jared perguntou.<br />“Uive-mas fique de olho na linha, ‘tá bem? Nós iremos até você. E Sam não precisa mandar tantos. Não estamos procurando por uma briga.”<br />Jared olhou feio, mas acenou em afirmação. Ele não gostava que eu estivesse colocando condições para Sam. “Vejo você por aí, Jake. Ou não.” Ele acenou indiferentemente.<br />“Espere, Jared. Embry está bem?”<br />Surpresa passou por seu rosto. “Embry? Claro, ele está ótimo. Por quê?”<br />“Só pensando no porquê de Sam enviar Collin.”<br />Eu observei a reação dele, ainda suspeitando de que algo estava acontecendo. Eu vi o conhecimento passar rapidamente nos olhos dele, mas nçao era do tipo que eu estava esperando.<br />“Isso não é mais da sua conta, Jake.”<br />“Acho que não. Só estava curioso.”<br />Eu vi um movimento com o canto de meus olhos, mas fingi não tê-lo porque não entregar Quil. Ele estava reagindo ao assunto.<br />“Vou falar com Sam sobre suas… instruções. Adeus, Jacob.”<br />Suspirei. “É. Tchau, Jared. Ei, diz ao meu pai que eu estou bem, certo? E que eu sinto muito, e que eu o amo.”<br />“Vou passar isso à frente.”<br />“Obrigado.”<br />“Vamos, caras.” Jared disse. Ele nos deu as costas, saindo de nossa vista porque Leah estava aqui. Paul e Collin estavam logo atrás dele, mas Quil hesitou. Ele latiu suavemente e eu dei um passo em direção a ele.<br />“É, eu também sinto sua falta, irmão.”<br />Quil me cutucou, sua cabeça pendendo morosamente. Eu bati levemente em seu ombro.<br />“Vai ficar tudo bem.”<br />Ele reclamou.<br />“Diga a Embry que sinto falta de vocês dois nos meus flancos.”<br />Ele afirmou e então empurrou seu nariz contra minha testa. Leah bufou. Quil olhou para cima, mas não para ela. Ele olhou por sobre os ombros, para onde os outros tinham ido.<br />“É, vai pra casa.” Eu disse a ele.<br />Ele ganiu novamente e então saiu atrás dos outros. Jared não estava esperando pacientemente. Assim que ele tinha ido, eu empurrei o calor do centro do meu corpo e deixei-o fluir para todos os membros. Em um rápido momento de calor, eu estava em quatro patas novamente.<br />Achei que você ia dar uns amassos nele, Leah zombou.<br />Eu a ignorei.<br />Foi tudo bem? Perguntei a eles. Me preocupava, falar por eles daquele jeito, quando eu não podia ouvir exatamente o que estavam pensando. Eu não queria presumir nada. Não queria fazer como Jared. Eu disse alguma coisa que vocês não queriam que eu tivesse dito? Eu não disse algo que deveria?<br />Você foi ótimo, Jake! Encorajou Seth.<br />Você poderia ter batido no Jared, pensou Leah. Eu não teria me importado.<br />Acho que nós sabemos o porquê de Embry não ter sido autorizado a vir, pensou Seth.<br />Eu não entendi. Não ter sido autorizado?<br />Jake, você viu Quil? Ele está bem dividido, certo? Apostaria dez contra um que Embry está ainda mais chateado. E Embry não tem Claire. Não tem jeito do Quil simplesmente escolher e se afastar de La Push. Embry poderia. Então Sam não vai arriscar a deixá-lo ser convencido a abandonar o navio. Ele não quer nossa matilha maior do que já está.<br />Sério? Você acha? Eu duvido que Embry se importe em triturar alguns Cullens.<br />Mas ele é seu melhor amigo, Jake. Ele e Quil prefeririam ficar ao seu lado do que te confrontar em uma luta.<br />Bem, eu estou feliz por Sam mantê-lo em casa, então. Esse bando é grande o suficiente. Eu suspirei. Ok, então. Nós estamos bem, por hora. Seth, você se importa em ficar de olho nas coisas por um instante? Leah e eu, ambos precisamos ir. Isso parecia ser certo, mas quem sabe? Talvez isso seja uma distração.<br />Eu nem sempre fui tão paranóico, mas eu lembrei da sensação do comprometimento de Sam.<br />O foco totalmente via-única em destruir o perigo que ele viu. Ele tiraria vantagem do fato de que agora ele pode mentir para nós?<br />Sem problema! Seth estava ansioso para fazer qualquer coisa que ele pudesse. Você quer que eu explique para os Cullens? Eles provavelmente ainda devem estar tensos.<br />Eu entendi. Eu quero checar as coisas de qualquer forma.<br />Eles pegaram o zumbido de imagem de meu cérebro frito.<br />Seth choramingou surpreso. Eca.<br />Leah sacudiu a sua cabeça para frente e para trás como se ela quisesse expulsar as imagens de sua mente. Essa foi facilmente a coisa mais estranhamente grotesca que eu já ouvi em toda a minha vida. Ui. Se tivesse alguma coisa em meu estômago, isso estaria voltando.<br />Eles são vampiros, eu acho. Seth se permitiu após um minuto, compensando a reação de Leah. Isso faz sentido, eu quero dizer. E isso vai ajudar Bella, é uma coisa boa, certo?<br />Eu e Leah olhamos para ele.<br />O que?<br />A mamãe derrubou ele um monte de vezes enquanto ele era bebê, Leah me disse. De cabeça, aparentemente.<br />Ele costumava roer as barras do berço, também.<br />Tinta com chumbo?<br />É o que parece, ela pensou.<br />Seth bufou. Engraçado. Por que vocês dois não calam a boca e dormem?<br /><br /><br />Capítulo 14 - Você sabe que as coisas estão ruins quando você se sente culpado por ter sido rude com vampiros<br /><br />Quando eu comecei a voltar para a casa, não havia ninguém esperando por mim do lado de fora. Ainda em alerta?<br />Tudo legal, eu pensei de modo cansado.<br />Meus olhos rapidamente pegaram uma pequena mudança no cenário, que agora eu notava. Havia uma pilha de tecidos coloridos quando eu passei pelo alpendre. Eu me movimentei em passos longos, durante a investigação.<br />Segurava minha respiração, pois o cheiro de vampiros estava colado no meu nariz, que não dava para acreditar. Eu cutuquei a pilha com o meu nariz.<br />Alguém tinha vestido as roupas. Huh, Edward deve ter capturado meu momento de irritação, como eu passei pela porta. Bem. Isso era… Agradável. E estranho.<br />Peguei as roupas cuidadosamente, entre dentes - Ugh - e então voltei para as árvores. Se dependesse isto era como uma piada para a loira psicopata e eu teria um monte de coisas de garotas aqui. Aposto que ela gostaria de ver meu rosto humano, enquanto eu permanecia nu segurando um vestido de verão.<br />Debaixo das árvores, eu larguei uma pilha de roupas fedorentas e voltei a minha forma humana.. Eu as balancei, e bati contra as árvores, para tirar o cheiro de algumas roupas deles. Podia-se notar que aquelas eram definitivamente roupas de homens - calças amareladas e uma camisa de botão branca.<br />Nada estava muito grande, mas parecia que elas tinham servido. Deviam ser de Emmett. Eu enrolei as bainhas da manga da camisa para cima, mas não tinha muito a se fazer sobre as calças. Oh, bem.<br />Eu tive de admitir, sentia-me melhor com algumas roupas, mesmo que fossem umas fedidas que não serviam completamente. Foi difícil não ser capaz de voltar para casa e agarrar um par de calças velhas suadas quando se precisa delas. O assunto do sem abrigo novamente. Não tendo nenhum lugar para voltar. Sem posses, também, as quais não me incomodavam tanto agora, mas que provavelmente ficariam perturbadoras logo logo.<br />Esgotado, eu andava lentamente até o alpendre dos Cullen caminhando com a minha nova fantasia de roupas, mas hesitei quando vi a porta. Será que eu devia bater? Estúpido, quando eles sabiam que eu estava aqui. Eu me perguntei por que ninguém tomou conhecimento disso - me dizendo para entre ou vá embora. Que seja. Eu dei de ombros e entrei.<br />Mais mudanças. A sala tinha voltado de volta ao normal - quase - nos últimos vinte minutos. A grande tela plana estava com o volume baixo, mostrando algumas bofetadas que ninguém parecia estar assistindo. Esme e Carlisle e estavam na parte de trás janelas, novamente, que dava para o rio. Alice, Jasper e Emmett não estavam as minhas vistas, mas eu podia ouví-los murmurar no andar de cima. Bella estava no sofá, como antes, apenas com um tubo sobre ela, e uma IV pendurada por trás do sofá. Ela estava amarrada como um burrito no meio de uma coberta de casal, então pelo menos eles me escutaram antes. Rosalie estava sentada de pernas cruzadas perto da cabeça dela. Edward sentou-se em outra ponta do sofá com os “pés de burritos” de Bella no seu colo. Ela olhou para mim quando cheguei, e sua boca se curvou um pouco - como se estivesse satisfeita por algo. Bella não me ouviu. Ela só olhou para mim, quando ele olhou também, e aí então, sorriu. Com uma verdadeira energia, todo seu rosto se acendeu. Eu não podia me lembrar da última vez que ela ficou tão animada em me ver.<br />Qual era a dela? Pra começo de conversa, ela era casada! E feliz pelo casamento, também - não havia nenhuma dúvida de que ela era apaixonada por aquele vampiro que havia passado dos limites da sanidade. E ainda por cima, imensamente grávida. Então por que ela tinha de ficar imensamente feliz em me ver? Como se eu tivesse melhorado todo dia dela, ao passar pela porta.<br />Se ela simplesmente não ligasse… ou mais que isso, seria muito mais fácil manter-me afastado.<br />Edward parecia estar em acordo com os meus pensamentos - ultimamente nós estávamos tanto em sintonia que era uma loucura.<br />Ele estava fazendo uma careta agora, lendo o rosto dela enquanto ela olhava boba para mim.<br />“Eles só querem conversar”, eu murmurei com a minha voz se arrastando de exaustão. “Nada de ataques no horizonte”.<br />“Sim”, Edward concordou. “Eu ouvi a maior parte.”<br />Aquilo me acordou um pouco. Nós tínhamos estado boas 3 milhas de distância. “Como?”<br />“Eu estou ouvindo você mais claramente - é uma questão de familiarização e concentração. Além disso, seus pensamentos são ligeiramente mais fáceis de levantar quando você está em sua forma humana. Então eu apanhei a maioria das coisas que aconteceram lá fora.”<br />“Oh.” Isso me desconsertou um pouco, mas não por uma boa razão, então eu dei de ombros. “Bom. Eu odeio me repetir.”<br />“Eu diria para você dormir um pouco,” Bella disse, “mas eu imagino que você vá sair do chão em seis segundos, então não há razão provavelmente.”<br />Foi surpreendente o quão melhor ela soou, quão mais forte ela parecia. Eu senti o cheiro de sangue fresco e vi que a xícara estava em suas mãos novamente. Quanto sangue seria necessário para mantê-la viva? Em determinado ponto, eles começariam a caçar nas redondezas?<br />Eu ouvi a porta, contando os segundos para ela enquanto eu andava. “Um mississipi… Dois mississipis…”<br />“Onde está a inundação, resmungão?” Rosalie resmungou.<br />“Você sabe como afogar uma loira, Rosalie?” Eu perguntei sem parar ou virar para olhá-la. “Cole um espelho no topo de uma piscina.”<br />Eu ouvi Edward gargalhar enquanto eu fechava a porta. Seu humor parecia melhorar em exata ligação com a saúde de Bella.<br />“Eu já tinha ouvido essa,” Rosalie disse depois de mim.<br />Eu desci com dificuldade os degraus, meu único objetivo era ir pra longe o suficiente dentro das árvores onde o ar seria puro novamente. Eu planejei esconder as roupas a uma distância conveniente da casa para futuro uso ao invés de amarrá-las a minha perna, então eu não ficaria cheirando-as também. Assim que eu tateei os botões da nova camisa, eu pensei aleatoriamente sobre como botões nunca estariam na moda para lobisomens.<br />Eu ouvi as vozes enquanto eu avançava pelo gramado.<br />“Aonde você vai?” Bella perguntou.<br />“Tem uma coisa que eu esqueci de dizer a ele.”<br />“Deixe o Jacob ir dormir - isso pode esperar.”<br />Sim, por favor, deixe o Jacob dormir.<br />“Só vai levar um minuto.”<br />Eu andei mais devagar. Edward já estava do lado de fora da casa. Ele tinha uma expressão de quem se arrepende no rosto enquanto se aproximava de mim.<br />“Jeesus, o que é agora?”<br />“Me desculpe.” Ele disse, e então hesitou, como se não soubesse colocar em palavras o que ele estava pensando.<br />O que está na sua mente, Leitor de Mentes?<br />“Quando você estava falando com os representantes de Sam mais cedo,” ele murmurou, “Eu estava dando uma representação passo a passo para Carlisle e Esme e o resto. Eles estavam preocupados -”<br />“Olha, nós não estamos abandonando nossa guarda. Você não precisa acreditar em Sam como nós acreditamos. Nós estamos mantendo nossos olhos abertos despreocupadamente.”<br />“Não, não, Jacob. Não sobre isso. Nós confiamos no seu julgamento. No entanto, Esme estava preocupada sobre as dificuldades que isso faz com que seu bando tenha que passar. Ela me pediu para conversar particularmente com você sobre isso.”<br />Aquilo me pegou com a guarda baixa. “Dificuldades?”<br />“A parte do sem-teto, particularmente. Ela estava bastante perturbada que você estava tão… desprovido.”<br />Eu bufei. A mãe vampira - bizarra. “Nós somos duros. Diga a ela para não se preocupar.”<br />“Ela ainda gostaria de fazer o que puder. Eu tive a impressão que a Leah prefere não comer em sua forma de lobo.”<br />“E?” eu reclamei.<br />“Bem, nós temos comida normal para humanos aqui, Jacob. Mantendo as aparências e, é claro, para Bella. Leah é bem vinda para qualquer coisa que quiser. Todos vocês são.”<br />“Eu passarei isso adiante.”<br />“Leah nos odeia.”<br />“E?”<br />“Então tente passar o recado de uma forma que a faça considerar, se você não se importa.”<br />“Eu vou fazer o que puder.”<br />“E então tem a questão das roupas.”<br />Eu baixei o olhar para as que eu estava vestindo. “Ah é. Obrigado.” Provavelmente não seria considerado boas maneiras mencionar o quanto elas fediam.<br />Ele sorriu, só um pouco. “Bem, nós somos facilmente capazes de ajudar com qualquer necessidade. Alice raramente nos deixa vestir a mesma coisa duas vezes. Nós temos pilhas de roupas praticamente novas que são destinadas a doação, e eu imagino que Leah é bem próxima do tamanho de Esme…”<br />“Não tenho certeza de como ela vai se sentir sobre restos de sugadores de sangue. Ela não é tão prática como eu sou.”<br />“Eu acredito que você possa apresentar a oferta na forma mais leve possível. Tanto quanto a oferta de qualquer outro objeto que vocês possam precisar, ou transporte, ou qualquer outra coisa mesmo. E banhos também, desde que você preferiu dormir do lado de fora. Por favor… não se considerem sem os benefícios de uma casa.”<br />Ele disse a última frase mais baixo - não tentando manter segredo dessa vez, mas com algum tipo de real emoção.<br />Eu olhei para ele por um segundo, piscando os olhos de sono. “Isso, er, é legal da sua parte. Diga a Esme que nós apreciamos o, uh, pensamento. Mas o perímetro corta através de lugares com água, então nós estamos bem limpos, obrigado.”<br />“Se você puder passar a oferta adiante, mesmo assim.<br />- Claro, claro.<br />- Obrigado.<br />Eu deu as costas a ele, só para congelar quando escutei um choro baixo de dor vindo de dentro da casa. Quando eu me virei, ele já tinha desaparecido.<br />E agora?<br />Eu o segui, arrastando os pés como um zumbi. Usando provavelmente o mesmo numero de células cerebrais, também. Não parecia que eu tinha escolha. Alguma coisa estava errada. Eu iria ver o que era. Não haveria nada que eu pudesse fazer. E me sentiria pior.<br />Parecia inevitável.<br />Entrei na casa de novo. Bella estava ofegando, curvada sobre o inchaço no centro de seu corpo. Rosalie a segurava enquanto Edward, Carlisle e Esme a rodeavam. Um rápido movimento passou por meus olhos. Alice estava no topo das escadas, olhando para a sala com as mãos nas têmporas. Era esquisito - como se ela estivesse sendo barrada de entrar na sala.<br />“Me dê um segundo, Carlisle” Bella arquejou.<br />“Bella” o médico disse ansiosamente. “Eu ouvi algo se partindo. Preciso dar uma olhada.”<br />“Tenho certeza” - gemido - “de que foi uma costela. Ai. É. Bem aqui.” Ela apontou para o lado esquerdo, cuidando para não tocar o lugar.<br />Agora estava quebrando os ossos dela.<br />“Preciso tirar um raio-X. Pode haver algum estilhaço. Não queremos que fure nada.”<br />Bella respirou fundo. “Tudo bem.”<br />Rosalie levantou Bella cuidadosamente. Edward parecia que ia discutir, mas Rosalie mostrou os dentes para ele rosnou. “Eu já a peguei.”<br />Então Bella estava mais forte agora, mas a coisa também estava. Não tinha como fazer um passar fome sem deixar o outro faminto também. Não tinha como ganhar.<br />A Loira carregou Bella rapidamente pelas escadas, com Carlisle e Edward em seus calcanhares, nenhum deles notando que eu estava parado, chocado, na porta.<br />Então eles tinham um banco de sangue e uma máquina de raio-X? Parece que o médico trouxe o trabalho dele para casa.<br />Eu estava muito cansado para segui-los, muito cansado para me mexer. Eu me apoiei na parede e escorreguei para o chão. A porta ainda estava aberta, e apontei meu nariz na direção dela, grato pela brisa leve estar soprando para dentro da casa. Eu coloquei minha cabeça contra o batente e escutei.<br />Podia escutar o som da maquina de raio-X lá em cima. Ou talvez só achasse que fosse ela. Então os passos mais leves foram descendo as escadas. Não olhei para saber que vampiro era.<br />“Você quer um travesseiro?” Alice me perguntou.<br />“Não,” resmunguei. O que era essa hospitalidade insistente? Estava me assustando.<br />“Isso não parece confortável,” ela observou.<br />“Não é.”<br />“Então por que você não se mexe?”<br />“Cansado. Por que não está lá em cima com o resto deles?” eu atirei de volta.<br />“Dor de cabeça.” ela respondeu.<br />Eu virei minha cabeça para olhar para ela.<br />Alice era uma coisa extremamente pequena. Mais ou menos do tamanho de um dos meus braços. Ela parecia até menor agora, uma espécie de pressentimentos sobre ela mesma.<br />“Vampiros têm dores de cabeça?”<br />“Não os normais.”<br />Eu bufei. Vampiros normais.<br />“Então como é nunca estar com Bella agora?” Eu perguntei, fazendo da pergunta uma acusação. Isso não tinha me ocorrido antes, porque minha cabeça tinha estado cheia de outras merdas, mas era esquisito que Alice nunca estivesse por perto de Bella, não desde que eu tenho estado aqui. Talvez se Alice estivesse a seu lado, Rosalie não estivesse. “Pensei que vocês duas fosse assim.” Eu enlacei dois de meus dedos juntos.<br />“Como eu disse” - ela ficou confusa a alguns pés de mim, embrulhando seus magros braços a redor de seus magros joelhos - “dor de cabeça.”.<br />“Bella está te dando dor de cabeça?”<br />“Sim.”<br />Eu fiz uma carranca. Absolutamente certo de que eu estava muito cansado para enigmas. Eu respirei fundo e fechei os olhos.<br />“Não Bella, na verdade,” ela emendou “o feto”.<br />Ah, mais alguém que se sentia como eu. Foi bastante fácil de conhecer. Ela falou a palavra rancorosamente, da mesma forma que Edward.<br />“Eu não posso vê-lo,” ela me falou, apesar de que ela devia estar falando para si mesma. Para tudo que ela sabia, eu já tinha ido. “Eu não posso ver nada sobre ele. Assim como você.”<br />Eu me retirei, e depois trinquei meus dentes. Eu não gostava de ser comparado à criatura.<br />“Bella está da mesma forma. Ela está embrulhada a redor dele, então ela está… borrada. Como uma má recepção na TV - como tentar focar seus olhos naquelas pessoas embaralhadas sacudindo na tela. Está quebrando minha cabeça assisti-la. E eu não posso ver mais que alguns minutos à frente, de qualquer forma. O… feto é demasiadamente parte do futuro dela. Quando ela tomou sua primeira decisão… quando ela soube que o queria, ela ficou desfocada em meu sinal. Me amedrontou com a morte.”<br />Ela ficou quieta por um segundo, e então ela adicionou, “Eu tenho que admitir, é um alívio te ter tão perto - apesar do cheiro de cão molhado. Tudo vai embora. Como se meus olhos estivessem fechados. Anestesia das dores de cabeça.”<br />“Feliz por servir, madame.” Eu resmunguei.<br />“Eu imagino o que isso tem em comum com você… Porque você é da mesma forma nesse sentido.”<br />Rapidamente fez brotar o calor nos meus ossos. Eu serrei meus punhos para controlar o tremor.<br />“Eu não tenho nada em comum com aquele sanguessuga,” eu disse entre os dentes.<br />“Bem, há algo aqui.”<br />Eu não respondi. O calor já parara de queimar. Eu estava mortalmente cansado para ficar furioso.<br />“Você não se importa se eu sentar aqui com você, sim?” ela perguntou.<br />“Eu acho que não. Fede de qualquer forma.”<br />“Obrigada,” ela disse. “Essa é a melhor coisa para isso, eu imagino, já que não posso tomar aspirina.”<br />“Você poderia manter-se sem ela? Dormindo, aqui.”<br />Ela não respondeu imediatamente caindo no silêncio. Eu estava fora em segundos.<br />Eu estava sonhando que eu estava realmente sedento. E havia um grande copo de água em minha frente - tudo frio, você podia ver a neblina correndo a redor.<br />Eu agarrava o copo com força e tomava um grande gole, só pra descobrir bem rápido que aquilo não era água - era água sanitária pura. Eu colocava tudo pra fora, tossindo em cima de tudo, e um pouco saiu pelo meu nariz. Queimava. Meu nariz estava pegando fogo…<br />A dor no meu nariz me despertou o suficiente pra me lembrar de onde eu tinha pegado no sono. O cheiro era bem feroz, considerando que meu nariz não estava de verdade dentro da casa. Ugh. E estava barulhento. Alguém estava rindo muito alto. Um riso familiar, mas de alguém que não tinha o mesmo cheiro. Não pertencia a esse lugar.<br />Eu gemi e abri os olhos. O céu era um cinza sombrio - ainda dia, mas sem nenhum sinal de que horas. Talvez perto do pôr do sol - estava bem escuro.<br />“Já era hora”, a loira resmungou não muito longe. “A personificação da serra elétrica estava ficando um pouco cansada.”<br />Eu rolei para o lado e me forcei a ficar sentado. No processo, eu me dei conta de onde o cheiro estava vindo. Alguém tinha colocado um enorme travesseiro de penas debaixo da minha cabeça. Provavelmente tentando ser legal, eu acho. A menos que tenha sido Rosalie.<br />Uma vez que meu rosto estava fora das penas fedorentas, eu percebi outros cheiros. Como bacon e canela, tudo misturado com o cheiro de vampiros.<br />Eu vacilei, entrando no cômodo.<br />As coisas não tinham mudado muito, exceto que agora Bella estava sentada no meio do sofá, e o aparelho preso a ela tinha sumido. A loira estava sentada nos pés dela, sua cabeça descansando contra os joelhos de Bella. Continuava me dando arrepios ver quão casualmente eles a tocavam, no entanto eu acho que já era um caso perdido, considerando todas as coisas. Edward estava ao seu lado, segurando sua mão. Alice estava no chão também, como Rosalie. Seu rosto não estava torturado agora. E foi fácil perceber porque - ela tinha achado outro analgésico.<br />“Hey, Jake está chegando!” Seth vociferou.<br />Ele estava sentado no outro lado de Bella, seu braço pendurado sem cuidado sobre seus ombros, um prato transbordando de comida em seu colo.<br />O que diabos?<br />“Ele veio procurar você”, Edward disse enquanto eu me aproximava. “E Esme o convenceu de ficar pro café da manhã.”<br />Seth viu minha expressão, e se apressou em explicar. “É, Jake - eu estava só checando se você estava bem, porque você nem ao menos se transformou de volta. Leah ficou preocupada. Eu disse a ela que você provavelmente só queria ficar humano, mas você sabe como ela é. Tanto faz, eles tem toda essa comida aqui, e, maldição” - ele virou para encarar Edward - “cara, você sabe cozinhar !”<br />“Obrigado”, Edward murmurou.<br />Eu inalei devagar, tentando parar de apertar os dentes. Eu não conseguia tirar meus olhos do braço de Seth.<br />“Bella ficou com frio”, Edward disse baixo.<br />Certo. Não é da minha conta, de qualquer forma. Ela não me pertencia.<br />Seth ouviu o comentário de Edward, olhou para o meu rosto, e de repente ele precisou das duas mãos para comer. Ele tirou o braço de cima da Bella e começou a cavar no prato. Eu andei para frente pra ficar apenas alguns passos longe do sofá, ainda tentando agir normalmente.<br />“Leah está correndo em patrulha?”, eu perguntei a Seth. Minha voz ainda estava grossa por causa do sono.<br />“Sim”, ele disse enquanto mastigava. Seth estava com roupas novas também. Elas ficavam melhores nele do que ficavam em mim. “Ele está prestando atenção”. Não se preocupe. Ela vai uivar se acontecer alguma coisa.<br />Nós trocamos por volta da meia noite. “Eu corri doze horas”. Ele estava orgulhoso daquilo, e era mostrado no seu tom de voz.<br />“Meia noite? Peraí - que horas é agora?”<br />“Perto do amanhecer.” Ele olhou pela janela, checando.<br />Droga! Eu tinha dormido pelo resto do dia e a noite inteira - pisei na bola. “Bosta. Desculpe por isso, Seth. Você deveria ter me acordado.”<br />“Não, que isso, você precisava dormir bem. Você não tirou uma pausa desde quando? Da noite antes da sua última patrulha para Sam? Tipo quarenta horas? Cinqüenta? Você não é uma máquina, Jake. Além disso, você não perdeu nada.”<br />Nada? Eu dei uma olhada rápido para Bella. A sua cor estava de volta ao normal do jeito que eu lembrava. Pálida, mas com o tom rosado. Os seus lábios estavam rosa de novo. Até o seu cabelo parecia melhor - mais brilhante. Ela me viu avaliando e me deu um sorriso.<br />“Como está a costela?” Eu perguntei.<br />“Amarrada bem apertada. Eu nem sinto.”<br />Eu rolei meus olhos. Escutei Edward bater os dentes e eu adivinhei que a atitude dela de fazer as coisas parece melhor que são o incomodava tanto quanto me incomodava.<br />“O que tem para o café?” eu perguntei um pouco sarcástico “O negativo ou AB positivo?”.<br />Ela mostrou a sua língua para mim. Totalmente ela de novo. “Omeletes” ela disse, mas seus olhos olharam para baixo e eu vi o copo de sangue estava entre a sua perna e a de Edward.<br />“Vá pegar um pouco de café da manhã, Jake” Seth disse “Tem muito na cozinha. Você deve estar vazio.”<br />Eu examinei a comida que ele comia. Parecia meia omelete de queijo e um quarto de um rolo de canela do tamanho de um frisbee. Meu estômago roncou, mas eu ignorei.<br />“O que Leah está comendo de café-da-manhã?” Eu pensei a Seth criticamente.<br />“Ei, eu levei comida para ela antes de comer qualquer coisa” ele defendeu a si mesmo. “Ela disse que para comer prefere animais mortos, mas acho prefere matá-los. Esses rolinhos de canela…” Ele parecer ter perdido as palavras.<br />“Eu vou caçar com ela, então.”<br />Seth assentiu quando eu me virei para sair.<br />“Um momento, Jacob?”<br />Era Carlisle perguntando, então eu me virei de novo, minha cara estava menos desrespeitosa que estaria se fosse qualquer outro que tivesse me parado.<br />“Sim?”<br />Carlisle aproximou de mim enquanto Esme seguia para o outro quarto. Ele parou alguns pés longe, apenas um pouco mais longe que o espaço normal entre dois homens conversando. Eu o apreciei por ter me dado espaço.<br />“Falando em caça” ele começou em um tom sombrio. “Esse vai ser um problema para a minha família. Eu entendo que a nossa preciosa trégua está inoperante no momento, então eu quero o seu conselho. Sam vai nos caçar se nós sairmos do perímetro que você criou? Nós não queremos ter uma chance para machucar ninguém da sua família - ou perder algum de nós. Se você estivesse no nosso lugar, como faria?”<br />Eu me inclinei um pouco surpreso, quando ele jogou aquilo para mim daquele jeito. O que eu saberia sobre estar nos lugares dos sugadores de sangue? Mas, aí de novo, eu conhecia Sam.<br />“É um risco,” eu disse, tentando ignorar os outros olhares que sentia em mim e apenas conversar com ele. “Sam acalmou por enquanto, mas estou bem certo que na sua cabeça o acordo está sem validade. Enquanto ele pensar que a tribo, ou qualquer outro humano, está em perigo real, ele não vai fazer perguntas primeiro, se você entende o que digo. Mas, apesar de tudo, a sua prioridade vai ser La Push. Realmente não tem suficiente deles para manter uma patrulha decente nas pessoas e também atrapalhar as nossas caças sem muito dano. Eu aposto que ele vai manter perto de casa.”<br />Carlisle concordou pensando.<br />“Então eu acho que eu diria para vocês irem juntos, como precaução. E provavelmente irem durante o dia, porque ele estaria esperando a noite. Coisa tradicional de vampiro. Vocês são rápidos - vão além das montanhas e cacem longe o suficiente para não ter chance de ele mandar alguém tão longe de casa.”<br />“E deixar Bella para trás, desprotegida?”<br />Eu bufei. “O que nós somos, fígado cortado?”<br />Carlisle riu, mas depois a sua cara estava séria de novo. “Jacob, você não pode lutar contra os seus irmãos.”<br />Meus olhos apertaram. “Eu não disse que isso não seria difícil, mas se eles realmente vierem para matá-la - eu seria capaz de pará-los.”<br />Carlisle balançou sua cabeça, angustiado. “Não, eu não disse que você não seria capaz. Mas que seria errado. Eu não posso ter isso na minha consciência.”<br />“Não seria na sua, doutor. Seria na minha. E eu consigo agüentar.”<br />“Não, Jacob. Nós vamos ter certeza que as nossas ações não farão disso uma necessidade.” Ele franziu a sobrancelha. “Nós iremos três de cada vez,” ele decidiu depois de um segundo. “Essa é provavelmente a melhor coisa para se fazer.”<br />“Eu não sei, doutor. Dividir no meio não é a melhor estratégia.”<br />“Nós temos algumas habilidades extras que vai fazer isso ficar igual. Se Edward for um dos três, ele vai ser capaz de nos dar algumas milhas de segurança.”<br />Nós dois olhamos para Edward. A sua expressão fez Carlisle mudar de idéia rápido.<br />“Tenho certeza que existem outras maneiras, também.” Carlisle disse. Claramente, não tinha necessidade real forte o suficiente para tirar Edward de longe da Bella agora. “Alice, eu imagino que você consiga imaginar quais rotas vão ser um erro?”<br />“Aquelas que desaparecerem,” Alice disse, concordando. “Fácil.”<br />Edward, que tinha ficado todo tenso com o primeiro plano de Carlisle, relaxou. Bella estava olhando triste para Alice, aquela pequena ruga entre os seus olhos que ela tinha quando ficava estressada.<br />“Ok” eu disse “está combinado. Eu vou indo então. Seth, eu te espero de volta no pôr-do-sol, então tire um cochilo em algum lugar, ok?”<br />“Claro, Jake. Eu vou me transformar assim que acabar. A não ser…” ele hesitou, olhando para Bella. “Você precisa de mim?”<br />“Ela tem cobertores”, eu o repreendi.<br />“Eu estou bem, Seth, obrigada,” Bella disse rapidamente.<br />E então Esme voltou para a sala, com um prato cheio em suas mãos. Ela parou hesitantemente atrás de Carlisle, seus grandes olhos dourado escuros no meu rosto. Ela segurou o prato e deu um passo tímido para perto.<br />“Jacob,” ela disse calmamente. A sua voz não era tão irritante quanto dos outros. “Eu sei que… não é apetitosa para você a idéia de comer aqui, quanto tudo cheira tão desagradável. Mas eu me sentiria bem melhor se você levasse alguma comida com você quando você fosse. Eu sei que você não pode voltar para casa e é por causa de nós. Por favor - diminua um pouco do meu remorso. Pegue um pouco para comer.” Ela me entregou a comida, o seu rosto suave e pedinte. Eu não sei como ela fez quilo, porque ela não parecia mais velha que seus vinte e poucos anos e ela era pálida também, mas algo nela subitamente me lembra da minha mãe.<br />Jeesus.<br />“Hum, claro, claro,” eu resmunguei. “Eu acho. Talvez Leah ainda esteja com fome ou algo do tipo.”<br />Eu fui e peguei a comida com a minha mão, segurando aquilo com um braço de distância. Eu iria jogar debaixo de uma árvore ou por ai. Eu não queria que ela se sentisse bem.<br />E então me lembrei de Edward.<br />Não diga nada para ela! Deixe-a pensar que eu comi.<br />Eu não olhei para ele para ver se ele tinha concordado. Era melhor ele ter concordado.<br />“Obrigada, Jacob,” Esme disse, sorrindo para mim. Como um rosto de pedra tinha covinhas, pelo amor de Deus?<br />“Hum, obrigado a você,” eu disse. Meu rosto estava quente, mais quente que o normal.<br />Este era o problema de ficar com vampiros - você fica acostumado com eles. Eles começam a bagunçar a forma que você vê o mundo. Eles começaram a parecer amigos.<br />“Você vai voltar mais tarde, Jake?” Bella perguntou enquanto eu tentava sair.<br />“Uh, eu não sei.”<br />Ela pressionou os seus lábios, como se estivesse tentando não sorrir. “Por favor? Eu posso sentir frio.”<br />Eu respirei profundamente, e então percebi, meio tarde, que esta talvez não fosse uma boa idéia. Recuei. “Talvez.”<br />“Jacob?” Esme perguntou. Eu fui para a porta enquanto ela continuava; ela me seguiu durante alguns passos. “Eu deixei uma cesta com algumas roupas perto da porta. Elas são para Leah. Acabei de lavá-las - e tentei tocar nelas o menos possível.” Ela franziu as sobrancelhas. “Você se importaria de levá-las para ela?”<br />“Pode deixar” eu murmurei, e então sai pela porta, antes que alguém pudesse me fazer sentir mais culpado por algo.<br /><br /><br />Capítulo 15 - TICK TOCK TICK TOCK TICK TOCK<br /><br />Ei, Jake, pensei que você disse que precisaria de mim ao amanhecer. Por que você não fez Leah me acordar antes?<br />Porque eu ainda não precisava de você. Eu ainda estou bem.<br />Ele ainda estava na metade norte do círculo. Nada?<br />Não. Nada, mas nada.<br />Você fez a patrulha?<br />Ele tinha pegado o meu lado da floresta para patrulhar. Ele prestou atenção na nova trilha.<br />Sim, eu corri um pouco. Você sabe, só para checar. Se os Cullens vão fazer uma viagem de caça.<br />Boa idéia.<br />Seth olhou para o perímetro principal.<br />Era mais fácil correr com ele do que com Leah. Embora ela tentasse - tentasse muito - havia sempre algo em seus pensamentos. Ela não queria estar aqui. Ela não queria sentir a suavidade a respeito dos vampiros que se passava em minha mente. Ela não queria lidar com a amizade que Seth tinha com eles, uma amizade que a cada dia ficava mais forte.<br />Engraçado, porém, eu achei que seu único problema seria eu. Nós nunca nos demos muito bem no bando de Sam. Mas não havia nenhuma inimizade contra mim agora, apenas contra os Cullens e Bella. Eu me perguntava o por que. Talvez fosse apenas gratidão por eu não forçá-la a partir. Talvez fosse porque eu entendesse melhor sua hostilidade agora. Afinal, correr com Leah não era tão ruim quanto esperei que fosse.<br />É claro que ela não tinha facilitado tanto as coisas. A comida e as roupas que Esme mandara para ela corriam pela correnteza do rio neste momento. Mesmo depois de eu ter comido minha parte - não porque o cheiro fosse irresistível longe dos vampiros, mas para dar um bom exemplo de tolerância para Leah - ela recusou. O pequeno alce que ela pegou mais ou menos ao meio-dia não satisfez totalmente seu apetite. Isso fez seu humor piorar. Leah detestava comer coisas cruas.<br />Talvez nós devêssemos fazer uma varredura pelo leste. Seth sugeriu. Ir mais adiante, ver se eles estão lá esperando.<br />Eu estava pensando nisso. Eu concordei. Mas vamos fazer isso quando estivermos todos acordados. Eu não quero abaixar nossa guarda. Porém nós devemos fazer isso antes dos Cullens tentarem. Logo.<br />Certo.<br />Isso me fez ficar pensativo.<br />Se os Cullens eram capazes de sair da área de modo seguro, eles realmente deviam continuar tentando. Eles provavelmente deveriam ter partido no momento em que nós viemos avisá-los. Eles deviam ser capazes de permitir outras escavações. E eles tinham amigos no norte, certo? Pegar Bella e correr. Isso parecia ser uma solução óbvia para os problemas.<br />Eu devia ter sugerido isso, mas eu tinha medo que eles seguissem minha sugestão. E eu não queria que Bella desaparecesse - e nunca saber se ela tinha conseguido ou não.<br />Não, isso era estupidez. Eu teria dito a eles para partirem. Não fazia sentido algum para eles ficar, e seria melhor - não sem dor, mas mais saudável - para mim que Bella fosse embora.<br />É fácil dizer isso agora, quando Bella não estava lá, parecendo ansiosa para me ver e também se agarrando à vida com unhas e dentes ao mesmo tempo.<br />Oh, eu já perguntei ao Edward sobre isso. Seth pensou.<br />O que?<br />Eu perguntei a ele por que eles ainda não haviam partido. Ido para a casa de Tanya ou algo assim. Algum lugar muito longe onde Sam não os seguisse.<br />Eu tive que me fazer lembrar que eu havia decidido dar aos Cullen esse mesmo aviso. Isso era o melhor. Então eu não deveria ficar bravo com Seth por tirar essa obrigação das minhas mãos. Não tão bravo.<br />E então, o que ele disse? Eles estão esperando uma brecha?<br />Não, eles não vão partir.<br />E isso não era uma boa noticia.<br />Por que não? Isso é burrice.<br />Não exatamente, Seth disse agora defensivo. Leva muito tempo para construir o acervo medico que Carlisle tem aqui. Ele tem tudo que precisa para tomar conta de Bella e meios para conseguir mais. Esse é um dos motivos para eles quererem uma caçada. Carlisle acha que eles precisarão de mais sangue para Bella daqui a pouco tempo. Ela está usando todo o negativo que eles guardaram para ela. Ele não gosta de esgotar a matéria-prima. Ela vai comprar mais. Você sabia que pode comprar sangue? Se você for um médico.<br />Eu ainda não estava pronto para ser lógico. Ainda é estúpido. Eles podiam trazer a maior parte com eles, não? E roubar qualquer coisa que eles precisem. Quem liga para essa porcaria legal quando você é imortal?<br />Edward não quer se arriscar em movê-la.<br />Ela está melhor do que estava.<br />Realemente, Seth concordou. Na cabeça dele, ele estava comparando a memória de Bella ligada aos tubos com a última vez que ele a viu quando ele deixou a casa. Ela tinha dado um sorrido e acenado para ele. Mas ela não pode se mexer muito, sabe. A coisa está chutando muito.<br />Eu engoli o ácido estomacal em minha garganta. É, eu sei.<br />Quebrou outra costela dela, ele me contou sombriamente.<br />Minha caminhada vacilou e eu tremi com um passo atrás antes de recuperar o ritmo.<br />Carlisle a deixou inteira de novo. Só outra fratura, ele disse. Então Rosalie disse algo sobre como os bebês humanos normais são capazes de quebrar costelas. Edward parecia que ia arrancar a cabeça dela.<br />Pena que ele não arrancou.<br />Seth estava com o modo “passar informações” ligado - sabendo que era tudo vitalmente interessante para mim, embora eu nunca tivesse pedido para escutar nada. Bella tem tido uma febre q vai e volta o dia todo. Poucos graus acima do normal, só suor e calafrios. Carlisle não tem certeza do que pode ser - ela pode só estar doente. O sistema imunológico dela está chegando ao limite.<br />É, tenho certeza que é só uma coincidência.<br />Ela está de bom humor, apesar de tudo. Ela estava conversando com Charlie, rindo e tudo…<br />Charlie! O quê?! O que você quer dizer, ela estava falando com Charlie?<br />Agora o passo de Seth vacilou; minha fúria o surpreendeu. Acho que ele liga todo o dia para falar com ela. Às vezes a mãe dela liga também. Bella parece tão melhor agora; então ela estava o tranqüilizando que ela estava melhorando.<br />Melhorando? Que diabos eles estão pensando? Deixar o Charlie todo esperançoso para depois magoá-lo ainda mais quando ela morrer? Achei que eles o estavam preparando para isso! Tentando prepara-lo! Por que ela o animaria desse jeito?<br />Talvez ela não morra, Seth pensou calmamente.<br />Respirei fundo, tentando me acalmar. Seth. Mesmo que ela passe por isso, ela não vai fazer como humana. Ela sabe disso, e o resto deles também sabe. Se ela não morrer, ela vai ter que fazer uma imitação bem convincente de um cadáver, garoto. Ou isso, ou vai ter que desaparecer. Achei que eles estivessem tentando deixar isso mais fácil para o Charlie. Por quê…?<br />Acho que é idéia da Bella. Ninguém disse nada, mas o rosto de Edward meio que combinou com o que você está pensando.<br />No mesmo termo que o sugador de sangue, mais uma vez.<br />Nós corremos em silencio por alguns minutos. Eu comecei por uma nova linha, me dirigindo ao sul.<br />Não vá muito longe.<br />Por quê?<br />Bella me pediu para falar para você passar por lá.<br />Meus dentes se fecharam.<br />Alice quer você também. Ela diz que está cansada de ficar escondida como um morcego no sótão. Seth escondeu uma risada. Eu estava revezando com Edward antes. Tentando manter a temperatura de Bella estável. Fria para quente, o que era preciso. Acho que se você não quiser fazer isso, eu posso voltar lá…<br />Não, eu vou - repreendi.<br />Certo. Seth não fez mais nenhum comentário. Ele se concentrou muito na floresta vazia.<br />Eu mantive meu curso para o sul, procurando alguma coisa nova. Virei quando tive algum sinal das primeiras habitações. Não estávamos perto da cidade ainda, mas eu não queria criar o rumor dos lobos novamente. Nós estávamos bem e invisíveis há bastante tempo agora.<br />Eu passei pelo perímetro no caminho de volta, indo para a casa. Mesmo sabendo que era uma coisa burra a se fazer, não podia evitar. Devo ser algum tipo de masoquista.<br />Não há nada de errado com você, Jake. Essa não é a situação mais normal que existe.<br />Cale a boca, por favor, Seth.<br />Calando.<br />Eu não hesitei na porta dessa vez; só entrei como se fosse dono do lugar. Achei que isso iria irritar a Rosalie, mas foi um esforço desperdiçado. Nem Rosalie ou Bella estavam à vista. Olhei ao redor rapidamente, esperando que alguém tivesse passado despercebido, meu coração se espremendo contra minhas costelas de um jeito estranho, desconfortável.<br />- Ela está bem - Edward sussurrou. - Ou na mesma, devo dizer.<br />Edward estava no sofá com o rosto nas mãos; ele não olhou para cima para falar. Esme estava perto dele, suas mãos envolvendo fortemente os ombros dele.<br />- Olá, Jacob. - ela disse. - Estou feliz que tenha voltado.<br />“Eu também,” Alice disse com um suspiro profundo. Ela veio descendo as escadas de nariz empinado, fazendo careta. Como se eu estivesse atrasado para um encontro marcado.<br />“Uh, ei,”. Eu disse. Pareceu estranho tentar ser educado.<br />“Onde está a Bella?”<br />“Banheiro,” Alice me informou. “Uma dieta composta predominantemente de líquidos, você sabe. Mais a coisa da gravidez também faz isso com você, eu ouvi.”<br />“Ah.”<br />Eu estava de pé, sem jeito, andando de um lado para o outro.<br />“Oh, maravilhoso,” Rosalie murmurou. Eu virei minha cabeça ao redor e a vi vindo de um corredor meio-escondido atrás da escada. Ela tinha Bella embalada suavemente nos braços dela, fazendo uma careta severa para mim. “Eu sabia que senti um fedor”.<br />E, como anteriormente, a face de Bella se iluminou como de uma criança em manhã de Natal. Como eu tivesse trazido o maior presente para ela.<br />Era tão injusto.<br />“Jacob,” ela respirou. “Você veio”.<br />“Oi, Bells”.<br />Esme e Edward ambos levantaram. Eu assisti como cuidadosamente Rosalie deitou Bella no sofá. Eu assisti como, apesar disso, Bella ficou branca e prendeu o fôlego - como ela se concentrasse em não fazer qualquer barulho, não importa o quanto doía.<br />Edward passou a mão dele pela testa dela e então ao longo do pescoço. Ele tentou fazer isto parecer como se ele apenas estivesse colocando para trás o cabelo dela, mas se parecia com o exame de um médico para mim.<br />“Você está com frio?” ele murmurou.<br />“Eu estou bem”.<br />“Bella, você sabe o que Carlisle lhe falou,” Rosalie disse. “Não subestime nada. Isto não nos ajuda a tomar todo o cuidado necessário com você”.<br />“Certo, estou com um pouco de frio. Edward, você pode me dar aquele cobertor?”<br />Eu revirei meus olhos. “Não tem alguma razão para eu estar aqui?”<br />“Você entrou há pouco,” Bella disse. “Depois de correr todo o dia, eu aposto. Ponha seus pés para cima durante um minuto. Eu provavelmente me esquentarei novamente num instante”.<br />Eu a ignorei indo sentar no chão próximo ao sofá enquanto ela ainda estava me dizendo o que fazer. Àquele ponto, entretanto, eu não estava seguro como… Ela parecia bem frágil, e eu tinha medo de movê-la, até mesmo pôr meus braços ao redor dela. Assim eu apenas me apoiei cuidadosamente ao lado dela, deixando meu braço descansar ao longo do comprimento do dela, e segurei sua mão. Então eu pus minha outra mão contra a face dela. Era difícil contar se ela estava com mais frio que habitualmente.<br />“Obrigado, Jake,” ela disse, e eu senti ela tendo um calafrio.<br />“Sim,” eu disse.<br />Edward sentou no braço do sofá aos pés de Bella, os olhos dele sempre encarando ela.<br />Era esperar muito, com toda a super-audição no quarto, que ninguém notaria meu estômago roncando.<br />“Rosalie, por que você não pega algo para o Jacob comer?” Alice disse. Ela estava invisível, enquanto estava sentada quietamente atrás do encosto do sofá.<br />Rosalie encarou o lugar de onde a voz de Alice tinha saído com descrença.<br />“De qualquer maneira, obrigado Alice, mas acho que eu não iria querer comer algo em que a Loira cuspiu. Eu apostaria que meu organismo não aceitaria muito amavelmente o veneno”.<br />“Rosalie nunca envergonharia Esme exibindo tal falta de hospitalidade”.<br />“Claro que não,” A Loira disse em uma voz melosa, da qual eu desconfiei imediatamente. Ela se levantou e voou para fora do cômodo.<br />Edward suspirou.<br />“Você me falaria se ela envenenasse, certo?” Eu perguntei.<br />“Sim,” Edward prometeu.<br />E por alguma razão eu acreditei nele.<br />Havia muito barulho na cozinha, e - estranhamente - o som de metal que protesta como se fosse maltratado. Edward suspirou novamente, mas sorriu um pouco, também. Então Rosalie estava de volta antes que eu pudesse pensar mais nisto. Com um sorriso contente, ela colocou uma tigela prateada no chão próximo a mim.<br />“Aproveite, mestiço”.<br />Tinha sido provavelmente uma tigela de misturar grande, mas ela tinha dobrado a tigela para dentro até que tomou a forma quase precisamente de um prato de cachorro. Eu tive que ficar impressionado com a habilidade e rápidez dela. E a atenção dela para detalhes. Ela tinha arranhado a palavra Fido no lado. Caligrafia excelente.<br />Porque a comida parecia muito boa - bife, nada mais, e uma batata assada grande com todo os adornos - eu lhe falei, “Obrigado, Loira”.<br />Ela resmungou.<br />“Ei, você sabe como se chama uma loira com um cérebro?”<br />Eu perguntei, e então continuei com o mesmo folêgo, “um Golden Retriever.”<br />“Já ouvi esta também” ela disse, já não sorrindo.<br />“Eu continuarei tentando,” eu prometi, e então eu comecei a comer.<br />Ela fez uma cara de nojo e rolou seus olhos. Então ela sentou-se em um dos braços da cadeira e começou a passar pelos canais da grande TV tão rápido que não tinha jeito de ela realmente estar procurando por algo para assistir.<br />A comida era boa, mesmo com o fedor de vampiros no ar. Eu estava me acostumando com aquilo. Huh. Não era algo com o que eu realmente quisesse me acostumar, na verdade…<br />Quando eu terminei - apesar de começar a considerar lamber a tigela, só para dar alguma coisa para Rosalie reclamar - eu senti os dedos gelados de Bella passando delicadamente pelos meus cabelos. Ela acariciou a parte de trás de minha nuca.<br />“Hora de um corte de cabelo, hm?”<br />“Você está ficando um pouco despenteado,” ela disse. “Talvez–”.<br />“Deixe-me adivinhar, alguém por aqui costuma cortar o cabelo em algum salão de Paris?”<br />Ela riu. “Provavelmente.”<br />“Não, obrigado,” eu disse antes que ela realmente oferecesse. “Eu estou de boa por mais umas semanas.”<br />O que me fez imaginar quanto tempo ela ainda estaria de boa. Eu tentei pensar em um jeito educado de perguntar.<br />“Então… hm… qual é, er, a data? Você sabe, a data certa para o monstrinho.”<br />Ela bateu na parte de trás da minha cabeça com tanta força quanto uma pena, mas não respondeu.<br />“É sério,” eu disse a ela. “Eu quero saber por quanto tempo eu vou ter que ficar aqui.” Quanto tempo você vai ficar aqui, eu acrescentei na minha cabeça. Eu me virei para olhar para ela. Seus olhos estavam pensativos; as rugas de stress apareceram entre as suas sobrancelhas de novo.<br />“Eu não sei,” ela murmurou. “Não exatamente. Óbvio que nós não estamos seguindo o modelo de nove meses aqui, e nós não conseguimos fazer um ultra-som, então Carlisle está montando uma estimativa a partir de quão grande eu estou. Pessoas normais supostamente atingem 45 centímetros aqui “- ela apontou um dedo para o meio da protuberância no seu estômago-”quando o bebê está totalmente crescido. Um centímetro por semana. Eu estava com 30 hoje de manhã, e eu estou ganhando dois centímetros por dia, às vezes mais…”<br />Duas semanas para um dia, os dias voavam. Sua vida passava em alta velocidade. Quantos dias faltavam para ela, se ela estava esperando os 40? Quatro? Levei um minuto para acreditar.<br />“Você está bem?” Ela perguntou.<br />Eu balancei a cabeça, sem ter certeza de como a minha voz sairia.<br />O rosto de Edward estava voltado para longe de nós como se ele tivesse ouvido meus pensamentos, mas eu pude ver o reflexo de seu rosto na parede de vidro. Ele era aquele homem em chamas novamente.<br />Engraçado como ter uma data para a morte tornava mais difícil pensar em ir, ou ter que deixá-la. Eu estava feliz que Seth trouxe aquilo consigo, então eu sabia que eles ficariam aqui. Isso seria insuportável, ficar imaginando se eles estavam prestes a partir, levando um, ou dois, ou três, ou os quatro dias. Meus quatro dias.<br />E era também engraçado que, mesmo sabendo que isso estava quase no fim, a influência que ela tinha sobre mim ficava cada vez mais difícil de quebrar. Quase como se fosse ligado à expansão do tamanho da sua barriga - quando maior ela ficava, mais força gravitacional ela tinha.<br />Por um minuto eu tentei olhar para ela de longe, para me separar da atração. Eu sabia que não era minha imaginação que a minha necessidade por ela estava maior do que nunca. Por que isso? Porque ela estava morrendo? Ou sabendo que mesmo que ela não morresse ainda - o melhor cenário de caso - ela se transformaria em alguma outra coisa que eu não conheceria ou entenderia?<br />Ela passou seu dedo pelo osso de minha face, e minha pele ficou úmida onde ela tocou.<br />“Tudo vai ficar bem,” ela sussurrou. Não importava que essas palavras não significassem nada. Ela dizia isso de uma maneira como as pessoas cantavam aqueles ritmos sem noção para as crianças. Rock-a-bye,baby (referência a uma música)<br />“Ok,” eu murmurei.<br />Ela se enroscou ao redor do meu braço, descansando a sua cabeça no meu ombro. “Eu não achava que você viria. Seth disse que você viria, assim como Edward, mas eu não acreditei neles.”<br />“Por que não?” eu perguntei bruscamente.<br />“Você não é feliz aqui. Mas você veio de qualquer forma.”<br />“Você me queria aqui.”<br />“Eu sei. Mas você não tinha que vir, porque não é justo que eu queira você aqui. Eu<br />teria que entender.”<br />Eu fiquei quieto por um minuto. Edward recompôs a sua expressão. Ele olhava para a TV enquanto Rosalie ficava passando os canais. Ela estava passando do 600. Eu fiquei imaginando quanto tempo levaria para recomeçar.<br />“Obrigada por vir,” Bella sussurrou.<br />“Posso te perguntar uma coisa?” Eu perguntei.<br />“Claro.”<br />Edward não parecia que estava prestando atenção em nós, no fim das contas, mas ele sabia o que eu ia perguntar, então ele não me enganou.<br />“Por que você me quer aqui? Seth pode te deixar quente e provavelmente é mais fácil para ele ficar por aqui, pequeno punk alegre. Mas quando eu entro pela porta, você sorri como se eu fosse a sua pessoa favorita no mundo todo.<br />“Você é uma delas.”<br />“Isso é uma droga, você sabe.”<br />“É.” Ela suspirou. ” Desculpe.”<br />“Por que, então? Você não respondeu minha pergunta.”.<br />Edward estava olhando para longe de novo, como se estivesse encarando para fora das janelas. O rosto dele estava vazio no reflexo.<br />“Fica… Completo quando você está aqui, Jacob. Como se toda minha família estivesse unida. Quer dizer, acho que é assim - nunca tive uma família grande antes. É bom.” Ela sorriu for meio segundo.”Mas não é inteira quando você não está aqui.”<br />“Eu nunca serei parte da sua família, Bella.”<br />Eu poderia ter sido. Eu ficaria bem lá. Mas isso era um futuro que havia desaparecido muito antes de ter uma chance para acontecer.<br />”<br />“Você sempre foi parte da minha família.” Ela discordou.<br />Meus dentes rangeram. “Que porcaria de resposta.”<br />“E qual resposta é boa?”<br />“Que tal, ‘Jacob, vou mandar sua dor para longe’?”<br />Eu a senti encolher.<br />“Você gostaria mais dessa?” Ela sussurrou.<br />“É mais fácil, pelo menos. Minha cabeça poderia se acostumar com isso. Eu poderia lidar com isso.”<br />Eu olhei para o rosto dela então, tão perto do meu. Seus olhos estavam fechados e ela estava franzindo a testa. “Nós saímos do trilho, Jake. Fora do balanço. Você devia ser parte da minha vida - eu sinto isso, e você também.” Ela fez uma pausa por um segundo sem abrir os olhos - como se estivesse esperando que eu negasse. Quando eu não disse nada, ela continuou. “Mas não desse jeito. Nós fizemos algo errado. Não. Eu fiz. Eu fiz alguma coisa errada, então nós saímos do trilho…”<br />A voz dela sumiu, e seu rosto relaxou até que só ficassem rugas no canto de seus lábios. Eu esperei ela colocar mais suco de limão nas minhas feridas e então um leve ronco veio da garganta dela.<br />“Ela está exausta.” Edward murmurou. “Foi um dia longo. Eu acho que ela teria dormido antes, mas ela estava esperando você.”<br />Eu não olhei para ele.<br />“Seth disse que a coisa quebrou outra costela.”<br />“Sim, está ficando difícil para ela respirar.”<br />“Que ótimo.”<br />“Deixe-me saber quando ela ficar com calor de novo.”<br />“Está certo.”<br />Ela ainda tinha arrepios no braço que não estava tocando o meu. Eu mal tinha levantado minha cabeça para procurar um cobertor quando Edward pegou um do braço do sofá e o jogou para o alto, para que a cobrisse.<br />Ocasionalmente, a coisa de ler mentes poupava tempo. Por exemplo, eu não teria que fazer um escândalo de acusação sobre o que estava acontecendo quanto a Charlie. Que bagunça. Edward iria escutar exatamente quão furioso-<br />“Sim.” Ele concordou. “Isso não é uma boa idéia.”<br />“Então por quê?” Por que Bella estava dizendo a seu pai que estava melhorando quando isso só o deixaria mais chateado?<br />“Ela não agüenta a ansiedade dele.”<br />“É muito melhor…”<br />“Não. Não é melhor. Mas eu não vou forçá-la a fazer qualquer coisa que a deixe infeliz agora. O que quer que aconteça, isso a deixa feliz. Eu vou cuidar do resto depois.”<br />Isso não pareceu certo. Bella não iria aditar a dor de Charlie para depois, para alguma outra pessoa lidar com ela. Mesmo morrendo. Essa não era ela. Se eu conhecia Bella, ela tinha que ter outro plano.<br />“Ela tem bastante certeza de que vai sobreviver.” Edward disse.<br />“Não, não como humana. Mas ela espera ver o Charlie novamente, de qualquer jeito.”<br />Ah, isso ficava cada vez melhor.<br />“Ver. Charlie.” Eu finalmente olhei para ele, meus olhos saltando. “Depois de tudo. Ver o Charlie quando ela está toda brilhante, pálida e com os olhos vermelhos. Eu não sou um sugador de sangue, então talvez esteja deixando algo escapar, mas Charlie não parece a escolha certa para a primeira refeição dela.”<br />Edward suspirou. “Ela sabe que não será capaz de ficar perto dele por pelo menos um ano. Ela acha que consegue adiar as coisas com Charlie. Dizer a ele que tem que ir a um hospital do outro lado do mundo. Manter contato pelo telefone…”<br />“Isso é maluquice.”<br />“Sim.”<br />“Charlie não é burro. Mesmo se ela não o matar, ele vai notar alguma diferença.”<br />“Ela meio que está contando com isso.”<br />Eu continuei a encarar, esperando que ele explicasse.<br />“Ela não vai envelhecer claro, então isso vai dar um limite de tempo, mesmo que Charlie aceite qualquer desculpa que ela invente para as mudanças.” Ele sorriu fracamente. “Você lembra quando tentou contar a ela sobre a sua transformação? Como você a fez adivinhar?”<br />Minha mão livre se fechou em punho. “Ela lhe contou sobre isso?”<br />“Sim. Ela estava explicando a… Idéia. Você vê, ela não pode falar para Charlie a verdade - seria muito perigoso para ele. Mas ele é um homem esperto, prático. Ela acha que ele vai inventar sua própria explicação. Ela pensa que ele vai entender errado.” Edward rosnou. “Depois de tudo, nós não demos pistas de vampiros. Ele vai presumir alguma coisa equivocada, como ela fez no começo, e nós vamos conviver com isso. Ela acha que será capaz de vê-lo… de tempos em tempos.”<br />“Maluquice” Eu repeti.<br />“Sim.” Ele concordou outra vez.<br />Era fraco da parte dele deixar que ela fizesse as coisas do jeito dela nisso, só para deixa-la feliz. Não terminaria bem.<br />O que me fez pensar que ele provavelmente não estava esperando que ela vivesse para tentar seu plano louco. Tranqüilizando-a para que ela pudesse ser feliz mais um pouco.<br />Por mais quatro dias.<br />“Vou lidar com o que quer que venha.” Ele sussurrou e virou o rosto para baixo e para longe para que eu não nem pudesse ler o reflexo. “Não vou causar dor a ela agora.”<br />“Quatro dias?” Eu perguntei.<br />Ele não olhou para cima. “Aproximadamente.”<br />“E então o quê?”<br />“O que você quer dizer exatamente?”<br />Eu pensei no que Bella tinha dito. Sobre a coisa estar bem, fortemente envolvida em algo forte, como pele de vampiro. Então como isso funcionava? Como sairia?<br />“Pela pouca pesquisa que pudemos fazer, parece que a criatura usa os próprios dentes para escapar do útero.” Ele sussurrou.<br />Tive que parar para engolir a saliva.<br />“Pesquisa?” Perguntei fracamente.<br />“É por isso que você não tem visto Jasper e Emmett por aí. É o que Carlisle está fazendo agora. Tentando decifrar histórias e mitos antigos, o máximo que podemos com o que temos aqui, procurando por qualquer coisa que nos ajude a prever o comportamento da criatura.”<br />Histórias? Se existissem mitos, então…<br />“Então essa coisa não é a primeira da espécie?” Edward perguntou, prevendo minha questão. “Talvez. Tudo é muito vago. Os mitos podem muito bem ser produto do medo e da imaginação. Embora…” Ele hesitou ”Os seus mitos são verdadeiros, não são? Talvez esses sejam também. Eles parecem estar localizados, ligados…”<br />“Como você achou…?”<br />“Tinha uma mulher que encontramos na América do Sul. Ela foi criada de acordo com as tradições de seu povo. Ela já ouviu avisos sobre essas criaturas, velhas histórias que foram passadas…”<br />“Quais eram os avisos?” Eu murmurei.<br />“Que a criatura deve ser morta imediatamente. Antes que possa ganhar muita força.”<br />A mesma coisa que Sam pensou. Ele estava certo?<br />“Claro, as lendas deles dizem o mesmo sobre nós. Que devemos ser destruídos. Que somos assassinos desalmados.”<br />Dois a dois.<br />Edward deu uma risada dura.<br />“O que as histórias deles diziam sobre as… Mães?”<br />Agonia tomou conta do rosto dele, e, enquanto eu me desviava de sua dor, eu soube que ele não ia me responder. Eu duvidei que ele pudesse.<br />Foi Rosalie - que estivera tão parada e silenciosa desde que Bella havia dormido que eu quase a esqueci - que respondeu.<br />Ela fez um som de deboche no fundo de sua garganta. “Claro que não houve sobreviventes” Ela disse. Sem sobreviventes, grossa e despreocupada. “Dar à luz em um pântano infestado de doenças enquanto um médico preguiçoso cuspia na sua cara nunca foi um método seguro. Mesmo os partos normais davam errado na metade das vezes. Nenhum deles tinha o que esse bebê tem - carregam uma idéia do que o bebê precisa, que tente satisfazer essas necessidades. Um médico com um conhecimento único da natureza vampírica. Um plano para fazer o parto de o bebê ser o mais seguro possível. Veneno que repara qualquer coisa que dê errado. O bebê ficará bem. E aquelas outras mães provavelmente teriam sobrevivido se elas tivessem tido isso - se elas existissem, num primeiro momento. Isso é algo de que não estou convencida.” Ela fungou desdenhosamente.<br />O bebê, o bebê. Como se fosse isso que importasse. A vida de Bella era um pequeno detalhe para ela - fácil de se livrar.<br />O rosto de Edward ficou branco como a neve. As mãos dele viraram garras. Totalmente egoísta e indiferente, Rosalie se virou na cadeira para que ficasse de costas para ele. Ele se inclinou, se agachando.<br />“Permita-me“, eu sugeri.<br />Ele parou, levantando uma sobrancelha.<br />Silenciosamente, eu levantei minha tigela de cachorro do chão. Então, com um movimento rápido da minha cintura, eu a atirei na parte de trás da cabeça da Loira, tão forte, que com um barulho ensurdecedor se chocou rápido antes de ricochetear para o outro lado da sala e cair ao pé da escada.<br />Bella se virou, mas não acordou.<br />“Loira burra.” Eu murmurei.<br />Rosalie virou a cabeça lentamente, e seus olhos estavam em chamas.<br />“Você. Jogou. Comida. No. Meu. Cabelo.”<br />Foi isso.<br />Eu levantei instantaneamente. Afastei-me de Bella para que não a sacudisse, e ri tanto que lágrimas correram pelo meu rosto. Atrás do sofá, eu ouvi a risada fina de Alice se juntar à minha.<br />Perguntei-me porque Rosalie não revidou. Eu meio que esperava. Mas então eu percebi que minha risada tinha acordado Bella, embora ela tivesse dormido durante o barulho propriamente dito.<br />“O que é tão engraçado?” Ela resmungou.<br />“Joguei comida no cabelo dela.” Eu disse a ela, gargalhando outra vez.<br />“Não vou esquecer isso, cachorro.” Rosalie sibilou.<br />“Não é tão difícil apagar a memória de uma loira.” Eu reagi. “Só sopre em seu ouvido.”<br />“Arrume algumas piadas novas.” Ela revidou.<br />“Vamos, Jake, deixe a Rosalie em p…” Bella parou no meio da frase e respirou com dificuldade. No mesmo segundo, Edward estava inclinado por cima de mim, tirando o cobertor do caminho. Ela pareceu ter uma convulsão, suas costas arqueando no sofá.<br />“Ele só está,” ela ofegou, “se esticando.”<br />Os lábios dela estavam brancos, e seus dentes cerrados, como se ela estivesse tentando conter um grito.<br />Edward colocou as duas mãos no rosto dela.<br />“Carlisle?” Ele chamou em uma voz baixa e tensa.<br />“Aqui.” O médico disse. Eu não o tinha escutado se aproximar.<br />“Certo” Bella disse, ainda respirando com dificuldade e superficialmente. “Acho que acabou. A pobre criança não tem espaço suficiente, é isso. Ele está ficando tão grande.”<br />Era muito difícil engolir aquele tom carinhoso que ela usava para descrever a coisa que a estava destruindo. Especialmente depois da frieza de Rosalie. Deu-me vontade de jogar algo em Bella também.<br />Ela não desconfiou do meu humor. “Sabe, ele me lembra você, Jake.” Ela disse - naquele tom amoroso - ainda sufocando.<br />“Não me compare com essa coisa.” Eu atirei por meus dentes.<br />“Eu só quis dizer seu crescimento acelerado.” Ela disse, como se eu a tivesse magoado. Ótimo. “Você cresceu muito depressa. Dava para ver você ficando mais alto a cada minuto. Ele também é assim. Crescendo tão rápido.”<br />Eu mordi a língua para não dizer o que eu queria dizer - forte o suficiente que eu senti gosto de sangue na boca. Claro que cicatrizaria antes que eu pudesse engolir. Era disso que a Bella precisava. Ser forte como eu, ser capaz de se curar…<br />Ela respirou mais calmamente e relaxou no sofá, seu corpo ficando mole.<br />“Hmm” Carlisle murmurou. Eu olhei para cima e os olhos dele estavam em mim.<br />“O quê?” perguntei.<br />A cabeça de Edward virou para o lado enquanto ele refletia o que quer que estivesse na cabeça de Carlisle.<br />“Sabe que eu estava me perguntando sobre a composição genética do feto, Jacob. Sobre os cromossomos dele.”<br />“O que tem?”<br />“Boom, levando as suas similaridades em consideração…<br />“Similaridades?” rosnei, não apreciando o plural.<br />“O crescimento acelerado, e o fato de que Alice não pode ver nenhum de vocês.”<br />Eu senti meu rosto ficar vazio. Eu tinha esquecido dessa outra coisa.<br />“Bem, eu me pergunto se isso significa que temos uma resposta. Se as similaridades estão no gene.”<br />“Vinte e quarto pares” Edward resmungou baixo.<br />“Você não sabe disso.”<br />“Não. Mas é interessante investigar.” Carlisle disse numa voz suave.<br />“É, realmente fascinante.”<br />O ronco leve de Bella começou de novo, dando ênfase ao meu sarcasmo.<br />Então eles começaram a discutir, com as palavras da conversa genética, tão rápidos que as únicas palavras que eu consegui distinguir foram os “as” e os “e”. E meu próprio nome, claro. Alice se juntou a eles, comentando uma vez ou outra em sua voz fina de passarinho.<br />Mesmo que eles estivessem falando sobre mim, eu não tentei entender as conclusões a que eles estavam chegando. Eu tinha outras coisas em mentes, alguns fatos que estava tentando compor.<br />Fato um, Bella tinha dito que a criatura estava protegida por alguma coisa tão forte quanto pele de vampiro, alguma coisa que era impenetrável para os ultra-sons, dura demais para agulhas. Fato dois, Rosalie tinha dito que eles tinham um plano para fazer o parto de modo seguro. Fato três, Edward tinha dito que - em mitos - outros monstros como esse iriam mastigar para poder sair das próprias mães.<br />Eu tremi.<br />E isso deu uma noção doentia, porque, fato quatro, não havia muitas coisas capazes de cortar uma pele de vampiro. Os dentes da coisa - de acordo com o mito - eram fortes o suficiente. Meus dentes eram fortes o suficiente.<br />E dentes de vampiros eram fortes o suficiente.<br />Era difícil deixar escapar o óbvio, mas com certeza eu queria ter deixado. Porque eu tinha uma boa idéia de como a Rosalie planejava tirar aquela coisa de modo seguro.<br /><br /><br />Capítulo 16 - ALERTA VERMELHO: MUITA INFORMAÇÃO<br /><br />Eu sai cedo, logo depois do nascer do sol. Só foi um pouco difícil dormir no sofá. Edward me acordou quando o rosto de Bella estava excitado, e ele tomou o meu lugar para esfriar as costas dela. Eu me espreguicei e decidi que estava descansado o bastante para realizar algum trabalho.<br />“Obrigado,” Edward disse calmamente, vendo meus planos. “Se a área estiver limpa eles vão essa noite.”<br />“Eu te deixarei saber.”<br />Eu me senti bem em voltar para meu lado animal. Eu estava já estava cansado de ter ficado parado por tanto tempo. Eu apressei o passo.<br />Dia, Jacob, Leah me cumprimentou.<br />Que bom que está acordada. Há quanto tempo Seth está por fora?<br />Ainda não estou Seth disse sonolentamente. Quase lá. Do que você precisa?<br />Você agüenta mais uma hora?<br />Claro, sem problemas. Seth levantou-se sobre seus pés, e espreguiçou-se.<br />Vamos correr rápido, eu disse para Leah. Seth marque o perímetro.<br />Combinado. Seth pegou a parte fácil.<br />Vá, oh mensageiro dos vampiros, Leah criticou.<br />Algum problema com isso?<br />É claro que não. Eu simplesmente adoro mimar aquelas queridas sanguessugas.<br />Ótimo. Vamos ver o quão rápido podemos correr.<br />Ok, eu definitivamente estou disposta a isso!<br />Leah correu na borda ocidental distante do perímetro. Antes que cortar perto da casa do Cullen, ela deu uma espécie de volta para encontrar comigo. Corri do Leste direto, sabendo que até no meu máximo, ela me passaria se eu abaixasse a guardo por um segundo sequer.<br />Menos, Leah, Isso não é uma corrida, é uma missão de reconhecimento.<br />Eu posso fazer os dois e ainda chutar a sua bunda.<br />Eu a deixei ganhar essa. Eu sei.<br />Ela riu.<br />Tomamos um caminho sinuoso pelas montanhas do Leste. Era uma via familiar. Tínhamos corrido por essas montanhas quando os vampiros tinham partido a um ano, nos fazendo mudar da nossa rota de patrulha para proteger melhor a gente daqui. Mas paramos quando os Cullens voltaram. Aquela terra era deles pelo tratado.<br />Não que isso significasse alguma coisa pro Sam agora.<br />O acordo estava morto. A questão hoje era o quão disposto ele estava para espalhar sua força. Ele estava esperando que algum Cullen descuidado entrasse nas terras deles clandestinamente ou não? Jared tinha falado a verdade ou tirado proveito do silencio entre nós?<br />Nós entrando mais e mais nas montanhas sem achar nenhum sinal do bando. Rastros de vampiros desapareciam por todos os lados, mas os cheiros eram familiares agora. Eu os estava respirando pelo dia todo.<br />Eu achei uma concentração grande e recente de um rastro em particular - todos indo e voltando daqui exceto por Edward. Alguma razão pelo acúmulo do cheiro deve ter sido esquecido quando Edward trouxe sua esposa grávida que estava morrendo para casa. Bati os dentes. O que quer que fosse não tinha nada a ver comigo.<br />Leah não quis me ultrapassar, embora ela pudesse agora. Eu estava prestando muito mais atenção nos novos cheiros do que à competição de velocidade. Ela continuou do meu lado direito, correndo comigo em vez de contra mim.<br />Estamos ficando bem longe - ela comentou.<br />É. Se Sam estava caçando alguém perdido, deveríamos ter cruzado com sua trilha a essa altura.<br />Agora faz, mas sentido para ele se abrigar em La Push - Leah pensou. Ele sabe que nós estamos dando aos sugadores de sangue três pares e olhos e pernas extras. Ele não vai ser capaz de pegar de surpresa.<br />Isso foi só uma precaução, sério.<br />Não iríamos querer nossos parasitas preciosos tendo riscos desnecessários.<br />Não - eu concordei, ignorando o sarcasmo.<br />Você mudou muito, Jacob. Coisa de 8-80.<br />Você não é exatamente a Leah que eu conhecia e amava, também.<br />Verdade. Eu sou menos irritante que Paul agora?<br />Por incrível que pareça… Sim.<br />Ah, como o sucesso é doce.<br />Parabéns.<br />Então corremos em silêncio de novo. Provavelmente era hora de voltar, mas nenhum de nós queria. Era bom correr assim. Nós estivemos olhando para o mesmo círculo pequeno de um rastro por tempo demais. Era bom esticar nossos músculos e correr pelo terreno duro. Não estamos com muita pressa, então eu pensei que talvez devêssemos comer na viagem de volta. Leah estava com bastante fome.<br />Mmm, mmm - ela pensou azeda.<br />É tudo coisa da sua cabeça - eu disse a ela. Esse é jeito que os lobos comem. É natural. É gosto é bom. Se você não pensasse da perspectiva humana…<br />Esqueça a conversa animadora, Jacob. Eu vou caçar. Não tenho que gostar.<br />Claro, claro - concordei facilmente. Não era da minha conta se ela queria deixar as coisas mais difíceis para si mesma.<br />Ela não acrescentou mais nada por alguns minutos. Eu comecei a pensar em virar.<br />Obrigada - Leah inesperadamente me disse em um tom muito diferente.<br />Por?<br />Por me deixar ser. Por me deixar ficar. Você tem sido mais legal do que eu tenho direito de merecer, Jacob.<br />Er, sem problemas. Na verdade, o que eu falo é sério. Não me importo em ter você por perto do jeito que achei que me importaria.<br />Ela fungou, mas era um som brincalhão. - Que admiração brilhante!<br />Não deixe isso entrar na sua cabeça.<br />Certo - se você não deixar entrar na sua. - Ela fez uma pausa por um segundo.<br />Acho que você é um bom Alfa, não do mesmo modo que Sam é, mas de sua própria maneira. Você está no seguinte valor, Jacob.<br />Minha mente passou escureceu com surpresa. Levei um segundo para me recuperar o suficiente para responder.<br />Er, obrigado. Não é absolutamente certo que eu compre essa idéia, apesar de que. De onde ela veio?<br />Ela não respondeu de imediato, e eu não tinha seguido as palavras, e sim a direção de seus pensamentos.<br />Ela estava pensando no futuro - sobre o que eu diria para o Jared de manhã. Sobre a forma como o tempo seria em breve, e que então, eu voltaria para a floresta. Sobre a forma como eu prometi que ela e Seth iriam retornar ao grupo quando o Cullens tiverem partido…<br />Eu quero ficar com você, ela me disse.<br />O choque foi como um tiro através das minhas pernas, travando as minhas articulações. Ela passou por mim como um sopro, e depois freou. Lentamente, ela caminhou de volta para onde eu estava congelado.<br />Não vou ser uma dor, eu juro, não vou seguir você de volta. Você pode ir onde você quiser, e eu vou chegar onde eu quero você só tem que se colocar a mim quando estivermos ambos com os lobos. Ela passeava para frente e para trás na minha frente, movendo a sua longa cauda cinza nervosa. E, como eu estou planejando em deixar o trabalho logo que eu possa manejar isto… Talvez não seja frequentemente<br />Eu não sei o que dizer.<br />Eu sou mais feliz agora, é uma parte do seu pacote, do que eu tenho sido em anos.<br />Eu quero ficar também. Seth disse em pensamento, calmamente. Eu não tinha percebido que ele estava prestando atenção em nós, ele percorreu a pouca distância. Eu gosto do grupo, também.<br />Hey! Seth, este não vai ser um grupo por mais muito tempo. Eu tentei colocar meus pensamentos em conjunto, de forma com que pudesse o convencer.<br />Nós temos um objetivo agora, mas quando… Quando isso terminar, eu estarei sendo apenas ‘um lobo’. Seth, você precisa de um propósito. Você é um bom aprendiz. Você é o tipo de pessoa que está sempre em uma cruzada. E não há nenhuma maneira que você venha a deixar La Push agora. Você vai se formar da escola secundária e vai fazer alguma coisa de sua vida. Você vai cuidar de Sue. Meus problemas não vão interferir no seu futuro.<br />Mas —-.<br />Jacob é justo, Leah destacou.<br />Você está de comigo?<br />É claro. Mas nada disso se aplica a mim. Eu estava no meu caminho para sair de qualquer maneira. Eu vou arrumar um emprego em algum lugar fora de La Push. Talvez fazer alguns cursos em algum colégio da comunidade. Fazer yoga e meditação para mudar meu trabalho com o temperamento em algumas questões…. E manter uma parte deste grupo para o bem do meu bem-estar mental. Jacob — você pode ver a base que faz sentido, certo? Não vou incomodar você, você não vai me incomodar, todo mundo fica feliz.<br />Eu me movimentei para trás, e comecei a me mover em passos longos em direção oeste.<br />Isto é um pouco demais para lidar com Leah. Permita-me pensar nisso um pouco mais?<br />Certo. Leve o tempo que quiser.<br />Levou-nos mais tempo para voltarmos a correr. Eu não estava concentrado na velocidade. Eu estava apenas tentando concentrar o suficiente para que eu não bater em uma árvore. Seth foi resmungando um pouco na parte de trás da minha cabeça, mas eu era capaz de ignorá-lo. Ele sabia que eu tinha razão. Ele não era doido para abandonar a sua mãe. Ele iria voltar a La Push e proteger a tribo como ele deveria.<br />Mas eu não podia ver Leah fazer isso. E isso era simplesmente assustador.<br />Um grupo de dois de nós? Não importava a distância física, eu não pude imaginar… A intimidade daquela situação. Eu desejei saber se ela realmente refletiu sobre isso, ou se ela apenas estava desesperada para ficar livre.<br />Leah não disse nada enquanto eu processava isso. Era como se ela estivesse tentando provar como seria fácil se fôssemos apenas nós.<br />Nós colidimos com um rebanho de cervo de rabo preto quando o sol estava surgindo, clareando as nuvens logo atrás de nós. Leah suspirou interiormente, mas não hesitou. A estocada dela foi limpa e eficiente - gracioso, até mesmo. Ela pegou o maior, o corço, antes do animal assustado entendesse completamente o perigo.<br />Para não exceder, eu abati o próximo maior cervo, quebrando depressa o pescoço dele entre minhas mandíbulas, assim ele não sentiria dor desnecessária. Eu poderia sentir desgosto de Leah em guerra com a fome dela, e eu tentei fazer isto mais fácil para ela deixando que o lobo em mim tomasse conta de minha ação. Eu tinha vivido totalmente como lobo bastante tempo para saber ser completamente o animal, ver do modo dele e pensar do modo dele. Eu deixei os instintos práticos assumirem, a deixando sentir isso, também. Ela hesitou durante um segundo, entretanto, temporariamente, ela parecia desligar-se de sua mente e tentar ver meu modo. Isso foi muito estranho - nossas mentes se uniram mais do alguma vez já tinham se unido, porque ambos estávamos tentando pensar junto.<br />Estranho, mas a ajudou. Os dentes dela cortaram o pêlo e pele do ombro de sua presa, rasgando um pedaço grosso de carne fora. Em lugar de recuar como os pensamentos humanos dela queriam, ela deixou seu lado lobo reagir instintivamente. Era uma coisa sem sentimento, uma coisa irrefletida. Isto a deixou comer em paz.<br />Era fácil eu fazer o mesmo. E eu estava alegre porque não tinha esquecido isto. Esta logo seria novamente minha vida.<br />Leah ia ser uma parte dessa vida? Uma semana atrás, eu teria achado essa idéia horripilante. Eu não estaria pronto para suportar isso. Mas eu a conheci melhor agora. E, aliviada da dor constante, ela não era a mesma loba. Não era a mesma garota.<br />Nós ficamos juntos até que ambos estivéssemos cheios.<br />Obrigado, ela me falou depois enquanto estava limpando o focinho patas na grama molhada. Eu não importei, há pouco tinha começado a chuviscar e nós teremos que nadar pelo rio novamente em nosso caminho de volta. Eu ficaria limpo o bastante.<br />Isso não foi tão ruim, pensando do seu modo.<br />De nada.<br />Seth estava se arrastando quando nós alcançamos o perímetro. Eu lhe disse para dormir um pouco; Leah e eu assumiríamos a patrulha. A mente de Seth tornou-se silenciosa apenas um segundo depois.<br />Você foi atrás dos sugadores de sangue? Leah perguntou.<br />Talvez.<br />É duro você estar lá, mas duro se afastar, também. Eu sei como é isso.<br />Sabe Leah, você poderia querer pensar um pouco sobre futuro, sobre o que você realmente quer fazer. Minha cabeça não vai ser o lugar mais feliz na terra. E você terá que sofrer sem parar comigo.<br />Ela pensou em como me responderia. Wow, isto vai soar ruim. Mas, honestamente, será mais fácil de lidar com sua dor do que enfrentar a minha.<br />Justo o bastante.<br />Eu sei que vai ser ruim para você, Jacob. Eu entendo isso - talvez melhor que você pensa. Eu não gosto dela, mas… Ela é seu Sam. Ela é tudo você quer e tudo o que você não pode ter.<br />Eu não pude responder.<br />Eu sei que isso é pior para você. Pelo menos, Sam está feliz. Pelo menos, ele está vivo e bem. Eu o amo o suficiente que eu quero isso. Eu quero que ele tenha o que é melhor pra ele. - ela suspirou - Eu só não quero ficar por perto para assistir.<br />Nós precisamos conversar sobre isso?<br />Eu acho que sim. Porque eu quero que você saiba que eu não farei isso pior pra você. Bem, talvez eu até ajude. Eu não nasci uma megera sem compaixão. Eu costumava ser bondosa, você sabe.<br />Minha memória não vai tão longe assim.<br />Nós dois rimos uma vez.<br />Sinto muito sobre isso, Jacob. Sinto muito que esteja sofrendo. Sinto muito que esteja pior e não melhor.<br />Obrigado, Leah.<br />Ela pensou nas coisas que estavam piores, nas cenas negras na minha cabeça, enquanto eu tentava a afastar, sem muito sucesso. Ela era capaz de olhá-las com alguma distância, alguma perspectiva, e eu tinha que admitir que isso era útil. Eu podia imaginar que talvez fosse capaz de ver dessa forma também, em alguns anos.<br />Ela viu o lado engraçado das irritações diárias que vinham por andar por aí com vampiros. Ela gostou da minha provocação com Rosalie, rindo internamente e até passando algumas piadas de loiras em sua mente, que eu poderia ser capaz de usar. Mas então seus pensamentos tornaram-se sérios, hesitando no rosto de Rosalie de uma forma que me confundiu.<br />Você sabe o que é louco? - ela perguntou.<br />Bem, quase tudo é louco agora. Mas o que você quer dizer?<br />Aquela vampira loira que você odeia tanto - eu entendi totalmente a perspectiva dela.<br />Por um segundo, eu pensei que ela estava fazendo uma piada de mau gosto. E então, quando eu percebi que ela estava falando sério, a fúria que passou por mim foi difícil de controlar. Foi bom que nós estivéssemos separados correndo na nossa vigília.<br />Espere! Deixe-me explicar.<br />Não quero ouvir. Estou fora daqui.<br />Espere! Espere! - ela implorou enquanto eu tentava me acalmar o suficiente para me transformar de volta - Vamos, Jake!<br />Leah, esse não é o melhor jeito de me convencer que eu que quero passar mais tempo com você no futuro.<br />Nossa! Que reação exagerada. Você nem sabe sobre o que estou falando.<br />Então sobre o que você está falando?<br />E então, de repente, ela era a Leah amargurada de antes. - Eu estou falando sobre ser um beco sem saída genético, Jacob.<br />A crueldade na beira de suas palavras me deixou atrapalhado. Eu não esperava ter minha raiva vencida.<br />Eu não entendo.<br />Você entenderia se não fosse exatamente como o resto deles. Se minhas “coisas femininas” - ela pensou nas palavras com um tom sarcástico, duro - não mandassem você correndo se esconder como qualquer homem estúpido, então você poderia realmente prestar atenção ao que isso tudo significa.<br />Oh.<br />Sim, então nenhum de nós gostava de pensar nessas coisas com ela. Quem gostaria? Claro que me lembrei do pânico de Leah, naquele primeiro mês após ela ter se juntado ao bando - e de ter me encolhido disso como todo mundo. Porque ela não poderia estar grávida - a não ser que alguma esquisita imaculada besteira religiosa acontecesse. Ela não tinha estado com ninguém desde o Sam. E então, quando as semanas se arrastaram e nada mais aconteceu, ela percebeu que o corpo dela não estava mais seguindo os padrões normais. O horror - o que era ela agora? Teria o corpo dela mudado por que ela havia se tornado um lobisomem? Ou ela teria se tornado um lobisomem porque seu corpo não estava normal? A única lobisomem fêmea desde sempre. Seria aquilo por ela não ser tão feminina como deveria ser?<br />Nenhum de nós queria lidar com aquele colapso. Obviamente, não poderíamos ter a menor empatia com aquilo.<br />Você sabe por que Sam pensa que nós tivemos uma impressão, ela pensou mais calma agora.<br />Claro. Para manter a linhagem.<br />Exato. Para fazer um bando de novos lobisomenzinhos. A sobrevivência da espécie, garantia genética. Você está designado para a pessoa que lhe dá as melhores chances de continuar os genes lupinos.<br />Esperei até que ela me dissesse aonde ela queria chegar com tudo isso.<br />Se eu fosse boa nisso, Sam teria sido designado para mim.<br />Sua dor era tanta que me deixou imóvel.<br />Mas eu não sou. Há algo errado comigo. Aparentemente eu não tenho a habilidade para continuar o gene, apesar da minha alta linhagem de sangue. Então eu me tornei uma aberração - a lobinha - que não serve para nada. Eu sou o fim de uma linha genética e nós dois sabemos disso.<br />Nós não sabemos, Eu retruquei com ela. Esta é apenas a teoria de Sam. Impressões acontecem, mas não sabemos o motivo. Billy acha que pode ser algo mais.<br />Eu sei, eu sei. Ele acha que você tem impressões para criar lobisomens mais fortes. Porque você e Sam são dois monstros enormes - maiores que nossos pais. Mas, de qualquer forma, Eu ainda não sou uma candidata. Eu… Eu estou na menopausa. Tenho vinte anos de idade e estou na menopausa.<br />Ugh. Eu não queria ter essa conversa de jeito nenhum. Você não sabe nada sobre isso Leah. Provavelmente é algo com essa coisa de estar parada no tempo.<br />Quando você deixar de ser lobisomem e voltar a envelhecer eu tenho certeza que as coisas irão.. Er… Voltar ao normal.<br />Eu poderia pensar assim-exceto pelo fato de ninguém ter impressões comigo, apesar do meu excelente pedigree. Você sabe, ela complementou atenciosamente, se você não estivesse por perto, Seth provavelmente teria o maior apelo para ser Alfa - pelo do seu sangue, pelo menos. Claro que ninguém jamais me levaria em consideração…<br />Você realmente quer ter uma impressão, ou sofrer uma impressão, ou qualquer um dos dois.<br />Eu exigi uma resposta. O que há de errado em sair e se apaixonar como uma pessoa normal, Leah? Ter impressões é apenas mais um meio de ter suas decisões tiradas de suas mãos.<br />Sam, Jared, Paul, Quil… Ele não parecem se importar.<br />Nenhum deles tem mente própria.<br />Você não quer ter uma impressão?<br />Que inferno, não!<br />Isso é simplesmente porque você já está apaixonado por ela. Isso passa você sabe, se você tiver uma impressão. Você não teria que sofrer por ela nunca mais.<br />Você quer esquecer o que sente pelo Sam?<br />Ela pensou por um instante. Eu acho que sim.<br />Eu suspirei. Ela estava em uma situação mais saudável que a minha.<br />Mas, voltando ao ponto inicial, Jacob. Eu sei por que a sua vampira loira é tão fria - falando em um modo figurativo. Ela está concentrada. Ela mantém os olhos na recompensa, certo? Por que você sempre quer o que você jamais pode ter.<br />Você faria como Rosalie? Você assassinaria alguém - porque é isso o que ela está fazendo, tendo certeza de que ninguém irá interferir na morte de Bella - você faria isso para ter um bebê? Desde quando você é uma reprodutora?<br />Eu apenas quero as opiniões que eu não tenho Jacob. Talvez, se não tivesse nada de errado comigo, eu jamais pensaria nisso.<br />Você mataria por isso? Eu exigi uma resposta, não deixando ela escapar de minha indagação.<br />Ela não está fazendo isto. Eu penso que é mais como se ela estivesse vivendo através de Bella uma experiência que não pode ter. E… Se Bella me pedisse para ajudá-la com isto… Ela parou por um momento, pensativa. Mesmo apesar de eu não pensar muito nela, eu provavelmente faria o mesmo que o chupador-de-sangue.<br />Um rosnar intenso escapou por entre meus dentes.<br />Porque, se fosse o contrário, eu gostaria que Bella fizesse o mesmo por mim. E Rosalie também. Nós duas faríamos dessa maneira.<br />Ugh. Você é má como elas!<br />Essa é a graça de saber que você não pode ter algo… Isso o deixa desesperado.<br />E… Este é o meu limite. Bem aqui. A conversa acabou.<br />Ótimo.<br />Não era o bastante ela ter acordado em parar. Eu queria terminar de uma maneira mais forte.<br />Eu estava cerca de uma milha longe de onde havia deixado minhas roupas, então eu me transformei de volta em humano e fui andando. Eu não pensei sobre a nossa conversa. Não porque não havia nada a se pensar, mas porque eu não podia suportar.<br />Eu não veria as coisas daquela maneira - mas foi difícil de evitar quando Leah colocou os pensamentos e emoções dentro da minha cabeça.<br />Sim, eu não estava correndo com ela quando isso tinha acabado.<br />Ela podia ser miserável em La Push. Uma ordenzinha Alfa antes de partir não mataria ninguém.<br />Era bem cedo quando eu cheguei a casa. Bella provavelmente ainda dormia. Eu pensei em dar uma olhada, ver o que estava acontecendo, dar-lhes o sinal verde para caçarem e, então achar um gramado suave o bastante para dormir enquanto estava em forma humana. Eu não havia me transformado até Leah adormecer.<br />Mas havia um burburinho do lado de dentro da casa, então talvez Bella não estivesse dormindo. E então eu ouvi o som das maquinas no segundo andar novamente - o raio-x? Ótimo. Parecia que o quarto dia da contagem regressiva estava começando com tudo.<br />Alice abriu a porta para mim antes que eu mesmo entrasse.<br />Ela acenou. “Hey, Lobo”<br />“Hey, baixinha. O que está acontecendo lá em cima?” O salão estava vazio, todos os murmúrios vinham do segundo andar.<br />Ela encolheu seus ombrinhos miúdos. “Talvez outra pausa” Ela tentou dizer as palavras naturalmente, mas eu pude ver as faíscas bem atrás dos seus olhos. Edward e eu não éramos os únicos esquentando com isso. Alice amava Bella, também.<br />“Outra costela?” Perguntei roucamente.<br />“Não, a pélvis desta vez.”<br />Engraçado como isso continuava a me atingir, como se cada novidade fosse uma surpresa. Quando eu deixaria de me surpreender? Cada novo desastre parecia um tanto óbvio, momentos depois.<br />Alice fitava minhas mãos, observando-as tremer.<br />Então nós estávamos ouvindo a voz de Rosalie no andar de cima.<br />“Viu, eu te disse que não ouvi um crack. Você precisa examinar seus ouvidos Edward.”<br />Não houve resposta.<br />Alice fez uma cara. “Edward vai acabar fazendo picadinho de Rose, eu acho. Eu estou surpresa que ela não perceba isso. Ou talvez ela pense que Emmett seja capaz de impedi-lo.”<br />“Eu seguro o Emmett,” me ofereci. “Você pode ajudar Edward com a parte do picadinho.”<br />Alice deu um meio sorriso.<br />A procissão desceu as escadas - Edward estava carregando a Bella dessa vez.<br />Ela estava segurando o copo de sangue com as duas mãos agora, o rosto branco. Eu podia ver que, embora ele virasse o corpo para cada movimento que ela fizesse, tentando não movê-la demais, ela ainda estava com dor.<br />- Jake - ela sussurrou, e sorriu apesar da dor.<br />Eu a encarei sem dizer nada.<br />Edward colocou Bella cuidadosamente no sofá e sentou no chão perto de sua cabeça. Eu me perguntei por que eles não a deixaram lá em cima, e então decidi que deve ter sido idéia da Bella. Ela gostaria de agir como se as coisas estivessem normais, evitar um hospital. E ele a estava distraindo. Naturalmente.<br />Carlisle desceu lentamente, por último, seu rosto enrugado de preocupação. Isso o fez parecer velho o suficiente para ser um médico, pelo menos uma vez.<br />- Carlisle - eu disse. - Nós fomos quase até Seattle. Não há sinal do bando. Vocês estão prontos para ir.<br />- Obrigado, Jacob. A hora é boa. Precisamos de muita coisa. - Seus olhos escuros se viraram para o copo que Bella estava segurando com força.<br />- Honestamente, eu acho que é seguro levar mais do que três. Tenho certeza de que Sam está se concentrando em La Push.<br />Carlisle assentiu. Surpreendeu-me a boa vontade com que ele aceitou meu conselho. - Se você acha. Alice, Esme, Jasper e eu iremos. Então Alice pode levar Emmett e Rosa…<br />- Sem chance. - Rosalie sibilou. - Emmett pode ir com você agora.<br />- Você devia caçar. - Carlisle disse numa voz gentil.<br />O tom que ele usou não abrandou o dela. - Eu irei caçar quando ele for. - ela virando a cabeça na direção de Edward e então jogando o cabelo para trás.<br />Carlisle suspirou.<br />Jasper e Emmett desceram as escadas em um lampejo e Alice se juntou a eles na porta de vidro dos fundos no mesmo segundo. Esme voou rapidamente para o lado de Alice.<br />Carlisle colocou a mão no meu braço. O toque gelado não foi bom, mas eu não me afastei. Fiquei parado metade surpreso e metade por não querer magoá-lo.<br />- Obrigado - ele disse de novo e então se lançou porta a fora com os outros quatro. Meus olhos os seguiram enquanto eles atravessavam o quintal e desapareceram antes que eu pudesse respirar outra vez. A necessidade deles devia ser mais urgente do que eu tinha imaginado.<br />Não houve barulho algum por um minuto. Eu podia sentir alguém me encarando, e eu sabia que devia ser. Eu estava planejando ir embora e comer algo, mas a chance de estragar a manhã de Rosalie era boa demais para ser desperdiçada.<br />Então eu vaguei até a poltrona perto da que Rosalie estava sentada, me esparramando de modo que a minha cabeça estivesse na direção de Bella e meus pés perto do rosto de Rosalie.<br />- Credo. Alguém soltou o cachorro. - ela murmurou, retorcendo o nariz.<br />- Já escutou essa, sua psicopata? Como que as células cerebrais de uma loira morrem?<br />Ela não disse nada.<br />- Então? - eu perguntei. - Sabe o final da piada ou não?<br />Ela olhou concentrada na televisão e me ignorou.<br />- Ela já ouviu? - eu perguntei a Edward.<br />Não havia humor no rosto tenso dele - ele não moveu os olhos de Bella. Mas respondeu. - Não.<br />- Maravilha. Então você vai gostar dessa, sugadora de sangue. Uma célula cerebral de uma loira morre sozinha.<br />Rosalie ainda não olhou para mim. - Eu já matei cem vezes mais que você, sua besta nojenta. Não se esqueça disso.<br />- Algum dia, Rainha da Beleza, você vai cansar de só me ameaçar. Mal posso esperar por esse dia.<br />- Chega Jacob. - Bella disse.<br />Eu olhei para baixo, e ela estava me olhando com uma cara feia. Parecia que o bom humor de ontem tinha ido pra muito longe.<br />Bem, eu não queria incomodá-la. - Quer que eu vá embora? - eu ofereci.<br />Antes que eu pudesse ficar esperançoso - ou com medo - que ela finalmente tivesse cansado de mim, ela piscou, e a cara feia desapareceu. Ela parecia completamente chocada que eu tinha chegado àquela conclusão. - Não! Claro que não.<br />Eu suspirei, e escutei Edward suspirar muito baixo também. Eu sabia que ele queria que ela tivesse ficado cansada de mim também. Que pena que ele nunca pediu a ela que fizesse nada que a deixasse infeliz.<br />- Você parece cansado. - Bella comentou.<br />- Morto, como se tivesse apanhado. - eu admiti.<br />- Eu gostaria de te bater até a morte. - Rosalie murmurou baixo demais para Bella escutar.<br />Eu afundei mais na cadeira, ficando confortável. Meus pés descalços balançaram para mais perto de Rosalie, e ela fungou. Alguns minutos depois, Bella pediu a Rosalie um refil. Eu senti o vento quando Rosalie subiu as escadas para pegar mais sangue. Ficou muito quieto. Melhor tirar um cochilo, eu imaginei.<br />E então Edward disse: - Você falou alguma coisa? - em um tom perturbado. Estranho. Porque ninguém tinha dito nada, e porque a audição de Edward era tão boa quanto a minha, e ele devia saber disso.<br />Ele estava olhando para Bella, e ela estava olhando de volta. Os dois pareciam confusos.<br />- “Eu?” ela perguntou depois de um segundo “Eu não disse nada”.<br />Ele se ajoelhou, se inclinando sob ela, a expressão inesperadamente intensa de um jeito diferente. Seus olhos escuros se concentraram no rosto dela.<br />- Sobre o que você está pensando agora?<br />Ela o olhou inexpressivamente. - Nada. O que está havendo?<br />- Sobre o que você estava pensando um minuto atrás? - ele perguntou.<br />- Só… A ilha de Esme. E penas.<br />Parecia só tagarelice para mim, mas então ela corou, e eu achei que era melhor ficar sem saber.<br />- Diga mais alguma coisa. - ele sussurrou.<br />- Como quê? Edward, o que está acontecendo?<br />O rosto dele mudou novamente e ele fez algo que fez minha boca se abrir com um estalo. Eu escutei uma arfada atrás de mim e soube que Rosalie tinha voltado, e estava tão pasma quanto eu.<br />Edward, muito levemente, colocou as duas mãos do estômago enorme e dura dela.<br />- Essa c… - ele engoliu. - Isso… O bebê gosta do som de sua voz.<br />Houve um curto momento de silencio total. Eu não podia mover um músculo, nem piscar. Então…<br />- Caramba, você consegue escutá-lo! - Bella gritou. No segundo seguinte, ela recuou.<br />A mão de Edward se moveu até o topo de sua barriga e gentilmente acariciou a mancha aquilo devia tê-la chutado.<br />“Shhh”, ele murmurou. “Você assustou isso… ele”.<br />Seus olhos se tornaram totalmente arregalados e cheios de dúvida. Ela deu um tapinha no lado de seu estômago. “Desculpe bebê”<br />Edward ouvia com dificuldade, sua cabeça inclinada na direção da protuberância.<br />“O que ele está pensando agora?”, ela demandou ansiosa.<br />“Isso… ele ou ela está…” ele parou e olhou nos olhos dela. Seus olhos estavam cheios de algo como admiração - só que mais receosos e de má vontade. “Ele está feliz”. Edward disse, em uma voz incrédula.<br />Ela prendeu o fôlego, e era impossível não perceber o vislumbre em seus olhos. A adoração e a devoção. Grandes e gordas lágrimas escorreram de seus olhos e silenciosamente desceram por sua face até seus lábios sorridentes.<br />Quando ele a olhou, sua expressão não estava aterrorizada, ou zangada ou em chamas, ou nenhuma das outras expressões que ele adquirira desde seu retorno. Ele estava se maravilhando com ela.<br />“Claro que você está feliz, bebê lindinho, claro que você está”, ela cantarolou, enquanto lágrimas lavavam suas bochechas. “Como você poderia não estar, estando a salvo, quentinho e amado? Eu te amo tanto, pequeno E.J., claro que você está feliz”.<br />“Do que você o chamou?”, Edward perguntou curioso.<br />Ela corou novamente. “Eu meio que dei um nome a ele. Eu não achei que você ia querer… bem, você sabe.”<br />“E.J.?”<br />“O nome do seu pai era Edward também.”<br />“Sim, era. O que-?”. Ele parou e então disse “Hmmm”.<br />“O que?”<br />“Ele gosta da minha voz também”.<br />“Claro que ele gosta”. Seu tom era quase regozijante agora. “Você tem a voz mais linda do universo. Quem não gostaria dela?”.<br />“Vocês tem um plano B?”, Rosalie perguntou, se levantando de trás do sofá com o mesmo olhar duvidoso, de regozijo de Bella em seu rosto. “E se ele for ela?”<br />Bella passou as costas das mãos pelos olhos úmidos. “Eu pensei em algumas coisas aleatórias. Brincando com Renée e Esme. Estive pensando… Ruh-nez-may (como se pronuncia)“.<br />“Ruh-nez-may?”<br />“R-e-e-n-e-e-s-m-e. Muito estranho?”<br />“Não, eu gostei”, Rosalie assegurou. Suas cabeças estavam juntas, dourado e mogno. “É lindo, e de criança, então isso serve.”<br />“Ainda acho que ele é um Edward.”<br />Edward estava encarando o nada, sua face branca enquanto ele escutava.<br />“O que?”, Bela perguntou, seu rosto simplesmente brilhando. “O que ele está pensando agora?”.<br />De inicio, ele não respondeu e então - chocando todo o resto de nós mais uma vez, três diferentes e separados sobressaltos - ele deitou sua orelha carinhosamente contra a barriga dela.<br />“Ele te ama”, Edward suspirou, soando pasmo. “Ele absolutamente adora você.”<br />Nesse momento, eu sabia que estava sozinho. Completamente sozinho.<br />Eu queria me chutar quando percebi o quanto eu estive contando com aquele vampiro repugnante. Que estupidez - como se pudéssemos confiar em uma sanguessuga! Claro que ele ia me trair no final.<br />Eu tinha contado com ele ao meu lado. Eu tinha contado com ele para sofrer mais do que sofri. E, acima de tudo, eu tinha contado com ele para odiar aquela revoltante coisa que estava matando a Bella mais do que eu odiava aquilo.<br />Eu tinha confiado isso a ele.<br />Agora eles estavam juntos, os dois inclinados para o mostro invisível que crescia, com seus olhos brilhantes como uma família feliz.<br />E eu estava sozinho com meu ódio e dor que era tão ruim que era como se eu estivesse me torturando. Como se eu estivesse sendo arrastado lentamente por uma cama feita de navalhas. Doía tanto que você aceitaria a morte com um sorriso só para se ver longe disso.<br />O calor destravou os meus músculos congelados, e me pus em pé.<br />Todos as três as cabeças viraram para cima, e eu vi a minha onda de dor passar pelo rosto de Edward assim que ele entrou em minha cabeça de novo.<br />“Ahh,” ele engasgou.<br />Eu não sabia o que eu estava fazendo; parado ali, tremendo, pronto para fugir na primeira maneira que eu conseguisse pensar.<br />Se movendo como um golpe de cobra, Edward lançou-se a uma pequena mesa e pegou algo da gaveta. Ele lançou-o em mim, e peguei o objeto em um reflexo.<br />“Vá, Jacob. Dê o fora daqui.” Ele não me disse isso de forma áspera. - ele lançou as palavras para mim como se fosse para preservar minha vida. Ele estava me ajudando a achar a saída que eu estava morrendo para achar.<br />O objeto em minha mão eram as chaves de um carro.<br /><br />Capítulo 17 – Com o que eu pareço? O Mágico de OZ? Você precisa de um cérebro? Você precisa de um coração? Vá em frente. Pegue o meu. Pegue tudo que eu tenho.<br /><br />Eu meio que tinha um plano enquanto eu corria para a garagem dos Cullen. A segunda parte disso era a adição do carro do sugador de sangue no meu caminho de volta.<br />Então eu estava em ruínas quando eu esmaguei o botão do controle remoto, e não foi o volvo que bipou e jogou suas luzes em mim. Foi outro carro - um carro proeminente, mesmo junto daqueles carros que eram todos praticamente “de se babar” em seu próprio modo.<br />Ele realmente quis me dar as chaves de um Aston Martin Vanquish ou isso foi um acidente?<br />Eu não parei para pensar sobre isso, ou se isso mudaria a segunda parte do meu plano. Eu simplesmente me joguei dentro do banco de couro macio e liguei o motor enquanto meus joelhos ainda estavam amassados embaixo do volante. O rugido do motor talvez me fizesse lamentar em algum outro dia, mas agora tudo o que eu podia fazer era me concentrar o suficiente para poder dirigir.<br />Eu achei o lugar do cinto e encostei-me ao banco enquanto meu pé forçava o pedal para baixo. Pareceu que o carro voou enquanto avançava.<br />Levou só alguns segundos para passar pela curva fechada. O carro respondia a mim como se meus pensamentos estivessem dirigindo e não minhas mãos. Quando eu passei do túnel verde para a rodovia, eu peguei um reflexo curto do rosto cinza de Leah, espiando pelas samambaias.<br />Por meio segundo, eu e perguntei o que ela tinha pensando, e então eu percebi que não me importava.<br />Virei para o sul, porque hoje não tinha paciência para cruzamentos, transito ou qualquer outra coisa que me fizesse tirar o pé do acelerador.<br />De um jeito doentio, esse era meu dia de sorte. Isso se por sorte você entende dirigir em uma rodovia a 200 km/h mais ou menos e não ver nenhum policial, mesmo no limite de 50 km/h que seguravam os carros dessa cidade. Que decepção. Uma perseguiçãozinha teria sido legal, sem falar que a informação da placa iria multar o parasita. Claro, ele subornaria o policial para se livrar da situação, mas podia ter sido um pouco inconveniente para ele.<br />O único sinal de vigilância pelo qual passei foi só um lampejo de pêlos marrons passando pelas árvores, correndo paralelamente a mim por alguns quilômetros no lado sul de Forks. Quil, me pareceu. Ele deve ter me visto também, porque desapareceu depois de um minuto sem dar um aviso.<br />Novamente, eu estava me indagando qual seria a história dele antes de me lembrar que eu não me importava.<br />Eu corri em uma rodovia em forma de U, indo para a maior cidade que eu poderia achar. Essa era a primeira parte do meu plano.<br />Pareceu que ia durar para sempre, provavelmente porque eu ainda estava me apoiando nos escudos da razão, mas na realidade não levou mais que duas horas até que eu estivesse dirigindo para o norte, rumo à expansão indefinida que era parte Tacoma e parte Seattle. Eu diminuí a velocidade então, porque eu realmente não estava tentando matar algum pedestre inocente.<br />Este era um plano estúpido. Não iria funcionar. Mas, assim que eu vasculhei minha mente atrás de qualquer maneira de fugir da dor, o que Leah disse hoje ressurgiu.<br />Deveria ir embora, você sabe, se você teve a impressão. Você não deveria ter que machucá-la nunca mais.<br />Pareceu-me que, talvez, alguém pegando suas escolhas e jogando-as longe de você não era a pior coisa no mundo. Talvez esse sentimento deste jeito fosse a pior coisa no mundo.<br />Mas, eu vi todas as garotas de La Push e até mesmo Makah e de Forks. Eu precisava de um maior raio de caça.<br />Então, como você procura sua aleatória alma-gêmea no meio da multidão? Bem, primeiro, eu precisava de uma multidão. Então no meio de uma, procurando por um provável reconhecimento. Eu passei por uns shoppings, os quais seriam ótimos para encontrar garotas da minha idade, mas eu não consegui me fazer parar. Eu queria ter a impressão com alguma garota que ficava o dia inteiro em um shopping?<br />Eu continuei indo para o norte, e foi ficando cada vez mais cheio. Eventualmente, achei um grande parque lotado de crianças e família e skates e bicicletas e pipas e piqueniques e mais de tudo um pouco. Eu não havia percebido até agora - era um dia lindo. Sol e tudo mais. Pessoas ao ar livre celebrando o céu azul.<br />Eu estacionei do outro lado de duas vagas para deficientes - apenas implorando por um bilhete - e me juntei à multidão.<br />Andei em círculos pelo que pareceram horas. Tanto que o sol havia mudado de lado no céu. Comecei a lembrar o rosto de cada menina que havia passado em qualquer lugar próximo a mim, forçando a mim mesmo a olhar realmente, reparando em quem era bonita e que tinha os olhos azuis, e que ficava bem de braceletes, e quem se maquiou de mais. Tentei achar alguma coisa interessante em cada rosto, e então eu poderia ter certeza de que realmente tentei. Coisas como: esta aqui tem realmente um nariz reto; aquela deveria tirar os cabelos da frente dos olhos; esta aqui deveria fazer anúncios de batom e se o resto da face fosse perfeito como os lábios…<br />Ás vezes, algumas retribuíram meu olhar. Ás vezes pareciam assustadas - como se estivessem pensando, Quem é este maluco grande que fica me encarando? Algumas vezes pensei que elas olhavam com algum interesse, mas talvez fosse apenas meu ego correndo selvagem.<br />De qualquer maneira, nada. Mesmo quando eu encontrei os olhos da garota que era - sem competição - a garota mais gostosa no parque e provavelmente na cidade, e ela encarou-me de volta com ares de quem parecia interessada, não senti nada. Apenas o mesmo desespero em dirigir e achar uma rota para fugir da dor.<br />Conforme o tempo foi passando, eu percebi todas as coisas erradas. Coisas da Bella. Esta tinha o cabelo da mesma cor. Os olhos moldados do mesmo jeito. Os ossos da bochecha atrás da face exatamente do mesmo jeito. A mesma ruga entre os olhos - que me fazia imaginar sobre o que ela estava preocupada…<br />Foi quando resolvi desistir. Porque era além da estupidez pensar que eu estava exatamente no lugar e na hora certa e eu iria apenas caminhar ao encontro da minha alma-gêmea só porque eu estava desesperado para fazê-lo.<br />Não teria sentido achar ela aqui, de qualquer maneira. Se Sam tivesse razão, o melhor lugar para achar meu par genético seria em La Push. E, claramente, ninguém lá servia. Se Billy tivesse razão, então quem sabe? O que foi feito para um lobo mais forte?<br />Eu vaguei de volta ao carro e então tombei contra o capô e brinquei com as chaves.<br />Talvez eu fosse o que Leah pensou que ela era. Alguma espécie de beco sem saída em que minha vida era uma grande, cruel piada, e não havia como escapar disso.<br />“Ei, você está bem? Oi? Você aí, com o carro roubado.”<br />Levou-me um segundo perceber que a voz estava falando comigo, e então outro segundo para decidir levantar minha cabeça.<br />Uma menina parecendo familiar estava me encarando, com a expressão meio ansiosa. Eu soube porque eu reconheci a face dela - eu já tinha catalogado esta aqui. Cabelo vermelho-ouro claro, pele clara, algumas sardas ouro-coloridas espalhadas pelas bochechas e nariz, e olhos cor de canela.<br />“Se você está sentindo remorso por roubar o carro,” ela disse, sorrindo de forma que uma covinha aparecia no queixo dela, “você sempre poderá se entregar.”<br />“É emprestado, não roubado,” eu repreendi.<br />Minha voz soou horrível - como se eu estivesse chorando ou algo. Embaraçoso.<br />“Certo, isso te salvará no tribunal.”<br />Eu fiz uma carranca. “Você precisa de algo?”<br />“Não realmente. Eu estava brincando sobre o carro, você sabe. É só que… Você realmente parece aborrecido com algo. Oh, ei, eu sou Lizzie”. Ela ofereceu a mão dela.<br />Eu olhei para a mão estendida até que ela a deixou cair.<br />“De qualquer maneira…” ela disse sem jeito, “eu apenas desejava saber… se eu podia ajudar. Pareceu que você estava procurando por alguém antes.” - Ela gesticulou em direção ao parque e encolheu os ombros.<br />“Sim.”<br />Ela esperou.<br />Eu suspirei. “Eu não preciso de ajuda. Ela não está aqui.”<br />“Oh. Sinto muito.”<br />“Eu também.” eu murmurei.<br />Eu olhei para a garota novamente. Lizzie. Ela era bonita. Bastante gentil para tentar ajudar um estranho resmungão que devia parecer doido. Por que ela não poderia ser a escolhida? Por que tudo tinha que ser tão estranhamente complicado? Uma garota agradável, bonita e meio engraçada. Por que não?<br />“Esse é um carro bonito,” ela disse. “É realmente uma pena que não façam mais dele. Eu quero dizer, a modelagem da estrutura de Vantage é linda também, mas tem alguma coisa sobre o Vanquish…”.<br />Garota legal que conhece carros. Wow. Eu a encarei mais duramente, desejando que eu soubesse como fazer isso funcionar. Vamos, Jake! - impressão agora.<br />“Como é dirigir?” ela perguntou.<br />“Como você não imaginaria.” eu disse a ela.<br />Ela deu aquele seu sorriso, claramente satisfeita de ter arrancado uma meia resposta gentil de mim, e eu dei a ela um relutante sorriso de volta.<br />Mas o sorriso dela não ajudou quanto à dor, lâminas cortantes que raspavam meu corpo para cima e para baixo. Não importava quanto eu queria, minha vida não iria se arrumar assim.<br />Eu não estava naquele lugar saudável ao que Leah se conduzia. Eu não estava sendo capaz de me apaixonar como uma pessoa normal. Não enquanto eu estava sangrando por outra pessoa. Talvez - se isso fosse em dez anos e o coração de Bella estivesse morto e eu tivesse passado por todo o processo de me afligir e sair inteiro de novo - então, talvez, eu pudesse oferecer para a Lizzie uma carona em um carro rápido e fazer planos, e conhecê-la um pouco e ver se eu gostaria dela como pessoa. Mas isso não ia acontecer agora.<br />Magia não ia me salvar. Eu teria que agüentar a tortura como um homem. Engolir isso.<br />Lizzie esperou, talvez esperando que eu oferecesse aquela carona. Ou talvez não.<br />“Acho melhor eu devolver esse carro de quem eu peguei emprestado”, eu murmurei.<br />Ela sorriu de novo. “É bom saber que você está indo no caminho certo.”<br />“Sim, você me convenceu.”<br />Ela me olhou entrar no carro, ainda meio que preocupada. Eu provavelmente parecia com alguém que estava prestes a se jogar de um precipício. Algo que eu provavelmente faria, se esse tipo de coisa funcionasse com um lobisomem. Ela acenou uma vez, seguindo o carro com os olhos.<br />No início, eu dirigi um pouco mais são no caminho de volta. Não estava com pressa. Eu não queria ir onde estava indo. De volta para aquela casa, de volta para aquela floresta. De volta a dor da qual eu tinha fugido. De volta a estar totalmente sozinho com aquilo.<br />Certo, isso foi melodramático. Eu não estaria totalmente sozinho, mas isso era ruim. Seth e Leah teriam que sofrer comigo. Eu estava feliz que Seth não teria que sofrer por muito tempo. A criança não merecia ter a paz de sua mente arruinada. A Leah também não merecia, mas pelo menos isso era algo que ela entendia. Nenhuma dor nova para a Leah.<br />Eu suspirei profundamente quando pensei no que a Leah queria de mim, porque agora eu sabia que ela ia conseguir. Eu ainda estava bravo com ela, mas não podia ignorar o fato que eu podia fazer sua vida mais fácil. E - agora que eu a conhecia melhor - eu achei que ela provavelmente faria isso por mim, se as posições estivessem trocadas.<br />Isso seria interessante, no mínimo, e estranho também, ter Leah como companhia - como amiga. Nós com certeza nos sentiríamos um no lugar do outro com muita freqüência. Ela não seria alguém que me deixaria socar, mas pensei que isso era uma coisa boa. Acho que na verdade, ela era realmente a única amiga com quaisquer chances de entender pelo que eu estava passando.<br />Pensei sobre a caçada dessa manhã, e como nossas mentes estavam próximas naquele único momento no tempo. Não foi algo ruim. Diferente. Um pouco estranho um pouco assustador. Mas também bom, de um jeito esquisito.<br />Eu não tinha que estar completamente sozinho.<br />E eu sabia que a Leah era forte o suficiente pra encarar comigo os meses que viriam. Meses e anos. Fiquei cansado só de pensar sobre isso. Senti-me como se estivesse parado em um oceano que eu teria que nadar de cais a cais antes de poder descansar novamente.<br />Tanto tempo por vir, e então, tão pouco tempo antes que isso começasse. Antes que eu fosse arremessado naquele oceano. Três dias e meio a mais, e aqui estava eu, desperdiçando esse restinho de tempo que eu tinha.<br />Eu comecei a dirigir rápido demais de novo.<br />Eu vi Sam e Jared, um de cada lado da estrada como sentinelas, enquanto eu acelerava na estrada em direção a Forks. Eles estavam bem escondidos na vegetação cerrada, mas eu estava esperando e eu sabia o que procurar. Eu acenei conforme os passei, sem me incomodar em perguntar no que eles tinham achado do meu passeio diurno.<br />Eu acenei para Leah e Seth, também, quando cruzei a estrada dos Cullen. Começava a escurecer e as nuvens estavam densas, mas eu vi os olhos deles reluzirem ao brilho dos faróis. Eu explicaria pra eles depois. Haveria muito tempo para isso.<br />Foi uma surpresa encontrar Edward me esperando na garagem. Eu não o tinha visto longe da Bella por dias. Podia dizer pela face dele que nada de mal acontecera a ela. Na verdade, ele parecia mais pacífico que antes. Meu estômago se apertou quando eu lembrei de onde essa paz veio. Era uma pena que - depois de tanto considerar - eu tinha me esquecido de destruir o carro. Oh, bem. Eu provavelmente não conseguiria quebrar esse carro, de qualquer modo. Talvez ele tenha percebido isso, e por isso o emprestou a mim, em primeiro lugar.<br />“Algumas coisas, Jacob”, ele disse, assim que eu desliguei o motor.<br />Eu respirei profundamente e segurei o fôlego por um minuto. Então, lentamente, eu saí do carro e joguei a chaves pra ele.<br />“Obriga pelo empréstimo”, eu disse azedo. Aparentemente, aquilo teria que ser consertado. “O que você quer agora?”.<br />“Primeiro… eu sei o quanto você tem aversão de a usar sua autoridade com seu bando, mas…”.<br />Eu pisquei, surpreso que ele iria sequer sonhar em começar por esse ponto. “O que?”.<br />“Se você não pode, ou não vai controlar a Leah, eu…”.<br />“Leah?” eu interrompi, falando entre dentes. “O que houve?”.<br />A face de Edward estava difícil. “Ela apareceu para ver porque você saiu tão abruptamente. Eu tentei explicar. Suponho que não saiu certo.”<br />“O que ela fez?”<br />“Ela mudou para sua forma humana e…”<br />“Sério?”, interrompi de novo, chocado dessa vez, eu não conseguia processar isso. Leah baixando a guarda bem na boca da toca dos inimigos?<br />“Ela queria… falar com a Bella”.<br />“Com a Bella?”.<br />Então Edward ficou cheio dos silvos. “Eu não deixarei Bella se chatear desse jeito de novo. Eu não me importo o quão Leah acha que está justificada! Eu não a machuquei - claro que não - mas eu vou arremessá-la pra fora da casa se acontecer de novo. Eu vou lançá-la direto no rio…”<br />“Espera aí. O que ela disse?“. Nada disso fazia sentido.<br />Edward respirou fundo, se recompondo. “Leah foi desnecessariamente áspera. Eu não vou fingir que entendo porque Bella não pode largar de você, mas eu sei que ela não age desse jeito para te machucar. Ela sofre bastante por causa da dor que está infligindo a você, e a mim, pedindo que você fique. O que Leah disse foi sem propósito. A Bella tem chorado -”<br />“Espera - Leah estava gritando com a Bella por minha causa?”.<br />Ele acenou com a cabeça. “Você foi veementemente defendido”.<br />Nossa. “Eu não pedi pra ela fazer isso.”<br />“Eu sei.”<br />Eu revirei meus olhos. Claro que ele sabia. Ele sabia tudo. Mas isso realmente era algo sobre a Leah. Quem teria acreditado? Leah andando até a casa dos sugadores de sangue, humana, para reclamar sobre como eu estava sendo tratado.<br />“Eu não posso prometer controlar a Leah”, eu disse para ele. “Eu não farei isso. Mas falarei com ela, certo? E não acho que vai se repetir. Leah não é de ficar guardando as coisas, então acho que ela botou tudo para fora hoje”.<br />“Eu diria que sim”.<br />“De qualquer modo, vou falar com a Bella também. Ela não precisa se sentir culpada. Dessa vez, foi culpa minha.”<br />“Eu já disse isso pra ela.”<br />“Claro que disse. Ela está bem?”<br />“Ela está dormindo agora. Rose está com ela.”<br />Então a psicopata era “Rose”, agora. Ele tinha se mudado de vez para o lado negro.<br />Ele ignorou esse pensamento e continuou com uma resposta mais completa para a minha pergunta. “Ela está… melhor de alguns jeitos. Excluindo-se a tirada da Leah e a culpa resultante.”<br />Melhor. Porque agora Edward podia ouvir o monstro e tudo era “pombinhos apaixonados”. Fantástico.<br />“É um pouco mais que isso.”, ele murmurou. “Agora que eu posso ouvir os pensamentos da criança, é aparente que ele ou ela está desenvolvendo faculdades mentais consideravelmente. Ele pode nos entender, até certo ponto.”<br />Meu queixo caiu. “É sério?”.<br />“Sim. Ele parece ter um senso vago do que a machuca agora. Ele está tentando evitar isso, tanto quando possível. Ele… já a ama.”<br />Eu encarei Edward, sentindo meio que como meus olhos podiam saltar fora das órbitas. Debaixo dessa descrença, eu podia ver que esse era o fator crítico. Era isso que tinha mudado Edward - que o monstro o tinha convencido desse amor. Ele não podia odiar o que amava Bella. Provavelmente era por isso que ele também não podia me odiar. Havia uma grande diferença, porém. Eu não a estava matando.<br />Edward saiu, agindo como se não tivesse escutado de modo algum.<br />“O progresso, eu acho, é mais do que tínhamos presumido. Quando Carslile voltar…”.<br />“Eles não voltaram?”, eu cortei afiado. Pensei em Sam e Jared, vigiando a estrada. Eles ficariam curiosos sobre o que estava rolando?<br />“Alice e Jasper voltaram. Carlisle mandou todo o sangue que pôde adquirir, mas não era tanto quanto ele esperava - Bella vai gastar esse estoque em um dia, do jeito que seu apetite cresceu. Carlisle ficou para tentar outra fonte. Não acho que seja necessário agora, mas ele quer estar preparado pra qualquer eventualidade.”<br />“Porque não é necessário? E se ela precisar de mais?”<br />Eu pude ver que ele estava assistindo e ouvindo minha reação enquanto explicava. “Estou tentando convencer Carlisle a induzir o parto assim que ele chegar.”<br />“O que?”<br />“A criança parece estar evitando movimentos bruscos, mas é difícil. Ele ficou muito grande. É crueldade esperar quando ele claramente se desenvolveu além do que Carlisle esperava. Bella está muito frágil pra esperar.”<br />Eu continuava perdendo o chão. Primeiro, contando com o ódio de Edward pela coisa. Agora, eu tinha percebido que eu pensava naqueles quatro dias como algo certo. Eu confiei neles.<br />O oceano sem fim de aflição que esperou estirado a minha frente.<br />Eu tentei segurar meu fôlego.<br />Edward esperou. Eu o encarei enquanto eu me recompunha, reconhecendo outra mudança em seu rosto.<br />“Você acha que ela conseguirá,” eu sussurrei.<br />“Sim, essa era a outra coisa que eu gostaria de falar com você.”<br />Eu não consegui dizer nada. Depois de um minuto, ele voltou a falar.<br />“Sim,” ele repetiu. “Esperar, como nós estamos fazendo, a criança estar pronta é insanamente perigoso. A qualquer momento pode ser tarde demais. Mas se nós formos pró-ativos sobre isso, se agirmos rapidamente, eu não vejo razão para que tudo não corra bem. Conhecer a mente da criança é inacreditavelmente útil. Felizmente, Bella e Rose concordam comigo. Agora que eu as convenci de que é seguro para a criança se nós agirmos, não há nada que impeça tudo de sair bem.”<br />“Quando Carlisle voltará?” eu perguntei, ainda sussurrando. Eu ainda não tinha voltado a respirar.<br />“Amanhã no começo da tarde.”<br />Meus joelhos cederam. Eu tive que me apoiar no carro para não cair. Edward estendeu as mãos como que para oferecer suporte, mas depois ele pensou melhor sobre isso e abaixou suas mãos.<br />“Desculpe-me,” ele sussurrou. “Eu sinceramente sinto muito pela dor que isso causa a você, Jacob. Embora você me odeie, eu devo admitir que não sinto o mesmo por você. Eu penso em você como um… um… irmão de várias maneiras. Um companheiro de luta, pelo menos. Eu lamento seu sofrimento mais do que você pensa. Mas a Bella vai sobreviver” - quando ele disse isso seu tom de voz era feroz, até mesmo violento - “E eu sei que isso é o que realmente importa para você.”<br />Ele provavelmente estava certo. Era difícil dizer. Minha cabeça estava rodando.<br />“Então, eu odeio fazer isso agora, enquanto você está pensando tanto sobre isso, claramente ainda temos algum tempo. Eu preciso pedir uma coisa a você - implorar, se for preciso.”<br />“Eu não tenho mais nada,” eu respondi chocado.<br />Ele levantou de novo sua mão, como se fosse colocá-la sobre meu ombro, mas depois a abaixou como antes e suspirou.<br />“Eu sei o quanto você tem se esforçado,” ele falou tranqüilamente. “Mas isso é algo que você tem. E só você tem. Eu estou pedindo isso para o verdadeiro Alfa, Jacob. Eu estou pedindo isso para o herdeiro de Ephraim.”<br />Eu não consegui responder.<br />“Eu quero sua permissão para desviar do acordo que fizemos com Ephraim. Eu quero que você nos dê uma exceção. Eu quero sua permissão para salvar a vida dela. Você sabe que eu farei isso de qualquer forma, mas eu não quero quebrar o acordo com você se tiver um meio de evitar isso. Nós nunca pretendemos voltar ao nosso mundo e nós não queremos fazer isso ilegalmente agora. Eu quero que você entenda Jacob, porque você sabe exatamente o porquê fazemos isso. Eu quero que o acordo entre nossas famílias sobreviva quando tudo isso acabar.”<br />Eu tentei engolir. Sam, eu pensei. É o Sam que você quer.<br />“Não. A autoridade de Sam foi revogada. Ela pertence a você. Você nunca a tirará dele, mas ninguém pode concordar com o que estou pedindo a não ser você.”<br />Essa decisão não é minha.<br />“É sim, Jacob, e você sabe disso. Sua palavra sobre isso nos condenará ou nos absolverá. Só você pode me dar permissão.”<br />Eu não consigo pensar. Eu não sei.<br />“Nós não temos muito tempo.” Ele espiou a casa.<br />Não. Não havia mais tempo. Meus poucos dias tinham se tornado poucas horas.<br />Eu não sei. Deixe-me pensar. Dê-me apenas um minuto aqui, tudo bem?<br />“Claro.”<br />Eu comecei a andar em direção a casa e ele me seguiu. Louco como isso parecia ser, andar pelo escuro com um vampiro bem atrás de mim. Eu realmente não me senti em perigo, ou mesmo desconfortável. Era como se eu estivesse caminhando perto de ninguém. Bem, um ninguém que cheirava mal.<br />Houve um movimento no arbusto na margem do grande gramado, e depois um alto lamurio. Seth deu de ombros pela samambaia veio rapidamente em nossa direção.<br />“Oi, criança,” eu murmurei. Ele acenou com a cabeça e eu dei um tapinha em seu ombro.<br />“Está tudo bem,” eu menti. “Depois conto tudo a você. Desculpe por te assustar desse jeito.”<br />Ele forçou um sorriso para mim.<br />“Ei, diga a sua irmã para se afastar, ok? Já chega.”<br />Seth acenou com a cabeça uma vez.<br />Eu o empurrei pelos ombros dessa vez. “Volte ao trabalho. Meu turno é logo depois do seu.”<br />Seth se inclinou sobre mim, me empurrando de volta e então ele correu em direção às árvores.<br />“Ele tem uma das mais puras, sinceras e gentis mentes que eu já ouvi,” Edward murmurou quando ele estava fora de vista. “Você tem sorte de ter os pensamentos dele para compartilhar.”<br />“Eu sei disso,” eu rosnei.<br />Nós fomos em direção a casa e nossas cabeças se viraram quando ouvimos o som de alguém sugando o ar.<br />Edward estava com pressa então. Ele voltou para as escadas e desapareceu.<br />“Bella, amor, pensei que estivesse dormindo”. O ouvi dizendo “Me desculpe, eu não deveria ter ido”.<br />“Não se preocupe. Eu apenas estou com tanta sede - que me acordou. É uma coisa boa que Carlisle esteja trazendo mais. Esta criança irá precisar quando não estiver mais dentro de mim.”<br />“Verdade. Este é um ponto positivo”<br />“Eu imagino se ele irá querer outra coisa.” Ela questionou.<br />“Eu suponho que teremos que descobrir”<br />Eu passei pela porta.<br />Alice disse “Finalmente” e os olhos da Bella piscaram para mim. Aquele sorriso exasperante, sorriso irresistível passou por seu rosto por um segundo. Então, morreu e sua face caiu. Seus lábios enrugaram-se como se estivesse tentando não chorar.<br />Eu queria calar Leah e sua estúpida boca.<br />“Oi, Bells,” eu disse “Como está?”<br />“Estou bem” ela disse<br />“Grande dia hoje, huh? Muitas coisas novas.”<br />“Você não precisa fazer isso, Jacob”<br />“Não sei sobre o que está falando” Eu disse indo sentar no braço do sofá onde estava a cabeça dela. Edward já tinha o chão.<br />Ela me deu um olhar reprovador “Estou tão…-” ela começou a dizer.<br />Belisquei seus lábios juntos entre meu polegar e indicador.<br />“Jake” ela sussurrou tentando por minha mão longe. Sua tentativa foi tão fraca que foi difícil acreditar que ela realmente estava tentando.<br />Eu balancei a cabeça. - Você pode falar quando não está sendo estúpida.<br />“Ótimo, não vou falar.” pareceu que ela resmungou.<br />Coloquei minha mãe pra longe.<br />“Desculpe!” ela terminou rapidamente, então sorriu.<br />Revirei os olhos e sorri para ela também.<br />Quando eu encarei os olhos dela, vi tudo que estive procurando no parque.<br />Amanhã, ela seria outra pessoa. Com esperança, viva, e isso era o que contava, certo? Ela me olharia com os mesmo olhos, mais ou menos. Iria sorrir com os mesmos lábios, quase. Ela ainda me conheceria melhor que qualquer um que não tivesse acesso completo à minha mente.<br />Leah talvez fosse uma companhia interessante, talvez até amiga verdadeira - alguém que se levantaria e me defenderia. Mas ela não era minha melhor amiga do jeito que a Bella era. À parte do amor impossível que eu sentia por Bella, havia também essa outra ligação, que ia até os ossos.<br />Amanhã, ela seria minha inimiga. Ou ela seria minha aliada. E, aparentemente, essa distinção estava de pé para mim.<br />Eu suspirei.<br />Ótimo! Eu pensei, desistindo da ultima coisa que eu tinha para desistir. Fez-me sentir superficial. Vá em frente. Salve-a. Como herdeiro de Ephraim, você tem minha permissão, minha palavra, que isso não violará o trato. E os outros só vão ter de me culpar. Você estava certo - eles não podem negar que é meu direito concordar com isso.<br />“Obrigado.” O sussurro de Edward era tão baixo que Bella não escutou nada. Mas as palavras eram tão intensas que, pelo canto de meus olhos, eu vi os outros vampiros se virando para ver.<br />“Então”, perguntou Bella, trabalhando seu sentido para ser casual. “Como foi o seu dia?”<br />“Ótimo. Dei um passeio. Aproveitei no parque.”<br />“Parece legal.”<br />“Claro, claro.”<br />De repente ela mudou a expressão. “Rose?” perguntou ela.<br />Ouvi a loira rir. “De novo?”<br />“Acho que eu bebi dois galões na última hora”, Bella explicou.<br />Edward e eu saímos do caminho, enquanto Rosalie se levantou do sofá, para levar Bella até o banheiro.<br />“Posso andar?” Bella perguntou. “Minhas pernas estão adormecidas.”<br />“Você está bem?” Edward perguntou.<br />“Rose me pegará se eu cair nos meus próprios pés. O que poderia acontecer com facilidade, já que eu não posso vê-los.”<br />Rosalie ajudou Bella cuidadosamente com seus pés, mantendo a mão direita abaixo de seu ombro. Bella estava com seus braços esticados para frente, recuando um pouco.<br />“Eu me sinto bem…” ela suspirou. “Ugh, mas eu estou enorme.”<br />Ela realmente estava mesmo. O seu estômago era o próprio continente.<br />Eu não poderia ajudar em nada, e a dor só aumentou subitamente, apunhalando-me, mas eu tentei manter isso fora do meu rosto. Eu podia me esconder por mais um dia, né?<br />“Tudo bem, então. Ooops - Oh, não!”<br />A taça que Bella havia deixado no sofá tombou para o lado, o sangue vermelho escuro vazando sobre o tecido branco.<br />Automaticamente, apesar de três outras mãos tocarem sua barriga, Bella parou outra vez, chegando a capturar algo.<br />Era esquisito, um som abafado que chegava a partir do centro de sua barriga.<br />“Ah!” ela engasgou.<br />Então ela ficou completamente mole, escorregando para o chão. Rosalie a pegou no mesmo instante, antes que ela pudesse cair. Edward estava ali também, com as mãos para o alto, a sujeira no sofá esquecida.<br />“Bella?” ele perguntou. Então seus olhos ficaram sem foco, e pânico atingiu suas feições.<br />Meio segundo depois, Bella gritou.<br />Não era só um grito, era um berro de agonia de congelar o sangue. O som terrível parou com uma golfada de ar, e seus olhos se reviraram. O corpo dela virou seguro nos braços de Rosalie, e então Bella vomitou uma fonte de sangue.<br /><br /><br />Capítulo 18 – Não há palavras para isso.<br />O corpo de Bella começou a se contrair, sacudindo-se sob os braços de Rosalie como se ela estivesse sendo eletrocutada. Além disso, seu rosto estava branco - inconsciente. Era a selvagem agitação de dentro do centro do seu corpo que a movia. Enquanto ela tinha convulsões, estalos agudos e definidos eram mantidos de tempo em tempo durante os espasmos.<br />Rosalie e Edward congelaram-se por um instante e então eles quebraram. Rosalie movimentou-se com o corpo de Bella em seus braços e gritava tão rápido que era difícil separar as palavras individualmente, ela e Edward jogaram-se pelas escadas para o segundo andar.<br />Eu corri a toda velocidade depois deles.<br />“Morfina!” Edward gritou para Rosalie.<br />“Alice - chame Carlise no telefone! ” Rosalie berrou.<br />O quarto em que eu os segui parecia uma ala de emergência localizada no meio de uma biblioteca. As luzes eram brancas e brilhantes. Bella estava em uma mesa sob a claridade, a pele fantasmagórica em meio a luz. Seu corpo tremia como um peixe na areia. Rosalie prendeu o corpo de Bella para baixo e foi arrancando e tirando as roupas do caminho, enquanto Edward enfiava uma seringa em seu braço.<br />Quantas vezes eu a imaginei nua? Agora eu não conseguia olhar. Eu estava com medo de ficar com essas memórias em minha cabeça.<br />” O que está acontecendo, Edward?”<br />” Ele está sufocando!”<br />” A placenta deve ser retirada.”<br />Em meio a isso, Bella voltou. Ela respondeu as palavras deles com um grito que ecoou nos meus tímpanos.<br />” Tirem-o daí!” Ela gritava. ” Ele não consegue respirar! Faça agora!”<br />Eu vi manchas vermelhas aparecendo quando ela gritou e vasos sanguíneos rompendo em seus olhos.<br />” A morfina.” Edward rosnou.<br />” Não! Agora - ” Outro jorro de sangue sufocou o que ela estava tentando dizer. Ele segurou a cabeça dela, tentando desesperadamente limpar a sua boca para que ela pudesse respirar novamente.<br />Alice entrou no quarto e colocou uma pequena presilha azul no cabelo de Rosalie. Então ela afastou-se novamente, seus olhos dourados totalmente queimando, enquanto Rosalie sibilava freneticamente no telefone.<br />Na luz, a pele de Bella ficava mais roxa e preta do que branca. A pele vermelha escura ao longo do corpo, muito mais no estomago dela. A mão de Rosalie veio com um bisturi.<br />“Deixe a morfina se espalhar!” Edward gritou para ela.<br />“Não há tempo” Rosalie disse “Ele está morrendo!”<br />A mão dela desceu sobre o estomago de Bella, e o vermelho vivo jorrou por onde a pele foi cortada. Era como uma caçamba sendo esvaziada, de vazio para cheio. Bella olhava abismada, mas não gritou. Ela ainda estava em choque.<br />E então Rosalie perdeu seu foco. Eu vi a expressão na sua face deslocada, vi seus lábios repuxados mostrando os dentes e os olhos negros por causa da sede.<br />“Não, Rose!” Edward rosnou, mas as mãos dele estavam ocupadas, tentando levantar Bella para que ela pudesse respirar.<br />Eu me joguei contra Rosalie, pulando sobre a mesa, sem esbarrar em nada. Assim que me choquei contra o corpo de pedra dela, batendo-a contra a porta, senti que a lamina que ela segurava estava cravada no meu braço esquerdo. A palma da minha mão direita esmagou a face dela, prendendo-a e impedindo-a de fugir.<br />Usei esse meu agarramento no rosto de Rosalie para tirá-la dali, eu poderia dar-lhe um chute forte em suas tripas; seria como chutar concreto. Ela voou pela moldura da porta, quebrando um pedaço da mesma. O pequeno fone em seu ouvido quebrou em pedaços. Então Alice estava lá, segurando-a pela garganta, levando-a para o hall.<br />E eu tive que admirar a ação da Loira - ela não se preparou para uma luta. Ela quis que vencêssemos. Ela me deixou esmagá-la daquele jeito, para salvar Bella. Bem, para salvar a coisa.<br />Eu rasguei meu braço com a lâmina ao retirá-la.<br />“Alice, tire-a daqui!” Edward ordenou “Leve-a para Jasper e mantenha-a lá! Jacob, eu preciso de você!”<br />Eu não olhei a Alice terminar o trabalho. Eu virei de volta para a mesa de operações, aonde Bella estava ficando azul, seus olhos grandes e fixos.<br />“Reanimação Cardiorespiratória?” - Edward rosnou para mim, rápido e exigindo.<br />“Sim!”<br />Eu julguei o rosto dele prontamente, procurando qualquer sinal de que ele reagiria como Rosalie. Não tinha nada, exceto simples ferocidade.<br />“Faça-a respirar! Eu tenho que tirá-lo antes -”.<br />Outro som de fragmentação dentro do corpo dela, o mais barulhento até o momento, tão alto que nós dois congelamos em choque esperando pelo seu grito de resposta. Nada. As pernas dela, que estavam se enroscando em agonia, agora ficaram moles, esparramando-se de forma não natural.<br />“A espinha dela” Ele sufocou em horror.<br />“Tire isso dela!” Eu rangi entre os dentes, atirando o bisturi para ele. - “Ela não sentirá nada agora.”<br />E então, eu me curvei sobre a cabeça dela. Sua boca parecia limpa, então pressionei a minha na dela e soprei uma rajada de ar. Eu senti o seu contraído corpo expandir, então não havia nada bloqueando sua garganta.<br />Seus lábios tinham gosto de sangue.<br />Eu podia escutar seu coração, batendo desigualmente. Continue assim. Pensei ferozmente, assoprando outra rajada de ar para dentro de seu corpo. Você prometeu. Mantenha seu coração batendo.<br />Eu escutei o som suave, úmido do bisturi através de seu estômago. Mais sangue gotejando para o chão.<br />O próximo som sacudiu através de mim, inesperado, apavorante. Como metal sendo retalhado em pedaços. O som trouxe de volta a luta na clareira há muitos meses atrás, o som dilacerante dos recém-nascidos sendo rasgados em partes. Eu dei uma rápida olhada para ver a face de Edward pressionada contra a saliência. Dentes de vampiro - um modo infalível de cortar pele de vampiro.<br />Eu estremeci enquanto bombeava mais ar para a Bella.<br />Ela tossiu de volta, seus olhos cintilando, rolando cegos.<br />“Fique comigo agora, Bella!”, eu gritei. “Escutou-me? Fique! Você não vai me deixar! Mantenha seu coração batendo!”.<br />Seus olhos giraram, procurando por mim, ou por ele, mas não vendo nada.<br />Eu os encarei mesmo assim, mantendo minha visão periférica parada lá.<br />E então, seu corpo de repente ainda estava debaixo das minhas mãos, uma vez que sua respiração continuava mais ou menos e seu coração ainda batia. Eu percebi que essa continuidade significava que tinha acabado. O batimento interno tinha acabado. Aquilo devia estar fora dela.<br />Estava.<br />Edward suspirou. “Reneesme”.<br />Então a Bella estava errada. Não era o garoto que ela tinha imaginado. Nada surpreendente nisso. No que ela não estava errada?<br />Eu não desviei de seus olhos manchados de vermelho, mas senti suas mãos se mexeram sem força.<br />“Deixe-me…”, resmungou ela em um suspiro quebrado. “Dê ela pra mim.”<br />Eu acho que devia saber que ele sempre daria a ela o que ela queria, não importando o quão estúpido o pedido pudesse ser. Mas eu não sonhei que ele a escutaria agora. Então, não pensei em pará-lo.<br />Algo quente tocou meu braço. Só isso já devia ter me chamado a atenção. Nada parecia quente pra mim.<br />Mas eu não podia desviar do rosto de Bella. Ela ficou cega e então começou, finalmente, a ver algo. Ela soltou um estranho, fraco lamento musical.<br />“Renes… mee. Tão… linda.”<br />Então ela arfou. Arfou dolorosamente.<br />No momento em que eu olhei, já era tarde demais. Edward já tinha arrebatado a coisa quente, sangrentinha, dos seus braços flácidos. Meus olhos passearam pela pele dela. Estava vermelha de sangue - o sangue que fluiu pela sua boca, o sangue lambuzado por toda a criatura, e sangue fresco brotando de uma marquinha em forma de meia lua de mordida no seio direito dela.<br />“Não, Renesmee.” Edward murmurou, como se estivesse ensinando maneiras ao monstro.<br />Eu não olhei pra ele ou pra aquilo. Eu apenas olhei pra Bella enquanto seus olhos reviravam. Com um ultimo e curto “ga-lump”, seu coração titubeou e ficou silencioso.<br />Ela perdeu talvez metade de uma batida e minhas mãos já estavam em seu peito, fazendo compressões. Eu contei na minha cabeça, tentando manter meu ritmo continuo. Um. Dois. Três. Quatro.<br />Respirando fundo por um segundo, eu injetei ar dentro dela.<br />Eu não podia ver mais nada. Meus olhos estavam úmidos e embaçados. Mas eu estava super consciente dos sons na sala. O “glug glug” sem entusiasmo de seu coração debaixo de minhas mãos, as batidas do meu próprio coração e outro - um vibrar que era muito rápido, muito leve. Eu não conseguia identificar.<br />Eu forcei mais ar pela garganta da Bella.<br />“O que você está esperando?”, eu sufoquei sem ar, estimulando seu coração de novo. Um. Dois. Três. Quatro.<br />“Segure o bebê.” Edward falou urgentemente.<br />“Jogue isso pela janela!.” Um. Dois. Três. Quatro.<br />“Dê ela pra mim”, replicou uma voz baixa da porta.<br />Edward e eu rosnado ao mesmo tempo.<br />Um. Dois. Três. Quatro.<br />“Eu estou sob controle.” Rosalie prometeu. “Dê-me o bebê, Edward, eu cuido dela até a Bella…”<br />Eu respirei pela Bella de novo enquanto a troca ocorria. O trêmulo thumpa-thumpa-thumpa desapareceu na distância.<br />“Tire suas mãos, Jacob”.<br />Eu olhei para os olhos brancos da Bella, ainda estimulando seu coração por ela. Edward tinha uma seringa na mão - toda prateada, como se fosse feita de aço.<br />“O que é isso?”.<br />Sua mãe de pedra tirou a minha do caminho. Houve um pequeno “crunch” quando seu esbarrão quebrou meu dedo mindinho. No mesmo segundo, ele espetou a agulha direto em seu coração.<br />“Meu veneno”, ele respondeu enquanto pressionava o liquido dentro da seringa.<br />Eu escutei a arrancada de seu coração, como se ele tivesse eletrocutado ela.<br />“Mantenha se movendo”, ele ordenou. Sua voz era gelo, estava morta. Feroz e impensada. Como se ele fosse uma máquina.<br />Eu ignorei a dor da cura no meu dedo e comecei a estimular seu coração de novo. Era mais difícil, como se seu sangue estivesse congelando - coagulando e mais lento. Enquanto eu empurrava o novo-viscoso sangue pela suas artérias, eu vi o que ele estava fazendo.<br />Era como se ele estivesse beijando ela, esfregando seus lábios contra a garganta dela, nos seus pulsos, em uma ruga na parte de dentro do braço.<br />Mas eu podia ouvir a vida desaparecendo de sua pele enquanto seus dentes mordiam, de novo e de novo, forçando veneno em seu sistema em quantos pontos fosse possível. Eu podia ver sua pálida língua limpando os rasgões sangrentos, mas antes que isso pudesse me deixar bravo ou enojado, percebi o que ele estava fazendo. Onde a língua dele lavava o veneno de sua pele, os machucados se fechavam, mantendo o veneno e o sangue dentro dela.<br />Eu bombeei mais ar dentro de sua boca, mas não havia nada lá. Só a elevação sem vida de seu peito em resposta. Continuei a estimular seu coração, contando, enquanto ele trabalhava mecanicamente nela, tentando a fazer ficar inteira de novo. Todos os cavalos do rei e todos os serviçais do rei…<br />Mas não havia nada lá, só eu, só ele.<br />Trabalhando com um cadáver.<br />Porque era tudo que restava da garota que nós dois amamos. Esse cadáver quebrado, sangrento e estropiado. Não podíamos fazer ela ficar inteira.<br />Eu sabia que era muito tarde. Eu sabia que ela estava morta. Eu sabia disso com certeza, porque a atração por ela havia parado. Eu não sentia nenhuma razão pra estar aqui ao lado dela. Ela não estava mais aqui. Então esse corpo não significava mais nada pra mim. Esse vazio tinha que estar ligado ao fato dela ter ido.<br />Ou talvez mudado fosse a palavra certa. Parecia que eu sentia aquela atração do sentido oposto agora. Escada abaixo, do lado de fora. O desejo de sair daqui e nunca, jamais voltar.<br />“Vá, então” Ele retrucou, e chutou minha mão pra fora do caminho de novo, tomando meu lugar dessa vez. Três dedos quebrados, eu senti.<br />Eu me endireitei entorpecido, sem ligar pro problema da dor.<br />Ele empurrou o coração morto dela mais rápido do que eu.<br />“Ela não está morta,” ele rosnou. “Ela ficará bem.”<br />Eu não estava certo se ele falava comigo mais.<br />Virando-me, o deixando com sua morta, eu andei calmamente até a porta. Tão devagar. Eu não conseguia fazer meus pés se moverem mais rápido.<br />Era isso, então. O oceano de dor. A outra costa tão longe através da fervente água que eu não conseguia imaginá-la, muito menos vê-la.<br />Eu senti vazio de novo, agora que tinha perdido meu propósito. Salvar Bella tinha sido minha batalha por tanto tempo. E ela não seria salva. Ela se sacrificou de bom grado, para ser rasgada por aquele jovem monstro, e então a batalha estava perdida. Estava tudo acabado.<br />Eu estremeci com o som vindo atrás de mim, enquanto eu me arrastava escada abaixo - o som de um coração morto sendo forçado a bater.<br />Eu queria que, de alguma forma, derramar água sanitária dentro da minha cabeça e deixá-la fritar meu cérebro. Para queimar as imagens deixadas pelos minutos finais de Bella. Eu aceitaria os danos cerebrais, se pudesse fugir disso - o grito, o sangramento, o insuportável triturar e morder, enquanto o monstro recém-nascido rasgava através dela de dentro para fora…<br />Eu queria correr e ir embora, descer as escadas dez degraus de cada vez e correr através da porta, mas meus pés estavam pesados como ferro e meu corpo estava mais cansado do que jamais esteve. Eu me arrastei pela escada abaixo como um inválido homem velho.<br />Eu descansei no último degrau, reunindo minha força para passar pela porta.<br />Rosalie estava no fim do limpo sofá branco, suas costas para mim, acalentando e murmurando para a coisa coberta em seus braços. Ela deve ter me ouvindo hesitando, mas me ignorou apanhada em seu momento de maternidade roubada. Talvez ela ficasse feliz agora. Rosalie tinha o que queria e Bella nunca viria para tirar a criatura dela. Eu me perguntei se isso era o que a loira venenosa esperava o tempo todo.<br />Ela segurou algo negro entre suas mãos, e então houve o som de uma gananciosa sucção vinda do pequeno assassino que ela segurava.<br />O cheiro de sangue no ar. Sangue humano. Rosalie estava alimentando aquilo. É claro que iria querer sangue. Com o que mais você alimentaria o tipo de monstro que mutilaria brutalmente sua própria mãe? Ele poderia até estar bebendo o sangue de Bella. Talvez estivesse.<br />Minha força voltou quando eu ouvi o som do pequeno carrasco se alimentando.<br />Força e ódio e calor - calor vermelho lavando através da minha cabeça, queimando, mas sem apagar nada. As imagens em minha cabeça eram combustíveis, construindo o inferno, mas se recusando a ser consumido. Eu senti os tremores me chacoalhando da cabeça aos pés, e eu não tentei pará-los.<br />Rosalie estava totalmente absorvida na criatura, não prestado nenhuma atenção a mim. Ela não seria rápida o suficiente para me parar, distraída como estava.<br />Sam estava certo. A coisa era uma aberração - sua existência ia contra a natureza. Um negro demônio sem alma. Algo que não tinha o direito de ser.<br />Algo que deveria ser destruído.<br />Parecia que o puxão não tinha sido em direção à porta, afinal.<br />Eu podia sentir agora, me encorajando, me puxando pra frente. Empurrando-me pra fazer isso, pra purificar o mundo dessa abominação.<br />Rosalie tentaria me matar quando a criatura estivesse morta, e eu iria lutar com ela. Não tinha certeza se podia acabar com ela antes que os outros viessem ajudar. Talvez sim, talvez não. Eu não me importava muito de qualquer jeito.<br />Eu não ligava se os lobos, ou o Seth, me vingassem ou achassem que foi justo. Nada disso importava. Tudo que eu me importava era com a minha justiça. Minha vingança. A coisa que tinha matado a Bella não ia viver nem um minuto mais.<br />Se Bella tivesse sobrevivido, ela ia me odiar por isso. Ela iria querer me matar pessoalmente.<br />Mas eu não me importava. Ela não se importou sobre o que fez comigo - se deixando ser abatida como um animal. Porque eu devia ligar para os seus sentimentos?<br />E então, havia Edward. Ele devia estar muito ocupado - tão envolvido com sua insana negação, tentando reanimar um cadáver - para ouvir meus planos.<br />Então eu não teria a chance de manter minha promessa a ele, a menos - e eu não apostaria nisso - que eu conseguisse vencer Rosalie, Jasper e Alice, três contra um. Mas mesmo se eu vencesse, eu não acho que eu ia querer matar Edward.<br />Porque eu não tinha compaixão o suficiente pra isso. Porque eu devia deixá-lo fugir do que ele tinha feito? Não seria mais justo - e me satisfazeria mais - deixa-lo apenas viver com nada, absolutamente nada?<br />Isso quase me fez sorrir, tão cheio de ódio como eu estava, imaginar isso. Sem Bella. Sem cria assassina. E sem tantos membros da família quanto eu pudesse derrotar.<br />Claro, ele podia colá-los de volta, já que eu não estaria por perto pra queimá-los, diferente de Bella, que nunca estaria inteira de novo.<br />Perguntei-me se a criatura podia ser remontada. Eu duvidava. Isso era parte Bella também - então isso devia ter herdado um pouco de sua vulnerabilidade. Eu podia ouvir isso no pequeno, arranhado bater de seu coração.<br />O coração disso estava batendo. O dela não.<br />Só um segundo se passou enquanto eu fazia essas fáceis decisões.<br />A tremedeira estava ficando mais forte e mais rápida. Eu reuni minha força, me preparando para atacar a vampira loira e arrancar a coisa assassina de seus braços com meus dentes.<br />Rosalie arrulhou para a criatura de novo, colocando a mamadeira de metal de lado e levantando a criatura no ar para encostar seu rosto contra sua bochecha.<br />Perfeito. A nova posição era perfeita para o meu golpe. Eu me inclinei pra frente e senti o calor começar a me mudar conforme a atração ao redor da assassina crescia - era mais forte do que eu jamais tinha sentido, tão forte que me lembrava do comando do Alpha, como se fosse me esmagar se eu não obedecesse.<br />Dessa vez eu queria obedecer.<br />A assassina me encarou por cima dos ombros da Rosalie, seu olhar mais focado do que qualquer olhar de um recém nascido devia ser.<br />Olhos castanhos quentes, cor de chocolate com leite - exatamente a mesma cor que a Bella tinha.<br />Minha tremedeira deu um solavanco e parou. O calor fluiu por mim, mais forte que antes, mas era um calor novo - não queimava.<br />Era abrasador.<br />Tudo dentro de mim estava arruinado assim que encarei a face de porcelana fina do bebê meio vampiro, meio humano. Todas as linhas que me seguravam na minha vida cortadas ao meio em pequenos pedaços como se tivessem recortado as cordas de um punhado de balões. Tudo que havia me tornado aquilo que eu era - o amor pela garota morta lá no andar de cima, meu amor pelo meu pai, minha lealdade para o meu novo bando, o amor pelos meus outros irmãos, meu ódio pelos meus inimigos, meu lar, meu nome, eu mesmo - desconectado de mim naquele segundo - afundando, afundando, afundando - e flutuando pelo espaço.<br />Não apenas uma corda, mas um milhão. Não apenas cordas, mas vários cabos. Um milhão de cabos roubados, todos tentando me levar para uma coisa - para o centro do universo.<br />Eu podia ver agora - como o universo conspirava para este único ponto. Eu nunca havia visto a simetria do universo antes, mas agora era um plano.<br />A gravidade da Terra não me prendia ao lugar aonde eu estava.<br />Era a menina bebê nos braços da vampira loira que me seguravam aqui agora.<br />Renesmee.<br />No andar de cima, havia um novo som. O único som que poderia me atingir nesse instante sem fim.<br />Um choro frenético, um batimento regular…<br />Um coração mudando.Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-60405760275613687352009-03-09T09:54:00.001-07:002009-03-09T09:57:28.295-07:00Nessi<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy55fMun6Zx-qG8STjjf-1IgbYVWWNoyrHTInHvfz7KchceNb1ID3h-kmgB1bXRiSpR2HnZ4zTKBY1nOpyt5yXK4anls1K1B-Nq_NlKQp4T4Cn2pOSI0soIxpTjmSXSirFeV8dbcqYuJ21/s1600-h/Renesme-Cullen-twilight-couples-2300652-300-212.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5311233122699280146" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; CURSOR: hand; HEIGHT: 212px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy55fMun6Zx-qG8STjjf-1IgbYVWWNoyrHTInHvfz7KchceNb1ID3h-kmgB1bXRiSpR2HnZ4zTKBY1nOpyt5yXK4anls1K1B-Nq_NlKQp4T4Cn2pOSI0soIxpTjmSXSirFeV8dbcqYuJ21/s320/Renesme-Cullen-twilight-couples-2300652-300-212.jpg" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghB0jKw19VmjwHSSlxjUzBurK-FBT-IewsioBPf3u-09XdfG24VSlyEeRxnKz1NhCASWr4t8fz3FIUeW_7w-IZID1PJqgCWAzx1U4Es-DdN1YLIPGDKokGa2JVWpMQY4M1UmQRNp3C2eJ2/s1600-h/Renesmee-Cullen-renesmee-carlie-cullen-2796163-267-400.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5311232922607639714" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 214px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghB0jKw19VmjwHSSlxjUzBurK-FBT-IewsioBPf3u-09XdfG24VSlyEeRxnKz1NhCASWr4t8fz3FIUeW_7w-IZID1PJqgCWAzx1U4Es-DdN1YLIPGDKokGa2JVWpMQY4M1UmQRNp3C2eJ2/s320/Renesmee-Cullen-renesmee-carlie-cullen-2796163-267-400.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGcHyNKOAopa8H93ak9QUQkZi_p5UJKWOezeGWILmdQ8xcve89lo3wAyZBYyQyr_Uh6rFXLXC6V63tVea1VzJiVSJttJUIV7nzVlbiT51Lqml8hJJB_7k6FzzJCTRRSUDEzvsJpr4D8uNq/s1600-h/hgdgr.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5311232755147260354" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 235px; CURSOR: hand; HEIGHT: 308px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGcHyNKOAopa8H93ak9QUQkZi_p5UJKWOezeGWILmdQ8xcve89lo3wAyZBYyQyr_Uh6rFXLXC6V63tVea1VzJiVSJttJUIV7nzVlbiT51Lqml8hJJB_7k6FzzJCTRRSUDEzvsJpr4D8uNq/s320/hgdgr.jpg" border="0" /></a><br /><br /><br /><div></div></div></div>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-11767421587596340472009-03-09T09:51:00.000-07:002009-03-09T09:54:10.716-07:00Renesmee CullenOi! Gente eu achei umas fotos das candidatas a Renesmee Filha de Edward E Bella:Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com42tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-56345274643611679892009-03-06T14:18:00.000-08:002009-03-06T14:19:48.645-08:00Amanhecer-- Book 1 BellaBreaking Dawn – Stephenie Meyer<br /><br />“A infância não é do nascimento até uma certa idade e há uma certa idade<br />A criança cresce e coloca de lado as coisas infantis<br />A infância é um reino onde ninguém morre”<br />Edna St. Vincent Millay<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />BOOK I - BELLA<br /><br />PREFÁCIO<br />Eu já tive muito mais experiências de quase morte do que era necessário, isso não é exatamente uma coisa a qual você se acostuma.No entanto, enfrentar a morte novamente parecia estranhamente inevitável. Como se eu realmente estivesse marcada pelo desastre. Eu escapei vez após outra, mas ela continuava vindo atrás de mim.<br />Ainda assim, essa vez era tão diferente das outras.<br />Você pode correr de alguém que você teme, você pode tentar lutar com alguém que você odeia. Todas as minhas reações eram direcionadas a esses tipos de assassinos - os monstros, os inimigos.<br />Quando você ama a pessoa que está te matando, não te restam opções. Como você poderia correr, como você poderia lutar, quando fazer isso machucaria o seu amado? Se sua vida fosse tudo o que você tem a dar ao seu amado, como você seria capaz de não dá-la?<br />Se fosse alguém a quem você realmente ama?<br /><br /><br />1. Noivos<br />Ninguém está te encarando, eu prometi a mim mesma. Ninguém está te encarando. Ninguém está te encarando.<br />Mas, como eu não conseguia mentir convincentemente nem para mim mesma, eu precisei dar uma checada.<br />Sentada esperando que os três semáforos da cidade ficassem verdes, eu olhei para a direita - em sua minivan, a Sra. Weber tinha virado o tórax inteiro em minha direção. Os olhos dela penetraram nos meus, e eu me inclinei pra trás, me perguntando porque ela não desviou o olhar ou pareceu envergonhada. Ainda era considerado rude encarar as pessoas, não era? Será que essa regra não era mais usada?<br />Foi ai que eu me lembrei que essas janelas eram tão escuras que ela provavelmente nem tinha idéia de que eu estava aqui, muito menos de que eu tinha pego ela olhando. Eu tentei encontrar algum conforto no fato de que ela não estava realmente olhando pra mim, apenas para o carro.<br />Meu carro. Suspiro.<br />Eu olhei para a esquerda e gemi. Dois pedestres estavam congelados na calçada, perdendo a chance de atravessar a rua enquanto olhavam. Atrás deles, o Sr. Marshall estava espiando através da janela de vidro de sua pequena loja de souvenirs. Pelo menos o nariz dele não estava pressionado contra o vidro. Ainda.<br />O semáforo ficou verde e, na minha pressa de escapar, eu pisei no acelerador sem pensar - a forma normal que eu teria pisado pra fazer a minha velha caminhonete Chevy sair do lugar.<br />Com o motor urrando como uma pantera, o carro saltou rapidamente pra frente que o meu corpo bateu no banco de couro preto, e meu estômago se comprimiu contra a minha espinha.<br />“Arg!” Eu resfoleguei enquanto procurava pelo freio. Usando a cabeça, eu apenas toquei no pedal. O carro parou completamente mesmo assim.<br />Eu não agüentei olhar ao redor pra ver as reações. Se antes havia alguma duvida sobre quem estava dirigindo este carro, agora já não existia. Com a ponta do meu sapato, eu gentilmente baixei um centímetro do acelerador, e o carro seguiu em frente novamente.<br />Eu consegui chegar onde queria: o posto de gasolina. Se eu não estivesse enlouquecendo, eu não precisaria ter que vir á cidade. Eu estava me virando sem um monte de coisas ultimamente, como… (?) e cadarços, pra evitar ficar em público.<br />Me movendo como se eu estivesse numa corrida, eu abri o tanque, tirei a capa, passei o cartão, e coloquei a mangueira no tanque em questão de segundos. É claro, não havia nada que eu pudesse fazer para que os números na bomba de gasolina andassem mais rápido. Eles… (?) fazendo barulhos, quase como se estivessem fazendo aquilo pra me aborrecer.<br />O dia não estava bonito - um típico dia chuvoso em Forks, Washington - mas eu ainda sentia como se um ponto se luz estivesse focado em mim, atraindo atenção para o delicado anel na minha mão esquerda. Em vezes como essa, sentindo os olhos nas minhas costas, eu me sentia como se o anel estivesse piscando feito um anúncio em néon: Olhe para mim, olhe para mim.<br />Era estúpido me sentir envergonhada, e eu sabia disso. Além do meu pai e da minha mãe, será que realmente importava o que as pessoas estavam dizendo sobre o meu noivado? Sobre o meu carro novo? Sobre a minha misteriosa entrada para a Ivy League? Sobre o meu cartão de crédito preto e brilhante que parecia tingido de vermelho no meu bolso de trás nesse exato momento?<br />“É, quem se importa com o que eles pensam?” Eu murmurei em voz baixa.<br />“Um, senhorita?” a voz de um homem chamou.<br />Eu me virei, e então desejei não ter feito isso.<br />Dois homens estavam parados ao lado de um jipe chique com caiaques novinhos amarrados no topo. Nenhum deles estava olhando para mim; os dois estavam olhando para o carro.<br />Pessoalmente, eu não entendi. Mas eles, eu estava orgulhosa de saber distinguir os símbolos entre Toyota, Ford e Chevy. Esse carro preto escuro, brilhante, e bonito, mas para mim era só um carro.<br />” Eu lamento incomodar, mas será que você pode me dizer que carro é esse que você está dirigindo?” o mais alto me perguntou.“Um, Mercedes, não é?”<br />“Sim”, o homem disse educadamente enquanto seu amigo mais baixinho rolava os olhos com a minha resposta. “Eu sei. Mas eu estava me perguntando, essa é… Você está dirigindo uma Mercedes Guardian?” O homem disse o nome com reverência. Eu tive a sensação de que esse homem se daria bem com Edward, meu… meu noivo (realmente não havia como fugir dessa verdade com o casamento a apenas alguns dias de distância). “Eles ainda nem estão disponíveis na Europa” o homem continuou. “Muito menos aqui”.<br />Enquanto os olhos dele traçavam os contornos do meu carro - pra mim ele não parecia diferente dos outros sedas Mercedes, mas o que eu sabia? - eu pensei brevemente nos meus problemas com palavras como noivo, casamento, marido, etc.<br />Eu simplesmente não conseguia coloca-las juntas na minha cabeça.<br />Por outro lado, eu fui criada pra me contorcer só de pensar nos vestidos brancos e volumosos e nos buquês. Mas mais do que isso, eu simplesmente não conseguia conciliar um conceito estável, respeitável, e chato de marido com o meu conceito de Edward. Era como comparar um arcanjo com um contador; eu não conseguia imagina-lo no papel de uma pessoa normal.<br />Como sempre, assim que eu comecei a pensar em Edward eu fiquei presa em um vendaval de fantasias delirantes. O estranho precisou limpar a garganta para chamar a minha atenção; ele ainda estava esperando uma resposta sobre o modelo e fabricação do meu carro.<br />“Eu não sei”, eu o disse honestamente.<br />“Você se importa se eu tirar uma foto com ele?”<br />Eu levei alguns segundos para processar isso. “Sério? Você quer tirar uma foto com o carro?”<br />“Claro - ninguém vai acreditar em mim se eu não tiver uma prova.”<br />“Um. Okay. Tudo bem.”<br />Eu rapidamente me desfiz da mangueira e me enfiei no banco da frente para me esconder enquanto o entusiasta tirava uma câmera grande, de aparência profissional da bolsa. Ele e seus amigos fizeram pose no capô, e então foram tirar fotos na traseira.<br />“Eu sinto falta da minha caminhonete”, eu sussurrei para mim mesma.<br />Muito, muito conveniente - conveniente demais - que minha caminhonete fizesse seus últimos barulhos apenas algumas semanas depois de Edward e eu termos firmado um compromisso, um detalhe que significava que ele podia repor a minha caminhonete quando ela passasse dessa para uma melhor. Edward jurou que isso já era de se esperar, pois minha caminhonete viveu uma vida longa e cheia e então morreu de causas naturais. Isso é o que ele diz. E, é claro, eu não tive como verificar a história que ele contou nem tentar trazer minha caminhonete de volta á vida por conta própria. Meu mecânico favorito - eu parei aquele pensamento imediatamente, me recusando a deixar que ele chegasse ao fim. Ao invés disso, eu ouvi as vozes dos homens do lado de fora, abafadas pelas paredes do meu carro.<br />“… ele foi em frente com uma chama na descarga naquele vídeo online. A tintura nem ficou queimada.”<br />“É claro que não. Você pode passar com um tanque em cima desse bebê. Isso não é muito negócio pra ninguém daqui. Ele foi designado em maioria pra diplomatas do Oriente Médio, traficantes de armas e de drogas.”<br />“Você acha que ela é alguém importante?” o baixinho perguntou com uma voz mais suave. Eu abaixei minha cabeça.“Huh”, o alto disse. “Talvez. Não posso imaginar porque você precisaria de vidros á prova de mísseis e quatro mil quilos de proteção corporal num lugar como esse. Ela deve estar indo para algum lugar mais perigoso.”<br />Proteção corporal. Quatro mil quilos de proteção corporal. E vidros com blindagem á prova de mísseis? Legal. O que aconteceu com as velhas blindagens á prova de tiros?<br />Bom, pelo menos isso fazia sentido - se você tinha um senso de humor bastante doentio.<br />Não era como se eu não esperasse que Edward tirasse vantagem do nosso acordo, só pra balancear as coisas a seu favor pra que ele tivesse que dar muito mais do que ele receberia. Eu concordei que ele trocasse a minha caminhonete quando ela precisasse de reparos, sem esperar que isso acontecesse tão em breve, é claro. Quando eu fui forçada a admitir que a minha caminhonete havia se transformado num tributo de metal aos Chevys clássicos, eu sabia que a idéia dele de troca ia me envergonhar. Me tornaria foco de olhares e sussurros. Mas nem nas minhas imaginações mais obscuras eu previ que ele me compraria dois carros.<br />O carro “de antes”. Ele me disse que era um empréstimo e me prometeu que o devolveria depois do casamento. Isso tudo não fazia nenhum sentido pra mim.<br />Até agora.<br />Ha ha. Como eu era uma humana tão frágil, tão propensa a acidentes, tão vítima da minha própria perigosa falta de sorte, aparentemente eu precisava de um carro que fosse resistente a um tanque pra me manter segura. Hilário. Eu tinha certeza de que ele e seus irmãos gostaram bastante da piada pelas minhas costas.<br />Ou talvez, apenas talvez, uma pequena voz sussurrou na minha cabeça, não seja uma piada, bobinha. Talvez ele realmente esteja muito preocupado com você. Essa não seria a primeira vez que ele passou um pouco dos limites tentando me proteger.<br />Eu suspirei.<br />Eu ainda não vi o carro “de depois”. Ele o escondeu embaixo de uma capa no canto mais distante da garagem dos Cullen. Eu sei que a maioria das pessoas já teria espiado a essa altura, mas eu realmente não queria saber.<br />Provavelmente não havia proteção corporal naquele carro - porque eu não precisaria de proteção depois da lua de mel. Indestrutibilidade quase literal era uma das coisas pelas quais eu estava esperando. A melhor parte de ser um Cullen não era ter carros caros e cartões de créditos impressionantes.<br />“Hey”, o homem alto chamou, colocando as mãos no vidro no esforço de espiar do lado de dentro. “Nós já acabamos. Muito obrigado!”<br />“De nada” eu respondi, e então fiquei tensa enquanto ligava o motor e apertava o acelerador - muito delicadamente - pra baixo…<br />Não importava quantas vezes eu dirigisse na estrada familiar no caminho pra casa, eu ainda não conseguia fingir que os posters molhados da chuva não estavam lá. Cada um deles, pregado em postes telefônicos e colados em placas de rua, era como um tapa de luz no rosto. Um tapa bem merecido.<br />Minha mente era sugada de volta ao pensamento. Eu o havia interrompido tão rapidamente antes. Eu não consegui evitar isso nessa rua. Agora, com as fotos do meu mecânico favorito passando rapidamente por mim em intervalos regulares.Meu melhor amigo. Meu Jacob.<br />Os posters de VOCÊ VIU ESSE GAROTO? não foram idéia do pai de Jacob. Foi o meu pai, Charlie, quem imprimiu os panfletos e os espalhou por toda a cidade. E não apenas em Forks, mas em Port Angeles e Sequim e Hoquiam e Aberdeem e em todas as cidades da Península Olímpica… Ele cuidou para que todas as delegacias em todo o estado de Washington tivessem o mesmo panfleto em suas paredes também. Sua própria delegacia tinha um quadro inteiro dedicado a encontrar Jacob também. Um quadro que estava quase inteiramente vazio, pra sua decepção e frustração.<br />Meu pai estava decepcionado com muito mais do que a falta de resposta. Sua maior decepção era com Billy, o pai de Jacob - e o amigo mais próximo de Charlie.<br />Por causa da falta de envolvimento de Billy no desaparecimento do seu “fugitivo” de dezesseis anos. Porque Billy se recusou a colocar os panfletos em La Push, a reserva na costa que era a casa de Jacob. Porque ele parecia estar resignado com o desaparecimento de Jacob, como se não houvesse nada que ele pudesse fazer. Por ele dizer “Jacob é crescido agora. Ele voltará pra casa quando ele quiser.”<br />E ele estava frustrado comigo por ficar do lado de Billy.<br />Eu também não pendurei panfletos. Porque tanto eu quanto Billy sabíamos onde Jacob estava, figuradamente falando, e nós também sabíamos que ninguém tinha visto esse garoto.<br />Os panfletos colocaram aquele caroço de costume na minha garganta, as lágrimas de costume nos meus olhos, e eu fiquei feliz por Edward estar viajando em caça nesse Sábado. Se Edward visse a minha reação, isso o faria se sentir terrível também.É claro, haviam pontos ruins em ser Sábado. Enquanto eu virava lentamente em minha rua, eu podia ver a viatura policial do meu pai na entrada de casa. Ele deixou a pescaria de lado hoje de novo. Ainda fazendo beicinho pelo casamento.<br />Então eu não seria capaz de usar o telefone lá dentro. Mas eu precisava ligar…<br />Eu estacionei na curva, atrás da escultura de Chevy e peguei o telefone que Edward me deu para emergências no porta luvas. Eu disquei, mantendo o meu dedo no botão “end”. Só pela dúvida. “Alô?’ Seth Clearwater atendeu, e eu suspirei aliviada. Eu era covarde demais pra falar com sua irmã mais velha, Leah. A frase “me morda” não era exatamente uma figura de expressão quando se tratava de Leah.<br />“Hey, Seth, é Bella”.<br />“Oh diz aê, Bella! Como você está?”<br />Chocada. Desesperada por notícias. “Bem.”<br />“Ligando por notícias?”<br />“Você é um vidente.”<br />“Dificilmente. Eu não sou nenhuma Alice - só que você é previsível”, ele brincou. Entre o bando Quileute de La Push, Seth era o único que se sentia confortável de sequer mencionar o nome dos Cullen, quanto mais fazer piada sobre a minha futura cunhada que sabia praticamente tudo.<br />“Eu sei que sou” Eu hesitei por um minuto. “Como ele está?”<br />Seth suspirou. “Como sempre. Ele não fala, apesar de sabermos que ele nos ouve. Ele está tentando não pensar como humano, sabe. Apenas com os instintos”.<br />“Você sabe onde ele está agora?”<br />“Algum lugar ao norte do Canadá. Eu não sei te dizer em que província. Ele não presta muita atenção em limites estaduais.”<br />“Alguma dica de que ele possa…”<br />“Ele não vai voltar pra casa, Bella. Desculpa.”<br />“Eu engoli. “Tudo bem, Seth. Eu já sabia antes de ter perguntado. Eu não posso evitar esperar.”<br />“É. Nós nos sentimos do mesmo jeito. ”<br />“Obrigada por me informar, Seth. Eu sei que os outros devem dificultar as coisas pra você.”<br />“Eles não são os seus maiores fãs” ele concordou alegremente. “Meio bobo, eu acho. Jacob fez as escolhas dele, você fez as suas. Jake não está gostando das atitudes deles. É claro que ele também não está super feliz por você estar recebendo notícias dele.<br />Eu resfoleguei. “Eu pensei que ele não estivesse falando com vocês.”<br />“Ele não consegue esconder tudo de nós, mesmo estando tentando muito.”<br />Então Jacob sabia que eu estava preocupada. Eu não tinha certeza de como me sentia em relação a isso. Bom, pelo menos ele sabia que eu não havia caminhado em direção ao pôr do sol e esquecido dele completamente. Ele podia ter me imaginado capaz de fazer isso.<br />“Eu acho que te vejo no… casamento.” Eu disse, forçando a palavra entre os meus dentes.<br />“É, eu e minha mãe estaremos lá. Foi legal da sua parte nos convidar.”<br />Eu sorri pelo entusiasmo na voz dele. Apesar de que convidar os Clearwater tenha sido idéia de Edward, eu estava feliz por ele ter pensado nisso. Ter Seth lá seria legal - uma conexão, mesmo que tenaz, ao meu padrinho desaparecido. “Não seria o mesmo sem você”.<br />“Diga a Edward que eu mandei um oi, ok?”<br />“Com certeza”.<br />Eu balancei minha cabeça. A amizade que surgiu entre Edward e Seth era uma coisa que ainda confundia a minha mente. Era uma prova, no entanto, de que as coisas não precisavam ser daquele jeito. Que lobisomens e vampiros podiam se dar muito bem, muito obrigada, se eles quisessem isso.<br />Nem todo mundo gostava dessa idéia.<br />“Ah”, Seth disse, sua voz aumentando uma oitava. “Leah está em casa.”<br />“Oh! Tchau!”<br />O fone ficou mudo. Eu o deixei no assento e me preparei psicologicamente para entrar em casa, onde Charlie estaria esperando.<br />Meu pobre pai tinha que lidar com muitas coisas agora.<br />O sumiço de Jacob era apenas um doas fardos que ele tinha que levar em suas costas sobrecarregadas. Ele estava quase tão preocupado quanto eu sobre a minha transformação em uma Senhora. em apenas alguns dias.<br />Eu caminhei lentamente através da chuva fraca, lembrando da noite em que contamos a ele…<br />Enquanto o som da viatura de Charlie anunciava a sua chegada, o anel de repente pesou cem quilos na minha mão. Eu queria enfiar a minha mão esquerda no bolso, ou talvez sentar nela, mas o aperto calmo e firme de Edward a manteve á frente e ao centro.<br />“Não fique nervosa, Bella. Por favor, tente lembrar que você não está confessando um assassinato”.<br />“Fácil pra você dizer”<br />Eu ouvi o conhecido som das botas do meu pai batendo na calçada. A chave girou na porta já aberta. A porta bateu contra a parede e eu enrijeci como se tivesse levado um choque.<br />“Hey, Charlie”, Edward falou inteiramente relaxado.<br />“Não!” Eu assoviei baixinho.<br />“O que foi?” Edward sussurrou de volta.<br />“Espere até ele levantar a arma!”<br />Edward gargalhou e passou sua mão livre pelo seu cabelo cor de bronze bagunçado.<br />Charlie apareceu na curva, ainda usando seu uniforme, ainda armado, e tentando não fazer uma careta quando viu nós dois sentados juntos no sofá. Ultimamente ele estava se esforçando bastante pra gostar mais de Edward. É claro, aquela revelação certamente iria acabar com esses esforços.“Oi, garotos. Que está havendo?”<br />“Nós gostaríamos de conversar com você” Edward disse. “Nós temos boas notícias”.<br />A expressão de Charlie foi de forçadamente amigável á suspeitas obscuras em um segundo.“Boas notícias?” Charlie urrou, olhando diretamente pra mim.<br />“Sente-se pai”Ele ergueu uma sobrancelha, me encarou por cinco segundos, e aí foi até a cadeira reclinável e se sentou bem na pontinha, suas costas estavam retas como um pedaço de pau.<br />“Não fique nervoso, pai” Eu disse depois de um momento de silêncio forçado. “Está tudo bem.”<br />Edward fez uma careta, e eu sabia que isso era uma objeção a palavra “bem”. Ele provavelmente teria usado algo parecido com “maravilhoso” ou “perfeito” ou “glorioso”.<br />“Claro que sim, Bella. Claro que sim. Se está tudo bem porque você está suando como um porco?”<br />“Eu não estou suando”, eu menti.<br />Eu me desviei de sua careta penetrante, me apertando contra Edward, e instintivamente passei a mão direita pela minha testa para apagar as evidências.<br />“Você está grávida!” Charlie explodiu. “Você está grávida, não está?”<br />Apesar da pergunta provavelmente ser pra mim, agora ele estava olhando pra Edward, e eu podia jurar que vi a mão dele se fechando na arma.<br />“Não! É claro que eu não estou!” Eu queria dar uma cotovelada nas costelas de Edward, mas eu sabia que isso ia me deixar com um hematoma. Eu disse a Edward que as pessoas iam imediatamente chegar a essa conclusão! Que outra razão possível pessoas sãs se casariam aos dezoito anos? (A resposta dele a isso me fez revirar os olhos. Amor. Certo.) O olhar de Charlie limpou um pouco. Geralmente ficava muito claro no meu rosto quando eu estava falando a verdade, e agora ele acreditava em mim. “Oh, desculpe.”<br />“Desculpas aceitas.”<br />Houve uma longa pausa. Depois de um momento eu percebi que todos estavam esperando que eu dissesse alguma coisa. Eu olhei pra Edward, paralisada de pânico. Não tinha jeito de me fazer botar as palavras pra fora. Ele sorriu pra mim e enquadrou os ombros e então se virou para meu pai.<br />“Charlie, eu sei que as coisas estão fora de ordem. Tradicionalmente, eu devia ter te pedido antes. Eu não tenho a intenção de te desrespeitar, mas já que Bella já disse sim e eu não quero menosprezar a escolha dela nesse assunto, ao invés de te pedir a mão dela, eu te peço sua benção. Nós vamos nos casar, Charlie. Eu a amo mais do que tudo no mundo, mais do que a minha própria vida e - graças a algum milagre - ela me ama da mesma forma. Você nos dará a sua benção?”<br />Ele soou tão seguro, tão calmo. Por apenas um instante, escutando àquela absoluta certeza na voz dele, eu experimentei um raro momento de insight. Eu pude ver, rapidamente a forma que todos olhavam pra ele. Durante um bater de coração, esta noticia fez total sentido.<br />E ai eu vi o rosto inexpressivo de Charlie, os olhos dele agora estavam grudados no anel.<br />Eu prendi a respiração enquanto a pele dele mudava de cor - de normal a vermelha, de vermelha a roxa, de roxa a azul, eu comecei a me levantar - eu não sei o que eu estava planejando fazer; talvez fazer a manobra Heimlich pra ter certeza de que ele não estava engasgando - mas Edward apertou minha mão e murmurou “Dê um minuto a ele” tão baixinho que só eu pude ouvir.<br />Dessa vez o silêncio foi muito mais longo. Então, gradualmente, tom por tom, a cor de Charlie voltou ao normal. Os lábios dele se comprimiram, e suas sobrancelhas se uniram; eu reconheci sua expressão “pensando profundamente”. Ele nos estudou dois por um longo momento, e eu senti Edward relaxar ao meu lado.<br />“Acho que não estou tão surpreso”, Charlie murmurou. “Eu sabia que teria eu lidar com isso em algum momento em breve”.<br />Eu soltei o ar.<br />“Você está certa disso?” Charlie quis saber, me encarando.<br />“Eu tenho cem por cento de certeza de Edward” eu o assegurei sem perder tempo.<br />“Mesmo assim, se casar? Pra que a pressa?” Ele me olhou com suspeitas novamente.<br />A pressa era porque eu estava me aproximando dos dezenove anos a cada dia que se passava, enquanto Edward ficava congelado em sua perfeição dos dezessete anos. Não que esse fato se associasse a casamento no meu livro, mas o casamento era necessário devido a um delicado e complicado compromisso que Edward e eu temos pra chegar a esse ponto, o tijolo que leva a qualquer transformação de mortal a imortal.<br />Essas eram coisas que eu não podia explicar a Charlie.<br />“Nós estamos indo para Dartomouth juntos no outono, Charlie”, Edward lembrou ele. “Eu gostaria de fazer isso, bem, da forma correta. Foi assim que eu fui criado”. Ele encolheu os ombros.<br />Ele não estava exatamente exagerando; eles tinham moral antiquada durante a primeira guerra mundial.<br />A boca de Charlie torceu para um lado. Procurando por alguma coisa com a qual discutir. Mas o que ele podia dizer? Eu preferiria que você vivesse pecaminosamente primeiro? Ele era um pai; suas mãos estavam atadas.<br />“Eu sabia que isso aconteceria”, ele murmurou pra si mesmo, fazendo uma careta. Então, de repente, seu rosto ficou perfeitamente suave e desanuviado.<br />“Papai?” Eu perguntei ansiosamente. Eu olhei pra Edward, mas eu também não consegui ler seu rosto, enquanto ele olhava pra Charlie.<br />“Ha!” Charlie explodiu. Eu pulei no meu assento. “Ha, ha, ha!”<br />Eu o encarei incredulamente enquanto Charlie de dobrava de tanto rir, seu corpo todo de balançando.Eu olhei pra Edward para ter uma tradução, mas os lábios de Edward estavam fechados com força, como se ele mesmo estivesse tentando segurar o riso.<br />“Okay, está certo.” Charlie tossiu. “Se casem” Outra onda de risos o balançou. “Mas…”<br />“Mas o quê?” Eu quis saber.<br />“Mas você precisa contar a sua mãe! Eu não vou dizer uma palavra a Renée! Isso é por sua conta!” Ele explodiu em risadas escandalosas.<br />Eu parei com a mão na maçaneta, sorrindo. Claro, naquele tempo, as palavras dele me aterrorizaram. O destino final; contar a Renée. Casamento durante a juventude estava na lista negra dela acima de matar filhotes de cãezinhos.<br />Quem podia ter adivinhado a reação dela? Eu não. Certamente não Charlie. Talvez Alice, mas eu não pensei em perguntá-la.<br />“Bem, Bella”, Renée disse depois que eu tossi e gaguejei as palavras impossíveis: Mamãe, eu vou casar com Edward. “Eu estou um pouco aborrecida por você ter demorado tanto pra me contar. Passagens de avião estão ficando mais caras. Ohhhh”, ela temeu. “Você acha que Phil já vai ter tirado o gesso até lá? Se ele não estiver usando terno isso vão arruinar as fotos”.<br />“Espera um segundo, mãe”, eu resfoleguei. “O que você quer dizer com esperar tanto tempo? Eu acabei de no-no…” - eu não fui capaz de botar a palavra noivar pra fora - “acertar as coisas, sabe, hoje.”<br />“Hoje? Mesmo? Isso é uma surpresa. Eu achei…”<br />“O que você achou? Quando você achou?”<br />“Bem, quando você veio me visitar em Abril, parecia que as coisas já estavam arranjadas, se é que você sabe o que eu quero dizer. Você não é muito difícil de ler, queridinha. Mas eu não quis dizer nada, porque eu sabia que não tinha utilidade nenhuma. Você é exatamente como Charlie.” Ela suspirou, resignada. “Quando você resolve uma coisa, não tem como tentar ser razoável com você. É claro, assim como Charlie, você mantém a sua decisão também.<br />“Você não está repetindo os meus erros, Bella. Você parece estar assustada bobinha, e eu acho que seja porque você estava com medo de mim”. Ela gargalhou. “Ou do que eu vou pensar. E eu sei que eu disse um monte de coisas sobre o meu casamento e a minha estupidez - e eu não vou morder minha língua - mas você precisa entender que aquelas coisas se aplicavam especificamente a mim. Você é uma pessoa completamente diferente de mim. Você comete os seus próprios tipos de erros, e eu tenho certeza que você terá a sua parcela de arrependimentos na vida. Mas compromisso nunca foi o seu problema, queridinha. Você tem uma chance melhor de fazer isso funcionar do que muitas quarentonas que eu conheço”. Renée sorriu de novo. “Minha pequena criança de meia idade. Por sorte, parece que você encontrou outra alma de meia idade -”<br />“Você não está… com raiva? Você não acha que eu estou cometendo um erro gigantesco?”<br />“Bem, eu com certeza gostaria que você esperasse mais alguns anos. Quer dizer, você acha que eu pareço velha o suficiente pra ser uma sogra? Não responda. Mas isso não se trata de mim. Você está feliz?”<br />“Eu não sei. Eu estou tendo uma experiência fora do meu corpo nesse momento”.<br />Renée gargalhou. “Ele te faz feliz, Bella?”<br />“Sim, mas -”<br />“Você vai querer outra pessoa algum dia?”<br />“Não, mas -”<br />“Mas o quê?”<br />“Mas você não vai dizer que eu pareço uma adolescente apaixonada como qualquer outra desde o início dos tempos?”<br />“Você nunca foi uma adolescente, queridinha. Você sabe o que é melhor pra você”.<br />Pelas últimas semanas, Renée mergulhou inadvertidamente em planos de casamento. Ela passava horas todos os dias no telefone com a mãe de Edward, Esme - não havia problemas em parentes se darem bem. Renée adorou Esme, mas também, eu duvidava que alguém pudesse reagir de outra forma á minha adorável quase sogra.<br />Isso me deixou por fora. A família de Edward e a minha estavam cuidando juntas das núpcias sem que eu tivesse que fazer nada ou saber e nem pensar demais nisso.<br />Charlie estava furioso, é claro, mas o lado bom era que ele não estava furioso comigo. A traidora era Renée. Ele estava contando com ela pra ser tirana. O que ele podia fazer agora, quando a sua última ameaça - contar a mamãe - acabou dando em nada? Ele não tinha nada, e sabia disso. Então ele ficava vagando em casa, murmurando coisas sobre não se poder mais confiar em ninguém nesse mundo…<br />“Pai?” Eu chamei enquanto abria a porta da frente. “Estou em casa”.<br />“Espere, Bella, fique bem ai”.<br />“Huh?” Eu parei automaticamente.<br />“Me dê um segundo. Ouch, você conseguiu, Alice”.<br />Alice?<br />“Desculpa, Charlie”, a voz alegre de Alice respondeu. “Como está?”<br />“Eu estou sangrando”.<br />“Você está bem. A pele não foi ferida - confie em mim”.<br />“O que está acontecendo?” Eu quis saber, hesitando na entrada.<br />“Trinta segundos, por favor, Bella” Alice me disse. “Sua paciência será recompensada”.<br />“Humph”, Charlie adicionou.<br />Eu bati o pé, contando cada batida. Antes de ir até a nossa sala de estar.<br />“Oh”, eu perdi o fôlego. “Aw, pai. Você está -”<br />“Boboca?” Charlie interrompeu.<br />“Eu estava pensando em algo mais parecido com ‘elegante’.”<br />Charlie ruborizou. Alice pegou o cotovelo dele e o rodou lentamente pra que ele mostrasse o terno cinza pálido.“Pára com isso, Alice. Eu pareço um idiota”.<br />“Ninguém vestido por mim fica parecendo um idiota”.<br />“Ela está certa, pai. Você está fabuloso! Qual é a ocasião?”<br />Alice revirou os olhos. “É a última prova de roupa. Pra vocês dois.”<br />Eu tirei meus olhos da elegância não habitual de Charlie e pela primeira vez vi a bolsa branca estufada deitada cuidadosamente no sofá.“Ahhh”.<br />“Vá pro seu cantinho feliz, Bella. Não vai demorar”.<br />Eu respirei fundo e fechei os olhos. Mantendo-os fechados, eu procurei o meu caminho subindo as escadas até o meu quarto. Eu fiquei de lingerie e estiquei os braços.<br />“Parece até que eu estou enfiando farpas de bambu embaixo das suas unhas.” Alice murmurou pra si mesma enquanto me seguia.Eu não prestei atenção nela. Eu estava no meu cantinho feliz.<br />No meu cantinho feliz, toda a bagunça do casamento estava acabada e pronta. Atrás de mim. Já reprimida e esquecida. Nós estávamos sozinhos, só Edward e eu. A paisagem era confusa e estava frequentemente em fluxo - ela passava de uma floresta nebulosa pra uma cidade coberta de nuvens pra uma noite ártica - porque Edward estava mantendo o local da nossa lua de mel em segredo pra mim. Mas eu não estava particularmente preocupada com essa parte.Edward e eu estávamos juntos, e eu tinha cumprido a minha parte do compromisso perfeitamente. Eu casei com ele. Essa era a parte maior. Mas eu também aceitei todos os seus presentes ultrajantes e me registrei, mesmo que futilmente, pra comparecer na Universidade de Dartmouth no outono. Agora era a vez dele.<br />Antes de me transformar em vampira - a grande promessa dele - ele tinha estipulado mais uma condição pra mim.<br />Edward tinha uma preocupação obsessiva com as coisas humanas que eu estaria deixando pra trás, as experiências que ele não queria que eu perdesse. Mas havia apenas uma experiência na qual eu estava insistindo. É claro que essa era a que ele queria que eu tivesse esquecido.No entanto, aqui estava o problema. Eu sabia no que eu me transformaria quando estivesse tudo acabado. Eu vi vampiros recém-nascidos em primeira mão, e eu tinha ouvido todas as histórias da minha futura família sobre a selvageria dos primeiros dias. Por vários anos, minha primeira personalidade ia ser “sedenta”. Ia levar algum tempo até que eu fosse eu mesma novamente. E mesmo quando eu estivesse sob controle de mim mesma, eu jamais me sentiria exatamente da forma que me sinto agora.<br />Humana… e apaixonadamente apaixonada.<br />Eu queria a experiência completa antes de trocar meu corpo quente, quebrável e guiado por hormônios por algo lindo, forte… e desconhecido. Eu queria uma lua de mel de verdade com Edward. E a despeito do perigo ao qual ele achava que ia me submeter, ele concordou em tentar.Eu estava apenas vagamente cônscia da presença de Alice e do cetim passando pelo meu corpo. Durante aquele momento, eu não me importei com o que a cidade inteira estava pensando de mim. Eu não pensava no espetáculo que teria que estrelar em breve. Eu não me importei em tropeçar na minha grinalda e rir na hora errada ou em ser jovem demais ou a multidão me encarando e nem sequer no assento vazio onde o meu melhor amigo estaria.<br />Eu estava com Edward no meu cantinho feliz.<br /><br /><br />2. Uma longa noite<br />“Eu já sinto a sua falta”<br />“Eu não preciso ir. Posso ficar”“Mmm…”<br />Houve silêncio por um longo tempo, somente o som de meu coração batendo acelerado e o sussurro de nossos lábios se movendo sincronizados.As vezes era tão fácil esquecer que eu estava beijando um vampiro. Não porque ele parecesse comum e humano - eu nunca poderia esquecer que estava segurando mais do que um anjo em meus braços - mas porque ele me fazia sentir que não havia nada igual a sensação de ter seus lábios em meus lábios, em meu rosto, minha garganta… Ele dizia que já era passado a tentação que meu sangue lhe causava, que a idéia de me perder era mais forte que isso. Mas eu sabia que o cheiro de meu sangue ainda lhe causava dor-queimava em sua garganta como se ele estivesse inalando fogo.Eu abri meus olhos e encontrei os dele abertos também, fixados em meu rosto. Não fazia sentido ele me olhar daquele jeito. Como se eu fosse o prêmio ao invéz da ganhadora sortuda.<br />Nós nos encaramos por um momento, seus olhos dourados estavam tão profundos que era quase como se eu pudesse ver sua alma. Parecia bobo que justamente isso- a existência se sua alma- seja uma duvida, mesmo ele sendo um vampiro. Ele tinha a alma mais bonita, mas do que sua mente brilhante ou seu rosto incomparável e seu glorioso corpo.<br />Ele olhou de volta para mim, como se ele também pudesse ver minha alma, e estivesse gostando do que via.Ele não podia ver dentro de minha mente, pensando bem, não da maneira que ele via a dos outros. Quem saberia o por que - algum defeito em meu cérebro que me tornava imune a todos os extraordinários e assustadores poderes que alguns imortais possuem. (somente minha mente era imune, meu corpo ainda era uma vitima das habilidades dos vampiros com poderes diferentes dos de edward). Mas eu era seriamente grata a esse “defeito” que mantinham meus pensamentos em segredo. Era muito constrangedor sequer pensar na possibilidade.<br />Puxei seu rosto mais uma vez para perto do meu.<br />“Definitivamente vou ficar!”- ele murmurou um tempo depois.<br />“Não, não! É sua despedida de solteiro, você tem que ir.”<br />Eu disse as palavras, mas meus dedos se enroscaram em seus cabelos cor de bronze, minha mão esquerda apertando suas costas. Seus dedos frios acariciaram meu rosto.<br />“Despedidas de solteiros são para aqueles que estão tristes com o fim de seus dias de solteiro. Eu não vejo a hora que eles acabem. Então não há razão para que eu vá.”<br />“Verdade”-Eu disse respirando na pele gelada de sua garganta.<br />Isso era muito perto do que seria meu cantinho feliz. Charlie dormia profundamente em seu quarto, o que era quase o mesmo que estar sozinha. Nõs estavámos encolhidos em minha pequena cama, nossos corpos o mais juntos possível, apesar do grosso cobertor em que eu estava enrolada como um casulo. Eu odiava a necessidade do cobertor, mas o romance acabava quando meus dentes começavam a bater. Charlie iria perceber se eu ligasse o aquecedor em Agosto…<br />Pelo menos, se houvesse algo ruim, a camisa de edward estava no chão. Eu nunca superei o choque de como seu corpo era perfeito- pálido e gelado como mármore. Eu corri minha mão por seu peito nu, passando por sua barriga perfeitamente rígida, passeando. Ele tremeu levemente, e seus lábios encontraram os meus novamente. Cuidadosamente a ponta de minha língua traçou seus lábios encerados, e ele suspirou.Seu hálito me invadiu - frio e delicioso- por todo o meu rosto.<br />Ele começou a recuar- esta era sua reação automática toda vez que achava que tinha ido longe demais, seu reflexo toda vez que ele queria mais. Edward passou toda sua vida rejeitando qualquer tipo de contato físico. Eu sei que para ele era assustador tentar mudar seus hábitos agora.<br />“Espere”, eu disse agarrando seus ombros e o abraçando mais perto. Eu passei minha perna que estava livre ao redor de seu quadril. “A prática leva a perfeição”.<br />Ele riu. “Bem, devemos estar bem perto da perfeição nesse ponto, não acha? Você dormiu alguma noite no ultimo mês?”<br />“Mas esse é o ensaio do vestido”, Eu relembrei a ele. “E nós só praticamos algumas cenas. Não temos tempo a perder.”<br />Eu pensei que ele fosse rir, mas ele não respondeu, e seu corpo endureceu de um nervoso repentino. O dourado em seus olhos pareceu endurecer de liquido para sólido.<br />Eu pensei no que havia dito e tentei entender o que ele havia pensado.<br />“Bella…”, ele sussurrou.“Não comece com isso de novo”, eu disse, “Trato é trato.”<br />“Eu não sei. É muito difícil me concentrar quando você está comigo desse jeito. Eu - Eu não consigo pensar direito. Eu não vou conseguir me controlar. Você vai se machucar.”<br />“Eu vou ficar bem.”“Bella…”<br />“Shh…” eu pressionei meus lábios nos dele para parar com o ataque de pânico. Eu já havia ouvido aquilo antes. Ele não ia desistir do acordo. Não depois de insistir que eu casasse com ele primeiro.<br />Ele me beijou de volta por um momento, mas eu pude perceber que ele não estava com tanto entusiasmo como antes. Preocupado, sempre preocupado. Como seria diferente quando ele não tivesse que se preocupar mais comigo. O que ele fará em seu tempo livre? Terá que arrumar um hobby novo!<br />“Como estão seus pés?” ele perguntou<br />Sabendo que ele não falava no sentido literal eu respondi “Torrando de tão quentes”.<br />“Mesmo? Não está mudando de idéia? Ainda não é tarde pra desistir”<br />“Você está tentando me fazer desisitir?”<br />Ele riu silenciosamente. “Só para ter certeza. Não quero que você faça nada de que não tenha certeza.”<br />“Tenho certeza sobre você. Com o resto eu posso viver.”<br />Ele hesitou e eu imaginei se devia fechar a minha boca.<br />“Você consegue?” ele disse quieto. “Eu não me refiro ao casamento - eu sei que você vai sobreviver apesar de não concordar- mas e depois… E Rennée? E Charlie?”<br />“Eu vou sentir falta deles.” Mais do que eles de mim, mas eu não quis dar a ele esse tipo de detalhe.<br />“Angela e Ben, Jéssica e Mike”<br />“Vou sentir falta dos meus amigos também”. Eu sorri para a escuridão. “Especialmente Mike! Oh Mike! Como vou sobreviver?”<br />Ele grunhiu.<br />Eu ri, mas logo fiquei séria novamente. “Edward nós já falamos sobre isso. Eu sei que vai ser difícil, mas é o que eu quero. Eu quero você, e quero para sempre. Uma vida não é suficiente para mim.”<br />“Congelada para sempre aos dezoito” - ele sussurrou<br />“Todo sonho de mulher se torna realidade” eu provoquei<br />“Nunca mudando, nunca indo para frente”.<br />“O que isso significa?”<br />Ele respondeu devagar. “Você se lembra quando contamos para Charlie a respeito do casamento? Ele pensou que você estava… grávida?”<br />“E ele pensou em atirar em você”. Eu disse com uma risada- “Admita, por um momento ele considerou isso”.<br />Ele não respondeu.<br />“O que é Edward”?!<br />“Eu só queria… bem, queria que ele estivesse certo.”<br />“Uhh” eu estremeci.<br />“Que houvesse alguma maneira que isso pudesse acontecer. De que corrêssemos esse risco. Eu odeio tirar isso de você também”.<br />Eu precisei de um momento para responder. “Eu sei o que estou fazendo”<br />“Como você pode saber Bella? Olhe para minha mãe e minha irmã. Não é um sacrifício tão fácil quanto você imagina.”<br />“Esme e Rosalie conseguiram superar isso. Se isso se tornar um problema podemos fazer o que Esme fez - nós vamos adotar!”<br />Ele suspirou e, em seguida, sua voz era feroz. “Isso não é certo! Não quero que você tenha que fazer sacrifícios por mim. Eu quero dar-lhe coisas, não tirar coisas de você. Eu não quero roubar o seu futuro. Se eu fosse humano-”<br />Eu coloquei minha mão sobre seus lábios. “Você é o meu futuro. Parar agora. Não se deprima, ou eu irei chamar seus irmãos para virem e pegar você. Talvez você precise de uma festa de despedida.”<br />“Desculpe-me. Estou deprimido, não é? Devem ser os nervos.”<br />“Seus pés estão frios (OBS. Pés frios = Estar amarelando)?”<br />“Não é nesse sentido. Eu tenho esperado um século para casar com você, Senhorita Swan. A cerimônia de casamento é a única coisa que eu mal posso esperar-” Ele suspendeu o pensamento. “Oh, por tudo que é mais sagrado!”<br />“O que houve?”<br />Ele rangeu os dentes. “Você não precisa ligar para os meus irmãos. Aparentemente eles não vão me deixar escapar essa noite.<br />Eu o abracei mais forte, mas depois soltei. Eu não tinha a menor pretenssão de ganhar uma guerra contra Emmet. “Divirta-se”.<br />Houve um ruído através da janela. Alguém estava passando suas unhas de propósito no vidro para fazer um barulho horroroso de cobrir os ouvidos e arrepiar os cabelos. Eu dei de ombros.<br />“Se você não botar o Edward para fora” - Emmet - ainda invisível na noite - ameaçou- “nós vamos entrar pra pegar ele”.<br />“Vá” Eu ri - “Antes que eles quebrem a minha casa”.<br />Edward rolou seus olhos e em um único movimento se colocou de pé e com outro recolocou sua camisa. Ele se abaixou e beijou minha testa.<br />“Vá dormir. Você vai ter um grande dia amanhã”<br />“Obrigada! Isso realmente vai me acalmar!”<br />“Te vejo no altar”.<br />“Eu vou ser a que vai estar de branco!” Eu sorri pensando em como isso soava irônico.<br />Ele riu. “Muito convincente”. E então ele foi. Passando pela minha janela mais rápido do que eu podia ver.<br />Lá fora houve um barulho abafado e eu ouvi Emmet xingar.<br />“É melhor vocês não trazerem ele de volta muito tarde” eu murmurei sabendo que eles ouviriam.<br />E então o rosto de Jasper apareceu em minha janela, seus cabelos loiros cor de mel reluzindo a luz da lua que passava pelas nuvens.<br />“Não se preocupe Bella. Vamos trazer ele de volta com tempo de sobra!”<br />Eu estava subitamente muito calma, e todas as minhas hesitações pareciam sem importância. Jasper era, na sua própria maneira, tão talentoso como Alice com suas previsões sobrenaturalmente exatas. Os poderes mediúnicos de Jasper era uma atituda maior do que o futuro, e era impossível resistir à sensação da maneira como ele queria que você se sentisse.<br />Eu sentei rapidamente, ainda enrolada nos cobertores. “Jasper? O que vampiros fazem em despedidas de solteiro? Vocês não vão leva-lo a um clube de strip , vão?”<br />“Não lhe diga nada!” Emmett grunhiu para cima. Havia um outro som, e Edward riu discretamente.<br />“Relaxe”, Jasper disse-me - e foi o que fiz. “Nós Cullens temos a nossa própria versão. Apenas alguns leões da montanha, um casal de ursos cinzentos. Geralmente uma noitada ordinária.”<br />Eu me pergunto se alguma vez serei capaz de ouvir de forma cavalheiresca sobre as dietas dos vampiros “vegetarianos”.<br />“Obrigada, Jasper”<br />Ele piscou e saiu de vista.<br />Estava completamente silencioso lá fora. Os roncos abafados de Charlie vibravam através das paredes.<br />Eu deitei de volta no meu travesseiro, adormecendo agora. Eu observei as paredes do meu pequeno quarto, branqueada palidamente pelo luar, sobre as pálpebras pesadas.<br />A minha última noite no meu quarto. A minha última noite como Isabella Swan. Amanhã à noite, eu seria Bella Cullen. Apesar de todo o calvário do casamento ser um espinho ao meu lado, eu tinha de admitir que eu gostei de como soava.<br />Eu deixei a minha mente vaguear impassível por um momento, esperando cair no sono. Mas, depois de alguns minutos, encontrava-me mais alerta, a ansiedade crescente de volta para o meu estômago, embrulhando-se em posições desconfortáveis. A cama parecia muito suave, muito quente sem Edward. Jasper estava longe, e toda a paz, e sentimentos relaxantes foram com ele.<br />Ela iria ter um longo dia amanhã.<br />Eu estava ciente de que a maioria dos meus medos eram estúpidos - eu só tinha que tirá-los de mim. Atenção era uma parte inevitável da vida. Eu não podia estar sempre misturada com a paisagem. No entanto, eu tenho algumas preocupações específicas que eram completamente válidas.<br />Primeiro, havia a cauda de vestidos de casamento. Alice claramente tinha deixado seu sentido artístico dominar sobre aspectos práticos disso. Manobrar nas escadas dos Cullens com salto e uma cauda pareceu impossível. Eu deveria ter praticado.<br />Depois, tinha a lista de convidados.<br />A família de Tanya, o clã Denali, estaria chegando antes da cerimônia.<br />Seria delicado ter a família de Tanya no mesmo quarto com os nossos convidados da reserva Quileute, o pai de Jacob e os Clearwaters. O Denalis não eram fãs do lobisomens. Na verdade, a irmã de Tanya, Irina, não ia vir para o casamento por nada. Ela ainda carregava uma vingança contra os lobisomens por matarem seu amigo Laurent (exatamente como ele estava prestes a me matar). Graças a esse ressentimento, os Denali tinham abandonado a família de Edward na sua pior hora de necessidade. Foi a desagradável aliança com os lobos Quileute que salvou as nossas vidas, quando a horda de vampiros recém-nascidos atacaram. . . .<br />Edward tinha me prometido que não seria perigoso ter os Denalis perto dos Quileutes. Tanya e toda sua família - exceto Irina - sentiam-se horrívelmente culpados por esse abandono. Uma trégua com os lobisomens era um pequeno preço para compensar um pouco desta dívida, um preço que estavam dispostos a pagar.<br />Este era um grande problema, mashavia um pequeno problema também: minha frágil auto-estima.<br />Eu nunca tinha visto Tanya antes, mas eu tinha certeza que conhecê-la não seria uma experiência prazeirosa para o meu ego. Uma vez, provavelmente antes de eu ter nascido, ela tinha feito seu jogo para Edward - não que eu culpe a ela ou alguém por tê-lo desejado. Mesmo assim, ela deveria ser extremamente linda e magnifíca. Mesmo que Edward claramente - se inconcebivelmente - tenha preferido a mim, eu não seria capaz de ajudar fazendo comparações.Eu tinha rosnado um pouco até que Edward, que sabia a minha fraqueza, me fez sentir culpada.<br />“Nós comos a coisa mais próxima que eles têm de uma família, Bella,” ele me lembrou. “Eles ainda se sentem como orfãos, você sabe, mesmo depois de todo esse tempo.”<br />Então eu aceitei, escondendo a minha careta.<br />Tanya tinha uma grande família agora, quase tão grande quanto os Cullens. Eles eram em cinco; Tanya, Kate e Irina haviam entrado através de Carmen e Eleazor de uma forma bem parecida como Alice e Jasper entraram para os Cullens, todos eles levados pelo desejo de viver com mais compaixão do que os vampiros normais fizeram.<br />Mesmo com toda a companhia, entretanto, Tanya e suas irmãs ainda eram sozinhas. Ainda estavam de luto. Porque há muito tempo atrás, elas também tiveram uma mãe.<br />Eu conseguia imaginar o vazio que a perda devia ter deixado, mesmo depois de milhares de anos. Eu tentei imaginar a família Cullen sem o seu criador, seu centro e seu guia - seu pai, Carlisle. Eu não consegui.<br />Carlisle havia explicado a história de Tanya durante uma das muitas noites em que eu passei na casa dos Cullen, aprendendo tanto quanto eu podia, me preparando o máximo possível para o futuro que eu havia escolhido. A história da mãe de Tanya foi um dentre tantos, um conto de aviso ilustrando uma das regras que eu nunca poderia esquecer quando eu adentrasse o mundo dos imortais. Uma única regra, de fato - uma leia com milhares de facetas: Guarde o segredo.<br />Guardar o segredo significava muitas coisas - viver imperceptivelmente como o Cullens, se mudar antes que os humanos descofiassem de que eles não estavam envelhecendo. Ou mantendo-se completamente longe de seres humanos - exceto na hora da refeição - como a vida nômade como James e Victoria tinham vivido; como os amigos de Jasper, Peter e Charlotte, tinham vivido. Isso significa manter controle de quaisquer novos vampiros que você tenha criado, como Jasper fez quando viveu com Maria. Como Victoria havia falhado com os recém-nascidos.<br />Isso significa não criar algumas coisas, acima de tudo, porque algumas criações são incontroláveis.<br />“Eu não sei o nome da mãe de Tanya”, Carlisle admitiu, seus olhos dourados, quase uma exata sombra de seu cabelo preso, triste com as lembranças da dor de Tanya. “Eles nunca falam sobre ela se puderem evitar, nunca pensam nela carinhosamente. A mulher que criou Tanya, Kate e Irina - que as amou, eu acredito, - viveu muitos anos antes que eu tivesse nascido, durante uma época de peste em nosso mundo, a peste das crianças imortais.<br />“O que eles estavam pensando, os anciões, eu não consigo entender. Eles criaram vampiros sob humanos que mal eram alguma coisa além de crianças.”<br />Eu tive que engolir a bile que estava em minha garganta quando imaginei o que ele havia descrito.<br />“Eles eram muito lindos,” Carlisle explicou rapidamente, vendo minha reação. “Tão amáveis, tão encantadores, você não consegue imaginar. Mas era preciso estar perto deles para amá-los; isto era algo automático.”<br />“Contudo, eles não podiam ser ensinados. Eles foram congelados em qualquer nível do desenvolvimento em que eles estavam antes de ser mordidos. Adoráveis crianças de dois anos de idade, com covinhas e ceceios que podiam destuir metade de uma vila com seu furor. Se eles estavam com fome, eles se alimentavam, e não havia palavras de aviso que os parassem. Humanos os viam, histórias começaram a circular, o medo se alastrava como fogo na palha seca…”<br />“A mãe de Tânia criou uma dessas crianças. E assim como os outros anciões, não consigo imaginar as suas razões.” Ele deu um profundo suspiro. “Os Volturi se envolveram, é claro.”<br />Eu estremi como sempre com aquele nome, mas é claro, que a legião de vampiros da Itália - a realeza de sua espécie - era o centro da história. Não podia existir uma lei se não houvesse uma punição; não podia havia uma punição se não houvesse ninguém para aplicá-la. Os anciões Aro, Caius e Marcus governavam as forças dos Volturi. Eu somente os vi uma vez, mas naquele breve encontro, pareceu para mim que Aro, com seu poderoso poder de ler-mentes - um toque e ele sabia cada pensamento que aquela mente já havia tido - era o líder verdadeiro.<br />“Os Volturi estudaram as crianças imortais, em sua casa em Volterra e ao redor do mundo. Caius decidiu que os jovens eram incapazes de proteger nosso segredo. Então eles deveriam ser destruídos.“Eu te disse que eles eram adoráveis. Bem, grupos de bruxas lutaram até o último homem - que foram completamente dizimados - para protegê-los.A carnificina não foi generalizada em guerras como a do continente do Sul, mas mais devastador de sua própria maneira.Grupos de bruxas enraizados, velhas tradições, amigos… Muita perda. No final, a prática foi completamente eliminada. As crianças imortais se tornaram não mencionáveis, um tabu.<br />“Quando eu vivi com os Volturi, encontrei duas crianças imortais, por isso sabia em primeira mão o poder que tinham. Aro estudou os pequeninos por muitos anos após a catástrofe que eles provocaram. Você sabe curiosamente sua disposição; ele estava esperançoso de que poderia amansá-las. Mas, no fim, a decisão foi unânime: as crianças imortais não poderiam existirTodos haviam esquecido a mãe das irmãs Denally quando a história retornou.<br />“Não está totalmente claro o que aconteceu com a mãe de Tanya,” Carlisle disse. “Tanya, Kate e Irina foram inteiramente óbvias até o dia em que os Voltury chegaram, sua mãe e suas criações ilegais feitos priosioneiros. Foi a ignorância que salvou Tanya e suas irmãs. Aro lhes tocou e viu a sua total inocência, para que não fossem punidas como sua mãe.“Nenhuma delas tinha visto o garoto antes, ou tinham sonhando com sua existência, até o dia que elas o viram queimar nos braços de sua mãe. Eu posso apenas imaginar que sua mãe teve que guardar seu segredo para protegê-las desse exato resultado. Mas em primeiro lugar, por que ela o criou? Quem foi ele, e o que ele pretendia para ela que fez com que ela atravessasse esse inimaginável limite? Tanya e os outros nunca receberam uma resposta para nenhuma dessas perguntas. Mas não duvidavam da culpa de sua mãe, e não penso que eles lhe perdoaram de verdade.<br />“Elas foram sortudas que Aro estava se sentindo compassivo aquele dia. Tanya e suas irmãs foram perdoadas, mas as deixaram com os corações feridos e um grande respeito pela lei…”<br />Eu não sei exatamente em qual momento a memória se transformou em sonho. Um momento parecia que eu estava ouvindo Carlisle em minha memória, olhando para o seu rosto e então, no outro momento eu estava olhando para um cinza, árido campo e sentindo o cheiro de um denso incenso no ar. Eu não estava sozinha ali.<br />A mistura de figuras no centro do campo, todos cobertos com uma capa escura, devia ter me aterrorizado - eles só podiam ser os Volturi e eu, ao contrário do decretado em nossa última reunião, ainda humana. Mas eu sabia, como algumas vezes acontecia nos sonhos, que eu era invisível para eles.<br />Espalhados ao meu redor estavam montes de fumaça. Reconheci a doçura no ar e não examinei o esfumaçado muito profundamente. Não tive nenhum desejo de ver as caras dos vampiros que eles tinham executado, com um pouco de medo que eu pudesse reconhecer alguém por dentre as chamas.Os soldados Volturi pararam em um círculo ao redor de alguma coisa ou alguém e eu pude ouvir suas vozes em suspiro sobrepondo-se à agitação. Eu me debrucei sobre as capas, levada pelo sonho para ver que coisas ou pessoas que eles estavam examinando com tanta intensidade. Me arrastando cuidadosamente por entre dois encapuzados altos, eu finalmente vi o objeto do debate, subindo em um pequeno morro atrás deles.<br />Ele era bonito, adorável, como Carlisle tinha descrito. O garoto era ainda uma criança, e talvez tivesse até dois anos de idade. Cabelos cacheados em tom castanho claro enquadravam sua face de querubim com bochechas redondas e lábios cheios. E ele estava tremendo, seus olhos fechados como se ele estivesse receoso por assistir a sua morte se aproximar cada segundo.<br />Fiquei chocada com essa poderosa necessidade de salvar o adorável, apavorada criança que os Volturi, apesar de toda sua devastadora ameaça, não mais me importavam. Eu passei entre eles sem me importar se eles notariam. Soltando-me deles completamente, eu corri em direção ao menino.<br />Combaleando eu parei e pude ter uma visão clara do morro que ele se sentou. Aquilo não era terra e rocha, mas a uma pilha de corpos humanos, drenados e inanimados. Muito tarde para não ver seus rostos. Eu conhecia todos eles Angela-, Ben, Jessica, Mike…. E diretamente abaixo do menino adorável estavam os corpos do meu pai e minha mãe.<br />A criança abriu os seus olhos brilhantes, cor de sangue.<br /><br /><br />3. Grande Dia<br /><br />Meus olhos se abriram num átimo.<br />Me inclinei respirando com dificuldade e tremendo em minha cama quente por alguns minutos, tentando me esqueçer daquele sonho. O céu na minha janela estava cinzento e foi se tornando rosa pálido enquanto eu esperava meu coração se acalmar.<br />Quando eu voltei completamente a realidade de meu desarrumado e familiar quarto, eu estava um pouco aborrecida comigo mesma. Que sonho para se ter na noite antes de meu casamento! Era isto que eu ganhava por pensar em histórias perturbadoras no meio da noite.<br />Anciosa em me esqueçer daquele pesadelo, eu me me vesti e desci até a cozinha bem antes do que eu realmente precisava. Primeiro eu limpei as panelas sujas e quando Charlie acordou, eu lhe fiz panquecas. Eu estava muito preocupada para ter qualquer interesse em comer o café da manhã - Eu sentei aguardando enquanto ele comia.<br />“Você tem de buscar o Sr. Weber as três horas.” Eu o lembrei.<br />“Eu não tenho nada mais a fazer hoje além de buscar o ministro, Bells. Eu não vou esqueçer meu único trabalho.” Charlie tinha tirado o dia inteiro de folga para o casamento, e ele estava definitivamente sem entusiasmo. De vez em quando seus olhos passavam discretamente no closet embaixo da escada, onde ele guardava seu material de pesca.<br />“Este não é seu único dever. Você tambem tem de estar vestido e apresentável.”<br />Ele se abaixou para comer sua tigela de cereais e sussurou “roupa de macaco” enquanto comia.<br />Ouvi uma leve batida na porta da frente.<br />“Você acha que está em maus lençois,” eu disse, fazendo uma careta. “Alice vai trabalhar em mim o dia todo.”<br />Charlie fez um movimento com a cabeça, perdido em pensamentos, admitindo que ele teria que lidar com menos problemas. Eu me abaixei para beijar o topo de sua cabeça me movendo para sair -ele ficou vermelho e pigarreou- e eu continuei em direção à porta para receber minha melhor amiga e em breve, irmã.<br />O cabelo preto e curto de Alice não estava no seu estilo de sempre pontudo - ele estava alisado em mechas onduladas ao redor de seu rosto, que estava com uma expressão de negócios. Ela me arrastou de casa com um breve “Olá, Charlie” dito por cima de seus ombros.<br />Alice me avaliou enquanto eu entrava na porsche.<br />“Ah, diabos, olhe como estão seus olhos!” Ela bufou em desaprovamento. “O que você fez? Ficou acordada durante toda a noite?”<br />“Quase.”<br />Ela pareçeu irritada “Eu vou precisar de muito tempo para fazer você divina Bella - voce deveria ter cuidado melhor de meus ingredientes.”<br />“Ninguém espera que eu esteja divina. Eu acho que o maior problema é que eu fique sonolenta durante a cerimônia e não seja capaz de dizer ‘Eu Aceito’ na parte certa, e então Edward terá escapado.”<br />Ela riu.” Eu vou atirar minhas flores em você quando nos aproximarmos do momento.”<br />“Obrigada.”<br />“Ao menos você terá muito tempo para dormir no avião amanhã.”<br />Eu levantei uma sombrancelha. Amanhã, eu meditei. Se nós vamos sair hoje a noite após a recepção e ainda estaremos em um avião amanhã… bem, nós não estamos indo para Boise, em Idaho. Edward não deu nem ao menos uma dica. Eu não estava particularmente estressada sobre o mistério, mas era estranho não saber onde eu estaria dormindo amanhã a noite. Ou com esperanças não estar dormindo…<br />Alice percebeu que tinha dito algo e fez uma careta.<br />“Você está com as malas prontas,” ela disse para me distrair.<br />Funcionou. “Alice, eu gostaria que você me deixasse fazer minhas próprias malas!”<br />“Isso levaria muito tempo.”<br />“E teria te tirado uma boa oportunidade de fazer compras.”<br />“Você irá ser oficialmente minha imã em dez horas.. já é hora de superar essa aversão a roupas novas.”<br />Olhei séria através do para-brisa até nós estarmos quase na casa.<br />“Ele já voltou?” Eu perguntei.<br />“Não se preocupe, ele estará aqui antes da musica começar. Mas você não poderá vê-lo não importa quando ele chegar. Nós estamos fazendo isto da maneira tradicional.”<br />Eu suspirei. “Tradicional!”<br />“Sim, mantendo distância entre a noiva e o noivo.”<br />“Você sabe que ele já está a espreita.”<br />“Ah não - por isso eu serei a única a ver você no vestido. Eu serei bem cuidadosa em não pensar nisso quando ele estiver por perto.”<br />“Bem,” Eu disse enquanto nós estravamos no caminho da sua casa, “Vejo que você reutilizou parte das decorações da formatura.” Todo caminho estava cheia de luzes piscantes. Desta vez ela adicionou arcos de cetim branco.<br />“Sem desperdício para quem não quer. Aprecie isto, porque você não vai ver a decoração interna até a hora chegar.” Ela entrou na garagem em forma de caverna ao norte da casa; o jipe de Emmett não estava ali ainda.<br />“Desde quando a noiva é proibida de ver as decorações?” - Eu Protestei.<br />“Desde quando ela me colocou à cargo disso. Eu quero que você veja as surpresas na hora de descer as escadas.”<br />Ela botou suas mãos sobre meus olhos antes de me deixar entrar na cozinha. Eu fui imediatamente tomada pelo cheiro de comida.<br />“O que é isso?” Eu perguntei enquanto ela me guiava pela casa.<br />“Será que é demais?” A voz de Alice estava preocupada. “Você é a primeira humana a entrar aqui; eu espero que tenha feito isto certo.”<br />“Cheira maravilhosamente bem!” Eu à garanti - quase intoxicante mas não muito forte, o balanço de diferentes fragrâncias era sutil e alternado. “Flor de laranjeira… Lavanda.. e algo mais - estou certa?”<br />“Muito bem, Bella. Você só se esqueceu da frésia e das rosas.”<br />Ela não tirou suas mãos de meus olhos até alcançarmos o seu grande banheiro. Eu olhei para a longa pia, coberta de todo tipo de coisas de um salão de beleza, e começei a sentir os efeitos de minhas poucas horas de sono.<br />“É realmente necessário?” Eu vou parecer simples perto dele de qualquer jeito.<br />Ela me sentou em uma pequena cadeira rosa. “Ninguêm irá lhe chamar de simples quando eu terminar com você.”<br />“Somente porque eles têm medo de que você sugue seu sangue,” eu disse. Apoiei minhas costas na cadeira e fechei meus olhos, esperando poder tirar um cochilo enquanto isso. Eu acordava e cochilava continuadamente enquanto Alice maquiava cada superfície de meu corpo.<br />Já passava da hora do almoço quando Rosalie deslizou pela porta do banheiro em um longo vestido prata, com seus cabelos presos em um coque no topo de sua cabeça. Ela estava tão bonita que me fazia querer chorar. Qual era mesmo a razão de se arrumar com Rosalie por perto?<br />“Eles voltaram,” disse Rosalie, e imadiatamente meu infantil senso de desespero se foi. Edward estava em casa.<br />“Mantenha-o longe daqui!”<br />“Ele não vai te ver hoje,” Rosalie assegurou Alice. “Ele valoriza sua vida o suficiente. Esme está com ele ajudando nos preparativos. Você precisa de alguma ajuda? Eu poderia fazer o cabelo dela.”<br />Minha boca se abriu de espanto. Eu mergulhei em pensamentos na minha cabeça. Tentando lembrar como fechá-la.<br />Eu nunca fui a pessoa favorita de Rosalie no mundo. Em adição, para fazer as coisas ainda mais difíceis entre nós ela estava pessoalmente ofendida pela escolha que eu estava fazendo agora. E pensar que tendo sua beleza magnífica, sua família amável e Emmett, ela trocaria isto tudo para ser humana. E aqui estava eu, jogando tudo que ela sempre desejou fora como se fosse lixo. Isso não a deixava exatamente de bem comigo.<br />“Claro,” Alice disse. “Você pode começar a fazer as tranças. Eu as quero embaraçadas. O véu irá aqui, por baixo.” As mãos de Alice começaram a trabalhar em meu cabelo, o separando, alisando, falando com detalhes exatamente o que ela queria. Quando ela terminou de explicar, Rosalie tomou seu lugar, dando forma a meu cabelo. Alice voltou a se concentrar em meu rosto.<br />Quando Rosalie recebeu a aprovação de Alice sobre meu cabelo ela foi enviada para buscar meu vestido e procurar por Jasper, que estava responsável por buscar minha mãe e Phil em seu hotel. Eu podia ouvir as portas da casa abrindo e fechando continuadamente no andar de baixo. Vozes estavam vindo lá de baixo.<br />Alice me fez levantar para poder passar o vestido por cima de meu cabelo e maquiagem. Meus joelhos tremeram enquanto ela fechava rapidamente os botões de peróla nas minhas costas.<br />“Respire profundamente Bella,” disse Alice. “E tente diminuir seu ritmo cardíaco. Você irá suar seu rosto.”<br />Eu fiz a melhor expressão sarcástica que pude. “Vou fazer meu melhor.”<br />“Eu tenho de me vestir agora. Você pode se manter sozinha por 2 minutos?”<br />“Um.. talvez?”<br />Ela virou os olhos e saiu pela porta.<br />Eu me concentrei na minha respiração, contando cada movimento de meus pulmões e me distraindo observando as cores que as luzes do banheiro faziam em contato com meu vestido. Eu estava com medo de olhar no espelho - com medo de que me ver em um vestido de noiva me fizesse entrar em um total ataque de pânico.<br />Alice estava de volta antes de eu contar 200 respirações, em um vestido que lhe caia no corpo como uma caichoeira prateada.<br />“Alice - wow!”<br />“Não é nada. Ninguem estará olhando para min hoje. Não enquanto você estiver na sala.”<br />“Ha, Ha.”<br />“Então, você está sobre controle, ou eu devo trazer Jasper aqui?”<br />“Eles estão de volta? Minha mãe está aqui?”<br />“Ela acabou de passar pela porta. Está subindo”<br />Renée tinha chegado há 2 dias e eu tinha ficado cada minuto que eu pude com ela - cada minuto que eu pude tirar ela de perto de Esme e das decorações, em outras palavras. Pelo que eu podia notar, ela parecia estar se divertindo com isso tanto quanto uma criança trancada na Disneyland à noite. De certa maneira eu me senti tão ultrajada quanto Charlie. Todo aquele terror sobre como seria sua reação…<br />“Ah,Bella!” ela disse em voz alta agora, antes de passar pela porta. “Ah, querida, você está linda!” Ah, eu vou chorar! Alice, você é simplesmente demais! Você e Esme deveriam entrar nos negócios sobre planejamento de casamentos. Onde você encontrou esse vestido? É demais! Tão gracioso, tão elegante.” “Bella, você parece ter saído de um filme.” Ouvi a voz da minha mãe um pouco distante, e tudo na sala estava um pouco mais borrado. “Que idéia criativa, o tema foi todo centrado no anel da Bella. Tão romântico! E pensar que está na familia do Edward desdo século 18!″<br />Alice e eu já estavamos com as roupas do casamento. Minha mãe estava fora da moda de vestidos por algumas centenas de anos.<br />O casamento na verdade não era centrado no anel, mas sim, em Edward.<br />Logo depois, veio um som brusco, um limpar de garganta fora da sala.<br />“Renée, a Esme disse que é a hora de você se acomodar aqui em baixo” disse Charlie.<br />“Bem, Charlie, não seja tão apressado” Renée disse em um tom que ficamos chocadas.<br />Aquilo deve ter explicado a frieza na resposta de Charlie.<br />“Alice fica comigo”<br />“Esta mesmo na hora?” Renée disse para si, parecendo mais nervosa do que eu. “Isso está acontecendo tão rápido. Estou me sentindo tonta.”<br />Então somos duas.<br />“Me dê um abraço antes que eu desça” Renée insistiu “Cuidado agora, não chore”<br />Minha mãe me apertou gentilmente em torno da cintura, e foi girando a maçaneta da porta,apenas quando completou o giro, olhou para mim de novo. “Oh Deus, eu quase me esqueci! Charlie, onde está a caixa?<br />Meu pai vasculhou seus bolsos por um minuto e pegou uma pequena caixa branca, e a deu para Renée.<br />Renée levantou a tampa, e a passou para mim.<br />“Uma coisa azul,” ela disse.<br />“Alguma coisa antiga também. Elas foram da vovó Swan.” Charlie acrescentou. “Nós pedimoa a um joalheiro para substituir as pedras antigas por safiras”<br />Dentro da caixa havia dois pesados arranjos de cabelo prata. Safiras azuis marinho estavam agrupadas em formas florais no topo do arranjo. Minha voz falhou ‘’ Mãe, pai… vocês não precisavam”<br />“Alice não nos deixou fazer mais nada” Renée disse. ” Toda vez que tentávamos ela quase nos rasgava a garganta.”<br />Um risinho histérico escapou dos meus lábios.<br />Alice passou rapidamente ambos sobre as pontas de minhas tranças. “Isso é algo antigo e azul”, ‘’ Alice sussurrou, se afastando alguns passos para me admirar. “E o seu vestido é novo… Então aqui - ”<br />Ela jogou algo em mim, eu estendi as mãos automaticamente e uma fina liga branca caiu em minhas mãos.<br />“Isso é meu e eu quero de volta” Alice me disse.<br />Eu corei de vergonha.<br />“Aqui” Alice disse com satisfação “Um pouco de cor - é tudo que você precisa. Você esta oficialmente perfeita” Com um sorriso se dando os parabéns pelo seu trabalho, ela me deixou com meus pais.<br />“Renée você precisa ir ”<br />“Sim senhora” Renée me deu um beijo e se apressou para fora da porta.<br />“Charlie você poderia pegar as flores por favor?”<br />Enquanto Charlie sai da sala, Alice pegou a liga das minhas mãos e as colocou por debaixo da minha saia. Eu respirei fundo e cambaleei quando a mão fria dela tocou meu tornozelo; ela colocou a liga no lugar.<br />Ela voltou a sua posição quando Charlie retornou com dois ramos de flores brancas. O perfume das rosas e de azahar me envolviam em uma suave névoa.<br />Rosalie - a melhor músicista na família, depois de Edward - começou a tocar piano baixo. Pachelbel’s Canon, a canção. Eu comecei a hiperventilar.<br />“Fácil Bells,” Charlie disse. Ele virou-se para Alice, nervoso. “Ela parece um pouco doente. Você acha que ela consegue fazer isso?”<br />Sua voz soou muito longe. Eu não podia sentir minhas pernas.<br />“Ela vai ficar melhor”.<br />Alice ficou na minha frente, na ponta dos pés, para poder me encarar nos olhos, e agarrou meus braços.<br />“Foque-se, Bella! Edward está esperando você lá embaixo!”<br />Eu respirei profundamente, disposta a manter a compostura.<br />A música lenta começou com um novo som, Charlie me deu uma cotovelada. “Bells, nós estamos prontos para bater”.<br />“Bella?” Alice perguntou-me, ainda encarando ao meu olhar.<br />“Sim”, Eu rangi. “Edward”. Ok” Eu deixei ele me conduzir do quarto com o braço de Charlie em meu cotovelo. A música falou mais alto na sala. Eu fui puxada pela escada junto com a fragancia de milhões de flores. Eu concentrei-me na idéia de que Edward estaria me esperando para me fazer arranhar o chão. A música me era familiar, a tradicional marcha dos Wagner’s, rodeado por uma avalanche de enfeites.<br />“É a minha vez”, Alice chiou. “Conte até cinco e me siga. Ela começou a descer as escadas lenta e graciosamente. Eu devia ter me dado conta que ter Alice como minha única dama de honra era um erro. Eu ia parecer muito mais descoordenada andando atrás dela.<br />Um súbito ruído de juntou à música. Eu reconheci a minha deixa.<br />“Não me deixe cair, pai”, eu sussurrei. Charlie pôs a minha mão em meu braço e o apertou com força.<br />Um passo de cada vez, eu disse a mim mesma enquanto começava a descer ao lento som da marcha. Eu não ergui meus olhos até que os meus pés estavam seguros no chão, apesar de conseguir ouvir os murmúrios e ruídos da platéia enquanto eu aparecia. O sangue subiu pro meu rosto por causa do som; é claro que já se esperava que eu fosse uma noiva corada.Assim que os meus pés tinham vencido as escadas traiçoeiras, eu estava procurando por ele. Por um breve segundo, eu fiquei distraída com a profusão de botões de flores brancas que pendiam de guirlandas em qualquer parte da sala que não estivesse viva, caindo em longas filas de leves laços brancos. Mas eu separei meus olhos dos arcos das portas e procurei pelas fileiras de cadeiras cobertas de cetim - ficando ainda mais vermelha quando vi a multidão de rostos olhando pra mim - até que eu finalmente o encontrei, de pé perto de um vaso com mais flores ainda, e mais laços.<br />Eu mal tinha consciência de Carlisle de pé ao lado dele, e do pai de Angela atrás dos dois. Eu não vi minha mãe de onde ela devia estar sentada na primeira fileira, nem a minha família nova, ou nenhum dos meus convidados - eles teriam que esperar até mais tarde.Tudo o que eu realmente via era o rosto de Edward; ele encheu minha visão e dominou minha mente. Os olhos dele estavam claros, ouro em chamas; seu rosto perfeito estava quase parecendo severo com a profundidade de suas emoções. E aí, quando ele encontrou meu olhar abismado, ele se quebrou em um sorriso feliz de tirar o fôlego.<br />De repente, a única coisa me impedindo de correr pelo corredor era a mão de Charlie apertando a minha.<br />A marcha era lenta demais enquanto eu tentava fazer meus pés acompanharem o ritmo. Por sorte, o corredor era bem curto. E finalmente, finalmente, eu estava lá. Edward estendeu sua mão. Charlie pegou minha mão e, num símbolo tão velho quanto o mundo, colocou-a sobre a mão de Edward. Eu toquei o frio milagre de sua pele, e eu estava em casa.<br />Nossos votos foram simples, palavras tradicionais que já foram ditas milhões de vezes, apesar de nunca por um casal como nós. Nós só pedimos ao Sr. Weber pra fazer uma pequena mudança. Ele concordou em trocar a frase “até que a morte nos separe” por uma mais apropriada “enquanto nós dois vivermos”.<br />Naquele momento, enquanto o juiz de paz dizia sua parte, meu mundo, que tinha estado de cabeça pra baixo por tanto tempo, agora parecia ficar na posição correta. Eu me dei conta do quanto eu estava sendo ao sentir medo disso - como se isso fosse um presente de aniversário que eu não queria ou uma exibição vergonhosa, como um baile. Eu olhei para os olhos brilhantes, triunfantes de Edward, e eu soube que eu também estava vencendo. Porque nada mais importava além do fato de que eu poderia ficar com ele.<br />Eu não me dei conta de que estava chorando até a hora de dizer as palavras tão esperadas.<br />“Eu aceito”, eu consegui botar pra fora num sussurro quase inaudível, piscando pra conseguir ver o rosto dele.<br />Quando foi a vez dele de falar, as palavras soaram claras e vitoriosas.<br />“Eu aceito”, ele jurou.<br />O Sr. Weber nos declarou marido e mulher, e aí as mãos de Edward de ergueram pra segurar o meu rosto, cuidadosamente, como se ele fosse delicado como as pétalas brancas balançando sobre nossas cabeças. Eu tentei compreender, apesar da quantidade de lágrimas me cegando, o fato surreal de que essa pessoa incrível era minha. Seus olhos dourados estavam como se pudessem estar cheios de lágrimas também, se isso não fosse uma coisa tão impossível. Ele abaixou sua cabeça em direção à minha, e eu fiquei na ponta dos pés, jogando meus braços - com buquê e tudo - ao redor do pescoço dele.Ele me beijou ternamente, me adorando; eu esqueci a multidão, o lugar, o tempo, a razão… lembrando apenas que ele me amava, que ele me queria, que eu era dele.Ele começou o beijo e eu tive que termina-lo; eu me agarrei a ele, ignorando as risadinhas e os convidados limpando as gargantas. Finalmente, as mãos dele detiveram meu rosto e ele se afastou - cedo demais - pra me olhar. Na superfície seu sorriso repentino estava divertido, era quase um sorriso pretensioso. Mas por baixo desse espetáculo momentâneo da minha exibição pública estava uma profunda alegria que ecoava a minha própria.A multidão aplaudiu, e ele virou os nossos corpos para ficar de frente para as nossas famílias e amigos. Eu não pude tirar o olho do rosto dele, para vê-los.<br />Os braços da minha mãe foram os primeiros a me encontrar, seu rosto coberto de lágrimas foi a primeira coisa que eu encontrei quando eu desviei meus olhos de Edward sem querer. E aí eu fui passada para a multidão, passada de abraço para abraço, apenas meio consciente de quem me abraçava, minha atenção concentrada na mão de Edward que segurava a minha própria mão com força. Eu reconheci a diferença entre os abraços suaves e quentes dos meus amigos humanos, e os abraços gentis e frios da minha nova família.<br />Um abraço severo se destacou entre os outros - Seth Clearwater teve a coragem de ficar em meio a todos os vampiros para representar meu amigo lobisomem perdido.<br /><br /><br />4. Gestos<br /><br />A recepção do casamento fluiu bem. - prova do impecável trabalho de Alice. Havia apenas o crepúsculo sobre o rio; A cerimônia durou exatamente o esperado, o tempo do sol se escondendo atrás das árvores. A luz que se estendia por trás das árvores, dando-as um tom avermelhado, enquanto Edward me carregava sobre seu colo, através de uma porta de vidro, fazendo as flores brancas brilhar sob o chão. Havia mais de dez mil flores fora daqui, servindo com sua fragancia, até fora da pista de dança, criada na grama ao abrigo dos dois antigos cedros.<br />As coisas foram ficando calmas, relaxadas, como a tarde de Agosto que nos rodeava. A pequena multidão se espalhava pelo fraco brilho da luz, enquanto voltavámos para a presença dos amigos, onde receberiámos mais abraços. Não havia nada a dizer, apenas sorriámos.<br />“Parabéns,” Seth Clearwater nos disse, mergulhando a sua cabeça embaixo da borda de uma guirlanda de flor. Sua mãe, Sue, estava agarrada ao seu lado, olhando os hóspedes com a intensidade cuidadosa. A sua cara foi fina e feroz, uma expressão que foi acentuada pelo seu penteado curto, severo; tão curto como-de sua filha Leah, fiquei me perguntando se ela tinha cortado igual em uma demonstração da solidariedade. Bily Black, do outro lado de Seth, não parecia estar tão tenso quanto Sue.<br />Quando eu olhava o pai de Jacob, sempre me sentia como se estivesse vendo duas pessoas ao invés de uma. Havia um velho homem em sua cadeira de rodas alinhada, com um sorriso que todos viam. E também havia o descendente direto de uma longa linha de poderosos, mágicos chefes, emanando a autoridade que nasceu com ele. Embora a magia tenha - na falta de uma motivação - pulado sua geração, Billy era ainda uma parte do poder e da lenda. E através dele que fluiu a descendência. Ela fluiu para o seu filho, o herdeiro da magia, que tinha virado as costas a ele. Sam Uley que age como o chefe das lendas e magia agora …<br />Billy parecia curioso com a facilidade de seus companheiros considerarem o evento - seus olhos pretos brilharam como se ele tivesse acabado de receber boas notícias, eu estava impressionada pela sua tranquilidade. O casamento deve ter parecido uma coisa muito ruim, a pior coisa que poderia acontecer com a filha de seu melhor amigo, nos olhos de Billy.<br />Eu sabia que não era fácil para ele restringir seus sentimentos, considerando o desafio desse evento que apontava para o antigo tratado entre os Cullens e os Quileutes - o tratado que proibiu os Cullens de criarem outro vampiro. Os lobos sabiam que uma violação estava chegando, mas os Cullens não tinham idéia de iriam como reagir. Antes da aliança, isso teria significado um ataque imediato. Uma guerra. Mas dessa vez que eles conheciam melhor um ao outro, haveria perdão?<br />(A partir daqui, a tradução foi feita pela comunidade traduções de livros!)<br />Como que em resposta a esse pensamento, Seth se inclinou na direção de Edward, com os braços estendidos. Edward retornou o abraço com seu braço livre.<br />Eu vi Sue estremecer delicadamente.<br />“É bom ver as coisas dando certo pra você, cara”, Seth disse. “Eu estou feliz por você.”<br />“Obrigado, Seth. Isso significa muito pra mim.” Edward se afastou de Seth e olhou para Sue e Billy. “Obrigado a vocês também. Por ter deixado o Seth vir. Por dar apoio a Bella hoje.”<br />“De nada” Billy disse com sua voz profunda, gutural, e eu me surpreendi com o otimismo na voz dele. Talvez uma trégua mais forte estivesse no horizonte.<br />Uma pequena fila estava se formando, então Seth acenou dando adeus e Billy empurrou sua cadeira em direção à comida. Sue manteve uma mão em cada um deles.<br />Angela e Bem eram os próximos querendo nossa atenção, seguidos pelos pais de Angela e então Mike e Jéssica, que estavam - para minha surpresa - de mãos dadas. Eu não sabia que eles estavam juntos de novo. Isso era bom.<br />Atrás dos meus amigos humanos estavam os meus novos primos, os vampiros do clã Denali. Eu me dei conta de que estava prendendo a respiração enquanto a vampira da frente - Tanya, eu presumi pelo tom dos seus cabelos loiros - se aproximava para abraçar Edward. Perto dela, os outros três vampiros de olhos dourados me olharam com franca curiosidade.<br />Uma das mulheres tinha um cabelo longo, loiro pálido, liso como seda. A outra mulher e o homem ao seu lado tinham cabelos escuros, com a pele meio escurecida sobre sua compleição pálida.<br />Eles eram todos tão lindos que faziam meu estômago doer.<br />“Ah, Edward”, Tanya disse. “Eu senti sua falta.”<br />Edward gargalhou e inteligentemente conseguiu se livrar do abraço, colocando a mão levemente sobre o ombro dela e dando um passo pra trás. “Já faz bastante tempo, Tanya. Você parece bem.”<br />“E você também.”<br />“Deixe-me apresenta-los minha esposa.” Era a primeira vez que Edward dizia essa palavra desde que isso virou oficialmente verdade; parecia que ele ia explodir de satisfação dizendo isso agora. Todos os Denali sorriram levemente em resposta. “Tanya, esta é minha Bella.”<br />Tanya era exatamente tão amável quanto nos meus piores pesadelos haviam predito. Ela me lançou um olhar que era mais especulativo do que resignado, e então pegou minha mão.<br />“Bem vinda à família, Bella”, ela sorriu um pouco descontente. “Nós nos consideramos uma extensão da família de Carlisle, e eu lamento por, er, aquele incidente recente quando não nos comportamos como tal. Nós devíamos ter te conhecido mais cedo. Você pode nos perdoar?”<br />“É claro”, eu disse sem fôlego. “É muito bom conhecer vocês.”<br />“Agora todos os Cullen tem um par. Talvez agora seja a nossa vez, hein, Kate?” Ela sorriu para a loira.<br />“Continue sonhando”, Kate disse, rolando seus olhos. Ela tomou minha mão de Tanya e apertou-a gentilmente. “Bem vinda, Bella.”<br />A mulher de cabelos escuros pôs a mão sobre a de Kate. “Eu sou Carmem, esse é Eleazar. Estamos muito felizes por finalmente conhecer você.”<br />“E-eu também”, eu gaguejei.<br />Tanya olhou para as pessoas esperando atrás dela - o companheiro de trabalho de Charlie, Mark, e sua esposa. Seus olhos eram enormes enquanto eles olhavam para os Denali.<br />“Vamos nos conhecer depois. Nós temos muito tempo para fazer isso!” Tanya riu enquanto ela e sua família seguiam em frente.<br />Todos os padrões tradicionais foram mantidos. Eu fiquei cega pelos flashes de luz enquanto segurávamos a faca sobre o bolo espetacular - grande demais, eu pensei, para o nosso grupo relativamente íntimo de amigos e familiares. Nós começamos a enfiar bolo nos rostos um do outro; Edward engoliu corajosamente e parte que cabia a ele enquanto eu olhava sem acreditar. Eu joguei meu buquê com estranha destreza, diretamente nas mãos da surpresa Angela.<br />Emmett e Jasper rugiram de tanto rir quanto Edward arrancou a minha liga emprestada - que eu havia feito deslizar quase até o meu calcanhar - muito cuidadosamente com os dentes. Com uma piscadela pra mim, ele atirou-a bem na cara de Mike Newton.<br />E quando a música começou, Edward me puxou pros seus braços para a costumeira primeira dança; eu fui por vontade própria, apesar do meu medo de dançar - especialmente dançar na frente de uma platéia - feliz por ele simplesmente me abraçar. Ele fez todo o trabalho, e eu girei sem esforço algum sob as luzes e flashes brilhantes das câmeras.<br />“Aproveitando a festa, Sra. Cullen?” Ele sussurrou no meu ouvido.<br />Eu ri. “Eu vou levar um tempo pra me acostumar com isso.”<br />“Nós temos muito tempo”, ele me lembrou, sua voz exultante, e se inclinou pra me beijar enquanto a gente dançava. Câmeras disparavam sem parar.<br />A música trocou, e Charlie cutucou o ombro de Edward.<br />Dançar com Charlie nem de perto foi tão fácil. Ele não era melhor do que eu, então nós nos mexíamos cuidadosamente de um lado pro outro no pequeno formato de um quadrado. Edward e Esme giravam ao nosso redor como Fred Astaire e Ginger Rogers.<br />“Eu vou sentir sua falta lá em casa, Bella. Eu já me sinto sozinho.”<br />Eu falei através da minha garganta apertada, tentando fazer piada sobre isso. “Eu me sinto simplesmente horrível, tendo que fazer você cozinhar pra si mesmo - é praticamente um crime de negligência. Você podia me prender.”<br />Ele deu um sorriso. “Eu acho que vou sobreviver à comida. Só me ligue quando puder.”<br />“Eu prometo.”<br />Parecia que eu tinha dançado com todo mundo. Era bom ver todos os meus amigos, mas eu queria mesmo era estar com Edward acima de qualquer coisa. Eu fiquei feliz quando ele finalmente interrompeu, meio minuto depois que uma nova dança começou.<br />“Ainda não gosta muito de Mike, hein?” Eu comentei enquanto Edward me puxava pra longe dele.<br />“Não quando eu preciso ouvir os pensamentos dele. Ele tem sorte que eu não o botei pra fora. Ou pior.”<br />“Tá, certo.”<br />“Você teve uma chance de olhar para si mesma?”<br />“Um, não, eu acho que não. Por quê?”<br />“Então eu acho que você não se dá conta que está absolutamente linda e de tirar o fôlego esta noite. Não me surpreende que Mike tenha dificuldade com seus pensamentos impróprios com uma mulher casada. Eu estou desapontado por Alice não ter te forçado a se olhar no espelho.”<br />“Você é louco, sabia?”<br />Ele suspirou e então parou e me virou em direção à casa. A parede de vidro refletia a festa lá atrás como um longo espelho. Edward apontou para o casal no espelho diretamente à nossa frente.<br />“Sou louco, não é?”<br />Eu vi apenas um pouco do reflexo de Edward - uma duplicata perfeita de seu rosto perfeito - com uma bonitona de cabelos escuros ao seu lado. A pele dela era como rosas e creme, seus olhos estavam enormes e excitados e margeados por enormes cílios grossos. A estrutura estreita do vestido branco cintilante ficava subitamente cheio na cauda quase como um lírio invertido, cortado com tanta destreza que seu corpo parecia elegante e gracioso - quando estava parada, pelo menos.<br />Antes de conseguir piscar e fazer a beleza se voltar para mim, Edward enrijeceu repentinamente e se virou automaticamente na outra direção, como se alguém tivesse chamado seu nome.<br />“Oh”, ele disse. A testa dele enrugou por um instante e depois ficou suave de novo rapidamente.<br />De repente, ele estava sorrindo brilhantemente.<br />“O que é?” Eu perguntei.<br />“Um presente de casamento surpresa”<br />“Huh?”<br />Ele não respondeu; ele simplesmente começou a dançar de novo, girando comigo para o lado oposto ao que estávamos indo antes, nos distanciando das luzes e entrando nas profundezas da noite que cercava a luminosa pista de dança.<br />Ele não parou até que alcançamos o lado escuro de uma das enormes cidreiras. Então Edward seguiu diretamente para a sombra mais escura.<br />“Obrigado”, Edward disse para a escuridão. “Isso é muito… gentil da sua parte.”<br />“Gentil é o meu nome do meio” uma voz rouca familiar se ergueu da noite escura. “Posso invadir?”<br />Minha mão voou para a minha garganta, e se Edward não estivesse me segurando eu ia sofrer um colapso.<br />“Jacob!” Eu botei pra fora assim que consegui respirar. “Jacob!”<br />“E aí, Bells.”<br />Eu cambaleei na direção da voz dele. Edward continuou segurando meu cotovelo até que outro forte par de mãos me pegou na escuridão. O calor da pele de Jacob queimou o cetim do vestido enquanto ele me puxou pra perto. Ele não se esforçou pra dançar; ele apenas me abraçou enquanto eu enterrava meu rosto em seu peito. Ele se inclinou para encostar seu queixo no topo de minha cabeça.<br />“Rosalie não vai me perdoar se ela não tiver sua valsa oficial na pista de dança”, Edward murmurou, e eu sabia que ele estava nos deixando, me dando um presente - esse momento com Jacob.<br />“Oh, Jacob”, eu estava chorando agora; eu não conseguia botar as palavras pra fora com clareza. “Obrigada.”<br />“Para de se derreter, Bella. Você vai estragar seu vestido. Sou só eu.”<br />“Só? Oh, Jake! Tudo está perfeito agora.”<br />Ele rosnou. “É - a festa já pode começar o padrinho finalmente chegou.”<br />“Agora todos que eu amo estão aqui.”<br />Eu senti os lábios dele passando pelos meus cabelos. “Eu lamento ter me atrasado, querida.”<br />“Eu estou tão feliz por você ter vindo!”<br />“Essa era a idéia.”<br />Eu olhei na direção dos convidados, mas não consegui ver através dos dançarinos o lugar onde eu tinha visto o pai de Jacob pela última vez. Eu não sabia se ele tinha ficado. “Billy sabe que você está aqui?”<br />Assim que eu perguntei, eu soube que ele devia saber - era a única maneira de explicar a sua expressão feliz de antes.<br />“Eu tenho certeza que Sam contou a ele. eu vou vê-lo quando… quando a festa acabar.”<br />“Ele vai ficar tão feliz por você estar em casa.”<br />Jacob se afastou um pouco e se ergueu de novo. Ele deixou uma mão na parte de baixo das minhas costas e segurou minha mão direita com a outra. Ele segurou nossas mãos no peito dele; eu podia sentir o coração dele batendo sob minha palma, e eu supus que ele não havia colocado a minha mão lá por acidente.<br />“Eu não sei se vou ganhar mais do que essa dança” ele disse, e começou a me puxar em círculos que não combinavam com o ritmo da música vindo de trás de nós. “É melhor que eu tire o melhor que puder disso.”<br />Nós nos movíamos seguindo o ritmo do coração dele embaixo da minha mão.<br />“Eu estou feliz por ter vindo”, ele disse baixinho depois de um momento. “Eu não achei que ficaria feliz. Mas é bom ver você… uma vez mais. Não é tão triste quanto eu imaginei que seria.”<br />“Eu não quero que você se sinta triste.”<br />“Eu sei disso. E eu não vim essa noite pra te fazer sentir culpada.”<br />“Não - eu fico muito feliz por você ter vindo. É o melhor presente que você podia ter me dado.”<br />Meus olhos estavam se ajustando, e agora eu conseguia ver o rosto dele, mais alto do que eu esperava. Será que era possível que ele ainda estivesse crescendo? Ele devia estar se aproximando de dois metros e meio de altura. Era um alívio ver o rosto familiar novamente depois de todo esse tempo - seus olhos escuros embaixo das sobrancelhas pretas bagunçadas, as maçãs altas de seu rosto, seus lábios cheios esticados sobre os dentes brilhantes num sorriso sarcástico que combinava com a voz dele. Seus olhos estavam apertados nos cantos - cuidadoso; eu podia ver que ele estava sendo muito cuidadoso essa noite. Ele estava fazendo todo o possível pra me deixar feliz, pra não dar uma escapulida e deixar claro o quanto isso era difícil pra ele.<br />Eu nunca fiz nada bom o suficiente pra merecer um amigo como Jacob.<br />“Quando você decidiu voltar?”<br />“Conscientemente ou inconscientemente?” Ele respirou profundamente antes de responder sua própria pergunta. “Eu realmente não sei. Eu acho que já faz algum tempo que eu estou rondando essa área, e talvez isso seja porque eu vinha para cá. Mas não foi até essa manhã que eu comecei a correr. Eu não sabia se ia conseguir chegar a tempo.” Ele riu. “Você não acreditaria no quanto isso parece estranho - caminhar sobre duas pernas de novo. E roupas! E é mais bizarro ainda porque isso parece estranho. Eu não esperava isso. Eu estou sem prática nessa coisa toda de humano.” Ele girou firmemente sem sair do lugar.<br />“Seria uma pena perder de vê-la assim, no entanto. Isso já valeu a viagem até aqui. Você está inacreditável, Bella. Tão linda.”<br />“Alice investiu muito tempo em mim hoje. O escuro também está ajudando.”<br />“Não está tão escuro pra mim, sabe.”<br />“Certo.” Sentidos de lobisomem. Era fácil esquecer-se de todas as coisas que ele podia fazer, ele parecia tão humano. Especialmente agora.<br />“Você cortou seu cabelo”, eu notei.<br />“É. É mais fácil, sabe. Eu achei melhor usar bem as minhas mãos.”<br />“Está bonito”, eu menti.<br />Ele rosnou. “Certo. Eu mesmo cortei, com facas de cozinha enferrujadas.” Ele deu um sorriso largo por um momento, e aí seu sorriso sumiu. A expressão dele ficou séria. “Você está feliz, Bella?”<br />“Sim.”<br />“Okay”. Eu senti ele erguer os ombros. “Isso é o mais importante, eu acho.”<br />“Como você está Jacob? Sério?”<br />“Eu estou bem, Bella, de verdade. Você não precisa mais se preocupar comigo. Pode para de encher o saco do Seth.”<br />“Eu não estou enchendo o saco dele só por sua causa. Eu gosto do Seth.”<br />“Ele é um bom garoto. Melhor companhia do que alguns. Eu te digo, se eu pudesse me ver livre das vozes na minha cabeça, ser um lobisomem seria perfeito.”<br />Eu sorri pela forma que isso soou. “É. Eu também não consigo fazer as minhas vozes pararem.”<br />“No seu caso isso ia significar que você está louca. É claro, eu já sabia que você é louca”, ele zombou.<br />“Obrigada.”<br />“Insanidade provavelmente é mais fácil do que dividir os pensamentos com um bando. As vozes das pessoas loucas não mandam babás atrás deles.”<br />“Huh?”<br />“Sam está por aí. E alguns dos outros. Só por via das dúvidas, sabe.”<br />“Que dúvidas?”<br />“No caso de eu não conseguir me controlar, alguma coisa assim. No caso de eu tentar destruir a festa.” Ele abriu um sorriso rápido pelo que pareceu ser uma boa idéia para ele. “Mas eu não estou aqui para estragar seu casamento, Bella. Eu estou aqui para…” Ele parou.<br />“Pra deixar tudo perfeito.”<br />“Isso é um pouco grandioso demais.”<br />“Que bom que você é tão alto.”<br />Ele rosnou com a minha piada ruim e então suspirou. “Eu estou aqui só pra ser seu amigo. Seu melhor amigo, uma última vez.”<br />“Sam devia te dar mais crédito.”<br />“Bem, talvez eu esteja sendo sensível demais. Talvez eles já devessem estar aqui de qualquer jeito, pra ficar de olho no Seth. Tem um monte de vampiros por aqui. Seth não leva isso tão a sério quanto devia.”<br />“Seth sabe que não está em perigo. Ele compreende os Cullen melhor que Sam.”<br />“Claro, claro”, Jacob disse, fazendo paz antes que isso se transformasse numa briga.<br />Era estranho vê-lo sendo tão diplomata.<br />“Eu lamento por essas vozes”, eu disse. “Eu queria poder melhorar as coisas.” De várias maneiras.<br />“Não é tão ruim. Eu só to choramingando um pouco.”<br />“Você está… feliz?”<br />“Estou bem perto. Mas já chega de falar de mim. Você é a estrela hoje”. Ele gargalhou. “Eu aposto que você está adorando isso. Ser o centro das atenções.”<br />“É. Eu nunca me canso da atenção.”<br />Ele riu e olhou para a minha mão. Com os lábios torcidos, ele estudou o brilho cintilante da festa de recepção, os graciosos giros dos dançarinos, as pétalas flutuantes caindo das guirlandas; eu olhei junto com ele. Tudo parecia muito distante desse espaço escuro, silencioso. Era quase como observar os pequenos pedacinhos brancos caindo em círculos num globo de neve.<br />“Eu admito isso pra eles”, ele disse. “Eles sabem como dar uma festa.”<br />“Alice é uma força da natureza impossível de ser detida.”<br />Ele suspirou. “A música acabou. Você acha que eu posso dançar outra? Ou isso é pedir demais de você?”<br />Eu apertei a mão dele com a minha. “Você pode ter quantas danças quiser.”<br />Ele riu. “Isso seria interessante. Mas eu acho que é melhor parar nas duas. Não quero dar motivo pra fofoca.”<br />Nós viramos em outro círculo.<br />“É de se imaginar que a essa altura eu já estivesse acostumado a ter dizer adeus”, ele murmurou.<br />Eu tentei engolir o caroço na minha garganta, mas não consegui forçá-lo a descer.<br />Jacob olhou pra mim e fez uma careta. Ele passou os dedos na minha bochecha, pegando as lágrimas que escorriam ali.<br />“Não é você quem devia estar chorando, Bella”.<br />“Todo mundo chora em casamentos”, eu disse com a voz grossa.<br />“É isso que você quer, não é?”<br />“É.”<br />“Então sorria.”<br />Eu tentei. Ele sorriu com a minha careta.<br />“Eu vou tentar lembrar de você assim. Fingir que…”<br />“Que o quê? Que eu morri?”<br />Ele apertou os dentes. Ele estava lutando consigo mesmo - com a sua decisão de fazer de sua presença aqui um presente e não um julgamento. Eu podia adivinhar o que ele queria dizer.<br />“Não”, ele respondeu finalmente. “Mas eu vou te ver desse jeito em minha cabeça. Bochechas rosadas. Coração batendo. Dois pés esquerdos. Tudo isso.”<br />Eu deliberadamente pisei no pé dele o mais forte que pude.<br />Ele sorriu. “Essa é a minha garota.”<br />Ele começou a dizer outra coisa mas fechou a boca. Lutando de novo, ele fechou os dentes sobre as palavras que ele não queria dizer.<br />Meu relacionamento com Jacob costumava ser tão fácil. Natural como respirar. Mas desde que Edward voltou para a minha vida, era uma dificuldade constante. Porque - nos olhos de Jacob - escolhendo Edward, eu estava escolhendo um futuro que era pior que a morte, ou pelo menos equivalente a isso.<br />“O que foi, Jake? É só me dizer. Você pode me dizer qualquer coisa.”<br />“Eu - eu… não tenho nada pra te dizer.”<br />“Oh, por favor. Bota logo pra fora.”<br />“É verdade. Não é… é - é uma pergunta. É uma coisa que eu quero que você diga pra mim.”<br />“Pergunte.”<br />Ele resistiu por um minuto e então exalou. “Eu não devia. Não importa. É simplesmente curiosidade mórbida.”<br />Como eu o conhecia tão bem, eu entendi.<br />“Não é essa noite, Jacob”, eu sussurrei.<br />Jacob estava ainda mais obcecado com a minha humanidade que Edward. Cada uma das batidas do meu coração era como um tesouro, já que elas agora estavam com os dias contados.<br />“Quando?” Ele murmurou.<br />“Eu não tenho certeza. Uma semana ou duas, talvez.”<br />A voz dele mudou, criou um tom defensivo, de zombaria. “O que está te impedindo?”<br />“Eu simplesmente não queria passar a minha lua de mel esperneando de dor.”<br />“Você prefere passa-la como? Jogando cartas? Ha Ha.”<br />“Muito engraçado.”<br />“Brincadeira, Bells. Mas honestamente, eu não vejo qual a necessidade. Você não pode ter uma lua de mel de verdade com o seu vampiro, então porque atrasar isso? Vamos ser sinceros. Não é a primeira vez que você adia. Isso, no entanto, é uma coisa boa“, ele disse, repentinamente, mostrando sinceridade. “Não fique com vergonha disso.”<br />“Eu não estou adiando”, eu atirei. “E sim, eu posso ter uma lua de mel de verdade! Eu posso fazer o que eu quiser! Se liga!”<br />Ele parou o lento círculo da dança abruptamente. Por um momento, eu me perguntei se ele finalmente havia reparado que a música tinha mudado, e eu procurei na minha mente alguma forma de contornar o nosso pequeno desentendimento antes que ele dissesse adeus. Nós não devíamos nos despedir dessa forma.<br />E aí os olhos dele ficaram muito arregalados com um tipo estranho de horror confuso.<br />“O quê?” Ele resfolegou. “O que você disse?”<br />“Sobre o quê… Jake? Qual é o problema?”<br />“O que você quis dizer? Ter uma lua de mel de verdade? Enquanto você ainda é humana? Você tá brincando? Essa é uma piada doentia, Bella!”<br />Eu o encarei. “Eu disse pra você se ligar, Jake. Isso simplesmente não é assunto seu. Eu não devia ter… nós não devíamos estar conversando sobre isso. É particular -”<br />As mãos enormes dele agarraram a parte de cima dos meus braços, se fechando neles, seus dedos se tocando.<br />“Ow, Jake! Me solta!”<br />Ele me sacudiu.<br />“Bella! Você perdeu a cabeça? Você não pode ser tão estúpida assim! Me diga que você está brincando!”<br />Ele me sacudiu de novo. As mãos dele apertadas como torniquetes, estavam tremendo, mandando vibrações profundas pelos meus ossos.<br />“Jake - pare!”<br />De repente a escuridão foi tomada por uma multidão.<br />“Tire as suas mãos dela!” A voz de Edward era fria como gelo, afiada como navalhas.<br />Atrás de Jacob, houve um rosnado que saiu da escuridão da noite, e depois outro, mais alto que o primeiro.<br />“Jake, mano, se afasta.” Eu ouvi Seth Clearwater pedir. “Você está perdendo o controle.”<br />Jacob pareceu ficar congelado como estava, seus olhos horrorizados estava arregalados e vidrados.<br />“Você vai machucá-la”, Seth sussurrou. “Solte-a.”<br />“Agora!” Edward rosnou.<br />As mãos de Jacob caíram dos lados do seu corpo, e o fluxo de sangue que começou a correr repentinamente em minhas veias era quase doloroso. Antes que eu pudesse me dar conta de mais coisas além disso, mãos frias tomaram o lugar das mãos quentes , e de repente o ar ao meu redor começou a correr.<br />Eu pisquei, e estava de pé a doze metros de distância do lugar onde eu havia estado antes. Edward estava tenso na minha frente. Haviam dois enormes lobos entre ele Jacob, mas eles não pareciam agressivos comigo. Era mais como se eles estivessem tentando prevenir a briga.<br />E Seth - o grande Seth, de apenas quinze anos - passou seus braços longos ao redor do corpo trêmulo de Jacob, e estava puxando-o para longe. Se Jacob se transformasse com Seth tão perto dele…<br />“Anda, Jake. Vamos.”<br />“Eu vou matar você”, Jacob disse, a voz dele estava tão esganiçada de raiva que era apenas um sussurro baixo. Seus olhos, focados em Edward, queimavam de fúria. “Eu vou matar você com minhas próprias mãos! Eu vou fazer isso agora!” Ele tremeu convulsivamente.<br />O maior lobo, o preto, rosnou alto.<br />“Seth, saia do caminho.” Edward assobiou.<br />Seth puxou Jacob novamente. Jacob estava tão acometido de raiva que Seth conseguiu arranca-lo mais uns metros pra longe. “Não faça isso, Jake. Vamos embora. Anda.”<br />Sam - o maior lobo, o preto - se juntou a Seth nessa hora. Ele colocou sua cabeça enorme contra o peito de Jacob e empurrou.<br />Eles três - Seth puxando, Jacob tremendo, e Sam empurrando - desapareceram rapidamente na escuridão.<br />O outro lobo ficou olhando eles irem. Eu não tinha certeza, na luz fraca, de qual era a cor do pêlo dele - marrom chocolate, talvez? Era Quil, então?<br />“Eu lamento”, eu sussurrei para o lobo.<br />“Está tudo bem agora, Bella”, Edward murmurou.<br />O lobo olhou para Edward. O olhar dele não era amigável. Edward deu a ele um frio aceno de cabeça. O lobo fez um som e então se virou para acompanhar os outros, sumindo assim como eles.<br />“Tudo bem”, Edward disse pra si mesmo, e então olhou pra mim. “Vamos voltar.”<br />“Mas Jake -”<br />“Ele está nas mãos de Sam. Ele se foi.”<br />“Edward, eu lamento. Eu fui estúpida -”<br />“Você não fez nada errado -”<br />“Eu tenho uma boca tão grande! Por que eu… Eu não devia ter deixado ele me tirar do sério assim. O que eu estava pensando?”<br />“Não se preocupe.” Ele tocou meu rosto. “Precisamos voltar para a recepção antes que alguém perceba a nossa ausência.”<br />Eu balancei a cabeça, tentando me reorientar. Antes que alguém percebesse? Será que alguém não tinha visto isso?<br />Então, enquanto eu pensava nisso, eu me dei conta de que o confronto que me pareceu tão catastrófico, na realidade, tinha sido bem silencioso e curto aqui nas sombras.<br />“Me dê dois segundos”, eu implorei.<br />Eu estava um caos por dentro com pânico e pesar, mas isso não importava - apenas o exterior importava nesse momento. Fazer uma boa atuação era uma coisa que eu sabia que precisava dominar.<br />“Meu vestido?”<br />“Você está bem. Nem um fio de cabelo está fora do lugar.”<br />Eu respirei profundamente duas vezes. “Certo. Vamos lá.”<br />Ele colocou o braço ao meu redor e me guiou de volta para a luz. Quando nós passamos por baixo das luzes piscando, ele me virou gentilmente até a pista de dança. Nós nos misturamos com os outros dançarinos como se a nossa dança nunca tivesse sido interrompida.<br />Eu olhei para os convidados ao redor, mas ninguém parecia chocado ou amedrontado. Apenas os rostos mais pálidos dali demonstravam algum sinal de estresse, e eles estavam escondendo bem. Jasper e Emmett estavam na beira da pista de dança, juntos um do outro, e eu adivinhei que eles tinham estado lá quando o confronto aconteceu.<br />“Você está -”<br />“Eu estou bem”, eu prometi. “Eu não consigo acreditar que fiz aquilo. O que há de errado comigo?”<br />“Não há nada de errado com você.”<br />Eu tinha estado tão feliz por Jacob estar lá. Eu sabia o sacrifício que ele estava fazendo. E então eu arruinei tudo, transformei seu presente em um desastre. Eu devia estar isolada do mundo.<br />Mas a minha idiotice não ia arruinar nada mais essa noite. Eu ia deixar tudo de lado, e trancar numa gaveta pra lidar com isso mais tarde. Haveria tempo suficiente pra me auto-flagelar com isso mais tarde, e nada do que eu fizesse nesse momento ajudaria.<br />“Está acabado”, eu disse. “Não vamos pensar nisso de novo essa noite.”<br />Eu esperei que Edward concordasse rapidamente, mas ele ficou em silêncio.<br />“Edward?”<br />Ele fechou os olhos e pôs a testa sobre a minha. “Jacob está certo”, ele sussurrou. “O que eu estou pensando?”<br />“Ele não está certo.” Eu tentei manter meu rosto tranqüilo por causa da multidão de amigos observando. “Jacob é preconceituoso demais pra ver alguma coisa claramente.”<br />Ele murmurou alguma coisa que quase soou como: “Devia deixá-lo me matar só por eu ter pensado…”<br />“Pare com isso”, eu disse ferozmente. Eu agarrei o rosto dele com as minhas mãos e esperei até que ele abrisse os olhos. “Você e eu. Isso é só o que importa. A única coisa na qual você tem permissão para pensar agora. Você me ouviu?”<br />“Sim”, ele suspirou.<br />“Esqueça que Jacob apareceu.” Eu podia fazer isso. Eu ia fazer isso. “Por mim. Prometa que você vai deixar isso pra lá.”<br />Ele me olhou nos olhos por um momento antes de responder. “Eu prometo.”<br />“Obrigada, Edward. Eu não estou com medo.”<br />“Eu estou”, ele sussurrou.<br />“Não fique.” Eu respirei profundamente e sorri. “Por sinal, eu te amo.”<br />Ele sorriu só um pouco como resposta. “É por isso que estamos aqui.”<br />“Você está monopolizando a noiva”, Emmett disse, vindo por trás do ombro de Edward. “Me deixe dançar com a minha irmãzinha. Ela pode ser a minha última chance de fazê-la corar.”<br />Ele riu alto, tão tranqüilo quanto ele sempre era não importando a atmosfera.<br />Acabou que havia muitas pessoas com as quais eu não tinha dançado ainda, e isso me deu uma chance de realmente me compor e me decidir. Quando Edward me tirou pra dançar de novo, eu decidi que a gaveta de Jacob estava bem fechada com força. Quando ele colocou os braços ao meu redor, eu consegui recuperar a minha sensação de alegria de anteriormente, a minha certeza de que tudo na minha vida estava no lugar certo essa noite. Eu sorri e coloquei minha cabeça no peito dele. Os braços dele me apertaram mais.<br />“Eu posso me acostumar a isso”, eu disse.<br />“Não me diga que você superou os seus problemas com dança?”<br />“Dançar não é tão ruim - com você. Mas eu estava pensando mais nisso,” - e eu me pressionei a ele ainda mais - “em nunca te soltar.”<br />“Nunca”, ele prometeu e se inclinou para me beijar. Esse foi um beijo sério - intenso, lento mais aumentando o ritmo…<br />Eu quase tinha esquecido de onde eu estava quando ouvi Alice chamar, “Bella, está na hora!”<br />Eu senti uma leve pontada de irritação com minha nova irmã pela interrupção.<br />Edward a ignorou; seus lábios estavam pousados com força nos meus, mais urgentes que antes. Meu coração começou a correr e minhas palmas estavam escorregadias na nuca dele.<br />“Vocês querem perder o avião?” Alice quis saber, bem ao meu lado agora. “Eu tenho certeza que vocês terão uma bela lua de mel acampados no aeroporto esperando pelo próximo vôo.”<br />Edward virou um pouco o rosto para murmurar “Vai embora, Alice”, e então pressionou seus lábios nos meus de novo.<br />“Bella, você quer usar esse vestido no avião?” Ela quis saber.<br />Eu realmente não estava prestando muita atenção. Naquele momento, eu simplesmente não ligava.<br />Alice rosnou baixinho. “Eu vou contar onde você está levando ela, Edward. Deus me ajude, mas eu vou.”<br />Ele congelou. Então ele levantou o rosto do meu e encarou sua irmã favorita. “Você é terrivelmente pequena pra ser tão enormemente irritante.”<br />“Eu não escolhi o vestido de viagem perfeito pra vê-lo sem uso”, ela respondeu, pegando minha mão. “Venha comigo, Bella.”<br />Eu lutei com a mão dela para ficar na ponta dos pés e dar mais um beijo nele. Ela puxou meu braço impacientemente, me levando pra longe dele. Houveram algumas gargalhadas dos convidados que estavam olhando. Ai eu desisti e a deixei me guiar para a casa vazia.<br />Ela parecia chateada.<br />“Desculpa, Alice”, eu me desculpei.<br />“Eu não te culpo, Bella.” Ela suspirou. “Você não parece ser capaz de se controlar.”<br />Eu ri da expressão martirizada dela, e ela fez uma careta.<br />“Obrigada, Alice. É o casamento mais lindo que alguém já teve”, eu disse sinceramente a ela. “Tudo estava exatamente certo. Você é a melhor irmã, mais esperta e talentosa do mundo inteiro.”<br />Isso ganhou ela; ela deu um sorriso enorme. “Eu estou feliz que você tenha gostado.”<br />Renée e Esme estavam esperando no andar de cima. Elas três me tiraram rapidamente do meu vestido e me puseram no vestido azul escuro para viagem de Alice. Eu fiquei agradecida por alguém ter tirado as presilhas do meu cabelo e o deixaram cair pelas minhas costas, ondulado por causa das minhas tranças, me salvando de uma dor de cabeça por causa delas mais tarde. As lágrimas de minha mãe rolaram o tempo inteiro sem parar.<br />“Eu vou ligar pra você quando souber pra onde estou indo”, eu prometi enquanto eu dava um abraço de despedida nela. Eu sabia que o segredo sobre a lua de mel estava provavelmente deixando-a louca; mães odeiam segredos, a não ser que elas estivessem envolvidas neles.<br />“Eu vou te contar assim que ela estiver seguramente longe”, Alice ganhou de mim, sorrindo maliciosamente pela minha expressão magoada. Que injusto, eu ser a última a saber.<br />“Você vai ter que visitar a mim e ao Phil, muito, muito em breve. É a sua vez de ir para o sul - ver o sol pra variar”, Renée disse.<br />“Hoje não choveu”, eu lembrei ela, evitando o seu pedido.<br />“Um milagre.”<br />“Está tudo pronto”, Alice disse. “Suas malas estão no carro - Jasper vai traze-lo.” Ela me puxou de volta em direção às escadas com Renée seguindo, ainda meio abraçada comigo.<br />“Eu te amo, mãe”, eu sussurrei enquanto descíamos. “Eu estou muito feliz que você tenha o Phil. Cuidem um do outro.”<br />“Eu te amo também, Bella, querida.”<br />“Adeus, mãe. Eu amo você”, eu disse de novo, minha garganta grossa.<br />Edward estava esperando no fim das escadas. Eu segurei a mão que ele ergueu pra mim mas me distanciei, procurando por entre a pequena multidão que esperava pra nos ver sair.<br />“Pai?” Eu perguntei, meus olhos procurando.<br />“Aqui”, Edward murmurou. Ele me puxou entre os convidados; eles abriram caminho pra nós. Nós encontramos Charlie encostado de forma estranha na parede atrás de todo mundo, parecendo que ele estava se escondendo. Os anéis vermelhos ao redor dos olhos dele me explicaram porquê.<br />“Oh, pai!”<br />Eu o abracei pela cintura, lágrimas surgindo de novo - eu estava chorando demais essa noite. Ele deu uns tapinhas nas minhas costas.<br />“Tudo bem. Você não quer perder seu avião.”<br />Era difícil falar de amor com Charlie - nós éramos parecidos demais, sempre revertendo as coisas triviais para evitar demonstrações embaraçosas de carinho. Mas isso não era hora pra ter vergonha.<br />“Eu amo você, pai”, eu disse a ele. “Não esqueça isso.”<br />“Você também, Bells. Sempre amei, sempre amarei.”<br />Eu beijei a bochecha dele ao mesmo tempo que ele beijou a minha.<br />“Me ligue”, ele disse.<br />“Logo”, eu prometi, sabendo que isso era tudo o que eu podia prometer. Apenas uma ligação. Meu pai e minha mãe não poderiam me ver novamente; eu estaria diferente demais, e muito, muito perigosa.<br />“Vá lá, então”, ele disse com a voz grogue. “Vocês não querem se atrasar.”<br />Os convidados fizeram outro espaço pra nós. Edward me puxou para o seu lado e nós escapamos.<br />“Você está pronta?” Ele perguntou.<br />“Estou”, eu disse, e eu sabia que era verdade.<br />Todo mundo aplaudiu quando Edward me beijou no batente da porta. Então ele correu para o carro enquanto a chuva de arroz começava. A maioria passou longe, mas alguém, provavelmente Emmett, jogou com tremenda precisão, e um monte deles ricocheteou nas costas de Edward.<br />O carro estava decorado com mais flores que o decoravam por toda parte, e longos laços de fita que estavam amarrados a uma dúzia de sapatos - sapatos de estilistas famosos que pareciam novos em folha - presos ao fundo do carro.<br />Edward me protegeu do arroz enquanto eu entrava, e então ele entrou e começou a acelerar o carro enquanto eu acenava pela janela e gritava “eu amo vocês” para a varanda, onde minhas famílias acenavam de volta.<br />A última imagem que eu registrei foi dos meus pais. Phil tinha os dois braços rodeando Renée ternamente. Ela tinha um braço agarrado à cintura dele e a mão livre dela alcançou a de Charlie. Tantos tipos diferentes de amor, em harmonia nesse momento. Me parecia uma imagem promissora.<br />Edward apertou minha mão.<br />“Eu te amo”, ele disse.<br />Eu me inclinei pros braços dele. “É por isso que estamos aqui”, eu citei o que ele disse.<br />Ele beijou meu cabelo.<br />Enquanto nós entrávamos na estrada escurecida e Edward pisava no acelerador, eu ouvi um barulho sobre o ronco do motor, vindo da floresta atrás de nós. Se eu podia ouvir, ele certamente também podia. Mas ele não disse nada enquanto o som desaparecia na distância. Eu também não disse nada.<br />O uivo penetrante, de partir o coração, ficou fraco e então desapareceu inteiramente.<br /><br /><br />5. Ilha Esme<br /><br />“Houston?” Eu perguntei, erguendo uma das sobrancelhas quando chegamos ao portão em Seattle.<br />“Só uma parada ao longo do caminho,” Edward garantiu-me com um sorriso.<br />Eu senti como se quase não tivesse dormido, quando ele me acordou. Eu estava grogue quando ele me puxou pelos terminais, lutando para me lembrar que deveria manter os olhos abertos. Me custou alguns minutos para entender o que estava acontecendo quando nós paramos no balcão internacional para o check in do nosso próximo vôo.<br />“Rio de Janeiro?” Perguntei com um pouco mais de ansiedade.<br />“Outra parada.” Ele me disse.<br />O vôo para a América do Sul foi longo, mas confortável no largo assento de primeira classe, com os braços de Edward a minha volta. Eu dormi e acordei estranhamente alerta enquanto nós virávamos em direção ao aeroporto com o pôr-do-sol se inclinando através da janela do avião.<br />Nós não ficamos no aeroporto para estabelecer uma ligação para outro vôo, como eu esperava. Em vez disso, pegamos um taxi através da escuridão, cheia de vida, das ruas do Rio de Janeiro. Incapaz de entender as instruções em português que Edward dava ao motorista, eu imaginei que íamos encontrar um hotel antes de seguir para a próxima parte da nossa jornada. Uma forte pontada de alguma coisa muito parecida com medo de palcos fez meu estômago revirar enquanto eu considerava isso. O táxi continuou passando pelas multidões até que elas foram diminuindo, de alguma forma, e nós parecíamos estar nos aproximando do lado oeste da cidade, indo em direção ao oceano.<br />Nós paramos nas docas.<br />Edward mostrou o caminho pela longa linha de iates brancos atracados na água escurecida pela noite. O barco em que ele parou era menor que os ouros, mais suave, obviamente construído para velocidade ao invés de espaço. No entanto ainda era luxurioso, e mais gracioso que o resto. Ele saltou para dentro suavemente, apesar das pesadas malas que carregava. Ele as soltou no convés e se virou para me ajudar cuidadosamente a passar pela beira.<br />Eu assisti em silêncio enquanto ele preparava o barco para partir, surpresa com o quão hábil e confortável ele parecia, já que ele nunca tinha mencionado interesse em navegar antes. Mas de novo, ele era bom em simplesmente tudo.<br />Enquanto nós íamos em direção ao leste dentro do oceano aberto, eu examinei a geografia básica na minha cabeça. Até onde eu podia me lembrar, não tinha muito ao leste do Brasil… até que você chegasse à África.<br />Mas Edward acelerou a frente enquanto as luzes do Rio sumiam e no fim das contas desapareciam atrás de nós. Em seu rosto estava um familiar sorriso alegre, aquele produzido por qualquer forma de velocidade. O barco se precipitava através das ondas e eu estava umedecida com o salpico do mar.<br />No fim a curiosidade que eu suprimi por tanto tempo tomou a maior parte de mim.<br />“Nós estamos indo muito longe?”, eu perguntei.<br />Não era como se ele tivesse esquecido que eu era humana, mas eu me perguntei se ele tinha planejado para nós vivermos nessa pequena embarcação por qualquer período de tempo.<br />“Mais uma meia hora”. Seus olhos seguiram por minhas mãos, e ele sorriu.<br />Oh bem, eu pensei comigo mesma. Ele era um vampiro, depois de tudo. Talvez fossemos para Atlantis.<br />Vinte minutos depois, ele chamou pelo meu nome acima do ronco do motor.<br />“Bella, olhe lá.” Ele apontou para a frente.<br />Primeiro eu só vi escuridão, e a trilha branca que refletia da lua para a água. Mas eu me concentrei no ponto para o qual ele apontava até achar uma forma escurecida e baixa quebrando a luz da lua nas ondas. Enquanto eu olhava para a escuridão, a silhueta ficou mais detalhada. Era a forma de um triangulo irregular, com um lado mais longo do que o outro antes de afundar nas ondas. Nós nos aproximamos e eu pude ver que os contornos eram leves, balançando à leve brisa.<br />E então os meus olhos entraram em foco e todos os pedaços fizeram sentido: uma pequena ilha surgiu na água na nossa frente, com as palmeiras ondulando com o vento, uma praia pálida na luz da lua.<br />“Onde estamos?” eu murmurei maravilhada enquanto ele mudava o curso, rumando para o lado norte da ilha.<br />Ele me escutou, apesar do barulho das máquinas, e sorriu um largo sorriso que brilhou na luz da lua.<br />“Essa é a Ilha Esme.”<br />O barco diminuiu dramaticamente, entrando com perfeição até uma posição contra um pequeno cais construído com tábuas de madeira, branqueado pela lua. A máquina parou, e o silencio que se seguiu foi profundo. Não existia nada além das ondas, batendo calmamente contra o barco, e o sussurrar da brisa nas palmeiras. O ar era quente, úmido e perfumado - como o vapor deixado para trás depois de um banho quente.<br />“Ilha Esme?” minha voz era baixa, mas ainda assim bem alta enquanto quebrava a quietude da noite.<br />“Um presente de Carlisle - Esme ofereceu emprestada.”<br />Um presente. Quem dá uma ilha de presente? Eu pensei. Eu nunca tinha pensado que a extrema generosidade de Edward era algo que foi ensinado a ele.<br />Ele colocou as malas no cais e então voltou, sorrindo seu sorriso perfeito enquanto ele me alcançava. Ao contrário de pegar as minhas mãos, ele me puxou direto para os seus braços.<br />“Você não devia esperar a porta?” eu perguntei, sem fôlego, enquanto ele saia do barco.<br />Ele deu uma risada. “Não sou nada a não ser perfeito.”<br />Segurando as alças das duas grandes malas em uma mão e me segurando no outro braço, ele me carregou para fora do cais e para um caminho de areia através da vegetação escura.<br />Por um pequeno período tudo estava escuro na vegetação que crescia como uma selva, mas então eu pude ver uma luz à frente. Foi no ponto que eu descobri que a luz era uma casa - as duas claras e quadradas eram janelas ao redor de uma porta de entrada - que o estado de medo atacou de novo, mais forte que nunca, pior ainda que quando pensei que estávamos indo para um hotel.<br />O meu coração bateu forte e a minha respiração parecia estar presa na minha garganta. Eu senti os olhos de Edward no meu rosto, mas eu me recusei a encontrar o seu olhar. Encarei a frente, sem ver nada.<br />Ele não perguntou o que eu estava pensando, o que não era comum para ele. Eu suspeitei que isso significasse que ele estava tão nervoso quanto eu estava.<br />Ele colocou as malas num largo alpendre para abrir as portas - elas não estavam trancadas.<br />Edward olhou para mim, esperando que eu encontrasse o seu olhar antes que ele entrasse pela porta.<br />Ele me carregou pela casa, nós dois quietos, acendendo as luzes enquanto passávamos. Minha vaga impressão da casa era que ela era bem grande para uma ilha pequena, e estranhamente familiar. Eu tinha me acostumado com o esquema de cor pálido preferido pelos Cullen; me sentia como em casa. Apesar disso, eu não consegui focar coisas específicas. O violento pulso batendo atrás das minhas orelhas fez tudo um pouco esfumaçado.<br />Então Edward parou e acendeu a ultima luz.<br />O quarto era grande e branco, e a parede mais longe era praticamente vidro - decoração comum para os meus vampiros. Lá fora, a lua era luminosa na areia branca e, algumas jardas distantes da casa, as ondas brilhavam. Mas eu quase não notei aquela parte. Estava mais focada na gigantesca cama branca no centro do quarto, com um gigantesco mosquiteiro.<br />Edward me colocou em pé.<br />“Vou… buscas as malas”<br />O quarto era muito quente, mais asfixiante que a noite tropical lá fora. Uma gota de suor desceu pelas minhas costas. Eu andei devagar até conseguir tocar o mosquiteiro. Por alguma razão eu tinha que garantir que tudo era real.<br />Eu não escutei o retorno do Edward. De repente, o seu dedo frio tocou a parte de trás do meu pescoço, secando o meu suor.<br />“Está um pouquinho quente aqui” ele disse pedindo desculpas. “Eu pensei… que seria melhor.”<br />“Concordo,” eu murmurei debaixo da minha respiração, e ele riu contido. Um som nervoso, raro para Edward.<br />“Eu tentei pensar em tudo que faria isso… mais fácil.” ele admitiu.<br />Eu engoli seco, ainda olhando para longe dele. Já teve alguma vez uma lua de mel assim antes?<br />Eu sabia a resposta para isso. Não. Não teve.<br />“Eu estava pensando,” Edward disse devagar, “se… antes… talvez você gostaria de dar um mergulho a meia noite comigo?” Ele respirou fundo, e a sua voz estava mais calma quando ele continuou. “A água vai estar bem quente. Esse é o tipo de praia que você aprovaria.”<br />“Parece bom” Minha voz desafinou.<br />“Eu vou precisar de um minuto humano, ou dois … Foi uma vigem longa.”<br />Eu concordei com a cabeça. Eu me sentia abertamente humana. Alguns minutos sozinha poderiam ajudar.<br />Os lábios dele começaram a beijar minha garganta, subindo até minha orelha. Ele riu, e sua respiração gelada fez cócegas na minha pele quente. “Não demore muito Sra. Cullen.”<br />Eu estremeci um pouco ao som do meu novo nome.<br />Os lábios dele beijaram debaixo do meu pescoço até a ponta dos meus ombros. “Eu vou esperar por você na água.”<br />Ele foi se afastando de mim, indo até a porta, que tinha um estilo francês e abrindo dava diretamente para a praia. No caminho ele tirou a camisa, deixando a cair no chão, e deslizou pela porta na noite iluminada pela luz da lua. Sua frangancia encheu o quarto enquanto ele saia.<br />A minha pele começou a queimar? Eu tive que ver para conferir. Não, nada estava queimando. Ao menos não visivelmente.<br />Eu me recordei que tinha que respirar, e tropecei em direção a gigante mala que Edward tinha aberto em cima de uma penteadeira branca. Só podia ser minha, por que minha familiar nécessaire estava bem em cima, e tinha muito rosa lá, mas eu não reconheci nem mesmo uma peça de roupa. Eu vasculhei as pilhas bem dobradas - procurando alguma coisa familiar e confortável, um par de meias talvez - até que eu vi um terrível monte de laços de cetim nas minhas mãos. Lingerie. Muita lingerie com etiquetas francesas.<br />Eu não sabia como ou onde, mas algum dia, Alice ia pagar por isso.<br />Desistindo eu fui até o banheiro espiando pelas grandes janelas abertas para a mesma praia, como as portas em estilo francês mostravam. Eu não podia vê-lo; eu acho que ele estava lá na água, não se incomodando em levantar e respirar. No céu a lua estava inclinada, quase cheia, e a areia era branca e brilhante, sob a luz da lua. Um pequeno movimento capturou meu olhar - sobre um dos galhos das finas árvores que cresciam na praia, o resto de suas roupas balançava na brisa leve.<br />Uma onda de calor percorreu a minha pele de novo.<br />Eu respirei fundo algumas vezes e então me virei para os espelhos suspensos na longa fileira de balcões. Eu estava exatamente como eu devia parecer, tendo dormido o dia todo no avião. Eu achei minha escova e a passei com força através do emaranhado de cabelos atrás da minha cabeça até que eles estivessem lisos e a escova cheia de cabelo. Eu escovei meus dentes meticulosamente, duas vezes. Então eu lavei meu rosto e espirrei um pouco de água na minha nuca., que estava queimando. Me senti tão bem quando eu lavei também meus braços, e finalmente eu decide tomar um banho. Eu sabia que era ridículo tomar banho antes de nadar, mas eu precisava me acalmar, e o clima quente era uma boa desculpa para fazer isso.<br />Depilar minha pernas de novo me pareceu uma boa idéia.<br />Quando eu tinha acabado, peguei uma enorme toalha branca do balcão e a enrolei embaixo dos meus braços.<br />Então eu me deparei com um dilema que eu não tinha pensado antes. O que eu deveria usar? Não um maiô, claro. Mas também parecia bobo me vestir de novo. Eu não queria nem ao menos pensar nas coisas que Alice tinha colocado na mala pra mim.<br />Minha respiração começou a ficar acelerada e mãos começaram a tremer - demais para os efeitos calmantes do banho. Eu comecei a sentir um pouco de vertigem aparentemente um ataque de pânico estava a caminho. Eu me sentei no piso fresco em cima da minha toalha e coloquei minha cabeça entre meus joelhos. Eu rezei para que ele não decidisse vir me checar antes que eu fosse me juntar a ele. Posso apenas imaginar o que ele pensaria se me visse aos pedaços indo de encontro a ele. Não seria difícil pra ele se convencer de que estava cometendo um erro.<br />E eu não estava enlouquecendo por pensar que estava cometendo um erro. Não mesmo. Eu estava enlouquecendo por que eu não tinha idéia de como fazer isso, e eu estava com medo de sair daquele quarto e encarar o desconhecido. Especialmente com lingerie francesa. Eu sabia que não estava pronta para “aquilo” ainda.<br />Era exatamente como ir enfrentar um teatro cheio de pessoas sem ter idéia das minhas falas.<br />Como a gente faz isto - engole todos os medos e confia em alguém tão implicitamente com cada imperfeição e temor que eles tivessem - com menos do que o compromisso absoluto que Edward me tinha dado? Se não fosse o Edward lá fora, se eu não soubesse com cada célula do meu corpo que ele me amou tanto como o amei - incondicionalmente e irrevogavelmente e para falar a verdade, irracionalmente - eu nunca seria capaz de me levantar dali.<br />Mas era Edward lá fora, portanto sussurrei que as palavras “Não seja covarde” embaixo da minha respiração perto dos meus pés; enrolei a toalha mais apertada embaixo dos meus braços e marchei determinadamente pra fora do banheiro. Passei correndo pela mala cheia dos finos cordões de cetim e pela cama grande sem olhar nenhum deles. Lá fora a porta de vidro estava aberta para a areia perfeita e fina.<br />Tudo estava preto - e - branco, sem cor por causa da luz da lua. Eu andei lentamente através da areia quente, parando ao lado da árvore curvada onde ele tinha deixado a sua roupa. Apoiei minhas mãos contra a áspera casca da arvore e verifiquei a minha respiração para assegurar-me se estava tranqüila. Ou tranqüila o bastante.<br />Eu olhei através das ondas baixas, negras na escuridão, procurando por ele.<br />Ele não era difícil de achar. Ele estava, de costas para mim, imerso até a cintura na água de meia-noite, que começa na lua oval. A luz pálida da lua tornava a sua pele num perfeito tom de branco, como o da areia, como a própia lua, e fazia seu cabelo molhado parecer negro como o oceano. Ele estava imóvel, as palmas para baixo estavam na superfície da água; as ondas baixas quebravam em volta dele como se ele fosse uma rocha. Eu comecei nas linhas suaves das suas costas, seus ombros, seus braços, seu pescoço, sua forma sem defeitos…<br />O fogo não era mais um relâmpago queimando através da minha pele - estava lento e profundo agora; ele me queimou sem chama tirando toda a minha estupidez, a minha incerteza tímida. Eu tirei a toalha sem hesitar, deixando-a na árvore junto com as roupas dele, e andei através da luz branca; isso me fez pálida como a areia branca, também.<br />Eu não podia ouvir o som dos meus passos enquanto eu andava na margem da água, mas eu imaginei que ele podia. Edward não se virou. Eu deixei as ondas suaves quebrarem sobre meus pés, e descobri que ele estava certo sobre a temperatura - estava bem morna, como a água do banho. Eu dei alguns passos, andando com cuidado através do chão invisível do oceano, mas meu cuidado era desnecessário; a areia continuava perfeitamente macia, inclinado suavemente em direção a Edward. Eu passei com dificuldade através da leve corrente até eu estar do seu lado, e então eu coloquei minha mão levemente sobre a mão gelada dele que estava descansando sobre a água.<br />“Linda”, eu disse, olhando pára a lua também.<br />“É bonita”, ele respondeu, não impressionado. Ele se virou lentamente para me olhar, pequenas ondas se formaram com seu movimento e quebraram em minha pele.Seus olhos pareciam prata em seu rosto cor de gelo. Ele virou a palma da mão para cima para que pudessemos entrelaçar nossos dedos abaixo da superficie da água. Ela estava morna o suficiente para que a sua pele gelada não causasse calafrios na minha.<br />“Mas eu não usaria a palavra linda , ” ele continuou. “Não com você estando aqui em comparação.”<br />Eu dei um meio sorrisso, então levantei minha mão livre - ela não tremeu agora - e coloquei-a em seu peito. Branco no branco; nós combinamos, pelo menos uma vez. Ele estremeceu um pouquinho com o meu toque morno. A sua respiração veio mais áspera agora.<br />“Eu prometi que tentaríamos,” sussurrou, de repente tenso. “Se… se eu fizer algo errado, se eu te machucar, você tem que me dizer de uma vez.”<br />Eu assenti solenemente, mantendo meus olhos nos dele. Eu dei outro passo atraves das ondas e deitei minha cabeça em seu peito.<br />“Não se preocupe,” Eu murmurei. “Nós ficaremos juntos.”<br />Eu estava abruptamente devastada pela verdade em minhas próprias palavras. Aquele momento era tão perfeito, tão certo, que não havia como duvidar disso.<br />Seus braços me envolveram, me segurando contra ele, verão e inverno. Isto me fez sentir como se cada terminação nervosa do meu corpo fosse um fio eletrico.<br />“Para sempre,” ele concordou, e então nos puxou para a água profunda.<br />O sol, quente em minha pele nua das costas, me acordou durante a manhã. No final da manhã, talvez à tarde, eu não tinha certeza. Apesar disso tudo além da hora estava claro; eu sabia exatamente onde estava - o quarto claro, com a grande cama, a luz brilhante do sol entrando pelas portas abertas. As nuvens do mosquiteiro suavizavam o brilho.<br />Eu não abri meus olhos. Eu estava feliz demais para mudar qualquer coisa, não importa o quão pequena ela fosse. Os únicos sons eram as ondas lá fora, nossa respiração, as batidas do meu coração…<br />Eu estava confortável, mesmo sob o sol forte. A pele fria dele era um antídoto perfeito para o calor. Deitada em seu peito gelado, com os braços dele ao meu redor, parecia simples e natural. Eu me perguntei vagamente porque eu estava tão amedrontada por causa de ontem à noite. Meus medos agora pareciam bobos.<br />Os dedos dele percorriam o contorno da minha espinha, e eu soube que ele sabia que eu estava acordada. Eu mantive os olhos fechados e apertei o meu braço no pescoço dele, me aproximando dele ainda mais.<br />Ele não falou; seus dedos se moviam pra cima e pra baixo nas minhas costas, quase sem me tocar enquanto ele traçava contornos na minha pele.<br />Eu teria ficado feliz apenas e ficar deitada para sempre, sem nunca perturbar esse momento, mas o meu corpo tinha outras idéias. Eu ri com o meu estômago impaciente. Parecia meio prosaico sentir fome depois de tudo o que aconteceu na noite passada. Como cair de volta na Terra depois de subir alto demais.<br />“O que é tão engraçado?” Ele murmurou, ainda alisando as minhas costas. O som da voz dele, séria e rouca, trouxe pra mim uma maré de memórias da noite passada, e eu senti meu rosto e meu pescoço ficando vermelhos.<br />Para responder a pergunta dele, meu estômago rosnou. Eu ri de novo. “Eu não posso escapar da minha humanidade por muito tempo.”<br />Eu esperei, mas ele não riu comigo. Lentamente, afundando por dentre as muitas camadades de felicidade que cobriam a minha cabeça, veio a percepção de uma atmosfera diferente por fora da minha própria esfera radiante de felicidade.<br />Eu abri meus olhos; a primeira coisa que eu vi foi a pálida, quase prateada pele de sua gargante, a curvatura de seu queixo sob o meu rosto. Sua mandíbula estava tensa. Eu me apoiei sobre meus cotovelos, então pude ver seu rosto.<br />Ele encarava o emaranhado de lençóis sob nós e não me viu enquanto eu estudava suas expressões graves. Sua expressão estava chocada - isso fez com que uma onda atravessasse meu corpo.<br />“Edward,” Eu disse, com um pequeno e estranho nó em minha garganta, “o que é? O que há de errado?”<br />“Você ainda pergunta?” Sua voz foi forte, cínica.<br />Meu primeiro impulso, produto de uma vida de insegurança, foi perguntar o que eu havia feito de errado. Eu pensei em tudo que havia acontecido, mas eu não consegui achar nada de amargo na memória. Tudo tinha sido mais simples do que eu esperava. Nós nos encaixávamos como peças correspondentes, feitas uma para outra. Isso me satisfez secretamente - nós éramos compatíveis tanto fisicamente quando de outras maneiras. Fogo e gelo, de alguma forma coexistindo sem destruir um ao outro. A maior prova de que eu pertencia a ele.<br />Eu não conseguia entender porque então ele estava dessa maneira - tão severo e frio. O que eu tinha perdido?<br />Seu dedo passou pelas minhas linhas de preocupação em minha testa.<br />“O que você está pensando?” ele sussurrou.<br />“Você está chateado. Eu não entendo. Eu…?” Eu não consegui terminar.<br />Seus olhos se estreitaram. “O quanto você está machucada, Bella? A verdade - não tente amenizar.”<br />“Machucada?” eu repeti, minha voz saiu mais alta que o normal porque a palavra tinha me pego de surpresa.<br />Ele ergueu uma sobrancelha, seus lábios se apertaram em uma linha.<br />Eu fiz uma rápida avaliação, esticando meu corpo automaticamente, tensionando e flexionando meus músculos. Houve uma rigidez, e muita dor, também, isso é verdade, mas na maior parte houve a sensação única de que todos os meus ossos tinham ficado desengonçados nas articulação, e metade de mim havia adquirido a consistência de uma medusa. Isso não foi uma sensação desagradável.<br />E então eu fiquei um pouco brava, porque ele estava escurecendo a mais perfeita de todas as manhãs com suas suposições pessimistas.<br />“Por que você não pula para aquela conclusão? Eu nunca estive melhor do que estou agora.”<br />Seus olhos se fecharam. “Pare com isso.”<br />“Parar o que?”<br />“Pare de agir como se eu não fosse um monstro por ter concordado com isso.”<br />“Edward!” Eu suspirei, realmente chateada agora. Ele estava empurrando minha doce memória através da escuridão, sujando-a. “Nunca mais diga isso.”<br />Ele não abriu seus olhos; era como se ele não quisesse me olhar.<br />“Olhe para você, Bella. Então me dizer que eu não sou um monstro.”<br />Machucada, chocada, eu segui suas instruções sem pensar e então engasguei.<br />O que havia acontecido comigo? Eu não conseguia entender a fofa e branca neve que grudava em minha pele. Sacudi a minha cabeça e uma cascata branca saiu de meu cabelo.<br />Eu peguei um delicado pedaço branco entre meus dedos. Era penugem.<br />“Por que eu estou coberta de penas?” Eu perguntei, confusa.<br />Ele exalou impacientemente. “Eu mordi um travesseiro. Ou dois. Não é disso que eu estou falando.”<br />“Você… mordeu um travesseiro? Por quê?”<br />“Olhe, Bella!” ele quase rosnou. Ele pegou minha mão - muito cuidadosamente - e esticou o meu braço. “Olhe para isso.”<br />Dessa vez, eu entendi o que ele quis mostrar.<br />Debaixo da camada de penas, largas manchas escuras começavam a surgir por toda pele pálida de meu braço. Meus olhos seguiram o rastro que elas fizeram até o ombro e logo abaixo das minhas costelas. Puxei a minha mão para pressionar uma mancha em antebraço esquerdo, vendo-a subir onde eu toquei e depois re-aparecer. Isso pulsou um pouco.<br />Tão suave que ele mal me tocou, Edward levou sua mão até as manchas em meu braço, um por um, comparando seus longos dedos com as formas.<br />“Oh,” eu disse.<br />Eu tentei me lembrar - me lembrar da dor - mas eu não conseguia. Eu não me lembrava de nenhum momento em que ele estivesse me apertando muito, em que suas mãos estivessem fortemente contra mim. Eu somente me lembrava de querê-lo me abraçando mais apertado, e ficando feliz quando ele o fazia…<br />“Me… desculpe, Bella.” ele suspirou enquanto encarava as manchas. “Eu sou melhor que isso. Eu não devia…” Ele fez um baixo, revoltado som no fundo de sua garganta. “Eu sinto mais do que posso dizer a você.”<br />Ele passou seu braço pelo seu rosto e ficou perfeitamente parado.<br />Permaneci por um longo momento em total assombro, tentando compreender - agora que havia entendido - a sua miséria. Era tão contrário ao que eu sentia que foi difícil de processar.<br />O choque passou lentamente, deixando um nada em mim. Um vazio. Minha mente estava em branco. Eu não conseguia pensar no que dizer. Como eu poderia explicar a ele da forma correta? Como eu poderia fazê-lo feliz como eu estava - ou como tinha estado há um momento atrás?<br />Eu toquei o seu braço, e ele não respondeu. Eu agarrei seu pulso e tentei afastar seu braço de sua face, mas era como provocar uma escultura, apesar de todo o bem que isso me fez.<br />“Edward”<br />Ele não se moveu.<br />“Edward?”<br />Nada. Portanto, isso seria um monologo, então.<br />“Eu não sinto, Edward. Eu… Eu nem consigo lhe dizer. Eu estou tão feliz. Não fique com raiva. Eu estou realmente ót…”<br />“Não diga a palavra ‘ótima’. Sua voz estava fria como o gelo. Se você preza minha sanidade, não diga que você está ótima.”<br />“Mas eu estou“, eu sussurrei.<br />“Bella”, ele quase gemeu. “Não.”<br />“Não, um não para você Edward”.<br />Ele moveu seu braço; seus olhos dourados me fitavam com cuidado.<br />“Não estrague isso”, eu disse a ele. “Eu. Estou. Feliz.”<br />“Eu já estraguei”, ele murmurou.<br />“Pare com isso”, eu disse, interrompendo-o.<br />Pude ouvir seus dentes rangendo.<br />“Ugh!”, resmunguei. “Por que você não pode simplesmente ler minha mente? É tão inconveniente ser uma muda mental!”<br />Seus olhos se arregalaram ligeiramente, estranhamente distraídos.<br />“Essa é nova. Você adorava o fato de eu não pode ler sua mente.”<br />“Não hoje.”<br />Ele me encarou. “Por que?”<br />Eu joguei meus braços para o ar, em frustração, sentindo uma dor em meu ombro que ignorei. As palmas de minhas mãos caíram sobre seu peito fazendo um estalo. “Porque toda essa angústia seria desnecessária se você soubesse o que estou sentindo nesse momento. Ou há cinco minutos atrás, tanto faz. Eu estava perfeitamente feliz. em Total e completo estado de felicidade. Agora - bem, estou um tanto chateada, na verdade.”<br />“Você deveria estar com raiva de mim.”<br />“Bem, eu estou, isso faz você se sentir melhor?”<br />Ele suspirou. “Não, acho que nada pode me fazer sentir melhor agora.”<br />“Esse,” disse interrompendo, “Esse é o motivo pelo qual estou zangada. Você está tirando meu ânimo, Edward.”<br />Ele virou os olhos e balançou a cabeça.<br />Respirei fundo. Eu estava me sentindo mais cansada e irritada agora, mas isso não era tão ruim. Algo como o dia depois do levantamento de pesos. Eu fiz isso com Renée numa das manifestações de sua mania por malhação. 65 repetições com 10 libras em cada mão. Eu não conseguia andar no dia seguinte. O que eu sentia agora não era nem a metade do que senti naquela vez.<br />Engoli minha irritação e tentei manter minha voz calma. “Nós sabiamos que isso seria arriscado. Eu achei que estava claro. E então - bem, foi muito mais fácil do que eu achei que seria. Não foi absolutamente nada demais.” Esfreguei meus dedos ao longo do meu braço. “Eu acho que para uma primeira vez, sem saber o que esperar, nós fomos muito bem. Com um pouco mais de prática-”.<br />Sua expressão estava tão lívida que eu parei no meio da frase.<br />“Estava claro? Você estava esperando por isso Bella? Você estava imaginando que eu a machucaria? Você estava pensando que isso seria pior? Você considera a experiência um sucesso porque você pode sair andando depois dele? Sem ossos quebrados, significa vitória?”<br />Eu aguardei, deixando-o colocar tudo para fora. Então eu esperei mais um pouco enquanto sua respiração voltava ao normal. Quando seu olhar estava tranquilo, eu respondi, falando calma e precisamente.<br />“Eu não sabia o que esperar - mas eu definitivamente não esperava o quão… quão perfeito e maravilhoso, como foi.” Minha voz se tornou-se um sussurro, meus olhos fugiram de sua face para as minhas mãos. “Eu quero dizer, eu não sei como foi para você, mas para mim foi assim.”<br />Um dedo gelado tocou meu queixo trazendo minha cabeça para cima.<br />“É isso que te preocupa?” Ele disse entredentes, “Que eu não tenha gostado?”<br />Meus olhos continuaram baixos. “Eu sei que não é a mesma coisa, você não é humano. Eu só estava tentando explicar que, para um humano, bem… eu simplesmente não posso imaginar que haja algo melhor que isso na vida.”<br />Ele ficou em silêncio por tanto tempo que, finalmente, eu tive que olhar para cima.<br />Sua face estava mais suave agora, pensativo.<br />“Parece que eu tenho mais pelo que me desculpar.” Ele franziu as sobrancelhas. “Não imaginei que você poderia interpretar a forma como me sinto pelo que fiz a você de outro modo que não significasse que a última noite foi… bem, a melhor noite de toda a minha existência. Mas eu não quero pensar nisso dessa forma, não enquanto você…”<br />Meus lábios se curvaram um pouquinho pra cima. “Verdade? A melhor de todas?” Perguntei baixinho.<br />Ele tomou meu rosto entre suas mãos, ainda introspectivo. “Eu falei com Carlisle depois que você e eu fizemos nosso trato, esperando que ele pudesse me ajudar. Obviamente ele me advertiu que isso poderia ser muito perigoso para você.” Uma sombra cruzou sua expressão. “Ele tinha fé em mim, mesmo eu não merecendo tal crédito.”<br />Eu comecei a protestar e ele colocou dois dedos sobre meus lábios antes que eu pudesse comentar.<br />“Eu também perguntei a ele o que eu deveria esperar. Ele não sabia como seria para mim… por eu ser um vampiro.” Ele riu indiferentemente. “Carlisle me disse que isso é algo muito poderoso, como nada mais. Ele me disse que o amor físico é algo que eu não deveria tratar superficialmente. Com o nosso temperamento quase imutável, emoções fortes podem nos alterar de modo permanente. Mas ele me disse que eu não deveria me preocupar com essa parte, pois você já me alterou completamente.” Agora o seu sorriso era mais sincero.<br />“Eu conversei com meus irmãos também. Eles me disseram que seria um imenso prazer, suplantado apenas por beber sangue humano.” Uma linha se formou em sua testa. “Mas eu provei seu sangue, e não pode haver sangue mais poderoso que aquele… Eu não acho que eles estivessem errados, realmente. Apenas que foi diferente para nós dois. Algo a mais.”<br />“Foi algo a mais. Foi tudo.”<br />“Isso não muda o fato de que foi errado. Mesmo que fosse possível você se sentir como disse.”<br />“O que você quer dizer com isso? Você acha que eu inventei tudo? Por quê?”<br />“Para aliviar minha culpa. Eu não posso ignorar a evidência, Bella. Ou seu histórico de tentar me confortar quando cometo erros.”<br />Eu peguei seu queixo e puxei para frente para que nossos rostos ficassem mais próximos. “Você tem que me ouvir, Edward Cullen. Eu não estou fingindo nada para você, está bem? Eu não sabia que existia uma razão para fazer você se sentir melhor até você começar a ser tão miserável? Eu nunca me senti tão feliz em toda minha vida. Eu não fiquei feliz assim nem na primeira manhã que eu acordei, e você estava lá esperando por mim… Nem quando eu escutei sua voz no estudio de ballet.” Ele retrocedeu ao lembrar do meu encontro próximo com um vampiro caçador, mas eu não parei - “Ou quando você disse ‘Eu aceito’ e eu descobri que, de alguma forma, eu vou te ter para sempre. Essas são as memórias mais felizes que tenho, e isso é melhor que todas elas. Então apenas lide com isso.”<br />Ele tocou a linha franzida entre minhas sobrancelhas. “Eu estou te deixando infeliz. Eu não quero fazer isso.”<br />“Então não fique infeliz. Essa é a única coisa errada aqui.<br />Seus olhos tornaram-se apertados, e em seguida ele tomou-se em uma respiração profunda e balançou a cabeça. “Tem razão, o passado é passado, e eu não posso fazer nada para mudar isso. Não há sentido para que eu fique de mal humor com você. Eu vou fazer todo o possível para fazer você feliz agora.”<br />Eu analisei seu rosto, surpresa. Ele me sorriu serenamente.<br />“Qualquer coisa que me deixe feliz?”<br />O meu estomago grunhiu, quando eu perguntei.<br />“Você está com fome” ele disse rapidamente. Ele foi rapidamente para fora da cama, mexendo-se sob a nuvem de penas. Que fez-me lembrar.<br />“Então, porque exatamente você resolveu arruinar os travesseiros de Esme?” Eu perguntei, me ajeitando no lugar e balançando os meus cabelos.<br />Ele já tinha vestido um par de calças caqui folgadas, e estava perto da porta, bagunçando o cabelo, fazendo algumas penas voarem também.<br />“Eu não sei se decidi fazer algo na noite passada” ele resmungou. “Nós temos sorte que foram os travesseiros e não você”. Ele respirou profundamente e então balançou a sua cabeça, como se isso fizesse desaparecer o pensamento terrível. Um sorriso apareceu no seu rosto, mas eu acho que ele precisou de bastante trabalho para colocar-lo ali.<br />E deslizei cuidadosamente pela cama, mais consciente, agora, das dores e dos locais doloridos. Eu o ouvi resfolegar. Ele deu as costas pra mim, e suas mãos se fecharam nos punhos, os nós dos dedos ficando brancos.<br />“Minha aparência é tão odiosa assim?” Eu perguntei, trabalhando para manter meu tom leve. Ele prendeu a respiração, mas não se virou, provavelmente para esconder sua expressão de mim. Eu caminhei até o banheiro para checar a mim mesma.<br />Eu olhei para o meu corpo nu no grande espelho que ficava atrás da porta.<br />Definitivamente eu já tive dias piores. Havia uma leve sombra em uma das minhas bochechas, e meus lábios estavam um pouco inchados, mas além disso, meu rosto estava bem. O resto do meu corpo estava coberto por manchas azuis e roxas. Eu me concentrei nos machucados que seriam mais difíceis de esconder - nos meus braços e nos meus ombros. Eles não estavam tão ruins. Minha pele se refazia facilmente. Quando um machucado vinha a aparecer, eu geralmente já tinha esquecido como ele foi feito. É claro que estes estavam apenas em desenvolvimento. Eu estaria muito pior amanhã. Isso não ia facilitar as coisas.<br />Foi então que eu olhei para o meu cabelo e gemi.<br />“Bella?” Ele estava bem ali ao meu lado assim que eu emiti o som.<br />“Eu nunca vou conseguir tirar isso tudo dos meus cabelos!” Eu apontei para a minha cabeça, que parecia mais com um ninho de emaranhado. Eu comecei a recolher as penas.<br />“Você tinha que estar preocupada com o seu cabelo”, ele murmurou, mas veio parar atrás de mim e começou a retirar as penas muito mais rapidamente.<br />“Como você consegue não rir disso? Eu estou ridícula.”<br />Ele não respondeu; ele simplesmente continuou tirando. E aí eu soube a resposta imediatamente - nada poderia ser engraçado enquanto ele estivesse com mal humor.<br />“Isso não vai funcionar”, eu suspirei depois de um minuto.”Está tudo colado aí. Eu vou tentar lavar.” Eu me virei, passando os braços pela cintura fria dele. “Você quer me ajudar?”<br />“É melhor eu ir procurar comida pra você”, ele disse com uma voz baixa, e gentilmente afastou meus braços. Eu suspirei enquanto ele se afastava, se movendo muito rápido.<br />Parecia que a minha lua de mel havia acabado. Esse pensamento trouxe um grande nó na minha garganta.<br />Quando eu estava quase sem penas e usando um vestido de algodão desconhecido que escondia a maior parte das manchas cor de violeta, eu caminhei com os pés descalços até o lugar de onde o cheiro dos ovos com bacon e queijo cheddar estava vindo.<br />Edward estava de frente pra um fogão de aço inoxidável, colocando uma omelete num prato azul claro que estava sob o balcão. O cheiro de comida me deixou mais faminta ainda. Foi como se eu pudesse comer o prato e a frigideira também; meu estômago roncou.<br />“Aqui”, ele disse. Ele se virou com um sorriso nos lábios e colocou o prato sobre uma mesa de azulejos.<br />Eu sentei em uma das cadeiras de metal e comecei a comer os ovos quentes com gula. Eles queimaram minha garganta, mas eu não me importei.<br />Ele sentou à minha frente. “Eu não estou de alimentando com freqüência suficiente.”<br />Eu engoli e então lembrei ele, “Eu estava dormindo. Isso está muito bom, por sinal. Impressionante pra uma pessoa que não come.”<br />“Canal de receitas”, ele disse, dando meu sorriso torto favorito.<br />Eu fiquei feliz ao vê-lo, feliz de ver que ele parecia mais com o seu ‘eu’ de sempre.<br />“De onde vieram os ovos?”<br />“Eu pedi à equipe de limpeza que estocasse a cozinha. Isso é inédito nessa casa. Eu vou ter que pedir a eles para cuidarem das penas…” Ele parou de falar, seus olhos fixaram-se no espaço acima da minha cabeça. Eu não respondi, tentando não deixá-lo chateado novamente.<br />Eu comi tudo, apesar dele ter cozinhado suficiente para duas pessoas.<br />“Obrigada”, e disse a ele. Eu me inclinei sobre a mesa para beijá-lo. Ele correspondeu meu beijo automaticamente, então de repente enrijeceu e se afastou.<br />Eu apertei meus dentes, e a pergunta soou como uma acusação, “Você não vai me tocar de novo enquanto estivermos aqui, não é?”<br />Ele hesitou, então deu um meio sorriso e ergueu a mão para alisar minha bochecha. Seus dedos pousaram suavemente na minha pele, e eu não consegui não repousar meu rosto em sua palma.<br />“Você sabe que não é isso o que eu quis dizer.”<br />Ele suspirou enquanto abaixava as mãos. “Eu sei. Você está certa.” Ele parou por algum curto tempo, erguendo um pouco o queixo. E então ele falou novamente com convicção. “Eu não farei amor com você novamente até que você seja transformada. Eu nunca vou te machucar novamente.”<br /><br /><br />Capítulo 6 – Distrações<br /><br />Minha diversão se tornou a prioridade número-um na Ilha Esme. Nós fizemos snorkeling (bem, eu fiz enquanto ele ignorava sua habilidade de não precisar de oxigênio). Nós exploramos a pequena selva que rodeava o pico rochoso. Nós visitamos os papagaios que moravam no dossel da extremidade sul da ilha. Nós assistimos o pôr-do-sol do abrigo rochoso no ocidente. Nós nadamos com os botos que brincavam na água quente e superficial. Ou pelos menos eu nadei; quando Edward estava na água, os botos desapareciam como se um tubarão estive por perto.Eu sabia o que estava acontecendo. Ele estava tentando me manter ocupada, distraída, para que eu não continuasse com o assunto sobre sexo. Sempre que eu tentava falar com ele para que ele tornasse isso mais fácil com um dos milhões de DVDs embaixo da grande TV de plasma, ele me atraia para fora de casa com palavras mágicas, como recifes de corais e cavernas submersas e tartarugas marinhas. Nós estávamos saindo todos os dias, então eu me encontrava completamente cansada e exausta quando o sol finalmente se punha.Eu adormecia sobre o meu prato depois que terminava de jantar todos os dias; uma vez eu realmente adormeci na mesa e ele teve que me carregar para a cama. Parte disso era que Edward sempre fazia muita comida para uma pessoa, mas eu estava tão faminta depois de nadar e escalar todo dia que eu comia a maioria. Então, plena e desgastada, eu mal podia manter meus olhos abertos. Tudo parte do plano, sem dúvida.Exaustão não ajudou muito com as tentativas de persuasão. Mas eu não desisti. Eu tentei refletindo, discutindo, e resmungando, tudo em vão. Eu estava geralmente inconsciente antes que eu pudesse prolongar meu caso. E então meus sonhos pareciam tão reais – pesadelos principalmente, tornando mais vívidos, eu esperava, pelas demais cores da ilha – que eu acordava cansada, não importava quanto tempo eu havia dormido.<br /><br />Em cerca de uma semana ou algo assim depois que chegamos a ilha, eu decidi tentar me comprometer. Isso tinha funcionado no passado.Eu estava dormindo no quarto azul agora. A equipe de limpeza não estaria aqui até o dia seguinte, e então o quarto branco ainda tinha o nevado cobertor de baixo. O quarto azul era menor, a cama razoavelmente proporcional. As paredes eram escuras, apaineladas de teca, e os acessórios eram todos de uma luxuosa seda azul.Eu iria me vestir com alguma lingerie das coleções de Alice para dormir a noite – que não eram tão reveladores comparados aos escassos biquínis que ela havia embalado para mim. Eu gostaria de saber se ela tinha tido uma visão de por que eu gostaria dessas coisas, e então eu corei, envergonhada por esse pensamento.Eu comecei devagar com inocentes cetins marfins, preocupada que revelando mais a minha pele seria o contrário do útil, mas pronto para tentar qualquer coisa. Edward não pareceu notar nada, como se eu tivesse vestindo as mesmas roupas velhas que eu vestia em casa.Os machucados estavam muito melhor agora – amarelando em alguns lugares e desaparecendo totalmente em outros – então hoje a noite eu tirei as ataduras enquanto ficava pronta no banheiro. Estava preto, rendilhado, e embaraçoso para olhar. Tive o cuidado de não olhar no espelho antes de voltar para o quarto. Eu não queria perder o meu nervo.Eu tive a satisfação de ver seus olhos bem abertos por apenas um segundo antes de controlar sua expressão.“O que você acha?” Eu perguntei, girando para que ele pudesse ver todos os ângulos.Ele limpou a garganta. “Você está linda. Você sempre está.”“Obrigada,” Eu disse um pouco envergonhada.Eu estava muito cansada para escalar rapidamente a cama macia. Ele colocou seus braços ao meu redor e me puxou contra o seu peito, mas isso era rotina – era tão quente para dormir sem o seu corpo frio por perto.“Eu vou te fazer uma proposta,” Eu disse sonolenta.“Eu não vou fazer nenhum acordo com você,” ele respondeu.<br /><br />“Você nem ouviu o que eu estou oferecendo.”“Não importa.”Eu suspirei. “Ah. Eu realmente queria... bem.”Ele rolou os olhos.Eu fechei os meus e deixei a isca sentar ali. Eu bocejei.Isso só durou um minuto – não o tempo suficiente para eu me preocupar.“Está certo. O que é que você quer?”Eu rangi os meus dentes por um segundo, lutando contra um sorriso. Se houvesse alguma coisa que ele não pudesse resistir, era uma oportunidade de me dar algo.“Bem, eu estava pensando... Eu sei que essa coisa toda de Dartmouth era suposto ser apenas uma falsa história, mas honestamente, um semestre de faculdade não iria me matar,” Eu disse, ecoando suas antigas palavras, quando ele tentou me persuadir para não me transformar uma vampira. “Charlie teria uma emoção fora das histórias de Dartmouth, eu aposto. Claro, pode ser embaraçoso se eu não puder manter o contato todos os cérebros. Ainda... dezoito, dezenove. Não é realmente uma grande diferença. Não é como se eu fosse chegar aos pés do corvo, no próximo ano.”Ele ficou em silêncio por um longo momento. Então, com uma voz baixa, ele disse, “Você poderia esperar. Você poderia ficar humana.”Eu deti a minha língua, deixando a oferta se afundar.“Por que você está fazendo isso comigo?” ele disse através dos seus dentes, seu tom de repente com raiva. “Já não é suficientemente difícil sem tudo isso?” Ele agarrou um punhado de cordões que estava franzido sobre minha coxa. Por um momento, pensei que ele ia rasgar a partir da costura. Então suas mãos relaxaram. “Isso não importa. Eu não vou fazer nenhum acordo com você.”“Eu quero ir à faculdade.”“Não, você não quer. E não há nada que vale a pena para arriscar sua vida de novo. Que vale a pena para machucar você.”“Mas eu realmente quero ir. Bem, eu não quero o colégio tanto quanto o que eu quero – Eu quero ser humana durante um tempo maior.”<br /><br />Ele fechou os seus olhos e exalou pelo nariz. “Você está me deixando louco, Bella. Nós já não tivemos essa discussão um milhão de vezes, você sempre implorando para ser uma vampira sem atraso?”“Sim, mas... bem, eu tenho uma razão para ser humana que eu não tinha antes.”“O que é?”“Adivinhe,” Eu disse, e eu me arrastei pelos travesseiros para beijá-lo.Ele me beijou de volta, mas não do jeito que me fez achar que estava ganhando. Era mais como se ele estivesse tendo cuidado para não machucar meus sentimentos; ele estava completamente, totalmente sobre controle. Gentilmente, ele me puxou para longe e me puxou contra o seu peito.“Você é tão humana, Bella. Controlada pelos seus sentimentos.” Ele riu.“Esse é o ponto, Edward. Eu gosto dessa parte de ser humana. Eu não quero abrir mão disso ainda. Eu não quero esperar anos sendo uma recém-nascida demente por sangue para que alguma dessas partes volte para mim.”Eu bocejei, e ele sorriu.“Você está cansada. Durma, amor.” Ele começou a zumbir a canção de ninar que ele compôs para mim no nosso primeiro encontro.“Eu me pergunto por que estou tão cansada,” Eu murmurei sarcasticamente. “Não poderia ser parte do seu esquema ou algo assim.”Ele só riu uma vez e voltou a zumbir.“De tão cansada que eu tenho estado, você poderia pensar que eu estaria dormindo melhor.”O som quebrou. “Você tem dormido como a morte, Bella. Você não disse uma palavra nos seus sonhos desde que chegamos aqui. Se não fosse o ronco, eu me preocuparia que você estivesse escorregando em um coma.”Eu ignorei a parte do ronco; eu não roncava. “Eu não estive me remexendo? Isso é estranho. Normalmente eu fico me mexendo toda sobre a cama quando estou tendo pesadelos. E gritando.”“Você tem tido pesadelos?”“Vívidos. Eles me fazem tão cansada.” Eu bocejei. “Eu não acredito que eu não estive falando sobre eles toda a noite.”“Sobre o que eles são?”“Coisas diferentes – mas os mesmos, você sabe, por causa das cores.”“Cores?”<br /><br />“É tudo tão brilhante e real. Geralmente, quando estou sonhando, eu sei que sou eu. Com esses, eu não sei se estou adormecida. Isso faz eles serem apavorantes.”Ele soou perturbado quando falou de novo. “O que está assustando você?”Eu disse rapidamente. “Principalmente...” Eu hesitei.“Principalmente?” Ele perguntou.Eu não tinha certeza do porque, mas eu não queria falar a ele sobre a criança nos meus pesadelos; tinha alguma coisa particular nesse horror. Então, em vez de lhe dar toda a descrição, eu lhe dei só um elemento. Certamente suficiente para assustar a mim e a qualquer outra pessoa.“Os Volturi,” Eu sussurrei.Ele me abraçou mais pra apertado. “Eles não vão mais nos perturbar. Você vai ser imortal em breve, e eles não vão ter razão.”Eu deixei ele me confortar, sentindo um pouco de culpa por ele ter interpretado errado. Os pesadelos não eram daquele jeito, exatamente. Não era disso que eu tinha medo – eu tinha medo do garoto.Ele não era o mesmo garoto do primeiro sonho – o garoto vampiro com os olhos de sangue que estava sentado sobre as pessoas mortas que eu amava. Esse garoto com quem eu sonhei pelas últimas quatro vezes na semana passada era definitivamente humano; suas bochechas eram avermelhadas e seus amplos olhos eram um pouco verde. Mas como a outra criança, ele se mexeu com medo e desespero enquanto os Volturi se fechavam entre nós.Nesse sonho, que era tanto o velho quanto o novo, eu simplesmente tinha que proteger a criança desconhecida. Não tinha outra opção. Mas no mesmo tempo, eu sabia que eu iria falhar.Ele viu o desamparo no meu rosto. “O que eu posso fazer para ajudar?”Eu balancei a cabeça. “Eles são só sonhos, Edward.”“Você quer que eu cante para você? Eu canto a noite toda se isso for manter os pesadelos longe.”<br /><br />“Eles não são tão maus. Alguns são legais. Tão... coloridos. Debaixo d’água, com os peixes e os corais. Eles todos parecem como se realmente estivesse acontecendo – eu não sei se estou sonhando. Talvez essa ilha é o problema. É muito claro aqui.”“Você quer ir pra casa?”“Não. Não, ainda não. Nós podemos ficar um pouco mais?”“Nós podemos ficar o quanto você quiser, Bella,” ele me prometeu.“Quando o semestre começa? Eu não prestando atenção antes.”Ele suspirou. Talvez ele começou a zumbir, mas eu já tinha apagado antes de ter certeza.Depois, quando eu acordei na escuridão, foi como um choque. O sonho foi tão real... tão vívido, tão sensorial...Eu estremeci alto, agora, desorientada pelo quarto escuro. A um minuto atrás, parecia que eu estava sobre um sol brilhante.“Bella?” Edward sussurrou, seus braços ao meu redor, me balançando gentilmente. “Você está bem, querida?”“Oh,” eu estremeci de novo. Só um sonho. Não era real. Para minha grande surpresa, lágrimas caíram dos meus olhos sem aviso, mantendo minha cabeça baixa.“Bella!” ele disse – alto, alarmado agora. “O que foi?” Ele limpou as lágrimas das minhas quentes bochechas com seus dedos frios e frenéticos, mas outras caíram.“Era só um sonho.” Eu não pude conter a quebra da minha voz. As lágrimas eram absurdamente perturbadoras, mas eu não pude obter o controle da dor agarrada em mim. Eu queria tanto que o sonho fosse verdade.“Tudo bem, amor, você está bem. Eu estou aqui.” Ele me movimentou para frente e para trás, um pouco rápido para acalmar. “Você teve outro pesadelo? Não era real, não era real.”“Não era um pesadelo.” Eu balancei minha cabeça, esfregando as costas das minhas mãos nos meus olhos. “Era um sonho bom.” Minha voz quebrou de novo.“Então por que você esta chorando?” Ele perguntou, perplexo.“Porque eu acordei,” eu lamentei, envolvendo os meus braços nos seu pescoço, soluçando na sua garganta.Ele riu uma vez, mas o seu tom era tenso e preocupado.<br /><br />“Tudo está bem, Bella. Respire fundo.” “Era tão real,” eu chorei. “Eu queria que fosse real.”“Me conte sobre isso,” ele insistiu. “Talvez isso te ajude.”“Nós estávamos numa praia...” Eu menti, indo um pouco para trás para ver sua ansiosa expressão de anjo dentro da escuridão. Eu o encarei para tentar me acalmar.“E?” Ele finalmente perguntou.Eu pisquei para que as lágrimas dos meus olhos caíssem. “Oh Edward...”“Me conte, Bella,” ele invocou, seus olhos selvagens preocupados com a dor na minha voz.Mas eu não podia. Em vez disso, eu apertei os meus braços em volta do seu pescoço de novo e apertei a minha boca na sua ferventemente. Não era o meu maior desejo – era preciso para minha dor aguda. Sua resposta foi imediata mas rapidamente seguida pela sua repulsa.Ele se debateu contra mim o mais gentil possível com a sua surpresa, me distanciando dele, segurando os meus ombros.“Não, Bella,” Ele insistiu, olhando para mim horrorizado, como se eu tivesse perdido minha cabeça.Meus braços caíram, derrotados, e as bizarras lágrimas caíram numa forte corrente sobre o meu rosto, um novo soluço subindo na minha garganta. Ele estava certo – eu devia estar louca.Ele me olhou confuso, com olhos agonizados.“Me descu-u-ulpe,” Eu gaguejei.Então ele me puxou para perto dele, me abraçando fortemente contra o seu peito de mármore.“Eu não posso, Bella, não posso!” Seu gemido era agonizado.“Por favor,” Eu disse, meu argumento abafando contra sua pele. “Por favor, Edward?”Eu não pude dizer se ele se moveu pela lágrimas tremendo na minha voz, ou se ele não estava preparado para lidar com os meus inesperados ataques, ou se sua necessidade era simplesmente insuportável como as minhas. Mas não importa a razão, ele puxou os meus lábios de volta aos seus, se rendendo com um gemido. E nós começamos quando o meu sonho já tinha ido embora.<br /><br />Eu fiquei em silêncio quando acordei de manhã e tentei manter a minha respiração calma. Eu estava com medo de abrir os olhos.Eu estava deitada sobre o peito de Edward, mas ele estava bem quieto e os seus braços não estavam ao meu redor. Isso era um mau sinal. Eu estava com medo de admitir que estava acordada e ter que olhar a sua raiva – não importava pra quem ela estava dirigida.Cuidadosamente, eu abri os meus olhos. Seus olhos estavam fixados para cima, seus braços atrás da sua cabeça. Eu me curvei em cima do meu cotovelo até que eu pude ver o seu rosto melhor. Ele estava liso, sem expressões.“Em quantos problemas eu estou?” Eu perguntei numa voz baixa.“Em muitos,” ele disse, mas ele virou sua cabeça e sorriu para mim.Eu suspirei. “Me desculpe,” Eu disse. “Quero dizer... Bem, eu não sei exatamente o que foi a noite passada.” Eu balancei a cabeça para a memória das lágrimas irracionais, da estranha mágoa.“Você nunca me disse sobre o que era o seu sonho.”“Eu acho que não – mas eu suponho que tenha te mostrado sobre o que era.” Eu ri nervosamente.“Oh,” Ele disse. Seus olhos se arregalaram, e então ele piscou. “Interessante.”“Era um sonho muito bom,” Eu murmurei. Ele não comentou, então alguns segundos depois eu perguntei, “Estou perdoada?”“Estou pensando sobre isso.”<br /><br />Eu sentei, planejando examinar a mim mesma - não parecia ter penas, pelo menos. Mas enquanto eu me movia, uma estranha onda de vertigem me acertou. Eu balancei e caí de novo contra os travesseiros."Whoa... tontura."Seus braços estavam ao meu redor então. "Você dormiu por um bom tempo. Doze horas""Doze?" Que estranho.Eu tentei me dar um exame rápido enquanto falava, tentando ser imperceptível em relação à isso. Eu parecia bem. Os hematomas no meu braço ainda eram de uma semana atrás, amarelando. Eu me estiquei, experimentalmente. Eu me sentia bem, também. Mais que bem, aliás."O inventário está completo?"Eu concordei timidamente. "Os travesseiros parecem ter sobrevivido.""Infelizmente, eu não posso dizer o mesmo da sua, er, camisola." Ele acenou com a cabeça em direção ao pé da cama, onde vários pedaços de fita preta estavam jogados nos lençóis de seda."Isso é muito ruim," eu disse. "Eu gostava daquela.""Eu também.""Houve mais algum acaso?" Eu perguntei timidamente."Eu terei que comprar Esme uma nova cabeceira," ele confessou, olhando acima de seus ombros. Eu segui seu olhar e fiquei chocada em ver que pedaços de madeira pareciam ter sido arrancados do lado esquerdo da cabeceira."Hmm." Carranquei. "Você pensou que eu ouviria isso.""Você é extraordinariamente não observadora quando está atenta a outra coisa."<br /><br />"Eu estava um pouco envolvida." Eu admiti, corando em um profundo vermelho.Ele tocou minha bochecha queimando e suspirou. "Eu realmente vou sentir falta disso."Eu encarei seu rosto, procurando qualquer sinal de raiva ou remorso que eu temia. Ele me olhou de volta, sua expressão calma mas ilegível."Como você está se sentindo?"Ele riu,"O que?" Exigi."Você parece tão culpada - como se tivesse cometido um crime.""Eu me sinto culpada." Murmurei."Então você seduziu seu demais-disposto marido. Isso não é uma ofensa capital."Ele parecia estar brincando.Minhas bochechas ficaram mais quentes. "A palavra seduziu contém um certo monte de planos.""Talvez seja a palavra errada." Ele permitiu."Você não está bravo?"Ele sorriu tristemente. "Não estou bravo.""Por que não?""Bem..." Pausou. "Eu não te machuquei, primeiramente. Foi mais fácil essa vez, me controlar, a canalizar o excesso." Seus olhos se mudaram para um jeito danificado. "Talvez porque eu tive uma idéia melhor do que esperar."Um sorriso esperançoso começou a crescer pelo meu rosto. "Eu disse pra você que era tudo prática."Ele virou os olhos.Meu estômago roncou, e ele deu risada. "Hora do café da manhã dos humanos?" Ele perguntou."Por favor," Eu disse, pulando pra fora da cama. Eu me movi rápido demais, eu cambaleei feito bêbada pra obter meu equilíbrio de novo. Ele me pegou antes que eu pude tropeçar na penteadeira."Você está bem?""Se eu não tiver um senso de equilíbrio melhor na minha próxima vida, eu vou exigir devolução!"Eu mesma cozinhei essa manhã, fritando uns ovos - muito faminta pra fazer algo mais elaborado. Impaciente, eu os virei num prato depois de uns poucos minutos.<br /><br />"Desde quando você come ovo estrelado?" ele perguntou."Desde agora.""Você sabe quantos ovos você comeu durante essa última semana?" Ele puxou a cesta de lixo de baixo da pia - estava cheia de caixas azuis vazias."Estranho," eu disse depois de engolir uma picante mordida. "Esse lugar está mexendo com meu apetite." E meus sonhos, e o meu já duvidoso balanço. "Mas eu gosto daqui. Apesar disso nós teremos que partir logo, não é, para chegar em Dartmouth a tempo? Wow, eu acho que nó sprecisamos arranjar um lugar para viver e tal, também."Ele sentou perto de mim. "Você pode desistir desse faz de conta de faculdade agora - você conseguiu o que queria. E nós não concordamos com nenhum negócio, então não há cordas presas."Eu bufei, "Não era um faz de conta, Edward. Eu não passo meu tempo livro planejando com algumas pessoas. O que nós podemos fazer parar tirar Bella de casa hoje?" Eu disse numa impressão pobre de sua voz. Ele riu, sem vergonha. "Eu realmente quero um pouco mais de tempo como humana," eu me inclinei para correr minha mão em seu peito nu. "Eu ainda não tive o suficiente."Ele me deu uma olhada duvidosa. "Por isso?" ele perguntou, pegando minha mão e a movendo para seu estômago. "Sexo era a chave para tudo isso desde o início?" Ele revirou os olhos. "Porque eu não pensei nisso?" ele sussurrou sarcástico. "Eu poderia ter salvado muitos argumentos."Eu ri. "Yeah, provavelmente.""Você é tão humana," ele disse novamente."Eu sei."<br /><br />Um início de sorriso apareceu em seus lábios. "Nós iremos para Dartmouth? Mesmo?""Eu provavelmente irei reprovar em um semestre.""Eu irei ser seu tutor." O sorriso estava largo agora. "Você irá amar a faculdade.""Você acha que nós conseguiremos achar um apartamento assim, tão tarde?"Ele fez uma careta, parecendo culpado. "Bem, nós meio que já temos uma casa lá. Você sabe, só por precaução.""Você comprou uma casa?""Bens mobiliários são um bom investimento."Eu levantei uma sobrancelha e deixei isso pra lá. "Então nós estamos prontos.""Eu terei que ver se nós vamos conseguir manter seu carro "antes" por um pouco mais de tempo...""Sim, Deus o livre eu não estar protegida por tanques."Ele riu."Quanto tempo nós podemos ficar?" eu perguntei."Nós estamos bem quanto ao tempo. Algumas semanas a mais, se você quiser. E então nós podemos visitar Charlie antes de ir para New Hampshire. Nós podemos passar o natal com Renée..."Suas palavras pintavam um futuro feliz imediato, um sem dores para todos envolvidos. Jacob, tudo menos esquecido, agitada, eu corrigi o pensamento - para quase todo mundo.Isso não estava ficando muito fácil. Agora que eu havia descoberto exatamente como era bom ser humana, era tentador deixar os planos falirem. Dezoito, dezenove, dezenove ou vinte... Realmente importava? Eu não iria mudar muito em um ano. E ser humana com Edward... A escolha ficava trapaceira a cada dia.<br /><br />"Algumas semanas," eu concordei. E então, porque parecia que nunca haveria tempo o suficiente, eu adicionei, "Então eu estava pensando - você sabe o que eu estava dizendo sobre praticar antes?"Ele riu. "Você pode esperar um pouco com esse pensamento? Eu escutei um barco. A equipe de limpeza deve estar aqui."Ele queria que eu esperasse com aquele pensamento. Então ele quis dizer que ele não iria me dar mais trabalho sobre praticar? Eu sorri."Me deixe explicar essa bagunça no quarto branco para Gustavo, e então nós podemos sair. Há um lugar lá na floresta no sul -""Eu não quero sair. Eu estou afim de escalar por toda ilha hoje. Eu quero ficar e ver um filme."<br /><br />Ele torceu seus lábios, tentando não rir do meu tom. “Tudo bem, o que você desejar. Por que você não vai escolhendo lá fora enquanto eu vou abrir a porta?”“Eu não ouvi baterem na porta.”Ele jogou sua cabeça de lado, ouvindo. Um segundo depois, uma batida fraca e tímida soou na porta. Ele sorriu, e se virou para o corredor.Eu perambulei até as prateleiras sob a grande TV e comecei a ver os títulos. Era difícil decidir por onde começar. Eles tinham mais DVDs que uma locadora.Eu podia ouvir a voz baixa e veluda de Edward do hall, conversando fluentemente no que parecia ser um português perfeito. Outra voz humana e penosa voz respondeu na mesma língua. Edward os levou para a sala, apontando em direção a cozinha. Os dois brasileiros pareciam incrivelmente pequenos e morenos ao lado dele. Um deles era um homem redondo, e a outra uma pequena mulher, ambos rostos com dobras retas. Edward fez um gesto para mim com um orgulhoso sorriso, quando eu ouvi o meu nome misturado em um turbilhão de palavras desconhecidas. Eu fiquei um pouco envergonhada quando pensei na total bagunça na sala branca, que eles logo acabaram encontrando. O pequeno homem sorriu pra mim educadamente.Mas a tímida mulher não sorriu. Ela me encarou com uma mistura de choque, preocupação, e acima de tudo, medo. Antes que eu pudesse reagir, Edward mencionou para eles o seguirem em direção galinheiro, e eles se foram.Quando ele reapareceu, ele estava sozinho. Ele andou silenciosamente até o meu lado e passou os seus braços ao meu redor.“O que ela tem?” Eu sussurrei urgente, lembrando da sua expressão de pânico.<br /><br />Ele deu de ombros, despreocupado. "Kaure é parte dos índios Ticuna. Ela foi criada para ser mais supersticiosa- ou você pode chamar de mais atenta- que os outros que vivem no mundo moderno. Ela suspeita do que eu sou, ou perto disso." Ele ainda não parecia preocupado. "Eles têm suas próprias lendas por aqui. O libishomen- um demônio bebedor de sangue que saqueia exclusivamente em lindas mulheres," ele olhou atravessado para mim.Apenas mulheres bonitas? Bem, isso era meio que lijongeiro."Ela parecia aterrorizada," eu disse."Ela está - mas mais que isso, ela está preocupada com você.""Comigo?""Ela tem medo do porquê você está aqui, totalmente sozinha." Ele riu escuramente e então olhou para a parede de filmes. "Oh bem, porque você não escolhe algo para nós vermos? Essa é uma coisa aceitável de humanos fazerem.""Sim, eu tenho certeza que um filme irá a convencer de que você é humano." Eu ri e prendi meus braços seguramente ao redor de seu pescoço, me espichando apenas na ponta dos pés. Ele se abaixo para que eu pudesse beijá-lo, e então seus braços se apertaram em torno de mim, me levantando do chão para que ele não precisasse se curvar."Filme, shcfilme" Eu murmurei enquanto seus lábios se moviam para minha garganta, torcendo meus dedos em seu cabelo de bronze.Então eu escutei uma arfada, e ele me colocou no chão brutamente. Kaure estava parada congelada no corredor, penas em seu cabelo negro, um largo saco de mais penas em seus braços, uma expressão de horror em seu rosto. Ela me encarou, seus olhos saltando para fora, enquanto eu corava e olhava para baixo. Então ela se recompôs e murmurou algo que, até mesmo para uma lingua desconhecida, era claramente um pedido de desculpas. Edward sorriu e respondeu em um tom amigável. Ela voltou seus olhos negros para longe e continuou pelo corredor."Ela estava pensando o que eu acho que ela estava pensando, não é?" Eu resmunguei.Ele riu da minha frase enrolada. "Sim."<br /><br />"Aqui," eu disse, estendendo a mão aleatoriamente, e pegando um filme. "Coloque isso para que nós possamos fingir estar assistindo."Era um velho musical com rostos sorridentes e vestidos cobertos de penugem na frente."Nós vamos voltar para o quarto branco, agora?" Eu perguntei vagarosamente."Eu não sei... eu já deformei a cabeceira da cama no outro quarto além do reparo - talvez se nós limitassemos a destruição em uma área da casa, Esme nos convide para voltar algum dia."Eu dei um largo sorriso. "Então irá ter mais destruição?"Ele riu de minha expressão. "Eu acho que talvez seja mais seguro se for premeditado, ao em vez de esperar que você me ataque novamente.""Seria apenas uma questão de tempo, " eu concordei casualmente, mas minha pulsação estava correndo em minhas veias."Há algum problema com seu coração?""Não, saudável como um cavalo." Eu pausei. "Você quer inspecionar a zona de destruição agora?""Talvez seja mais educado esperar até que estejamos sozinhos.Você pode não notar quando eu estou detonando a mobília, mas isso provavelomente assustaria eles."De fato, eu havia esquecido das pessoas no outro cômodo. "Certo. Diabos."<br /><br />Gustavo e Kaure se moveram silenciosamente pela casa enquanto eu esperava impacientemente que eles terminassem, tentando prestar atenção no Felizes para Sempre na tela. Eu estava começando a sentir sono - embora, de acordo com Edward, eu já tivesse dormido metade do dia - quando uma voz áspera me assustou. Edward sentou-se, me mantendo como num berço contra ele e respondeu Gustavo num português fluente. Gustavo acenou com a cabeça e andou em silêncio até a porta da frente.“Eles terminaram.” Edward me contou.“Então isso significaria que estamos sozinhos agora?”“Que tal almoçar primeiro?” ele sugeriu.Eu mordi meu lábio, rasgada por um dilema. Eu estava faminta.Com um sorriso ele pegou minha mão e me conduziu até a cozinha. Ele conhecia meu rosto tão bem, não importava que ele não pudesse ler minha mente.<br /><br />"Isso está ficando fora de controle," Eu reclamei quando eu finalmente me senti cheia."Você quer nadar com os golfinhos esta tarde - queimar algumas calorias?" ele perguntou."Talvez depois. Eu tenho outroa idéia para queimar calorias.""E o que seria?""Bem, há muitas cabeceiras horríveis deixadas-"Mas eu não terminei. Ele já havia me arrastado para seus braços, e seus lábios calaram os meus enquanto ele me carregava com uma inumana velocidade para o quarto azul.<br /><br />Capítulo 7 – Inesperado<br /><br />A linha negra avançava em minha direção através da névoa espessa.Eu podia ver seus olhos vermelhos brilhando com desejo e sede de matar.Seus lábios se retraiam por sobre seus dentes afiados e salivantes, alguns rosnando outros sorrindo.Ouvi a criança atrás de mim começar a chorar mas não consegui me virar para olhá-lo. Apesar de estar desesperada para ter certeza de que ela estaria segura, eu não poderia perder nada do foco agora. Fantasmagoricamente eles flutuaram mais perto, seus robes negros elevando-se ligeiramente com o movimento. Eu vi suas mãos se dobrarem como garras cor-de-osso. Eles começaram a se afastar procurando nos cercar por todos os lados. Nós estavamos cercados. Nós estavamos prestes a morrer.E então, como um estouro de luz em um flash, toda a cena estava diferente. Ainda assim, nada havia mudado - Os Volturi ainda vinham em nossa direção, preparados para matar. O que realmente havia mudado era como essa cena parecia a mim. De repente eu estava ansiosa por isto. Eu queria que eles atacassem. O panico mudou para um desejo por sangue enquanto me inclinei para frente, com um sorriso no rosto e um rosnado estridente através dos meus dentes. Acordei num salto, despertando do sonho. O quarto estava escuro. Estava também muito quente. O suor descia pelos meus cabelos nas têmporas e escorria pelo meu pescoço.Tateei os lençois quentes e encontrei o vazio.“Edward?”Só então meus dedos encontraram algo liso, rijo e fino. uma folha de papel, dobrada na metade. Peguei a nota e atravessei o quarto em direção ao interruptor de luz.A parte de fora da nota estava endereçada à Sra. Cullen.<br />Eu espero que você nao acorde e note minha ausência, mas, se isso acontecer, saiba que voltarei muito em breve. Eu apenas fui para a terra firme, caçar. Volte a dormir e eu estarei de volta quando você acordar novamente. Eu te amo.<br />Eu suspirei. Nós estavamos aqui por duas semanas, portanto eu deveria esperar que ele tivesse que partir, mas eu não estava pensando no tempo. Nós pareciamos existir além do tempo aqui, apenas existindo, em um estado perfeito.<br />Eu limpei o suor da minha testa. Sentia-me absolutamente desperta, apesar do relógio na cômoda mostrar que passava da uma.Eu sabia que não conseguiria dormir enquanto me sentisse tão quente e suada. Para não dizer que, se eu apagasse as luzes e fechasse os olhos, com certeza eu teria aquelas criaturas negras rondando na minha mente.Levantei-me e perambulei pela casa escura acendendo as luzes. Ela parecia tão grande e vazia sem Edward lá. Diferente.Acabei na cozinha e decidi que o que eu precisava era de uma boa comida era o que eu precisava.Mexi na geladeira até encontrar todos os ingredientes para fazer um frango frito. O chiado do frango na panela era um delicioso som caseiro; me senti menos nervosa enquanto aquele som preenchia o silêncio.Cheirava tão bem que eu comecei a comer direto da panela, queimando minha língua no processo. Lá pela décima quinta ou décima sexta mordida, eu acho, o frango esfriou e pude então saboreá-lo. Minha mastigação ficou mais lenta. Havia algo estranho no sabor? Eu verifiquei a carne e ela estava toda branca, mas ainda assim imaginei se estaria totalmente cozida. Dei outra mordida; masquei duas vezes. Ugh - definitivamente ruim. Saltei da cadeira para cuspir na pia. De repente o cheiro da galinha e do óleo eram insuportáveis. Peguei o prato todo e joguei-o no lixo, então abri as janelas para dispersar o cheiro. uma briza refrescante veio de fora. Senti-a suave sobre minha pele.Eu estava abruptamente exausta, mas não queria voltar ao quarto quente. Então eu abri mais janelas na sala de TV e deitem no sofá bem abaixo delas. Liguei no mesmo filme que nós haviamos assistido no dia anterior e caí no sono imediatamente após o tema de abertura.Quando abri meus olhos novamente, o sol estava alto no céu mas não foi a luz que me acordou. Braços quentes me envolviam, puxando-me ao seu encontro. Ao mesmo tempo uma dor súbita atingiu-me no estômago, quase como o pós-trauma de levar um soco nas vísceras.“Desculpe-me”, Edward murmurava enquanto passava sua mão invernal na minha testa suada. “pelo desleixo. Eu não imaginei o quão quente você ficaria sem eu por perto. Eu instalarei um ar condicionado antes de partir novamente.”Eu não pude me concentrar no que ele dizia. “Com licença!” Engasguei, lutando para me livrar de seus braços.Ele me soltou automaticamente. “Bella?”Rumei para o banheiro com minha mão tapando minha boca. Eu me sentia tão mal que nem notei - num primeiro momento - que ele estava comigo enquanto eu me debruçava sobre a privada e vomitava violentamente.“Bella? O que há de errado?”Eu ainda não podia responder. Ele me segurava ansiosamente mantendo meu cabelo longe do meu rosto, esperando até que eu pudesse respirar novamente.“Madito frango estragado” eu murmurei.“Você está bem?” Sua voz estava preocupada.“Ótima.” Eu arquejei. “É apenas uma intoxicação alimentar. Você não precisa ver isso. Saia daqui.”“De maneira alguma, Bella.”“Saia daqui”, eu murmurei novamente, lutando para me levantar para que eu pudesse enxaguar minha boca. Ele me ajudou gentilmente, ignorando os fracos empurrões que eu lhe dava.Depois que minha boca estava limpa, ele me carregou para a cama e me sentou cuidadosamente, me apoiando em seus braços.“Intoxicação alimentar? ”“Sim”, eu disse quase coachando. “Eu preparei um frango na noite passada. Estava ruim, então joguei-o fora. Mas dei uma ou duas mordidas antes.”Ele colocou uma mão fria emminha testa. Eu me sentia bem. “Como se sente agora? ”Eu pensei sobre aquilo por um instante. A náusea havia passado tão rapidamente como havia chegado, e me sentia como em qualquer outra manhã. “Bastante normal. Um tanto faminta, na verdade.Ele me fez esperar uma hora e tomar um grande copo de água antes que me fritasse alguns ovos. Eu me sentia perfeitamente normal, apenas um pouco cansada por ter levantado no meio da noite. Ele ligou a TV na CNN - nós estavamos tão fora de alcance que a terceira guerra poderia ter estourado e nós jamais saberiamos - e eu me aninhei sonolentamente no seu colo.Fiquei cansada das notícias e me virei para beijá-lo. Da mesma forma como na manhã, uma dor aguda me atingiu no estômago quando me movi. Eu sabia que dessa vez não chegaria a tempo no banheiro, então corri para a pia da cozinha.Ele segurou meu cabelo novamente.“Talvez nós devessemos voltar ao Rio e ver um médico”, ele sugeriu ansiosamente enquanto eu lavava minha boca novamente.Eu balancei a cabeça e me dirigi para o corredor. Médicos significam agulhas. “Estarei ótima assim que eu escovar meus dentes.”Quando minha boca tinha um gosto melhor, eu procurei em minha maleta pelo kit de primeiros socorros que Alice havia guardado para mim, cheio de coisas humanas como bandagens e analgésicos e meu objetivo agora - pepto-bismol. Talvez eu pudesse acalmar meu estômago e tranquilizar Edward.Mas antes de achar o Pepto, eu esbarrei em algo mais que Alice havia empacotado. Peguei a pequena caixa azul em minhas mãos e fitei-a por um bom momento, esquecendo todo o resto.Então eu comecei a contar de cabeça. Onze. Doze. Mais uma vez. O baque assustou-me; a pequena caixa azul caiu de volta na maleta.“Você está bem?” Edward perguntou através da porta. “Você vomitou novamente?”“Sim e não”, Eu disse, mas minha voz soava sufocada.“Bella? Posso, por favor, entrar?” Ele parecia preocupado agora.“O…kay?”Ele entrou e avaliou minha posição, sentada no chão, de pernas cruzadas diante da maleta, e minha expressão atônita. Ele se sentou próximo a mim, sua mão alcançando minha testa em um movimento.“O que há de errado?”“Quantos dias faz desde o casamento?” Eu sussurrei.“Dezessete” ele respondeu automáticamente. “Bella, o que é isto?”Eu contei novamente. Eu levantei um dedo, dizendo a ele para esperar e balbuciei os númerospara mim mesma. Eu estava errada sobre os dias. Nós estavamos aqui por mais tempo do que eu pensava. Comecei a contar novamente.“Bella!” ele surrurrou nervosamente. “Eu estou perdendo a paciência aqui.”Eu tentei engolir. Não funcionou. Então eu enfiei a mão na maleta e tateei até encontrar a pequena caixa azul de absorventes novamente. Eu segurei-a silenciosamente.Ele me fitava confuso. “O que? Você quer me fazer crer que esse mal estar é TPM?”“Não”, Eu desabafei. “Não, Edward. Eu estou tentando dizer que minha menstruação está 5 dias atrasada.”<br />A expressão facial dele não mudou. Foi como se eu não tivesse dito nada.<br />“Eu não acho que eu tenho envenenamento alimentar,” Eu acrescentei.<br />Ele não respondeu. Ele tinha se tornado uma escultura.<br />“Os sonhos” Eu murmurei para mim mesma, com uma voz flácida. “Dormindo tanto. O choro. Toda aquela comida. Oh. Oh. Oh.”<br />O observar de Edward parecia sem expressão, como se ele não pudesse mais me ver.<br />Reflexivamente, quase involuntariamente, minha mão pousou no meu estômago.<br />“Oh!” Eu chiei novamente.<br />Eu andei para frente, escapando das mãos imóveis de Edward. Eu não havia trocado os pequenos shorts de seda e a camisola que usei para dormir. Eu removi o tecido azul para fora do caminho e encarei o meu estômago.<br />“Impossível,” Eu sussurrei.<br />Eu absolutamente não tinha experiência com gravidez ou bebês ou qualquer outra parte daquele mundo, mas eu não era uma idiota. Eu vi o suficiente de filmes e programas de TV para saber que não era assim que funcionava. Eu apenas estava cinco dias atrasada. Se eu estivesse grávida, meu corpo não teria nem registrado este fato. Eu não teria enjôo matino. Eu não teria mudado meus hábitos de como dormir ou comer.<br />E eu definitivamente não teria um pequeno aumento aparecendo pelos meus quadris.<br />Eu me inclinei para frente e para trás, analisando de todos os ângulos como se fosse desaparecer em um certo tipo de iluminação. Eu percorri meus dedos sobre a repentina saliência, surpresa de como eu o sentia duro sob a minha pele.<br />“Impossível,” Eu disse novamente, porque, com ou sem saliência, com ou sem período (e definitivamente sem período, se bem que eu nunca estive um dia atrasada em toda a minha vida), não havia chance que eu poderia estar grávida. A única pessoa com quem eu transei fora um vampiro, de sair chorando.<br />O mesmo vampiro que estava ainda congelado no chão, sem mais sinal de se mover.<br />Então tinha de haver algum outro tipo de explicação. Algo de errado comigo. Alguma doença sul-americana com todos os sinais de gravidez, só que mais acelerados…<br />Então eu me lembrei de uma coisa - uma manhã de busca na internet que parecia ter acontecido há uma vida atrás. Sentada na velha escrivaninha do meu quarto na casa do Charlie com uma luz acinzentada surgindo pela janela, encarando o meu antigo e wheezing computador, lendo atentamente um site chamado “Vampiros A-Z.” Havia passado menos de vinte e quatro horas desde que Jacob Black, tentando me entreter com algumas lendas Quileute que ele ainda não acreditava, me disse que Edward era um vampiro. Eu scaneei ansiosamente pelos primeiros links do site, que era dedicado à mitos vampirescos espalhados pelo mundo. O Filipino Danag, o Hebreu Eurie, o Romano Varacolaci, o Italiano Stregoni benefici (uma lenda na verdade baseada em meu novo pai adotivo, atos passados com os Volturi, não que eu soubesse disso naquele momento)… Eu prestava menos atenção à medida que as histórias cresciam e se tornavam mais implausíveis… Eu só me lembrei de vagos pedaços dos últimos links… As histórias pareciam no geral apenas desculpas para grandes níveis de mortalidade infantil - e infidelidade. Não querida, eu não estou tendo um caso! Aquela mulher sexy que você viu saindo da casa era um mal sucúbo! Eu tive sorte de escapar com a minha vida! (É claro que com o que eu sei não sobre Tanya e sua família, eu suspeitei de que algumas daquelas desculpas não passavam de fatos.) Havia uma para as mulheres, também. Como você pode me acusar de te trair - só porque você veio de uma viagem marítima de dois anos e eu estou grávida? Foi o incúbo. Ele me hipnotizou com seus poderes de vampiro místicos…<br />Aquela fora parte da definição do Incúbo - a habilidade de ter crianças com a sua preza infeliz.<br />Eu balancei minha cabeça, chocada. Mas…<br />Eu pensei na Esme e especialmente na Rosalie. Vampiros não podiam ter crianças. Se fosse possível, Rosalie já teria achado uma maneira até agora. O mito do incúbus não era nada a não ser uma fábula.<br />Exceto que… Bom, existia uma diferença. É claro que Rosalie não poderia conceber um filho, porque ela estada congelada no estado que passou de humana para inumana. Totalmente imutável. Um corpo de uma mulher teria de mudar para conceber um filho. As mudanças constantes de ciclos mensais para começo, e então maiores mudanças eram precisas para acomodar uma criança crescendo. O corpo de Rosalie não poderia mudar.<br />Mas o meu pode. O meu mudou. Eu toquei a saliência do meu estômago que não havia estado ali ontem.<br />E homem humano - bem, eles permaneciam os mesmo da puberdade até a morte. Eu me lembrei de uma pequena parte qualquer trivial, ensinamentos de quem o conhecia: Charlie Chaplin estava nos setenta quando ele teve seu primeiro filho. Homens não tinham problemas como tempo portador de criança ou ciclos de fertilidade.<br />Claro, como alguém poderia saber se vampiros homens poderiam ter um filho, quando suas parceiras não podiam? Que vampiro no mundo teria a restrita necessidade de testar sua teoria em uma humana? Ou a inclinação?<br />Eu só conseguia pensar em um.<br />Parte da minha mente estava devaneando entre fato, memória e especulação, enquanto a outra parte - a parte que controlava a habilidade de mover um único músculo - estava atordoada com a capacidade de operações normais. Eu não podia mover os meus músculos para falar, mesmo que eu queria perguntar para Edward por favor explicar o que estava acontecendo. Eu precisava voltar para aonde ele estava sentado, tocar ele, mas o meu corpo não seguia as instruções. Eu só conseguia olhar para os meus olhos chocados no espelho, meus dedos praticamente pressionando o inchaço do meu tronco.<br />E então, como no meu vívido pesadelo da noite passada, a cena de repente se transformou. Tudo o que eu vi no espelho se tornou completamente diferente, mesmo que nada realmente estava diferente.<br />O que aconteceu de diferente fora um suave e pequeno movimento se formou em minha mão - de dentro do meu corpo.<br />No mesmo momento, o celular de Edward tocou, alto exigente. Nenhum de nós se moveu. Tocou de novo e de novo. Eu tentei o sintonizar, enquanto eu pressionava meus dedos no meu estômago, esperando. No espelho minha expressão não era mais perplexa - estava refletindo agora. Eu mal notei quando as estranhas, silenciosas lágrimas começaram a rolar pelas minhas bochechas. O celular continuou tocando. Eu desejava que Edward pudesse respondê-lo - eu estava tendo um momento. Possivelmente o maior da minha vida.<br />Ring! Ring! Ring!<br />Finalmente o incômodo quebrou tudo. Eu desci de joelhos ao lado de Edward - Eu me encontrei me movendo cuidadosamente, mil vezes mais alerta do jeito de como cada movimento se sentia - e tateei seus bolsos até que pude achar o telefone. Eu meio que esperei que ele se movesse e respondesse o telefone ele mesmo, mas ele continuou perfeitamente parado.<br />Eu reconheci o número e adivinhei facilmente porque ela estava ligando.<br />“Oi, Alice” Eu disse. Minha voz não estava muito melhor do que antes. Limpei minha garganta.<br />“Bella? Bella, você está bem?”<br />“Sim, uhm. Carlisle está aí?”<br />“Ele está. Qual o problema?”<br />“Eu não estou… cem por cento… certa…”<br />“Edward está bem?” Ela peruntou friamente. Fora do telefone ela chamou pelo nome de Carlisle e então questionou, “Por que ele não pega o telefone?” antes que eu pudesse responder a sua primeira pergunta.<br />“Eu não estou certa.”<br />“Bella, o que está acontecendo? Eu acabei de ver-”<br />“O que você viu?”<br />Fez-se um silêncio. “Aqui está Carlisle” ela finalmente anunciou.<br />Parecia como se água gelada tivesse sido injetada em minhas veias. Se Alice tivesse uma visão sobre mim com uma criança de rosto angelical e olhos verdes em meus braços, ela me responderia, não?<br />Enquanto eu esperava pela fração de segundo que Carlisle levou para falar, a visão que imaginei para Alice dançou por trás das minhas pálpebras.<br />Um pequeno e lindo bebê, ainda mais lindo que o garotinho em meus sonhos - um pequeno Edward em meus braços. Uma injeção de calor em minhas veias espantando o gelo.<br />“Bella, é Carlisle. O que está acontecendo?”<br />“Eu-” Eu não sabia como responder. Será que ele iria rir das minhas conclusões e me chamar de louca? Estaria eu apenas tendo mais um sonho colorido? “Eu estou um pouco preocupada com Edward… Vampiros podem entrar em estado de choque?”<br />“Ele foi ferido?” A voz de Carlisle repentinamente soou nervosa.<br />“Não, não” Eu lhe garanti. “Apenas… pego de surpresa.”<br />“Eu não entendo, Bella.”<br />“Eu acho que… bem, eu acho que… talvez… eu possa…” Eu respirei fundo. “estar grávida.”<br />Como se fosse uma resposta, houve um outro pequeno cutucão em meu abdôme. Minha mão voou para o meu estômago.<br />Depois de uma longa pausa, o treinamento médico de Carlisle tomou lugar.<br />Quando foi o último dia do seu último ciclo menstrual?<br />“Dezesseis dias depois do casamento.” Eu havia feito anteriormente as contas por vezes suficientes para responder com certeza.<br />“Como você se sente?”<br />“Estranha”. Eu contei a ele e minha voz estremeceu. Mais lágrimas escorreram pelas minhas bochechas. “Isso vai parecer loucura- veja, eu sei que isso é uito cedo para qualquer coisa como isso. Talvez eu esteja louca. Mas eu tenho sonhado coisas bizarras e tenho comido o tempo todo e chorado e me desesperado e … e… Eu juro que algo se moveu dentro de mim exatamente agora.”<br />A cabeça de Edward se levantou.<br />Eu suspirei em alívio.<br />Edward esticou sua mão para o telefone, seu rosto pálido e sério.<br />“Uhm, eu acho que Edward quer falar com você.”<br />“Coloque-o na linha”, Carlisle disse com uma voz sufocada.<br />Mesmo sem ter total certeza de que Edward poderia falar, eu coloquei o telefone em sua mão espalmada.<br />“Eu…” eu não sabia como responder. Ele riria das minhas conclusões? Diria que estou louca? Eu estava só tendo mais um daqueles horríveis sonhos vividos? “Eu estou um pouco preocupada com o Edward…. Vampiros entram em choque?”<br />“Ele está machucado?” A voz de Carlisle demonstrava urgência.<br />“Não, não” eu o afirmei “Só… surpreendido;”<br />‘Não estou entendendo Bella”.<br />“Eu acho… bem, eu acho que … talvez…. eu possa estar” respirei fundo. “grávida.”<br />Como se para me confirmar, mais uma mexida. Minha mão voou ao meu estomago.<br />Após uma longa pausa o treinamento médico de Carlisle entrou em cena.<br />“Quando foi o primeiro dia do seu último período?<br />“Dezesseis dias antes do casamento’ eu havia feito essa conta tantas vezes agorinha mesmo que respondi essa com firmeza.<br />“Como vc se sente?”<br />‘Esquisita” eu o disse e perdi minha voz, mais uma torrente de lágrimas rolaram pelas minhas bochechas “Isso vai soar loucura. Mas eu tenho tido esses sonhos bizarros e comendo o tempo todo e chorando e vomitando… e…. eu juro que alguma coisa se moveu dentro de mim agorinha.”<br />A cabeça do Edward se ergueu.<br />Eu suspirei de alivio.<br />Edward ergueu a mão pedindo o telefone, seu rosto branco e rígido.<br />“Hm, eu acho que Edward quer falar com vc.”<br />“Bota ele na linha.” Carlisle disse em uma voz contida.<br />Não completamente certa que Edward conseguiria falar eu coloquei o telefone em sua mão esticada.<br />Ele pressionou na orelha “É possível?” ele sussurrou.<br />Ele escutou por um longo tempo, encarando o nada.<br />“E Bella?” ele perguntou. Seus braços me circundaram, puxando-me para ele. Ele escutou pelo que pareceu um longo tempo e então disse. “Sim, eu irei.”<br />Ele afastou o telefone da orelha e desligou. Imediatamente começou a discar outro número.<br />“O que Carlisle disse?” eu perguntei impacientemente.<br />Edward respondeu em uma voz sem vida. ” Ele acha que vc está grávida.”<br />As palavras enviaram um arrepio morno pela minha espinha. O pequeno cutucador palpitou dentro de mim.<br />“Para quem vc está ligando agora?” eu perguntei quando o telefone voltou a seu ouvido.<br />“Ao aeroporto. Nós estamos indo para casa.”<br />Edward ficou ao telefone por mais de uma hora sem pausa. Eu imagino que ele estivesse organizando nosso vôo de volta para casa mas não tinha certeza porque ele não estava falando inglês. Parecia que ele estava discutindo, ele falou muito pelos dentes.<br />Enquanto ele discutia, ele arrumava as malas. Ele andava pelo quarto como um tornado raivoso deixando organização ao invés de destruição em seu caminho. Ele jogou algumas roupas minhas na cama sem nem olhar para elas, então eu deduzi que era hora de me vestir. Ele continuou com a discussão enquanto eu me vestia gesticulando com movimentos bruscos e agitados.Quando eu naum pude mais agüentar a energia violenta que radiava dele eu silenciosamente saí do quarto. Sua concentração obsessiva me deixou doente do estomago - não como o enjôo matinal, só inconfortável. Eu esperaria em algum outro lugar para o seu mau humor passar. Eu naum conseguia falar com esse Edward, frio e concentrado, que honestamente me assustava um pouco.<br />Mais uma vez eu acabei na cozinha. Havia um saco de pretzels no armário, eu comecei a mastigar sem pensar, olhando pela janela a areia e as rochas e arvores e oceano, tudo brilhando ao sol.<br />Alguém me cutucou.<br />“Eu sei.” Eu disse “eu Tb não quero partir.”<br />Eu olhei para janela mais um pouco mais o cutucador naum respondeu.<br />“Eu não entendo” suspirei “O que estava errado?”<br />Surpreendente, absolutamente. Incrível, também. Mas errado?<br />Não.<br />Então porque Eward estava tão furioso? Foi ele quem quis esse negocio de casamento.<br />Eu tentei raciocinar.<br />Talvez não era tão confuso que o Edward queria que fossemos para casa imediatamente, ele quereria que Carlisle me desse um olhada, certificar-se que minha dedução estivesse correta - apesar de eu naum ter nenhuma duvida mais. Provavelmente eles iriam querer entender porque eu estava tão grávida já, com a barriguinha e as cutucadas e tudo o mais. Isso não era normal.<br />Tendo pensado nisso eu tive certeza que entendi. Ele devia estar tão preocupado com o bebê. Eu não tinha tido tempo de entrar em pânico ainda. Meu cérebro trabalhava mais lentamente do que o dele - ainda estava maravilhado com a imagem que eu havia visto antes: a criancinha com os olhos do Edward - verdes, como quando ele era humano - deitado calmo e lindo em meus braços. Eu gostaria que tivesse o rosto do Edward, exatamente, sem interferência do meu.<br />Era engraçado como imediata e completamente essa imagem se tornou necessária. Desde aquele pequeno toque todo o mundo mudou. Onde antes só havia uma coisa que eu não podia viver sem agora havia duas. Sem divisões - meu amor não se dividiu em dois, não era assim. Era mais como se o meu coração tivesse ficado maior, inchado duas vezes o seu tamanho. Todo o espaço extra preenchido. Esse preenchimento me fazia sentir quase tonta.<br />Eu nunca realmente entendi a dor e ressentimento de Rosalie antes. Eu nunca me imaginei como uma mãe. Foi fácil prometer a Edward que eu não me importava de desistir da maternidade por que eu realmente não ligava. Crianças, de forma abstrata, nunca me atraíram. Eles me pareciam criaturas barulhentas, sempre pingando algum tipo de gosma. Nunca tive muito a ver com elas. Quando eu sonhava que Reneé me desse um irmão eu sempre imaginei um irmão mais velho. Alguém para tomar conta de mim e não o oposto.<br />Essa criança, a criança do Edward, era uma história completamente diferente.<br />Eu a queria como que queria ar para respirar. Não uma escolha - uma necessidade.<br />Talvez eu simplesmente tivesse uma imaginação muito ruim, talvez seja por isso que eu nunca imaginei que eu gostaria de estar casada, ate que eu estivesse - incapaz de ver que eu queria um bebê até que já estivesse no caminho…<br />Enquanto colocava a mão no estomago, esperando outra cutucada, lágrimas rolaram por meu rosto novamente.<br />“Bella?”<br />Eu me virei, alerta pelo tom da voz dele. Era muito frio, muito cuidadoso. O rosto dele combinava com sua voz, vazio e duro.<br />E então ele viu que eu estava chorando.<br />“Bella!” Ele atravessou o aposento rapidamente e pôs suas mãos em meu rosto. “Você está sentindo dor?”<br />“Não, não-”<br />Ele me puxou contra seu peito. “Não tenha medo. Estaremos em casa em dezesseis horas. Você ficará bem. Carlisle estará pronto quando chegarmos lá. Vamos cuidar disso e você ficará bem, você ficará bem.”<br />“Cuidar disso? O que você quer dizer?”<br />Ele se afastou e me olhou nos olhos. “Nós vamos tirar essa coisa antes que ela possa machucar qualquer parte sua. Não tenha medo. Eu não vou deixar isso te machucar.”<br />“Essa coisa?” Arfei.<br />Ele olhou intensamente para longe de mim, em direção à porta da frente. “Droga! Esqueci que o Gustavo trabalhava hoje. Vou dar um jeito nele e já volto.” Ele saiu abruptamente da sala.<br />Agarrei-me à bancada, procurando apoio. Meus joelhos estavam tremendo.<br />Edward acabara de chamar meu pequeno cutucão de coisa. Ele disse que Carlisle o tiraria de dentro mim.<br />“Não,” sussurrei.<br />Eu tinha entendido errado. Ele não se importava nem um pouco com o bebê. Ele queria machucá-lo. A bela imagem em minha cabeça mudou de repente, transformando-se em algo obscuro. Meu bebê lindo chorando, meus braços fracos insuficientes para protegê-lo…<br />O que eu poderia fazer? Eu seria capaz de me entender com eles? E se eu não conseguisse? Isso explicaria o estranho silêncio de Alice no telefone? Era isso que ela tinha visto? Edward e Carlisle matando aquela criança pálida, perfeita, antes que ela pudesse viver?<br />“Não,” sussurrei novamente, minha voz mais forte. Isso não podia. Eu não iria permitir.<br />Ouvi Edward falando Português outra vez. Discutindo novamente. A voz dele ficou mais próxima e escutei ele grunhir, exasperado. Então escutei outra voz, baixa e tímida. A voz de uma mulher.<br />Ele entrou na cozinha, na frente dela, e foi direto a mim. Ele enxugou as lágrimas de minhas bochechas e murmurou em meu ouvido através da linha fina, dura, de seus lábios.<br />“Ela insiste em deixar a comida que trouxe-ela nos fez o jantar.” Se ele estivesse menos tenso, menos furioso, eu sabia que ele teria revirado os olhos. “É uma desculpa-ela quer ter certeza de que eu ainda não te matei.” A voz dele se tornou fria como gelo no final.<br />Kaure contornou nervosamente um canto com um prato coberto em suas mãos. Eu queria poder falar Português, ou que meu Espanhol não fosse tão rudimentar, para que eu pudesse agradecer à mulher que ousara enraivecer um vampiro apenas para ver se eu estava bem.<br />Seus olhos moveram-se rapidamente entre nós dois. Eu a vi checar a cor de meu rosto, a umidade de meus olhos. Resmungando algo que não entendi, ela colocou o prato na bancada.<br />Edward rebateu bruscamente; eu nunca o vira ser tão mal educado antes. Ela se virou para ir e o rodopio de sua saia enviou o cheiro de comida ao meu rosto. Era forte-cebola e peixe. Eu engasguei e girei para a pia. Senti as mãos de Edward em minha testa e ouvi seu sussurro suave através do rugido em meus ouvidos. As mãos dele desapareceram por um segundo e eu ouvi o refrigerador se fechar. Misericordiosamente, o cheiro desapareceu com o som, e as mãos de Edward estavam esfriando meu rosto suado. Acabou rapidamente.<br />Passei água da torneira em minha boca enquanto ele acariciava um lado de meu semblante.<br />Houve uma tentativa de cutucão em meu útero.<br />Está tudo bem. Nós estamos bem, pensei para a saliência.<br />Edward me virou, puxando-me para seus braços. Descansei minha cabeça sobre seus ombros. Minhas mãos repousaram sobre meu estômago instintivamente.<br />Eu ouvi um pequeno arfar e olhei para cima.<br />A mulher ainda estava lá, hesitando na entrada com as mãos semi-estendidas, como se ela estivesse procurando um modo de ajudar. Os olhos dela estavam presos em minhas mãos, abrindo-se cada vez mais com o choque. Sua boca permaneceu aberta.<br />Então Edward também arfou e virou o rosto para ela abruptamente, empurrando-me levemente para detrás de seu corpo. Seu braço contornava meu torso, como se ele estivesse me impedindo de avançar.<br />De repente, Kaure estava gritando com ele-alto, furiosamente, as palavras ininteligíveis dela voando pelo aposento como facas. Ela ergueu seu pulso minúsculo no ar e avançou dois passos, sacudindo-o. Apesar de sua ferocidade, era fácil ver o terror nos olhos dela.<br />Edward também avançou para ela e eu segurei seu braço, temendo pela mulher. Mas quando ele interrompeu seu discurso, a voz dele me pegou de surpresa, especialmente considerando o quão severa esta estivera quando a mulher não estava guinchando com ele. Estava baixa, agora; argumentativa. Não só aquilo, mas o som também estava diferente, mais gutural, a cadência era outra. Não achei que ele estivesse falando mais o Português.<br />Por um momento, a mulher o olhou, meditativa, e seus olhos se semicerraram, enquanto ela vociferava uma longa pergunta na mesma língua alienígena.<br />Eu observei enquanto o rosto dele se tornava cada vez mais triste e sério, e ele acenou afirmativamente uma vez. Ela deu um passo rápido para trás e se cruzou.<br />Ele a alcançou, gesticulando em direção a mim e então encostando sua mão em minha bochecha. Ela respondeu novamente brava, acenando suas mãos acusativamente para ele, e então gesticulando. Quando ela terminou, ele se declarou novamente, argumentando com a mesma voz baixa, urgente.<br />A expressão dela mudou-ela o olhou com evidente dúvida em seu rosto enquanto ele falava, seus olhos correndo repetidamente para meu rosto. Ele parou de falar e ela pareceu estar deliberando algo. Ela olhou novamente e para frente de nós dois, e então, aparentemente inconsciente, deu um passo para frente.<br />Ela fez um movimento com as mãos, fazendo a mímica de um balão sobressaindo-se de seu estômago. Eu comecei-as lendas dela de predadores bebedores de sangue incluíam isso? Ela podia saber alguma coisa sobre o que estava crescendo dentro de mim?<br />Ela deu alguns passos para frente, deliberadamente desta vez, e fez algumas perguntas rápidas, as quais ele respondeu tensamente. Então ele começou a perguntar-uma rápida interrogação. Ela hesitou e então balançou a cabeça lentamente. Quando ele voltou a falar, sua voz estava tão agoniada que olhei para cima, em choque. O rosto dele estava imerso em dor.<br />Em resposta, ela andou lentamente para frente, até estar perto o suficiente para colocar sua pequena mão sobre a minha. Ela disse uma palavra em Português.<br />“Morte,” ela suspirou quietamente. Então se virou, seus ombros se curvando como se a conversa a tivesse envelhecido, e deixou o aposento.<br />Eu sabia Espanhol o suficiente para entender aquela.<br />Edward congelara novamente, procurando por ela com uma expressão torturada. Alguns instantes depois, ouvi o motor de um barco tomar vida e então desaparecer na distância.<br />Edward não se moveu até que eu me virei para o banheiro. Então sua mão segurou meu ombro.<br />“Aonde você vai?” sua voz era um sussurro de dor.<br />“Escovar meus dentes de novo.”<br />“Não se preocupe com o que ela disse. Não são nada além de lendas, velhas mentiras contadas para entreter.”<br />“Eu não entendi nada,” disse a ele, embora não fosse completamente verdade. Como se eu pudesse dar um desconto por ser uma lenda. Toda minha vida estava circulada por lendas em todos os lados. Todas eram verdadeiras.<br />“Eu guardei sua escova de dente. Vou pegá-la para você.”<br />Ele entrou no quarto a frente de mim.<br />“Vamos embora logo?” perguntei a ele.<br />“Assim que você acabar.”<br />Ele esperou pela minha escova para guardar na mala, andando lenta e silenciosamente pelo quarto. Eu a entreguei para ele assim que terminei.<br />“Vou colocar as malas no barco.”<br />“Edward-”<br />Ele se virou. “Sim?”<br />Eu hesitei, tentando pensar em um modo de conseguir alguns segundos sozinha. “Você poderia… embalar um pouco de comida? Você sabe, caso eu fique com fome de novo.”<br />“Claro,” ele disse, seus olhos suaves de repente. “Não se preocupe com nada. Chegaremos a Carlisle em poucas horas, é sério. Isso logo vai acabar.”<br />Eu afirmei, sem confiar em minha voz.<br />Ele se virou e deixou o quarto com uma mala grande em cada mão.<br />Eu girei e peguei o telefone que ele deixara sobre a bancada. Era incomum dele esquecer as coisas-esquecer que Gustavo estava vindo, deixar o telefone dele jogado ali. Ele estava tão estressado que mal era ele mesmo.<br />Eu o abri e procurei entre os números gravados. Fiquei feliz em ver que o som estava desligado, com medo de que ele fosse me pegar. Estaria ele no barco, agora? Ou já estaria de volta? Ele me ouviria da cozinha, se eu sussurrasse?<br />Encontrei o número que eu queria, um para o qual eu nunca antes tinha ligado. Apertei o botão de “ligar” e cruzei os dedos.<br />“Alô?” a voz como sinos dourados tilintando ao vento atendeu.“Rosalie?” eu murmurei. “É a Bella. Por favor. Você precisa me ajudarKristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-18346530340268729892009-01-19T09:07:00.000-08:002009-01-19T09:18:12.075-08:00Crepúsculo versão Edward.<a title="Link permanente para Primeiro Capítulo - Midnight Sun" href="http://foforks.com.br/2008/08/primeiro-capitulo-midnight-sun/">Primeiro Capítulo - Midnight Sun</a><br />1. À Primeira Vista<br />Essa era a hora do dia em que eu desejava poder dormir. Segundo grau.<br />Ou será que a palavra certa era purgatório? Se houvesse uma maneira de conciliar os meus pecados, isso devia contar no ajuste de alguma forma. O tédio não era uma coisa com a qual eu me acostumei; cada dia parecia mais impossivelmente monótono do que o último.<br />Eu acho que essa era a minha forma de dormir - se dormir era definido como um estado de inércia entre períodos ativos.<br />Eu olhei para as rachaduras no gesso no canto mais distante do refeitório, imaginando padrões por dentro deles que não estavam lá. Essa era a única forma de desconectar as vozes que tagarelavam como o jorro de um rio dentro da minha cabeça.<br />Várias centenas de vozes que eu ignorava por pura chateação.<br />Quando se tratava da mente humana, eu já tinha ouvido tudo e mais um pouco. Hoje, todos os pensamentos estavam sendo consumidos com o drama comum de uma nova adição ao pequeno corpo estudantil daqui. Não levou muito tempo para ouvir todos eles. Eu havia visto o rosto se repetindo em pensamento após pensamento sob todos os ângulos. Só uma garota humana normal. A excitação pela chegada dela era cansativamente previsível - como um objeto brilhante para um criança. Metade do corpo estudantil masculino já estava se imaginando apaixonado por ela, só porque ela era algo novo pra se olhar. Eu tentei desconectá-los mais ainda.<br />Só havia quatro vozes que eu bloqueava mais por cortesia do que por desgosto: minha família, meus dois irmãos e duas irmãs, que já estavam tão acostumados com a falta de privacidade quando estavam ao meu lado que já nem pensavam nela. Eu dava a eles toda a privacidade que podia. Eu tentava não ouvi-los, se podia.<br />Mesmo tentando, ainda assim… eu sabia.<br />Rosalie estava pensando, como sempre, nela mesma. Ela havia visto o reflexo do seu perfil no copo de alguém, e ela estava meditando sobre a sua própria perfeição. A mente de Rosalie era uma piscina rasa com poucas surpresas.<br />Emmett estava espumando por causa de uma luta que ele havia perdido para Jasper na noite passada. Ele iria usar toda a sua limitada paciência pra chegar até o fim do dia escolar e orquestrar uma revanche. Eu nunca me senti muito intrusivo ouvindo os pensamentos de Emmett, porque ele nunca pensava em alguma coisa que ele não diria em voz alta ou fizesse. Talvez eu só me sentisse culpado lendo as mentes dos outros porque eu sabia que havia coisas que eles não iriam querer que eu soubesse.<br />Se a mente de Rosalie era uma piscina rasa, então a de Emmett era uma lagoa sem sombras, clara como cristal.<br />E Jasper estava… sofrendo. Eu segurei um suspiro.<br />Edward. Alice chamou meu nome em sua cabeça, e chamou minha atenção imediatamente. Era exatamente como se ela estivesse chamando o meu nome em voz alta. Eu ficava feliz que o nome que me foi dado havia saído um pouco de moda ultimamente - isso era incômodo; toda vez que alguém pensava em um Edward qualquer, minha cabeça se virava automaticamente…<br />Minha cabeça não se virou agora. Alice e eu éramos bons nessas conversas privadas. Era raro quando alguém nos flagrava. Eu mantive meus olhos nas linhas do gesso.<br />Como ele está agüentando?, ela perguntou para mim.<br />Eu fiz uma careta só com um pequeno movimento da minha boca. Nada que pudesse alertar os outros. Eu podia facilmente estar fazendo uma careta de chateação.<br />O tom mental de Alice estava alarmado agora, eu vi na mente dela que ela estava observando Jasper com a sua visão periférica. Há algum perigo? Ela procurou à frente, no futuro imediato, vasculhando por visões de monotonia para a fonte da minha careta. Eu virei minha cabeça lentamente para a esquerda, como se estivesse olhando para os tijolos na parede, suspirei, e depois para a direita, de volta para as rachaduras no teto. Só Alice sabia que eu estava balançando a minha cabeça.<br />Ela relaxou. Me avise se piorar.<br />Eu mexi apenas os meus olhos para cima, para o teto, e pra baixo de novo.<br />Obrigada por estar fazendo isso.<br />Eu estava feliz por não poder respondê-la em voz alta. O que eu iria dizer? ‘O prazer é meu’? Não era bem assim. Eu não gostava de ouvir as lutas de Jasper. Era mesmo necessário fazer experiências como essas? Será que o caminho mais seguro não seria admitir que ele jamais seria capaz de lidar com a sede do jeito que nós fazíamos, e não forçar os limites dele? Pra quê flertar com o desastre?<br />Já fazia duas semanas desde a nossa última viagem de caça. Esse não era um tempo imensamente difícil para o resto de nós. Ocasionalmente era um pouco desconfortável - se um humano se aproximasse demais, se o vento soprasse na direção errada. Mas os humanos raramente se aproximavam demais. Seus instintos diziam a eles o que suas mentes conscientes não podiam entender: nós éramos perigosos.<br />Jasper era muito perigoso nesse momento.<br />Nesse momento, uma garota pequena pausou na ponta da mesa mais próxima da nossa, parando para falar com uma amiga. Ela alisou o seu cabelo curto, cor de areia, passando os dedos por ele. Os aquecedores jogaram o cheiro na nossa direção. Eu já estava acostumado ao jeito que esse cheiro me fazia sentir - a dor seca na minha garganta, o grito vazio no meu estômago, a contração automática dos meus músculos, o excesso do fluxo de veneno na minha boca…<br />Tudo isso era muito normal, geralmente fácil de ignorar. Só que era mais difícil agora, com esses sentimentos mais fortes, duplicados, enquanto eu monitorava a reação de Jasper. Era uma sede gêmea, não apenas a minha.<br />Jasper estava deixando a sua imaginação se separar dele. Ele estava imaginando isso - se imaginando levantando do lugar dele ao lado de Alice e indo ficar ao lado da garota. Pensando em se inclinar pra baixo e pra frente, como se ele fosse falar no ouvido dela, e deixando seus lábios tocarem o arco da garganta dela. Imaginando como seria a sensação de sentir o fluxo quente do pulso dela por baixo de sua pele fina na boca dele…<br />Eu chutei a cadeira dele.<br />Ele me olhou nos olhos por um minuto e depois olhou para baixo. Eu podia ouvir a vergonha e a rebeldia guerreando na cabeça dele.<br />- Desculpe - Jasper murmurou.<br />Eu levantei os ombros.<br />- Você não ia fazer nada - Alice murmurou pra ele, acalmando seu pesar. - Eu podia ver.<br />Eu lutei contra a careta que teria denunciado a mentira dela. Nós tínhamos que permanecer juntos, Alice e eu. Não era fácil ouvir vozes ou ter visões do futuro. Duas aberrações no meio daqueles que já eram aberrações. Nós protegíamos os segredos um do outro.<br />- Ajuda um pouco se você pensar neles como seres humanos - Alice sugeriu, sua voz alta, musical, era rápida demais para os ouvidos humanos entenderem, se algum deles estivesse perto o suficiente pra ouvir. - O nome dela é Whitney. Ela tem uma irmãzinha que ela adora. A mãe dela convidou Esme para a aquela festa de jardim, você se lembra?<br />- Eu sei quem ela é - Jasper disse curtamente. Ele se virou pra olhar por uma das pequenas janelas que eram colocadas bem embaixo das vigas pela grande sala. O tom dele acabou com a conversa.<br />Ele teria que caçar hoje à noite. Era ridículo se arriscar desse jeito, tentando testar sua força, tentando construir sua resistência. Jasper deveria simplesmente aceitar suas limitações e trabalhar com elas. Seus hábitos antigos não condizia com os hábitos que nós escolhemos; ele não devia exigir tanto de si mesmo desse jeito.<br />Alice suspirou baixinho e se levantou, levando sua bandeja de comida - seu adereço, isso é que era - com ela e deixando-o sozinho. Ela sabia quando ele já estava de saco cheio dos encorajamentos dela. Apesar de Rosalie e Emmett serem mais abertos em relação ao relacionamento deles, eram Alice e Jasper que conheciam cada traço do humor do outro como o seu próprio. Como se eles pudessem ler mentes também - só que só um do outro.<br />Edward Cullen.<br />Reação por reflexo. Eu me virei com o som do meu nome sendo chamado, apesar de ele não estar sendo chamado, só pensado.<br />Meus olhos se prenderam por uma pequena fração de segundo com um grande par de olhos humanos, cor de chocolate num rosto pálido, com formato de coração. Eu já conhecia o rosto, apesar de nunca tê-lo visto até esse momento. Ele esteve em quase todas as cabeças humanas hoje. A nova estudante, Isabella Swan. Filha do chefe de polícia da cidade, trazida pra viver aqui por uma nova situação de custódia. Bella. Ela corrigia todo mundo que usava o seu nome inteiro…<br />Eu desviei o olhar, enfadado. Eu levei um segundo para me dar conta de que não fora ela quem pensou no meu nome.<br />É claro que ela já está se apaixonando pelos Cullen, eu ouvi o primeiro pensamento continuar.<br />Agora eu reconhecia a “voz”. Jéssica Stanley - já fazia um tempo que ela me incomodava com as suas tagarelices internas. Foi um alívio quando ela se curou da sua paixão deslocada. Era quase impossível escapar dos seus constantes, ridículos sonhos diurnos. Eu desejei, naquele tempo, poder explicar exatamente o que teria acontecido seu os meus lábios, e os dentes atrás deles, chegassem em algum lugar perto dela. Isso teria silenciado aquelas fantasias incômodas. O pensamento da reação dela quase me fez sorrir.<br />Grande bem que vai fazer para ela, Jessica continuou. Ela não é nem bonita. Eu não sei por que Eric está olhando tanto pra ela… ou Mike. Ela suspirou mentalmente no último nome. A nova paixão dela, o genericamente popular Mike Newton, era completamente inconsciente dela. Aparentemente, ele não era tão inconsciente sobre a garota nova. Como a criança com o objeto brilhante de novo.<br />Isso colocou uma pontada maligna nos pensamentos de Jessica, apesar de ela ser externamente cordial com a recém-chegada enquanto explicava os conhecimentos comuns sobre a minha família. A nova estudante deve ter perguntado sobre nós.<br />Hoje todos estão olhando pra mim também, Jessica pensou presumidamente em um aparte. É uma sorte que Bella tenha duas aulas comigo… eu aposto que Mike vai perguntar o que ela…<br />Eu tentei bloquear a tagarela antes que a mesquinharia e a insignificância me deixassem louco.<br />- Jessica Stanley está dando à nova garota Swan todos os podres do clã Cullen - eu murmurei pra Emmett como distração. Ele gargalhou por debaixo do fôlego. Eu espero que ela esteja fazendo isso direito, ele pensou.<br />- Na verdade, muito pouco criativo. Só a pequena ponta do escândalo. Nenhuma fofoca horrorosa. Eu estou um pouco desapontado.<br />E a garota nova? Ela também está desapontada com a fofoca?<br />Eu tentei escutar o que essa nova garota, Bella, estava pensando das histórias de Jéssica. O que ela via quando olhava para a estranha família com peles pálidas que era universalmente evitada?<br />Era meio que a minha obrigação saber a reação dela. Eu agia como um espião, por falta de uma palavra melhor, para a minha família. Para nos proteger. Se alguém começasse a suspeitar, eu podia nos dar a chance de ter um aviso prévio para nos retirarmos facilmente. Isso acontecia ocasionalmente - algum humano com uma mente ativa nos via como personagens de um livro ou um filme. Geralmente eles entendiam tudo errado, mas era melhor nos mudarmos pra algum lugar novo do que arriscarmos o escrutínio. Muito, muito raramente, alguém adivinhava corretamente.<br />Nós não dávamos a eles uma chance de testar suas hipóteses. Nós simplesmente desaparecíamos, para nos tornarmos nada além de uma memória assustadora…<br />Eu não ouvi nada, apesar de ouvir onde a tagarelice frívola de Jessica continuava jorrando ali perto. Era como se não houvesse ninguém sentado ao lado dela. Que peculiar, será que a garota nova tinha ido embora? Não parecia provável, já que Jessica continuava fofocando com ela. Eu olhei pra cima pra checar, me sentindo meio desequilibrado. Checar o que os meus “ouvidos” extras podiam me dizer não era uma coisa que eu tinha que fazer.<br />De novo, os meus olhos se prenderam naqueles mesmos grandes olhos marrons.<br />Ela estava sentada lá exatamente como antes, olhando pra nós, uma coisa natural a se fazer, eu acho, já que Jessica ainda estava espalhando as fofocas locais sobre os Cullen.<br />Pensar em nós também seria natural.<br />Mas eu não ouvia nem um sussurro. Um quente e convidativo vermelho coloriu suas bochechas quando ela olhou para baixo, desviando o olhar da embaraçosa gafe de ser pega encarando um estranho. Era bom que Jasper ainda estivesse olhando para a janela. Eu não gostava de imaginar o que aquele simples agrupamento de sangue faria com o controle dele.<br />As emoções estavam tão claras como se elas tivessem sido palavras saindo pela testa dela: surpresa, enquanto ela, sem saber, absorvia as diferenças entre a espécie dela e a minha; curiosidade, enquanto ela escutava os contos de Jessica; e algo mais… fascínio? Não seria a primeira vez. Nós éramos lindos pra eles, a nossa presa.<br />E depois, finalmente, vergonha, quando eu a flagrei me encarando.<br />E, mesmo assim, apesar dos seus pensamentos serem tão claros através dos seus olhos estranhos - estranhos por causa da profundidade deles; olhos marrons freqüentemente pareciam vazios em sua escuridão -, eu não conseguia ouvir nada além do silêncio vindo do lugar onde ela estava sentada. Absolutamente nada.<br />Eu senti um momento de intranqüilidade.<br />Isso não era uma coisa pela qual eu já tinha passado antes. Havia algo errado comigo? Eu me sentia exatamente do jeito que me sentia sempre. Preocupado, eu tentei escutar mais.<br />Todas as vozes que eu estive bloqueando estavam gritando na minha cabeça de repente.<br />…me pergunto de que música ela gosta… talvez eu possa mencionar aquele CD novo…, Mike Newton estava pensando, a duas mesas de distância - fixado em Bella Swan.<br />Olha ele olhando pra ela. Será que já não é suficiente que ele tenha metade das garotas da escola esperando que ele?, Eric Yorkie estava tendo pensamentos sofríveis, também girando ao redor da garota.<br />…tão nojento. Daria pra pensar que ela é famosa ou alguma coisa assim… Até Edward CULLEN está olhando… Lauren Mallory estava tão enciumada que o rosto dela, de todas as formas, devia estar com uma cor verde como a de jade. E Jessica, ostentando a sua nova melhor amiga. Que piada…, a garota continuou soltando veneno com os pensamentos.<br />…Eu aposto que todo mundo já deve ter perguntado isso a ela. Mas eu gostaria de falar com ela. Eu vou pensar em uma pergunta mais original…, Ashley Dowling meditou.<br />…Talvez ela esteja comigo em Espanhol…, June Richardson esperou.<br />…Toneladas de coisas para fazer essa noite! Trigonometria e o teste de inglês. Eu espero que a minha mãe… Angela Weber, uma garota tímida, cujos pensamentos eram anormalmente gentis, era a única na mesa que não estava obcecada com essa Bella.<br />Eu conseguia ouvir todos eles, ouvir cada coisinha insignificante que eles pensavam enquanto os pensamentos passavam em suas mentes. Mas absolutamente nada vinha da nova estudante com olhos enganosamente comunicativos.<br />E, é claro, eu conseguia ouvir o que a garota dizia quando ela falava com Jessica. Eu não precisava ouvir pensamentos pra ouvir sua voz baixa, clara, no outro lado da sala.<br />- Quem é o garoto com o cabelo marrom avermelhado? - eu a ouvi perguntar, dando uma olhadinha pelo canto dos olhos, só pra desviar rapidamente quando viu que eu ainda estava encarando-a.<br />Se eu tivesse tempo pra esperar que o som da voz dela pudesse me ajudar a conectar seus pensamentos, que estava perdidos em algum lugar onde eu não podia acessá-los, eu ficaria instantaneamente desapontado. Geralmente, os pensamentos das pessoas vinham acompanhados por um lance diferente em suas vozes físicas. Mas essa voz baixa, tímida, não era familiar, não era nenhuma das centenas de vozes rodeando a sala, eu tinha certeza disso. Ela era inteiramente nova.<br />Oh, boa sorte, idiota!, Jessica pensou antes de responder à pergunta da garota.<br />- Aquele é Edward. Ele é deslumbrante, é claro, mas não perca o seu tempo. Ele não namora. Aparentemente nenhuma das garotas daqui é bonita o suficiente pra ele. - Ela fungou.<br />Eu virei minha cabeça para esconder um sorriso. Jessica e as amigas dela não tinha idéia de quanta sorte elas tinham por nenhuma delas ser particularmente apelativa pra mim.<br />Por baixo do humor passageiro, eu senti um estranho impulso, um que eu não entendia claramente. Tinha alguma coisa a ver com os pensamentos maldosos de Jessica, dos quais a garota nova não estava consciente… Eu senti uma estranha urgência de me meter entre elas, para proteger essa Bella Swan dos trabalhos obscuros da mente de Jessica. Que coisa estranha a se sentir. Tentando entender as motivações por trás desse impulso, eu examinei a garota nova mais uma vez. Talvez fosse algum instinto de proteção que estava há muito tempo enterrado - o mais forte pelo mais fraco. Essa garota parecia mais frágil do que as suas novas colegas de classe. A pele dela era tão translúcida que era difícil de acreditar que ela oferecia alguma resistência contra o mundo exterior. Eu podia ver o ritmo da pulsação do sangue através das suas veias, debaixo da sua membrana clara, pálida… Mas eu não deveria me concentrar. Eu era bom nessa vida que eu havia escolhido, mas eu estava com tanta sede quanto Jasper e era melhor não convidar a tentação.<br />Havia uma fraca linha entre as suas sobrancelhas da qual ela não parecia ter consciência.<br />Isso era inacreditavelmente frustrante! Eu podia ver claramente que ela estava tensa por ter que sentar aqui, ter que conversar com estranhos, ser o centro das atenções.<br />Eu podia sentir a sua timidez pelo jeito como ela segurava seus ombros de aparência frágil, levemente espremidos, como se ela estivesse esperando ser empurrada a qualquer momento. E, mesmo assim, eu só podia sentir, só podia ver, só podia imaginar. Não havia nada além de silêncio vindo dessa garota humana muito normal.<br />Eu não conseguia ouvir nada. Por quê?<br />- Vamos? - Rosalie murmurou, interrompendo minha concentração. Eu desviei o olhar da garota com uma sensação de alívio. Eu não queria continuar falhando nisso - isso me irritava. Eu não queria desenvolver nenhuma espécie de interesse especial pelos seus pensamentos simplesmente porque eles estavam escondidos de mim. Sem dúvida, quando eu decifrasse seus pensamentos - e eu ia encontrar uma forma de fazer isso - eles seriam exatamente tão insignificantes e triviais quanto os pensamentos de qualquer humano. Eles não valeriam o esforço que eu faria para alcançá-los.<br />- Então, a novata já está com medo de nós? - Emmett perguntou, ainda esperando pela resposta à sua pergunta anterior.<br />Eu levantei os ombros. Ele não estava interessado o suficiente pra me pressionar por mais informações. Eu também não deveria estar interessado.<br />Nós nos levantamos da mesa e saímos do refeitório.<br />Emmett, Rosalie e Jasper estavam fingindo estar no último ano; eles foram para as aulas deles. Eu estava fingindo ser mais novo que eles. Eu fui para a minha aula de Biologia do nível médio, preparando a minha mente para o tédio. Era duvidoso que o Sr. Banner, um homem com uma inteligência não mais que comum, pudesse tirar da sua aula alguma coisa que pudesse surpreender alguém que já tinha dois graus de graduação em medicina.<br />Na sala de aula, eu sentei na minha cadeira e deixei meus livros - adereços de novo; eles não continham nada que eu já não soubesse - espalhados pela mesa. Eu era o único aluno que tinha uma mesa só pra si. Os humanos não eram espertos o suficiente pra saber que eles tinham medo de mim, mas seus instintos de sobrevivência eram suficientes pra mantê-los afastados de mim.<br />A sala foi se enchendo lentamente enquanto eles voltavam do almoço. Eu me inclinei na minha cadeira e esperei o tempo passar. De novo, eu desejei ser capaz de dormir.<br />Como eu estava pensando nela, quando Angela Weber acompanhou a garota nova pela porta, o nome dela chamou minha atenção.<br />Bella parece ser tão tímida quanto eu. Eu aposto que hoje foi muito difícil pra ela. Eu queria poder dizer alguma coisa… Mas provavelmente eu só ia parecer uma estúpida…<br />Isso! Mike Newton se virou em sua cadeira pra observar a entrada da garota.<br />Ainda, do lugar onde Bella estava, nada. O espaço vazio onde os pensamentos dela deveriam estar me deixou irritado e enervado.<br />Ela se aproximou, passando pelo corredor ao meu lado para chegar à mesa do professor.<br />Pobre garota; o lugar ao meu lado era o único que estava vazio.<br />Automaticamente eu limpei aquele que seria o lado dela da mesa, colocando os meus livros numa pilha. Eu duvidava que ela fosse se sentir muito confortável aqui. Ela teria que agüentar um longo semestre - nessa aula, pelo menos. Talvez, no entanto, me sentando ao lado dela, eu fosse capaz de desvendar os seus segredos… não que eu já tivesse precisado de tanta proximidade antes… não que eu fosse encontrar alguma coisa que valesse a pena escutar…<br />Bella Swan caminhou para o fluxo do ar aquecido que soprava na minha direção do aquecedor.<br />O cheiro dela me atingiu como uma bola, como um bastão de jogo. Não há nenhuma imagem violenta o suficiente para encapsular a força do que aconteceu comigo naquele momento.<br />Naquele instante, eu não era nada nem perto do humano que um dia eu fui, nenhum traço da humanidade na qual eu estive tentando me esconder.<br />Eu era um predador. E ela era a minha presa. Não havia nada mais nesse mundo além desse verdade.<br />Não havia uma sala lotada de testemunhas - na minha cabeça eles já eram uma avaria colateral. O mistério dos pensamentos dela estava esquecido. Os pensamentos dela não significavam nada, ela não iria passar muito mais tempo pensando.<br />Eu era um vampiro e ela era o sangue mais doce que eu havia cheirado em oitenta anos.<br />Eu nunca imaginei que um cheiro assim pudesse existir. Se eu soubesse que existia, eu já teria saído procurando há muito tempo. Eu teria vasculhado o planeta por ela. Eu podia imaginar o sabor…<br />A sede queimou a minha garganta como fogo. Minha boca estava torrada e desidratada. O fluxo fresco de veneno não fez nada para dissipar essa sensação. Meu estômago revirou com o fome que era um eco da sede. Meus músculos se contraíam e descontraíam.<br />Nem um segundo havia se passado. Ela ainda estava andando no mesmo passo que a havia colocado no vento em minha direção.<br />Enquanto os pés dela tocavam o chão, seus olhos escorregaram na minha direção. Um movimento que ela claramente estava esperando que fosse furtivo. O olhar dela encontrou o meu, e eu me vi refletido no grande espelho dos seus olhos.<br />O choque pelo rosto que eu vi lá salvou a vida dela por mais alguns momentos. Ela não facilitou as coisas. Quando ela viu a expressão no meu rosto, o sangue apareceu nas bochechas dela de novo, deixando a pele dele com a cor mais deliciosa que eu já havia visto. O cheiro era uma grossa neblina no meu cérebro. Eu mal conseguia pensar através dela.<br />Meus pensamentos se enfureceram, resistindo ao controle, incoerentes.<br />Agora ela caminhava mais rapidamente, como se ela entendesse que precisava escapar. A pressa dela a deixou desastrada - ela tropeçou e se inclinou para a frente, quase caindo na garota que se sentava na minha frente. Vulnerável, fraca. Até mais que o normal para um humano.<br />Eu tentei me concentrar no rosto que havia visto nos olhos dela, um rosto que eu reconhecia com nojo. O rosto do monstro em mim - o rosto que eu havia afastado com décadas de esforço e disciplina inflexível. Como ele voltara à superfície com facilidade agora!<br />O cheiro me invadiu novamente, ferindo os meus pensamentos e quase me fazendo pular do meu lugar.<br />Não.<br />Minha mão se agarrou à beirada da mesa enquanto eu tentava me segurar na cadeira.<br />A madeira não ajudou na tarefa. Minha mão quebrou a estrutura e escapuliu, cheia de restos de fuligem, deixando a marca dos meus dedos cravadas na madeira que restou.<br />Destruir as provas. Essa era a regra fundamental.<br />Eu rapidamente pulverizei as beiradas com as pontas dos dedos, sem deixar nada além de um buraco e uma pilha de fuligem no chão, que eu limpei com o meu pé.<br />Destruir as provas. Avarias colaterais…<br />Eu sabia o que tinha que acontecer agora. A garota teria que vir se sentar ao meu lado e eu teria que matá-la.<br />Os inocentes espectadores na sala, outras dezoito crianças e um homem, não poderiam mais ter permissão de sair dessa sala, tendo visto o que eles veriam em breve.<br />Eu enrijeci com o pensamento do que eu precisava fazer. Mesmo em meus piores dias, eu nunca havia cometido esse tipo de atrocidade. Eu nunca matei inocentes em nenhuma desses oito décadas. E agora eu planejava matar vinte deles de uma só vez.<br />O rosto do monstro no espelho zombou de mim.<br />Mesmo com parte de mim se afastando desse monstro, a outra parte estava fazendo planos.<br />Se eu matasse a garota primeiro, eu só teria uns quinze ou vinte segundos com ela antes que os outros humanos na sala começassem a reagir. Talvez um pouco mais de tempo, se eles não percebessem logo no início o que eu estava fazendo. Ela não teria tempo de gritar ou de sentir dor; eu não ia matá-la cruelmente. Pelo menos isso eu podia dar à essa estranha com sangue horrivelmente desejável.<br />Mas depois eu teria que impedi-los de escapar. Eu não precisaria me preocupar com as janelas, elas eram altas e pequenas demais para servir como escapatória pra alguém. Só a porta - a bloqueie e eles ficarão presos.<br />Seria mais lento e difícil tentar matar todos eles quando estivessem em pânico e se misturando, se movimentando no caos. Nada impossível, mas haveria muito mais barulho. Daria tempo para muitos gritos. Alguém poderia ouvir… e eu seria obrigado a matar ainda mais inocentes nessa hora negra.<br />E o sangue dela iria esfriar enquanto eu estivesse assassinando os outros.<br />O cheiro me castigou, fechando a minha garganta com uma dor seca…<br />Então seriam as testemunhas primeiro.<br />Eu planejei tudo na minha cabeça. Eu estaria no meio da sala, na fila mais afastada do fundo. Eu pegaria o lado direito primeiro. Eu podia morder quatro ou cinco pescoços por segundo, eu estimei. Não seria barulhento. O lado direito seria o lado de sorte; eles não iriam me ver chegando. Me movendo pra frente e pra trás até a fila esquerda iria me levar, no máximo, cinco segundos pra acabar com todas as vidas nessa sala.<br />Tempo o suficiente pra Bella Swan ver, brevemente, o que estava esperando por ela. Tempo o suficiente para ela sentir medo. Tempo suficiente, talvez, se o choque não a congelasse no lugar, para ela tentar gritar. O gritinho suave não faria ninguém aparecer correndo.<br />Eu respirei fundo, e o cheiro era como um fogo correndo nas minhas veias secas, queimando por dentro do meu peito pra consumir qualquer impulso de bondade do qual eu ainda fosse capaz.<br />Ela estava se virando agora. Em alguns segundos, ela se sentaria a apenas alguns centímetros de mim.<br />O monstro na minha cabeça sorriu com a antecipação.<br />Alguém fechou um fichário ao meu lado. Eu não me virei pra ver qual dos humanos predestinados havia feito isso, mas o movimento mandou uma onda de vento sem cheiro na minha direção.<br />Por um curto segundo, eu fui capaz de pensar com clareza. Naquele precioso segundo, eu vi dois rostos na minha cabeça, lado a lado.<br />Um era o meu, ou o que ele foi um dia: o monstro de olhos vermelhos que já havia matado tantas pessoas que já havia parado de contar o número. Assassinatos racionalizados, justificados. Um assassino de assassinos, um assassino de outros monstros, menos poderosos. Era um complexo de ser Deus, eu sabia disso - decidir quem merecia uma sentença de morte. Era um compromisso comigo mesmo. Eu havia me alimentado de sangue humano, mas somente humanos em sua definição mais fraca. As minhas vítimas eram, em seus violentos dias negros, tão humanos quanto eu era.<br />O outro rosto era o de Carlisle.<br />Não havia nenhuma semelhança entre os dois rostos.<br />Eles eram como o dia mais claro e a noite mais escura. Não havia motivo pra que houvesse uma semelhança. Carlisle não era meu pai no sentido biológico básico. Nós não tínhamos feições semelhantes. A similaridade na nossa cor era apenas por causa do que éramos; todos os vampiros tinham a mesma cor pálida como gelo. A similaridade da cor dos nossos olhos era outra coisa - uma reflexão da nossa escolha mútua.<br />E, mesmo assim, apesar de não haverem bases pra uma semelhança, eu havia imaginado que o meu rosto havia começado a refletir o dele, até um certo ponto, nos últimos estranhos setenta anos em que eu abracei a escolha dele e segui os seus passos. O meu rosto não havia mudado, mas para mim parecia que alguma da sabedoria dela havia marcado a minha expressão, que um pouco da compaixão dele podia ser traçada nos contornos da minha boca, e que as suas sugestões de paciência estavam evidentes nas minhas sobrancelhas.<br />Todas essa pequenas melhorias estavam escondidas no rosto do monstro. Em alguns instantes, não haveria mais nada que pudesse refletir os anos que eu havia passado com o meu criador, o meu mentor, o meu pai em todas as formas que se podia contar.<br />Meus olhos brilhariam vermelhos como os do diabo; todas as semelhanças estariam perdidas pra sempre.<br />Na minha cabeça, os olhos bondosos de Carlisle não me julgavam. Eu sabia que ele me perdoaria por esse terrível ato que eu iria cometer. Porque ele me amava. Porque ele pensava que eu era melhor do que eu era de verdade. E ele continuaria me amando, mesmo agora, quando eu provasse que ele estava errado.<br />Bella Swan se sentou ao meu lado, seus movimentos eram rígidos e estranhos - com medo? -, e o cheiro do sangue dela criou uma inexorável nuvem ao meu redor.<br />Eu iria provar que meu pai estava errado sobre mim. A tristeza desse fato doía quase tanto quanto o fogo na minha garganta.<br />Eu me afastei dela com repulsa - revoltado com o monstro implorando pra atacá-la.<br />Por que ela tinha que vir para cá? Por que ela tinha que existir?<br />Por que ela tinha que acabar com o pouco de paz que eu tinha nessa minha não-vida? Por que essa humana agravante tinha que ter nascido? Ela ia me arruinar.<br />Eu desviei o meu rosto pra longe dela, enquanto uma súbita fúria, um aborrecimento irracional passou por mim.<br />Quem era essa criatura? Por que eu, por que agora? Por que eu tinha que perder tudo só porque ela escolheu aparecer nessa cidade improvável?<br />Por que ela tinha que vir pra cá?!<br />Eu não queria ser o monstro! Eu não queria matar essa sala cheia de crianças indefesas! Eu não queria perder tudo o que eu havia conseguido com uma vida inteira de sacrifícios e negações!<br />Eu não faria isso. Ela não ia me obrigar.<br />O cheiro era o problema, o cheiro odiosamente apelativo do sangue dela. Se houvesse alguma forma de resistir… se apenas um sopro de ar fresco pudesse limpar a minha cabeça.<br />Bella Swan balançou os seus longos, grossos cabelos cor de mogno na minha direção.<br />Ela era louca? Era como se ela estivesse encorajando o monstro! Cutucando-o.<br />Não havia nenhuma brisa amigável pra afastar o cheiro de mim agora. Tudo estaria perdido em breve.<br />Não, não havia nenhuma brisa amigável. Mas eu não precisava respirar. Eu parei o fluxo de ar para os meus pulmões; o alívio foi instantâneo, mas incompleto.<br />Eu ainda tinha a memória do cheiro na minha cabeça, o gosto no fundo da minha língua. Eu não seria capaz de resistir por muito mais tempo. Mas talvez eu pudesse resistir por uma hora. Uma hora. Só o tempo suficiente pra sair dessa sala cheia de vítimas, vítimas que talvez não precisassem ser vítimas. Se eu pudesse resistir durante uma curta hora.<br />Ficar sem respirar era uma sensação desconfortável. Meu corpo não precisava de oxigênio, mas isso ia contra os meus instintos. Eu me valia desse sentido muito mais do que em qualquer outro quando estava estressado. Ele me guiava nas caças, era o primeiro a me avisar em casos de perigo.<br />Eu não cruzava com alguma coisa tão perigosa quanto eu com freqüência, mas a auto-preservação era tão forte na minha espécie quanto nos humanos.<br />Desconfortável, mas suportável. Mais suportável do que sentir o cheiro dela e não afundar os meus dentes naquela pele bonita, fina, transparente, até o quente, molhado, pulsante ?<br />Uma hora! Só uma hora. Eu não devo pensar no cheiro, no gosto.<br />A garota silenciosa manteve o cabelo dela entre nós, se inclinando para a frente até que ele se espalhou no classificador dela. Eu não conseguia ver o seu rosto para tentar ler as emoções dela através de seus olhos claros, profundos. Era por isso que ela deixava as mechas entre nós? Para esconder aqueles olhos de mim? Por medo? Timidez? Para esconder seus segredos de mim?<br />A minha antiga irritação por ser incapacitado pelos seus pensamentos sem som era fraca e pálida em comparação à necessidade - e ao ódio - que me possuía agora. Eu odiava essa mulher-criança ao meu lado, a odiava com todas as forças que eu devotava ao meu antigo eu, meu amor pela minha família, meus sonhos de ser melhor do que eu era… Odiá-la, odiar o que ela me fazia sentir - isso ajudou um pouco.<br />Eu me agarrei a qualquer emoção que me distraísse do pensamento de qual seria o gosto dela…<br />Ódio e irritação. Impaciência. Será que essa hora não passaria nunca? E quando essa hora terminasse… Então ela sairia dessa sala. E eu faria o quê?<br />Eu podia me apresentar. Olá, meu nome é Edward Cullen. Posso te acompanhar até a sua próxima aula?<br />Ela diria sim. Era a coisa educada a se fazer. Mesmo já sentindo medo de mim, como eu suspeitava que ela sentisse, ela iria me acompanhar convencionalmente e caminhar ao meu lado. Seria fácil o suficiente guiá-la na direção errada.<br />Havia um pedaço da floresta que se esticava como um dedo e tocava o estacionamento pelos fundos. Eu podia dizer a ela que havia esquecido um livro no meu carro…<br />Será que alguém notaria que eu fui a última pessoa com a qual ela foi vista?<br />Estava chovendo, como sempre; dois casacos de chuva escuros se movendo na direção errada não chamariam tanta atenção, nem me denunciariam.<br />A não ser pelo fato de eu não ser o único estudante que estava consciente dela hoje - apesar de nenhum estar tão devastadoramente consciente dela quanto eu. Mike Newton, em particular, estava consciente de cada movimento que ela fazia se mexendo na cadeira - ela estava desconfortável ao meu lado, assim como qualquer um estaria, assim como eu já esperava antes que o cheiro dela destruísse todos os traços de preocupação por caridade. Mike Newton repararia se ela deixasse a sala comigo.<br />Se eu pudesse agüentar uma hora, será que eu poderia agüentar duas? Eu vacilei com a dor da queimação.<br />Era iria para uma casa vazia. O chefe de polícia Swan trabalhava o dia inteiro. Eu conhecia a casa dele, assim como eu conhecia todas as casinhas da cidade. A casa dele ficava acima da encosta da floresta, sem vizinhos próximos. Mesmo se ela tivesse tempo pra gritar, e ela não teria, não haveria ninguém por perto pra ouvir.<br />Essa era a forma mais responsável de lidar com isso. Eu havia agüentado sete décadas sem sangue humano. Se eu segurasse a respiração, eu poderia agüentar duas horas. E quando eu a encontrasse sozinha, não haveria chances de alguém mais se machucar. E não há motivo pra apressar a experiência, o monstro em minha cabeça concordou.<br />Eu estava me enganando ao pensar que, salvando os dezenove humanos dessa sala com esforço e paciência, eu seria menos monstro quando matasse essa garota inocente.<br />Apesar de odiá-la, eu sabia que o meu ódio era injusto. Eu sabia que quem eu realmente odiava era eu mesmo. Eu odiaria a nós dois muito mais quando ela estivesse morta.<br />Eu consegui passar a hora desse jeito - imaginando as melhores formas de matá-la.<br />Eu tentei evitar pensar no ato de verdade. Isso seria demais pra mim; eu acabaria perdendo essa batalha e matando todo mundo que eu visse. Então eu planejei a estratégia e nada mais.<br />Isso me ajudou a passar a hora.<br />Uma vez, quase no final, ela olhou pra mim pela fluida parede dos seus cabelos. Eu podia sentir o ódio injustificado queimando em mim quando eu olhei nos olhos dela - eu vi a minha reflexão em seus olhos assustados. O sangue pintou suas bochechas antes que ela pudesse se esconder em seus cabelos de novo, e eu quase me desfiz.<br />Mas o sinal tocou. Salva pelo gongo - que clichê. Nós dois estávamos salvos. Ela, salva de sua morte. Eu, salvo por um curto período de tempo de ser a criatura de pesadelos que eu temia e não suportava.<br />Eu não consegui caminhar tão devagar quanto devia quando saí da sala. Se alguém estivesse olhando pra mim, poderia ter suspeitado que havia alguma coisa anormal no jeito como eu me movia. Ninguém estava prestando atenção em mim. Todos os pensamentos humanos ainda rondavam a garota que estava condenada a morrer em pouco mais de uma hora.<br />Eu me escondi no meu carro.<br />Eu não gostava de pensar em mim mesmo tendo que me esconder. Isso soava muito covarde. Mas esse era inquestionavelmente o caso agora.<br />Eu não estava suficientemente disciplinado pra ficar perto de humanos agora. Me concentrar tanto em não matar um deles havia acabado com todos os meus recursos para resistir a matar os outros. Que desperdício isso seria. Se eu tinha que dar o braço a torcer para o monstro, eu podia pelo menos fazer o desafio valer a pena.<br />Eu coloquei o CD de música que geralmente me acalmava, mas ele fez pouco por mim agora. Não, o que mais ajudou agora foi o ar frio, molhado, limpo que entrava com a chuva pelas minhas janelas abertas. Apesar de eu conseguir me lembrar do cheiro do sangue de Bella Swan com perfeita clareza, inalar o ar limpo era como lavar o interior do meu corpo contra as infecções.<br />Eu estava são de novo. Eu podia pensar de novo. E eu podia lutar de novo. E eu podia lutar contra o que eu não queria ser.<br />Eu não tinha que ir até a casa dela. Eu não queria matá-la.<br />Obviamente, eu era uma criatura racional, uma criatura que pensava, e eu tinha uma escolha. Sempre havia uma escolha.<br />Não era isso o que parecia na sala de aula… mas agora eu estava longe dela. Talvez, se eu a evitasse muito, muito cuidadosamente, não houvesse motivos para a minha vida mudar. Eu tinha as coisas sob controle do jeito como elas eram agora. Por que eu deveria deixar alguém agravante e delicioso arruinar isso? Eu não tinha que desapontar o meu pai. Eu não tinha que causar estresse à minha mãe, preocupação… dor. Sim, isso machucaria a minha mãe adotiva também. E Esme era tão gentil, tão delicada e suave. Causar dor a alguém como Esme era verdadeiramente indesculpável.<br />Era irônico que eu tivesse tido vontade de proteger essa garota da ameaça desprezível, sem dentes, dos pensamentos de Jessica Stanley. Eu era a última pessoa que iria querer servir de protetor de Isabella Swan. Ela jamais precisaria de proteção de alguma coisa tanto quanto ela precisava de mim.<br />Onde estava Alice?, eu me perguntei de repente. Ela não havia me visto matar a garota Swan de alguma forma? Por que ela não apareceu para ajudar - para me parar ou para me ajudar a limpar as provas, o que quer que fosse? Será que ela estava tão preocupada em livrar Jasper de problemas que ela havia deixado passar essa possibilidade muito mais horrorosa? Será que eu era mais forte do que eu pensava? Será que eu realmente não teria feito nada com a garota?<br />Não. Eu sabia que isso não era verdade. Alice deve estar se concentrando bastante em Jasper.<br />Eu procurei na direção em que eu sabia que ela estaria, no pequeno prédio que era usado para as aulas de inglês. Não me levou muito tempo localizar sua “voz” familiar. E eu estava certo. Todos os seus pensamentos estavam voltados pra Jasper, vendo todas as suas pequenas escolhas a cada minuto.<br />Eu desejei poder pedir seus conselhos, mas, ao mesmo tempo, eu estava feliz que ela não soubesse do que eu era capaz. Que ela não soubesse do massacre que eu havia planejado na hora anterior.<br />Eu senti uma nova queimação pelo meu corpo - a da vergonha. Eu não queria que nenhum deles soubesse.<br />Se eu pudesse evitar Bella Swan, se eu pudesse conseguir não matá-la - mesmo enquanto eu pensava nisso, o monstro trincava e rangia os dentes, cheio de frustração - então ninguém teria que saber. Se eu pudesse manter distância do cheiro dela…<br />Não havia razão para que eu não tentasse, pelo menos. Fazer uma boa escolha. Tentar ser o que Carlisle pensava que eu era.<br />A última hora de escola já estava quase acabada. Eu decidi começar a colocar o meu novo plano em ação imediatamente. Era melhor do que ficar sentado no estacionamento, onde ela poderia passar a qualquer minuto e arruinar minha tentativa. De novo, eu senti o ódio injusto por essa garota. Eu odiava que ela tivesse esse poder inconsciente sobre mim. Que ela conseguisse me fazer ser algo que eu repugnava.<br />Eu caminhei rapidamente - um pouco rapidamente demais, mas não havia testemunhas - através do pequeno campus até a secretaria. Não havia razão pra Bella Swan cruzar o meu caminho. Ela seria evitada como a praga que ela era.<br />A secretaria estava vazia, com exceção da secretária, a única que eu queria ver.<br />Ela não reparou na minha entrada silenciosa.<br />- Sra. Cope?<br />A mulher com o cabelo desnaturalmente vermelho olhou pra cima e os olhos dela se arregalaram. Eu sempre os pegava fora de guarda, pequenos marcadores que eles não conseguiam entender, não importava quantos de nós eles já tivessem visto.<br />- Oh. - Ela ofegou, um pouco corada. Ela alisou sua blusa. Boba, ela pensou consigo mesma. Ele quase é novo o suficiente pra ser meu filho. Novo demais pra eu pensar nele desse jeito… - Olá, Edward. O que eu posso fazer por você? - Seus cílios flutuaram por trás das lentes dos seus grossos óculos.<br />Desconfortável. Mas eu sabia ser charmoso quando eu queria ser. Era fácil, já que eu era capaz de saber instantaneamente como qualquer tom ou gesto meu era recebido.<br />Eu me inclinei para a frente, encontrando seu olhar como se estivesse olhando profundamente dentro dos seus olhos marrons rasos, pequenos. Os pensamentos dela já estavam em polvorosa. Isso iria ser simples.<br />- Eu estava me perguntando se você pode me ajudar com os meus horários - eu disse com a minha voz suave que era reservada a não assustar humanos.<br />Eu ouvi o ritmo do coração dela acelerar.<br />- É claro, Edward. Como eu posso ajudar? - Jovem demais, jovem demais, ela repetiu para si mesma. Errada, é claro. Eu era mais velho que o avô dela. Mas, de acordo com a minha carteira de motorista, ela estava certa.<br />- Eu estava imaginando se eu poderia trocar a minha aula de Biologia para o nível mais alto de Ciências. Física, talvez?<br />- Algum problema com o Sr. Banner, Edward?<br />- Absolutamente não, é só que eu já estudei esse material…<br />- Naquela escola acelerada que você estudou no Alaska, certo? - Os lábios finos dela se torceram enquanto ela considerava isso. Eles todos já deveriam estar na faculdade. Eu já ouvi todos os professores reclamando. Notas perfeitas, nunca hesitavam antes de responder, nunca respondiam errado num teste - como se eles encontrassem uma forma de colar em todos os assuntos. O Sr. Varner preferiria admitir que tem alguém colando do que dizer que existe alguém mais inteligente que ele… Eu aposto que a mãe deles os instrui… - Na verdade, Edward, a aula de física já está muito cheia agora. O Sr. Banner odeia ter mais de vinte e cinco alunos na sala de aula -<br />- Eu não daria nenhum problema.<br />É claro que não. Não um Cullen perfeito.<br />- Eu sei disso, Edward. Mas simplesmente não tem lugares suficientes…<br />- Então eu posso desistir da aula? Eu posso usar o período pra estudos independentes.<br />- Desistir de Biologia? - A boca dela se abriu. Isso é loucura. Quão difícil pode ser ver um assunto que você já viu? DEVE haver algum problema com o Sr. Banner. Eu me pergunto se devo falar sobre isso com Bob. - Você não teria créditos suficientes pra se formar.<br />- Eu posso acompanhar no ano que vem.<br />- Talvez você devesse falar com os seus pais sobre isso.<br />A porta se abriu atrás de mim, mas quem quer que fosse não estava pensando em mim, então eu ignorei a chegada e me concentrei na Sra. Cope. Eu me inclinei um pouco mais pra perto e abri meus olhos um pouco mais. Isso funcionaria melhor se eles estivessem dourados em vez de pretos. A negritude assustava as pessoas, tal como devia.<br />- Por favor, Sra. Cope? - Eu fiz minha voz ficar o mais suave e convincente que eu pude - e isso podia ser consideravelmente convincente. - Não há uma outra seção à qual eu possa me mudar? Será que não existe nenhuma vaga em aberto em algum lugar? Biologia no sexto horário pode ser a única opção…<br />Eu sorri pra ela, tomando cuidado pra não mostrar os meus dentes demais pra não assustá-la, deixando a expressão se suavizar no meu rosto.<br />O coração dela bateu mais rápido. Jovem demais, ela dizia para si mesma freneticamente. - Bem, talvez eu pudesse falar com Bob - quero dizer, o Sr. Banner. Eu posso ver se -<br />Um segundo foi o que levou para tudo mudar: a atmosfera na sala, a minha missão aqui, a razão pela qual eu me inclinava para a mulher de cabelos vermelhos… O que havia sido por um propósito, agora era por outro.<br />Um segundo foi só o que demorou pra Samantha Wells abrir a porta e jogar uma assinatura que ela havia pego na cesto ao lado da porta e correr para fora de novo, com pressa de sair da escola. Um segundo foi tudo o que levou para uma rajada repentina de vento passar pela porta e vir me atingir. Um segundo foi o tempo que eu levei pra me dar conta de por que aquela primeira pessoa não havia me atrapalhado com os seus pensamentos.<br />Eu me virei, apesar de não precisar ter certeza. Eu me virei lentamente, lutando pra controlar os meus músculos que se rebelavam contra mim.<br />Bella Swan ficou com as costas pressionadas na parede ao lado da porta, com um papel agarrado nas mãos.<br />Os olhos dela estava ainda maiores do que o normal quando ela percebeu o meu olhar feroz, desumano.<br />O cheiro dela saturou cada pequena partícula de ar na sala pequena, quente. Minha garganta ficou em chamas.<br />O monstro olhou pra mim pelo espelho dos olhos dela de novo, uma máscara do mal.<br />Minha mão hesitou no ar em cima do balcão. Eu não teria que olhar para bater com a cabeça da Sra Cope na mesa dela com força suficiente pra matá-la. Duas vidas, ao invés de vinte. Uma troca.<br />O monstro esperou ansiosamente, faminto, que eu fizesse isso.<br />Mas sempre havia uma escolha - tinha que haver.<br />Eu parei o movimento dos meus pulmões e fixei o rosto de Carlisle na frente dos meus olhos. Eu me virei de volta pra olhar para a Sra. Cope e ouvi a surpresa interna dela com a mudança da minha expressão. Ela se afastou de mim, mas o medo dela não saiu em palavras coerentes.<br />Usando todo o auto-controle que eu havia aprendido em minhas décadas de auto-negação, eu fiz a minha voz ficar uniforme e suave. Havia ar o suficiente nos meus pulmões pra falar uma ultima vez, apressando as palavras.<br />- Deixa pra lá então. Eu vejo que é impossível. Muito obrigado por sua ajuda.<br />Eu me virei e me lancei pela porta, tentando não sentir o calor do sangue quente do corpo da garota enquanto eu passei a apenas alguns centímetros dela.<br />Eu não parei até estar no meu carro, me movendo rápido demais em todo o caminho até lá.<br />A maioria dos humanos já havia ido embora, então não havia muitas testemunhas.<br />Eu ouvi um garoto do segundo ano, D.J. Garrett, notar e depois deixar pra lá…<br />De onde foi que Cullen saiu? Foi como se ele tivesse aparecido com o vento… Lá vou eu com minha imaginação de novo. Minha mãe sempre diz…<br />Quando eu escorreguei para dentro do meu Volvo, os outros já estavam lá. Eu tentei controlar a minha respiração, mas eu estava asfixiando por ar fresco como se estivesse sufocando.<br />- Edward? - Alice perguntou com uma voz alarmada.<br />Eu só balancei a minha cabeça pra ela.<br />- O que diabos aconteceu com você? - Emmett quis saber, distraído, por um momento, do fato de Jasper não estar no clima de aceitar a sua revanche.<br />Ao invés de responder, eu dei a ré no carro. Eu tinha que sair daquele estacionamento antes que Bella me seguisse aqui também. Meu demônio pessoal me perseguindo… Eu virei o carro e acelerei. Eu já estava nos quarenta antes de chegar à estrada. Na estrada, eu fiz setenta antes de chegar à esquina.<br />Sem olhar, eu sabia que Emmett, Rosalie e Jasper se viraram todos para olhar para Alice.<br />Ela levantou os ombros. Ela não podia ver o que havia se passado, só o que estava por vir.<br />Ela olhou pra mim agora. Nós dois estávamos processando o que ela viu em sua cabeça agora, e nós dois estávamos surpresos.<br />- Você vai embora? - ela sussurrou.<br />Os outros olharam pra mim agora.<br />- Eu vou? - eu assoviei através dos meus dentes.<br />Ela viu nessa hora, enquanto a minha decisão ia para outro caminho e outra escolha virara o meu futuro pra uma direção mais escura.<br />- Oh.<br />Bella Swan morta. Meus olhos brilhando, vermelhos com o sangue fresco. A procura que se seguiria. O tempo cuidadoso que nos levaria a esperar até que fosse seguro sair e começar tudo de novo…<br />- Oh - ela disse de novo. A imagem ficou mais específica. Eu vi o interior da casa do Chefe Swan pela primeira vez, vi Bella na pequena cozinha com os armários amarelos, com as costas viradas pra mim enquanto eu a perseguia na escuridão… deixava o cheiro dela me guiar até ela…<br />- Pare! - eu rugi, incapaz de agüentar mais.<br />- Desculpa - ela cochichou com os olhos arregalados.<br />O monstro gostou.<br />E a visão na cabeça dela mudou de novo. Uma avenida vazia à noite, as árvores ao lado dela cobertas de neve, brilhando com os quase duzentos quilômetros por hora.<br />- Eu vou sentir sua falta - ela disse. - Não importa quão curto seja o tempo que você vai ficar fora.<br />Emmett e Rosalie trocaram um olhar apreensivo.<br />Nós já estávamos quase na curva da longa estrada que levava à nossa casa.<br />- Nos deixe aqui - Alice sugeriu. - Você deve dizer isso a Carlisle pessoalmente.<br />Eu balancei a cabeça e o carro guinchou quando parou de repente.<br />Emmett, Rosalie e Jasper saíram silenciosamente; eles fariam Alice explicar tudo quando eu fosse embora. Alice tocou o meu ombro.<br />- Você vai fazer a coisa certa - ela murmurou. Não era uma visão dessa vez, era uma ordem. - Ela é a única família de Charlie Swan. Isso o mataria também.<br />- Sim - eu disse, concordando apenas com a última parte.<br />Ela saiu pra se juntar aos outros, as sobrancelhas dela estavam se juntando por causa da ansiedade.<br />Eles se enfiaram nas matas, desaparecendo de vista antes que eu pudesse virar o carro.<br />Eu acelerei de volta à cidade, e eu sabia que as visões na cabeça de Alice estariam passando de negras a claras num piscar de olhos.<br />Enquanto eu corria pra Forks com mais de noventa quilômetros por hora, eu não tinha certeza do que estava fazendo. Dizer adeus ao meu pai?<br />Ou abraçar o monstro que havia dentro de mim?<br />A estrada passava voando por baixo dos meus pneus.<br /><a title="Link permanente para Segundo Capítulo - Midnight Sun" href="http://foforks.com.br/2008/08/segundo-capitulo-midnight-sun/">Segundo Capítulo - Midnight Sun</a><br />2. Livro Aberto<br />Eu inclinei as costas contra o banco fofo com neve, deixando o pó seco se refazer em volta de meu peso. Minha pele esfriou para se igualar ao ar envolta de mim, e os pequenos pedaços de gelo pareciam como veludo embaixo da minha pele.<br />O céu acima de mim estava limpo, brilhante com estrelas, ficando azul em algumas partes, e amarelo em outras. As estrelas apareceram majestosamente, em formas redondas contra o universo negro -uma maravilhosa vista. Requintadamente bonita. Ou melhor, deveria ter sido requintadamente. Teria sido, se eu pudesse vê-las.<br />Eu não estava ficando nada melhor, já haviam se passado seis dias, seis dias que eu estava escondido no vazio deserto Denali, mas eu não estava nem perto da liberdade desde o primeiro momento em que fui preso pelo seu perfume.<br />Quando eu olhei para o o céu estrelado, era como se tivesse uma obstrução entre meus olhos e a beleza dele. A obstrução era um rosto, um rosto humano pouco notável, mas eu não parecia poder baní-lo da minha mente.<br />Eu ouvi os pensamentos aproximando-se antes de ouvir os passos que os acompanhavam. O som do movimento era apenas um desfalecido suspiro contra o pó.<br />Eu não estava surpreso que Tanya havia me seguido até aqui. Eu sabia que ela estava refletindo sobre esta conversa pelos últimos dias, adiando até que ela estivesse exatamente certa do que ela queria dizer.<br />Ela apareceu há uns 54 metros, pulando até a ponta de uma rocha escura à vista, balançando-se nas solas dos pés A pele de Tanya estava cinza na luz das estrelas, os seus cabelos louros brilhavam palidamente, quase rosa com mechas avermelhadas. Seus olhos amarelados brilharam rapidamente quando ela olhou para mim, meio enterrada na neve, e seus lábios se esticaram lentamente formando um sorriso.<br />Delicadamente. Se eu pudesse vê-la. Eu suspirei.<br />Ela agachou até a ponta da rocha, as pontas de seus dedos tocando a rocha, o corpo dela girou.<br />Bola de neve, ela pensou.<br />Ela se lançou no ar, sua forma tornou-se escura, uma sombra giratória na medida que ela girava entre mim e as estrelas. Ela se curvou até uma bola, assim que ela tocou a a pilha do banco de neve junto à mim.<br />Um nevoal caiu em cima de mim. A estrelas ficaram pretas, e eu estava enterrado, coberto de cristais de gelo.<br />Eu suspirei de novo, mas não me movi para me desenterrar. A escuridão abaixo da neve não podia piorar e nem melhorar a visão. Eu ainda via o mesmo rosto.<br />“Edward?”<br />E depois a neve voava de novo, assim que Tanya me desenterrou rapidamente. Ela limpou o pó do meu rosto imóvel, não totalmente olhando em meus olhos.<br />“Desculpa.” Ela murmurou. “Foi uma piada.”<br />“Eu sei. Foi engraçado.”<br />Sua boca deformou para baixo.<br />“Irina e Kate falam que eu deveria te deixar em paz. Elas acham que eu te incomodo.”<br />“Não mesmo,” Eu assegurei à ela “Pelo contrário, sou eu quem está sendo rude -abominavelmente rude. Eu sinto muito.”<br />Você está indo para casa, não está? Ela pensou.<br />“Eu ainda.. não me decidi… totalmente.”<br />Mas você não vai ficar aqui. Seu pensamento era melancólico agora, triste.<br />“Não. Isso não parece estar… ajudando.”<br />Ela fez uma careta. “É minha culpa, não é?”<br />“Claro que não,” eu menti rapidamente.<br />Não seja cavalheiro.<br />Eu sorri.<br />Eu faço você se sentir desconfortável, ela acusou.<br />“Não.”<br />Ela levantou uma sobrancelha, sua expressão estava tão descrente que eu tive que rir. Um curto riso, seguido por outro suspiro.<br />“Está bem,” eu admiti. “Um pouco.”<br />Ela suspirou também e colocou o seu queixo sob suas mãos. Seus pensamentos estavam mortificados.<br />“Você é mil vezes mais amável do que as estrelas, Tanya. É claro que você é bem consciente disso. Não deixe a minha teimosia minar a sua confiança.” eu ri com a impossibilidade disso.<br />“Eu não estou acostumada com a rejeição,” ela grunhiu, seu lábio inferior se pôs para fora em um atraente beicinho.<br />“Certamente não,” eu concordei, tentando sem muito sucesso bloquear os seus pensamentos enquanto ela se aprofundava por dentre suas milhares de conquistas. Em sua maioria, Tanya preferia os homens humanos - eles eram muito mais populares para uma única coisa, com a vantagem de serem suaves e quentes. E sempre sedentos, definitivamente.<br />“Succubus,” eu soltei, na esperança de interromper as imagens que surgiam em sua mente.<br />Ela sorriu, mostrando seus dentes. “A original.”<br />Diferente de Carlisle, Tanya e suas irmãs descobriram suas consciências lentamente. No final, foi o afeto pelos homens humanos que colocaram as irmãs contra o massacre. Agora os homens que elas amaram… viveram.<br />“Quando você apareceu aqui,” Tanya disse lentamente. “Eu pensei que…”<br />Eu sabia o que ela tinha pensado. E eu devia saber que ela ia se sentir assim. Mas eu não estava no meu melhor momento racional naquela hora..<br />“Você pensou que eu havia mudado de idéia.”<br />“Sim,” Ela me olhou com cara feia.<br />“Eu me sinto horrível por brincar com as suas expectativas, Tanya. Eu não queria - Eu não estava pensando. É que eu saí… com um pouco de pressa.”<br />“Eu imagino que você não vai me contar o porque…?”<br />Eu me sentei e enrolei meus braços ao redor das minhas pernas, me curvando defensivamente. “Eu não quero falar sobre isso.”<br />Tanya, Irina e Kate se adaptaram muito bem à vida que elas se comprometeram. Melhor, em algumas maneiras, até do que Carlisle. Apesar da proximidade insana que elas se permitiram a aqueles que deviam ser - e uma vez foram - suas presas, eles não cometeram erros. Eu estava muito envergonhado em admitir minha fraqueza para Tanya.<br />“Problemas com mulheres?” Ela perguntou ignorando minha relutância.<br />Eu dei um sorriso obscuro “Não do jeito que você quer dizer”<br />Então ela ficou quieta. Eu escutei seus pensamentos enquanto ela os mudava, tentando decifrar o significado de minhas palavras.<br />“Você não está nem perto” - Eu a avisei.<br />“Uma dica?” ela me perguntou.<br />“Por favor, esqueça isso, Tanya.”<br />Ela estava quieta de novo, especulando. Eu a ignorei tentando, em vão, admirar as estrelas.<br />Ela desistiu depois de um momento de silêncio e seus pensamentos tomaram outra direção.<br />Se você nos deixar, pra onde você vai, Edward? De volta pro Carlisle?<br />“Eu não acho que seja possível” Eu suspirei.<br />Pra onde eu iria? Eu não podia imaginar um lugar em todo o planeta que fosse me interessar. Porque não importa para onde eu fosse, eu estaria indo para lugar algum - eu estaria apenas fugindo.<br />Eu odiava isso. Quando eu me tornei tão covarde?<br />Tanya colocou seus braços sobre os meus ombros. Eu enrijeci mas eu não tirei seu braço dali. Ela queria dizer que não havia nada como o apoio de um amigo.<br />Praticamente.<br />“Eu acho que você vai voltar.” - ela disse com sua voz pegando um pouco do seu sotaque russo - “Não importa o que seja ou quem seja que está machucando você. Você vai enfrentar isso. Você é esse tipo.”<br />Seus pensamentos estavam de acordo com as suas palavras. Eu tentei abraçar a visão de mim que ela carregava em sua cabeça. Aquele que enfrenta as coisas de cabeça levantada. Eu nunca duvidei de minha coragem, minha habilidade de enfrentar situações adversas. Até aquela aula terrível de biologia há pouco tempo atrás.<br />Eu beijei sua bochecha, voltando rapidamente quando ela torceu seu rosto em direção ao meu. Seus lábios já enrugados. Ela sorriu da minha rapidez.<br />“Obrigada, Tanya. Eu precisava ouvir isso.”<br />Seus pensamentos tornaram-se petulantes “De nada, eu acho. Eu gostaria que você fosse mais racional sobre as coisas, Edward.”<br />“Me desculpe, Tanya. Você sabe que é boa demais para mim. Eu apenas… não achei o que eu estou procurando ainda.”<br />“Bom, se você for embora antes de eu te ver de novo. Tchau,Edward.”<br />“Tchau, Tanya” - Enquanto eu falava as palavras, eu pude ver isso. Eu podia me ver saindo de lá, de volta para o lugar onde eu gostaria de estar. - “Obrigada - de novo.”<br />Ela estava em pé num movimento. E depois ela tinha saído, desaparecendo entre a neve. Ela não olhou para trás. Minha rejeição a deixou mais incomodada do que ela já tinha ficado antes, até em seus pensamentos. Ela não queria me ver antes de partir.<br />Meus lábios se contorceram com desapontamento. Eu não gostava de machucar a Tanya, apesar de seus sentimentos não serem tão profundos e dificilmente puros. De todos os modos não era algo que eu poderia corresponder. E eu continuava me sentido menos gentil.<br />Eu coloquei meu queixo no meu joelho e olhei para as estrelas novamente mesmo estando de repente ansioso para voltar ao meu caminho. Eu sabia que Alice me veria voltando para casa e contaria aos outros. Isso os faria feliz - principalmente Carlisle e Esme. Mas eu admirei as estrelas mais uma vez e tentando ver passado na minha cabeça. Entre eu e o as luzes brilhantes no céu um par de olhos castanhos confusos voltando para mim, me fazendo perguntar o que essa decisão significaria para ela.<br />É claro, eu não poderia ter certeza que era isso que seus olhos curiosos procuravam. Nem na minha imaginação eu conseguia ouvir seus pensamentos. Os olhos de Bella Swan continuavam questionando e uma não obstruída visão das estrelas continuou a me invadir. Com um leve suspiro, eu desisti. Se eu corresse, eu estaria de volta ao carro do Carlisle em menos de uma hora.<br />Numa pressa para ver minha família - e para voltar a ser aquele Edward que enfrenta as coisas - eu destruí o iluminado de neves não deixando marcas de pés.<br />“Tudo ficará bem” - Alice encorajou. Seus olhos estavam sem foco e o Jasper tinha uma mão sob seu cotovelo, a guiando enquanto entrávamos na cafeteria num grupo fechado. Rosalie e Emmett tamparam o caminho, Emmett ridículo como um guarda costas no meio do território inimigo. Rose parecia preocupada também porém bem mais irritada do que protetora.<br />“Claro que ficará.” - eu grunhi. O comportamento deles era burlesco. Se eu não tivesse certeza de que agüentaria esse momento, eu teria ficado em casa.<br />A repentina mudança para o nosso normal mesmo na lúdica manhã - havia nevado ontem à noite e Emmett e Jasper tirando vantagem da minha distração para me bombardear com bolas de neve; quando eles se cansaram da minha falta de resposta eles se viraram um para o outro - esse excesso de vigilância teria sido cômica se não fosse tão irritante.<br />“Ela não está aqui ainda, mas ela virá. Ela não desconfiará se nós sentarmos no lugar de sempre.”<br />“Claro que nós vamos sentar no lugar de sempre! Pare com isso Alice. Você está me dando nos nervos. Eu ficarei absolutamente bem.”<br />Ela piscou seus olhos uma vez enquanto o Jasper a ajudava a se sentar e seus olhos finalmente se focaram em minha face.<br />“Hmm…” ela disse, parecia surpresa. “Acho que você está certo”<br />“Claro que eu estou!” eu murmurei.<br />Eu odiava estar no foco da preocupação deles. Eu senti uma certa solidariedade por Jasper lembrando-me das inúmeras vezes que nós o superprotegemos. Ele percebeu de relance meus sentimentos e sorriu.<br />Irritante, não é?<br />Eu consenti para ele.<br />Foi apenas semana passada que esse grande e pardo aposento parecia mortalmente depressivo para mim?<br />Pareceria quase como um sonho, um coma estar aqui?<br />Hoje meus nervos estavam firmes - conexões de pianos, intensamente tocados a leves pressões. Meus sentidos estavam hiper alertas, eu vistoriei cada som, cada suspiro, cada movimento do ar que tocaram minha pele, cada pensamento. Especialmente os pensamentos. Só havia um sentindo que eu me recusei a usar. Olfato, é claro.<br />Eu não respirei.<br />Eu estava esperando escutar mais sobre os Cullen nos pensamentos do que realmente aconteceu. Todo o dia eu estive esperando, procurando por cada novo pensamento sobre Bella Swan ter confessado, tentando ver que direção a nova fofoca que seguiria. Mas não tinha nada. Ninguém notou que havia 5 vampiros no refeitório, exatamente como antes da nova garota entrar. Muitos humanos aqui ainda estavam pensando sobre aquela garota, os mesmos pensamentos da semana passada. Em vez de estar inalteravelmente entediado, eu estava fascinado.<br />Ela não tinha falado nada para ninguém sobre mim?<br />Não tinha nenhuma chance de que ela não tivesse percebido meu obscuro, assassino brilho. Eu a vi reagir a isso. Óbvio, eu assustei aquela tola. Eu estava convencido de que ela havia mencionado isso para alguém, talvez até tivesse exagerado na história um pouco para fazê-la melhor. Atribuindo-me alguns traços ameaçadores.<br />E então, ela também me ouvindo tentando cancelar nossas aulas compartilhadas de biologia. Ela deve ter imaginado, depois de ver a minha expressão, se ela tinha sido a causa. Uma garota normal teria perguntado por aí, comparado a sua experiência com os outros, procurado por algum terreno em comum que pudesse explicar o meu comportamento e então ela não se sentiria sozinha. Humanos estão constantemente desesperados por se sentirem normal, por se encaixarem. Para se misturar com os outros ao seu redor, como mais uma ovelha sem graça no rebanho. Essa necessidade era particularmente forte durante os inseguros anos da adolescência. Essa garota não devia ser uma exceção à regra.<br />Mas ninguém tinha dado atenção a nós sentados aqui, em nossa mesa normal. Bella devia estar excepcionalmente tímida, se ela tinha confidenciado com alguém. Talvez ela tenha falado com o seu pai, talvez esse fosse seu melhor relacionamento… Apesar de isso soar improvável, dado o fato de que ela havia passado tão pouco tempo com ele durante sua vida. Ela devia ser mais próxima de sua mãe. Mesmo assim, eu devia passar pelo Chefe Swan alguma hora e ouvir o que ele estava pensando.<br />“Algo novo?” Jasper perguntou.<br />“Nada. Ela… não deve ter dito nada.”<br />Todos ergueram uma sobrancelha com as novidades.<br />“Talvez você não seja tão assustador quanto você acha que é.” Emmett disse, rindo. “Eu aposto que eu a teria apavorado mais do que ISSO.”<br />Eu rolei meus olhos até ele.<br />“Imaginando o porquê…?” ele se surpreendeu com a minha revelação sobre o silêncio único da garota.<br />“Nós já passamos por isso. Eu não SEI.”<br />“Ela está vindo,” Alice murmurou então. Eu senti meu corpo ficar rígido. “Tente parece humano.”<br />“Humano, você diz?” Emmet perguntou.<br />Ele levantou seu punho direito, girando os dedos para revelar a bola de neve que tinha guardado em sua palma. É claro que ela não havia derretido ali. Ele a apertou em um grumoso bloco de gelo. Ele tinha os olhos em Jasper, mas eu vi a direção de seus pensamento. Alice também, claro. Quando ele abruptamente lançou o pedaço de gelo nela, ela o jogou longe com um leve balançar de seus dedos. O gelo ricocheteou através do corredor da cafeteria; muito rápido para os olhos humanos, e se fragmentou com um agudo barulho na parede de tijolo. O tijolo quebrou também.<br />As cabeças na esquina da cafeteria todas se viraram para olhar para a pilha de gelo no chão, e se viraram para procurar sua origem. Não olharam para muitas mesas ao longe. Ninguém olhou para nós.<br />“Muito humano, Emmett,” Rosalie disse de maneira fulminante. “Por que você não soca a parede enquanto estiver perto?”<br />“Seria mais impressionante se você fizesse isso, baby.”<br />Eu tentei prestar atenção neles, mantendo um sorriso fixo no meu rosto como se eu estivesse fazendo parte da brincadeira. Eu não me permiti olhar em direção aonde ela estava em pé. Mas isso foi tudo que eu escutei também.<br />Eu pude ouvir a impaciência de Jessica com a garota nova, que parecia estar distraída, também, permanecendo imóvel na fila em movimento. Eu vi, nos pensamentos de Jessica, que as bochechas de Bella Swan ficaram mais uma vez rosas com o sangue.<br />Eu respirei curta e rapidamente, pronto para parar de respirar se qualquer traço de seu odor tocasse o ar ao meu redor.<br />Mike Newton estava com as duas garotas. Eu ouvia as duas vozes, mental e verbal, quando ele perguntou o que havia de errado com a garota Swan. Eu não gostava do modo com os seus pensamentos estavam envolvidos nela, um brilho de suas fantasias já construídas encobriram sua mente enquanto ele a observava ficar surpresa e olhar para cima como se ela tivesse esquecido que ele estivesse ali.<br />“Nada,” eu ouvi Bella dizer em uma voz baixa e clara. Parecia soar com um sino sobre todos os murmúrios da cafeteria, mas eu sabia que isso era somente porque eu estava escutando de forma tão intensa.<br />“Eu vou tomar só um refrigerante hoje,” ela continuou enquanto ela se movia para seguir com a fila.<br />Eu não consegui evitar olhar de relance em sua direção. Ela estava olhando para o chão, o sangue lentamente se esvaindo de seu rosto. Eu olhei para longe rapidamente, para Emmet, que riu agora de um sorriso aflito em meu rosto.<br />Você parece doente, mano.<br />Eu re-arranjei minhas feições para parecer mais casual e natural.<br />Jessica estava imaginando sobre a falta de apetite da garota. “Você não está com fome?”<br />“Na verdade, eu me sinto um pouco doente.” Sua voz soou mais baixa, mas ainda assim, perfeitamente clara.<br />Por que isso me incomodava, uma preocupação protetora que repentinamente surgiu dos pensamentos do Newton? O que importava que houvesse um timbre possessivo neles? Não era exatamente da minha conta se Mike Newton se sentia desnecessariamente ansioso por ela. Talvez esse fosse o modo que todos correspondiam à ela. Eu não queria, instintivamente, protegê-la, também?<br />Antes que eu quisesse matá-la, isto é…<br />Mas aquela garota estava doente?<br />Era difícil de julgar - ela parecia tão delicada com aquela pele translúcida… então eu percebi que eu estava me preocupando, também, assim como aquele garoto estúpido, e eu forcei a mim mesmo não pensar sobre a saúde dela.<br />Sem levar em consideração que eu não gostava de monitorá-la pelos pensamentos de Mike. Troquei para Jessica, olhando cuidadosamente enquanto eles três escolhiam uma mesa para sentar. Felizmente, eles sentaram-se com as companhias usuais de Jessica, uma das primeiras mesas do lugar. Não na direção do vento, assim como Alice havia prometido.<br />Alice me acotovelou. Ela vai olhar para cá, aja como humano.<br />Eu trinquei meus dentes por detrás de meu sorriso.<br />“Se acalme, Edward,” Emmet disse. “Honestamente. Então você matou um humano. Isso é dificilmente o fim do mundo”.<br />“Você deve saber.” eu murmurei.<br />Emmet riu. “Você tem que aprender a fazer outras coisas. Como eu faço. Eternidade é muito tempo para ficar rolando na culpa.”<br />E então, Alice lançou uma pequena mão cheia de gelo que ela havia ocultado na confiante cara de Emmet.<br />Ele piscou, surpreso, e então sorriu em antecipação.<br />“Você pediu por isso,” ele disse, enquanto ele se inclinava sobre a mesa e sacudia seu cabelo coberto de gelo em sua direção. A neve, derretendo no cômodo quente, lançou-se de seu cabelo em um denso banho metade líquido, metade gelo.<br />“Eca!” Rose reclamou, enquanto ela e Alice recuavam da inundação.<br />Alice riu e todos nós a acompanhamos. Eu podia ver na mente de Alice como ela havia orquestrado esse momento perfeito e eu sabia que aquela garota - eu tinha que parar de pensar nela dessa maneira, como se ela fosse a única garota do mundo - Bella devia estar nos olhando rindo e brincando, parecendo felizes e humanos e de forma tão irreal como uma pintura de Norman Rockwell.<br />Alice continuou rindo, e segurando a sua bandeja como um escudo. Aquela garota - Bella devia estar nos encarando.<br />… encarando os Cullens de novo, alguém pensou, prendendo a minha atenção.<br />Eu olhei automaticamente em direção ao chamado não intencional, percebendo enquanto meus olhos encontravam a sua origem, que eu havia reconhecido a voz - eu a havia ouvido muito hoje.<br />Mas meus olhos passaram direto por Jessica e se focaram na observação penetrante da garota.<br />O que ela estava pensando? A frustração parecia aumentar enquanto o tempo passava, ao invés de diminuir. Eu tentei - de forma incerta no que eu estava fazendo já que eu nunca havia tentado isso antes - sondar com a minha mente o silêncio ao redor dela. Minha audição extra vinha naturalmente para mim, sem pedir; eu nunca tive que forçá-la. Mas agora eu estava concentrado, tentando passar por qualquer escudo ao redor dela.<br />Nada além de silêncio.<br />O que ela tem? Jessica pensou, ecoando minha própria frustração.<br />“Edward Cullen está te encarando,” ela sussurrou no ouvido da garota Swan, com um sorriso falso. Não houve nenhuma insinuação de sua irritação invejosa no seu tom. Jessica pareceu ser experiente no fingimento de amizade.<br />Eu escutei, muito claramente, à resposta da garota.<br />“Ele não parece irritado, parece?” ela sussurrou de volta.<br />Então ela havia notado a minha reação selvagem semana passada. É claro que ela havia.<br />A pergunta pareceu confundir Jessica. Eu vi a minha própria face em seus pensamentos enquanto ela checava a minha expressão, mas eu não encontrei com seu olhar. Eu ainda estava concentrado na garota, tentando ouvir alguma coisa. O meu foco intencional não parecia estar ajudando em nada.<br />“Não,” Jess disse a ela, e eu sabia que ela desejava poder dizer que sim - como isso a envenenou por dentro, meu olhar - apesar de ela não demonstrar de forma alguma em sua voz: “Ele devia estar?”<br />“Eu não acho que ele goste de mim,” a garota sussurrou de volta, deitando a sua cabeça em seu braço como se ela estivesse subitamente cansada. Eu tentei entender seu movimento, mas eu só pude fazer suposições. Talvez ela estivesse cansada.<br />“Os Cullens não gostam de ninguém,” Jess assegurou a ela: “Bem, eles nem se quer percebem alguém o suficiente para gostar deles.” Eles nunca notaram. O seu pensamento foi um rosnado de reclamação. “Mas ele ainda está te encarando.”<br />“Pare de olhar para ele,” a garota disse ansiosamente, erguendo a sua cabeça para ter certeza que a Jessica a obedeceu.<br />Jessica sorriu, mas fez o que ela pediu.<br />A garota não tirou os olhos de sua mesa pelo resto do tempo. Eu pensei - imaginei, é claro, eu não podia ter certeza - que isso foi intencional. Parecia que ela queria olhar para mim. O seu corpo se deslocaria ligeiramente na minha direção, o seu queixo começava a virar, e então ela se repreendia, respirava fundo e olhava fixamente para qualquer pessoa que estava falando.<br />Eu ignorei a maior parte dos outros pensamentos ao redor da garota, como eles não eram, momentaneamente, sobre ela. Mike Newton estava planejando uma guerra de neve no estacionamento depois da escola, sem parecer perceber que a neve já tinha mudado para chuva. A agitação dos leves flocos contra o teto já tinha se tornado o padrão comum de gotas de água. Ele realmente não conseguia ouvir a mudança? Parecia alta para mim.<br />Quando a hora do almoço terminou, eu continuei no meu lugar. Os humanos iam saindo, e eu me peguei tentando distinguir o som dos passos dela do som do resto, como se houvesse algo importante ou incomum neles. Que estupidez.<br />Minha família também não se mexeu para ir embora. Eles esperaram para ver o que eu iria fazer.<br />Eu iria para a classe, sentar ao lado da garota onde eu podia sentir a fragrância absurdamente potente de seu sangue e sentir o calor de sua pulsação do ar na minha pele? Eu era forte o suficiente para isso? Ou já tinha tido o suficiente para um dia?<br />- Eu… acho que está tudo bem. - Alice disse, hesitante. - Sua mente está segura. Eu acho que você conseguira agüentar por uma hora.<br />Mas Alice sabia muito bem a rapidez que uma mente podia mudar.<br />- Por que arriscar, Edward? - Jasper perguntou. Embora ele não quisesse se sentir presunçoso que eu fosse o fraco agora, eu podia escutar que ele se sentia, só um pouco. - Vá para casa. Vá com calma.<br />- Qual é o problema? - Emmett discordou. - Ou ele vai ou não vai matá-la. Melhor acabar com isso de uma vez, de um jeito ou do outro.<br />- Eu não quero me mudar ainda. - Rosalie reclamou. - Eu não quero recomeçar. Estamos quase fora do colegial, Emmett. Finalmente.<br />Eu estava igualmente despedaçado com esta decisão. Eu queria, queria muito, encarar isso de cabeça do que fugir para longe outra vez. Mas eu também não queria me arriscar muito, também. Havia sido um erro semana passada para Jasper ficar tanto tempo sem caçar; isso era um erro sem propósito também?<br />Não queria desarraigar minha família. Nenhum deles me agradeceria por isso.<br />Mas eu queria ir para a minha aula de biologia. Percebi que queria ver o rosto dela novamente.<br />Foi isso o que decidiu por mim. Essa curiosidade. Estava irritado comigo mesmo por sentir isso. Não tinha prometido que não iria deixar o silêncio da mente da garota me deixar desnecessariamente interessado nela? E mesmo assim, aqui estava eu, ainda mais desnecessariamente interessado.<br />Eu queria saber o que ela estava pensando. A mente dela era fechada mas seus olhos eram muito abertos. Talvez eu pudesse ver por eles.<br />- Não, Rose, eu acho que vai ficar tudo bem. - Alice disse. - Está… se firmando. Eu tenho noventa e três por cento de certeza de que nada de ruim vai acontecer se ele for para a classe. - Ela me olhou curiosamente, se perguntando o que havia mudado em meus pensamentos que fez sua visão do futuro mais segura.<br />Curiosidade seria o suficiente para manter Bella Swan viva?<br />Emmett tinha razão - por que não acabar com isso, de um jeito ou de outro? Eu iria enfrentar a tentação de cabeça.<br />- Vão para suas classes. - Eu ordenei, me afastando da mesa. Eu me virei e andei para longe deles sem olhar para trás. Eu podia ouvir a preocupação de Alice, a censura de Jasper, a aprovação de Emmett e a irritação de Rosalie se arrastando às minhas costas.<br />Eu respirei fundo mais uma vez na porta da sala de aula, e segurei o ar em meus pulmões enquanto entrava no espaço pequeno e quente.<br />Não estava atrasado. O Sr. Banner ainda estava se arrumando para a experiência de laboratório de hoje. A garota sentou na minha - na nossa mesa, seu rosto para baixo de novo, encarando o caderno em que desenhava. Eu examinei os rabiscos quando me aproximei, interessado até mesmo nessa criação banal da sua mente, mas eram coisas sem sentido. Só fazendo ondas e mais ondas. Talvez ela não estivesse se concentrando no padrão, mas pensando em outra coisa?<br />Eu puxei minha cadeira com um barulho desnecessário, deixando raspar no chão de linóleo; humanos sempre se sentiam mais confortáveis quando algum barulho anunciava a aproximação de alguma outra pessoa.<br />Eu sabia que ela tinha escutado o som; ela não olhou para cima, mas a sua mão errou uma onda no formato que ela estava fazendo, deixando-o desbalanceado.<br />Por que ela não olhou para cima? Provavelmente ela estava assustada. Eu tinha que ter certeza de deixá-la com uma impressão diferente desta vez. Fazê-la pensar que havia imaginado coisas antes.<br />- Olá. - eu disse na voz calma que usava quando queria deixar humanos mais confortáveis, formando um sorriso educado com meus lábios que não mostraria nenhum dente.<br />Ela olhou para cima então, seus atentos olhos castanhos assustados - quase desconcertados - e cheios de perguntas silenciosas. Era a mesma expressão que tinha obstruído minha visão pela ultima semana.<br />Enquanto eu encarava aqueles olhos castanhos estranhamente intensos, eu percebi que o ódio - o ódio que eu tinha imaginado que esta menina merecia por simplesmente existir - havia evaporado. Sem respirar agora, sem sentir seu cheiro, era difícil de acreditar que alguém tão vulnerável pudesse justificar ódio.<br />As bochechas dela começaram a corar e ela não disse nada.<br />Eu mantive meus olhos nos dela, me concentrando só em suas profundezas questionadoras, e tentando ignorar a cor apetitosa. Eu tinha fôlego suficiente para falar mais um pouco sem inalar.<br />- Meu nome é Edward Cullen. - eu disse, embora soubesse que ela sabia disso. Era o jeito educado de começar. - Não tive a oportunidade de me apresentar na semana passada. Você deve ser Bella Swan.<br />Ela pareceu confusa - havia uma pequena ruga entre seus olhos novamente. Ela levou meio segundo a mais do que deveria para responder.<br />- Como você sabe meu nome? - ela perguntou, e sua voz tremeu um pouco.<br />Eu devia tê-la realmente assustado. Isso me fez sentir culpado; ela era tão indefesa. Eu ri gentilmente - era um som que eu sabia que deixava humanos mais à vontade. Novamente, fui cuidadoso com meus dentes.<br />- Ah, eu acho que todo mundo sabe seu nome. - Certamente ela devia ter percebido que ela tinha se tornado o centro das atenções nesse lugar monótono. - A cidade toda estava esperando você chegar.<br />Ela fez uma careta como se essa informação fosse desagradável. Eu achei que, sendo tímida como ela parecia ser, atenção iria parecer uma coisa ruim para ela. A maioria dos humanos sentia o oposto. Embora eles não quisessem se destacar em uma multidão, ao mesmo tempo eles desejavam um holofote por suas uniformidades individuais.<br />- Não. - ela disse. - Quer dizer, por que me chamou de Bella?<br />- Prefere Isabella? - eu perguntei, perplexo pelo fato de que não podia ver para onde a sua pergunta estava levando. Eu não entendi. Com certeza, ela deixou sua preferência clara muitas vezes naquele primeiro dia. Todos os humanos eram incompreensíveis assim sem um contexto mental como guia?<br />- Não, gosto de Bella. - ela respondeu, inclinando a cabeça levemente para um lado. Sua expressão - se eu estivesse lendo corretamente - estava dividida entre vergonha e confusão. - Mas eu acho que Charlie… quer dizer, meu pai, deve me chamar de Isabella nas minhas costas. É como todo mundo aqui parece me conhecer.- Sua pele ficou um tom de rosa mais escuro.<br />- Ah. - eu disse indevidamente, e rapidamente desviei meus olhos de seu rosto.<br />Eu tinha acabado de entender o que as perguntas dela queria dizer: eu tinha escorregado - cometido um erro. Se eu não tivesse escutando as conversar dos outros naquele primeiro dia, então eu teria chamado inicialmente pelo nome inteiro, como todos os outros. Ela tinha notado a diferença.<br />Eu senti uma dor de desconforto, foi muito rápido para ela perceber meu erro. Bem astuta, especialmente para alguém que deveria estar aterrorizada pela minha proximidade.<br />Mais se tinha problemas maiores do que qualquer suspeita sobre mim ela estava trancando dentro de sua cabeça.<br />Eu estava sem ar. Se eu fosse falar com ela de novo, eu teria que respirar.<br />Seria difícil evitar falar. Infelizmente para ela, compartilhar esta mesa a tornava minha parceira de laboratório, e nós teríamos que trabalhar juntos hoje. Seria estranho - e incompreensivelmente rude - eu ignorá-la enquanto nós fazíamos a experiência. Iria deixá-la mais suspeita, com mais medo…<br />Eu me inclinei para o mais longe que eu podia dela sem mexer minha cadeira, virando minha cabeça para o corredor. Firmei-me, travando meus músculos no lugar, e então suguei um pulmão inteiro de ar rapidamente, respirando por minha boca.<br />Ahh!<br />Era genuinamente doloroso. Mesmo sem sentir o cheiro dela, ou podia sentir o gosto dela em minha língua. Minha garganta de repente estava em chamas outra vez, a necessidade tão forte como a daquele primeiro momento em que eu senti o cheiro dela.<br />Juntei meus dentes e tentei me recompor.<br />- Podem começar. - O Sr. Banner comandou.<br />Pareceu que tomou cada pequena partícula do auto-controle que eu tinha acumulado em setenta anos de trabalho árduo para virar minha cabeça para a garota, que estava olhando para a mesa, e sorrir.<br />- Primeiro as damas, parceira? - eu ofereci.<br />Ela olhou para minha expressão e seu rosto ficou vazio, os olhos arregalados. Havia algo de errado com a minha expressão? Ela estava assustada novamente? Ela não falou.<br />- Ou eu posso começar, se preferir. - eu disse calmamente.<br />- Não. - ela disse, e seu rosto passou de branco para vermelho outra vez. - Eu começo.<br />Eu encarei o equipamento na mesa, o microscópio arranhado, a caixa de slides, ao invés de ver o sangue correr por baixo da pele clara. Respirei de novo depressa, por meus dentes, e recuei quando o gosto fez minha garganta arder.<br />- Prófase. - ela disse depois de um rápido exame. Ela começou a remover o slide, embora ela mal o tinha visto.<br />- Importa-se se eu olhar? - Instintivamente - estupidamente, como se eu fosse da espécie dela - eu estendi para parar a mão que removia o slide. Por um segundo, o calor de sua pele queimou a minha. Foi como uma corrente elétrica - certamente muito mais quente do que meros 37 graus. O tiro de calor passou pela minha mão e correu pelo meu braço. Ela puxou rapidamente a sua mão debaixo da minha.<br />“Desculpe-me,” eu murmurei por dentre meus dentes trincados. Precisando de algum lugar para olhar, eu segurei o microscópio e olhei brevemente pelo buraco. Ela estava certa.<br />“Prófase,” eu concordei.<br />Eu ainda estava demasiadamente perturbado para olhá-la. Respirando tão calmamente quanto eu podia por dentre meus dentes cerrados e tentando ignorar a sede furiosa, eu tentava me concentrar naquela simples tarefa, escrevendo a palavra no espaço adequado na lâmina do laboratório, e então trocando o primeiro slide pelo próximo.<br />O que ela estava pensando agora? Como será que ela se sentiu, quando eu toquei a sua mão? Minha pele deve ter parecido gelo - repulsivo. Não me admirava que estivesse tão quieta.<br />Eu dei uma olhada no slide.<br />“Anáfase.” eu disse para mim mesmo enquanto eu escrevia na segunda linha.<br />“Posso?” ela perguntou.<br />Eu olhei para cima, para ela, surpreso ao ver que ela estava esperando, na expectativa, uma mão metade estendida em direção ao microscópio. Ela não parecia estar com medo. Ela realmente pensava que eu tinha errado na resposta?<br />Eu não me segurei e sorri com o seu olhar esperançoso no rosto enquanto eu passava o microscópio para ela.<br />Ela encarou no microscópio com uma vontade que logo desapareceu. Os cantos de sua boca rapidamente desceram.<br />“Slide 3?” Ela perguntou, sem olhar pra cima do microscópio, mas com sua mão estendida. Eu coloquei o próximo slide na mão dela, sem deixar minha pele chegar perto da dela dessa vez. Sentar do lado dela era como sentar do lado de uma lâmpada. Eu podia sentir conforme eu esquentava aos poucos com a temperatura mais alta.<br />Ela não olhou para o slide por muito tempo. “Interfase” ela disse de forma casual - talvez tentando com muita vontade - e empurrou o microscópio na minha direção. Ela não encostou no papel, mas esperou que eu escrevesse a resposta. Eu chequei - ela estava certa de novo.<br />Nós terminamos dessa forma, falando uma palavra por vez nunca nos olhando nos olhos. Nós éramos os únicos que haviam acabado - os outros na aula estavam tendo mais dificuldade com o laboratório. Mike Newton parecia estar tendo problemas se concentrando - ele estava tentando observar Bella e eu.<br />“Queria que ele tivesse ficado onde ele foi” Mike pensou, me olhando com raiva. Hmm, interessante. Eu não tinha notado que o garoto tinha mantido algum sentimento negativo sobre mim. Isso era um novo acontecimento, tão recente quanto à chegada da nova garota. Ainda mais interessante, eu pensei - para minha própria surpresa - que o sentimento era mútuo.<br />Eu olhei pra baixo para a garota de novo, perplexo pelo tamanho da devastação e violência que, apesar de comum; sem ameaças aparente, ela estava causando em minha vida.<br />Não era como se eu não pudesse ver o que Mike estava pensando. Ela na verdade estava bonita…de uma forma diferente. Melhor do que estando bonita, seu rosto estava interessante. Não tão simétrico - seu queixo mais pontudo fora de sincronia com as maçãs do rosto largas; fortemente ruborizadas. - o claro e escuro contraste da sua pele e seu cabelo; e então os olhos. Brilhando sobre silenciosos segredos.<br />Olhos que de repente estavam perdidos nos meus.<br />Eu a encarei de volta, tentando descobrir pelo menos um de seus segredos.<br />“Você está usando lentes?” ela perguntou de repente.<br />Que pergunta estranha. “Não” Eu quase sorri com a idéia de tentar melhorar minha visão.<br />“Ah” ela murmurou. “Eu achei que tinha algo diferente nos seus olhos.”<br />Eu me senti gelado de novo conforme eu notei que aparentemente eu não era o único tentando descobrir segredos hoje.<br />É claro que tinha algo diferente nos meus olhos desde a última vez que ela tinha olhado neles. Para me preparar para hoje, a tentação de hoje, eu passei o fim de semana inteiro caçando, matando minha sede o máximo possível, mais do que o necessário. Eu me afoguei no sangue de animais, não que fizesse muita diferença na frente do absurdo sabor flutuando ao redor do ar perto dela. Quando eu olhei para ela por fim, meus olhos tinham estado pretos pela sede. Agora, meu corpo nadando em sangue, meu olhos estavam com uma cor dourada. Castanho-claro, âmbar pelo meu excesso de alimento.<br />Outro lapso. Se eu tivesse notado o que ela quis dizer com a pergunta, poderia somente ter dito que eram lentes.<br />Eu sentei ao lado de humanos por quase dois anos nessa escola, ela foi a primeira a tentar me examinar perto o suficiente para notar a diferença de cor nos meus olhos. Os outros, enquanto admiravam a beleza da minha família, tinham a tendência de olhar para baixo rapidamente quando nós olhávamos de volta. Eles sempre se protegiam, bloqueando detalhes das nossas aparências como uma tentativa forte e instintiva de nos entender. Ignorância era uma dádiva para a mente humana.<br />Por que tinha que ser essa garota que via tanto?<br />Sr. Banner se aproximou da nossa mesa. Eu agradecido inalei o ar puro que ele trouxe consigo antes que pudesse misturar com o cheiro dela.<br />“Então, Edward,” ele disse olhando nossas respostas, “você não acha que Isabella deveria ter uma chance com o microscópio?”<br />“Bella” Eu corrigi ele por puro reflexo. “Na verdade ela identificou três de cinco.”<br />Os pensamentos de Mr.Banner eram céticos enquanto ele se virava para ela. “Você já fez essa aula antes?”<br />Eu assisti, envolvido, quando ela sorriu, parecendo um pouco envergonhada.<br />“Não com raiz de cebola.”<br />“Ovas de peixe?” ele perguntou.<br />“Sim.”<br />Isso o surpreendeu. A aula de hoje foi algo que ele pegou de um curso mais avançado. Ele assentiu de maneira pensante. “Você estava em um programa avançado em Phoenix?”<br />“Sim.”<br />Ela era avançada, então, inteligente para uma humana. Isso não me surpreendeu.<br />“Bem,” o Sr.Banner disse, franzindo o lábio. “Eu suponho que é bom que vocês dois sejam parceiros então.” Ele virou e foi embora murmurando “Para que os outros possam ter uma chance te aprender algo por eles mesmos.”. Eu duvido que a garota possa ouvir isso. Ela voltou a desenhar círculos ao redor da sua pasta.<br />Dois lapsos em meia hora. Uma demonstração insatisfatória da minha parte. Apesar de que eu não tinha nenhuma idéia do que a garota pensava de mim - quando ela tinha medo, quando ela suspeitava?<br />Suspeitava? - eu sabia que precisaria me esforçar mais daqui para frente para fazê-la mudar sua opinião sobre mim. Alguma coisa para fazê-la esquecer-se do nosso ameaçador último encontro.<br />“É ruim essa neve toda, não é?” Eu disse repetindo o assunto que vários outros alunos já haviam discutido. Um tópico habitual e entediante. O tempo - sempre seguro.<br />Ela olhou para mim, a dúvida óbvia em seu olhar - uma reação anormal para minhas palavras muito normais.<br />Eu tentei direcionar a conversa de volta a um caminho mais comum. Ela era de um lugar muito mais claro, mais quente - sua pele parecia refletir isso de alguma maneira, apesar de sua palidez - e o frio devia fazê-la se sentir desconfortável. Meu toque gelado com certeza tinha…<br />“Você não gosta do frio,” eu adivinhei.<br />“E do molhado,” ela assentiu.<br />“Forks deve ser um lugar difícil para você viver.” Talvez você não devesse ter vindo para cá, eu quis acrescentar. Talvez você devesse voltar ao lugar de onde veio.<br />Porém, eu não tinha certeza se era isso que eu queria. Eu sempre me lembraria do cheiro de seu sangue - existia ao menos alguma garantia de que eu não a seguiria? Além disso, se ela fosse embora, sua mente sempre seria um mistério. Um constante e insistente quebra-cabeças.<br />“Você não faz idéia,” ela disse em voz baixa e me senti carrancudo por um momento.<br />Suas respostas nunca eram o que eu esperava que fossem. Isso me fez querer fazer mais perguntas.<br />“Por que você veio para cá, então?” eu reclamei, percebendo que meu tom de voz era muito acusatório, não era casual o bastante para a conversa. A pergunta pareceu rude, intrometida.<br />“É… complicado.”<br />Ela piscou seus grandes olhos, não dando maiores informações, e eu quase explodi de curiosidade - a curiosidade queimou tão forte quanto à sede em minha garganta. Na realidade, estava ficando um pouco mais fácil respirar; a agonia estava ficando mais tolerável enquanto eu me familirializava.<br />“Eu acho que posso agüentar,” eu insisti. Talvez a cortesia comum a fizesse continuar respondendo minhas perguntas tanto quanto eu era rude o suficiente para perguntá-las.<br />Ela encarou silenciosamente suas mãos. Isso me deixou impaciente; eu queria colocar minha mão embaixo de seu queixo e levantar sua cabeça para que eu pudesse ler seus olhos. Mas fazer isso seria tolice de minha parte - perigoso - tocar sua pele novamente.<br />Ela levantou os olhos subitamente. Era um alívio poder ver as emoções em seus olhos novamente. Ela falou apressadamente, correndo pelas palavras.<br />“Minha mãe casou-se novamente.”<br />Ah, isso era humano suficiente, fácil de entender. A tristeza passou por seus olhos claros e ela enrugou de novo a testa.<br />“Não parece tão complicado,” eu disse. Minha voz soou gentil sem que eu me esforçasse para isso. Sua tristeza me fez sentir estranhamente impotente, desejando que houvesse algo ao meu alcance para fazê-la sentir-se melhor.<br />Um estranho impulso. “Quando isso aconteceu?”<br />“Setembro passado.” Ela expirou pesadamente - nada mais que um suspiro. Eu segurei minha respiração e sua respiração quente varreu meu rosto.<br />“E você não gosta dele,” eu supus, pescando maiores informações.<br />“Não, o Phil é legal,” ela disse, corrigindo suposição. Havia a ponta de um sorriso agora nos cantos de seus lábios cheios. “Muito jovem, talvez, mas legal o suficiente.”<br />Isso não se encaixava com a cena que eu havia construído em minha cabeça.<br />“Por que você não fica com eles?” eu perguntei, minha voz um pouco curiosa demais. Parecia que eu estava sendo bisbilhoteiro. E eu estava sendo, eu admito.<br />“Phil viaja muito. Ele joga bola.” O pequeno sorriso cresceu; essa escolha de carreira a divertia.<br />Eu sorri, também, sem escolher fazê-lo. Eu não estava tentando fazê-la sentir-se à vontade. Seu sorriso apenas me fez querer sorrir de volta - fazer parte do segredo.<br />“Eu já ouvi falar dele?” eu passei o rosto dos jogadores de baseball em minha cabeça, me perguntando qual deles era Phil…<br />“Provavelmente não. Ele não joga bem.” Outro sorriso. “Só na menor liga. Ele se muda muito.”<br />Os rostos em minha mente desapareceram instantaneamente e eu fiz uma lista de possibilidades em menos de um segundo. Ao mesmo tempo, eu estava imaginando uma nova cena.<br />“E sua mãe te mandou pra cá pra poder viajar com ele,” eu disse. Fazer suposições parecia funcionar mais com ela do que fazer perguntas. Funcionou de novo. Seu queixo ficou proeminente e sua expressão de repente ficou dura.<br />“Não, ela não me mandou pra cá,” ela disse, e sua voz tinha novo tom, duro e irritado. Minha suposição a havia deixado triste, embora eu não pudesse entender o por que. “Eu mandei a mim mesma.”<br />Eu não consegui entender seu motivo, ou a razão por detrás de sua tristeza. Eu estava completamente perdido.<br />Então eu desisti. Essa garota simplesmente não fazia sentido algum. Ela não era como os outros humanos. Talvez o silêncio em seus pensamentos e o perfume em seu cheiro não fossem as únicas coisas incomuns nela.<br />“Eu não entendo,” eu admiti, odiando ceder.<br />Ela suspirou, e olhou nos meus olhos por mais tempo do que a maioria dos humanos normais seriam capazes de suportar.<br />“No início ela ficou comigo, mas ela sentia a falta dele,” ela explicou devagar, seu tom ficando mais desesperado a cada palavra. “Eu a fiz infeliz, então eu decidi que estava na hora de passar um tempo de qualidade com Charlie.”<br />A mínima ruga entre seus olhos se intensificou.<br />“Mas agora você está triste,” eu murmurei. Eu não conseguia parar de falar minhas hipóteses em voz alta, desejando aprender com suas reações. Esta, porem, não parecia tão diferente do normal.<br />“E?” ela disse, como se esse não fosse um aspecto que merecesse ser considerado.<br />Eu continuei olhando em seus olhos, sentindo que finalmente eu havia conseguido uma olhadela dentro de sua alma. Eu vi naquela única palavra onde ela havia posicionado ela mesma em sua lista de prioridades. Diferente dos outros humanos, suas próprias necessidades estavam bem abaixo na lista.<br />Ela era altruísta.<br />Quando notei isso, o mistério naquela pessoa se escondendo nessa mente silenciosa começou a desaparecer.<br />“Isso não parece justo,” eu disse. Eu encolhi meus ombros, tentando parecer casual, tentando omitir a intensidade de minha curiosidade.<br />Ela riu, mas não havia diversão no som. “Ninguém nunca disse a você? A vida não é justa.”<br />Eu queria rir com suas palavras embora eu, também, não tivesse me divertido. Eu sabia um pouco sobre a injustiça da vida. “Eu acredito que tenha ouvido isso em algum lugar antes.”<br />Ela olhou de volta para mim, parecendo confusa de novo. Ela desviou os olhos e depois olhou de novo nos meus.<br />“Então, isso é tudo,” ela me disse.<br />Mas eu não estava preparado para finalizar esta conversa. O pequeno “V” entre seus olhos, um resto de seu pesar, me perturbava. Eu queria arrancá-la com a ponta do meu dedo, mas obviamente eu não podia tocá-la. Isso não era seguro de varias formas.<br />“Você faz um belo show,” eu disse devagar, ainda considerando a próxima hipótese. “Mas eu seria capaz de apostar que você está sofrendo mais do que deixa os outros verem.”<br />Ela fez uma cara, seus olhos apertados e sua boca se torcendo em um beicinho, e ela olhou de volta para a frente da sala. Ela não gostou quando eu supus corretamente. Ela não era o mártir mediano - ela não queria uma platéia para sua dor.<br />“Eu estou errado?”<br />Ela recuou um pouco, mas por outro lado fingindo não me ouvir.<br />Isso me fez sorrir. “Eu pensei que não.”<br />“Por que isso te interessa?” ela quis saber, ainda olhando para longe.<br />“Esta é uma pergunta muito boa,” eu admiti, mais para mim mesmo do que para responder a ela.<br />Seu discernimento era melhor que o meu - ela estava bem no centro das coisas enquanto eu me debatia cegamente através das pistas. Os detalhes de sua vida muito humana não deviam interessar a mim. Era errado para mim me interessar pelo que ela pensava. Para proteger minha família das suspeitas, pensamentos humanos não eram significantes.<br />Eu não costumava ser o menos intuitivo em um par. Eu confiei no meu extra “ouvir demais” - eu obviamente não era tão perceptivo quanto eu achei que fosse.<br />A garota suspirou e ficou carrancuda encarando a frente da sala. Algo em sua expressão frustrada era engraçado. A situação em si, toda a conversa era engraçada. Ninguém nunca esteve tão em perigo por mim quanto esta pequena garota - a qualquer momento eu poderia, distraído pela minha ridícula absorção em nossa conversa me descontrolar e atacá-la antes que eu pudesse me segurar - e ela estava irritada porque eu não havia respondido sua pergunta.<br />“Eu estou perturbando você?” eu perguntei, rindo do absurdo daquilo tudo.<br />Ela me deu uma olhadela rapidamente, e depois seus olhos pareceram cair em minha armadilha.<br />“Não exatamente” ela me disse. “Eu estou mais perturbada comigo mesma. Minha cara é tão fácil de ser lida - minha mãe sempre diz que sou o livro aberto dela.”<br />Ela franziu as sobrancelhas de mau humor.<br />Eu olhei para ela me divertindo. A razão de ela estar de mau humor era porque ela pensava que eu vi através dela muito facilmente. Que bizarro. Eu nunca havia me esforçado tanto para compreender alguém em toda a minha vida - ou existência, quando vida não era a palavra adequada. Eu não tinha realmente uma vida.<br />“Pelo contrário,” eu discordei, me sentindo estranhamente… cauteloso, como se houvesse algum perigo escondido que eu estava falhando em ver. Eu estava subitamente na corda bamba, a premonição me fazendo ansioso. “Eu acho você muito difícil de ler.”<br />“Você deve ser um leitor muito bom, então,” ela supôs, fazendo sua própria suposição, que estava novamente correta.<br />“Normalmente,” eu concordei.<br />Eu sorri largamente para ela, deixando meus lábios retorcerem para expor os cintilantes e afiados dentes atrás deles.<br />Foi algo estúpido de fazer, mas fiz repentinamente, inesperadamente desesperado para expressar algum tipo de aviso para a menina. Seu corpo estava perto de mim como antes, inconscientemente deslocado no decorrer da nossa conversa. Todos os pequenos marcadores e cantos eram suficientemente assustadores para o resto da humanidade que não viam como trabalhar nela. Por que ela não se encolheu longe de mim com terror? Com certeza ela deve ter visto bastante do meu lado sombrio para perceber o perigo, ela parecia ser intuitiva.<br />Eu não vi se minha advertência teve o efeito desejado, Mr. Banner disse para a classe ter atenção apenas por aquele momento, e ela recuou para longe de mim ao mesmo tempo. Ela parecia um pouco aliviada por causa da interrupção, então talvez ela tenha compreendido inconscientemente.<br />Eu esperava que sim.<br />Eu reconheci o fascinio cada vez maior dentro de mim, mesmo estando cansado para cortá-lo para fora. Eu não podia me dar ao luxo de achar Bella Swan interessante. Ou melhor, ela não poderia se dar ao luxo. Eu já estava ansioso por alguma outra chance de falar com ela… Eu queria saber mais sobre sua mãe, sua vida antes de chegar aqui, seu relacionamento com seu pai. Todos as coisas sem sentido que poderia acrescentar detalhes ao seu caráter. Mas a cada segundo que eu gastei com ela foi um erro, um risco que ela não sabe que estava correndo.<br />Distraidamente, ela jogou seu cabelo. Por um momento eu me permiti outra respiração. Uma onda particularmente concentrada de seu cheiro bateu em minha garganta.<br />Era como o primeiro dia - como a destruição inicial. A dor que queimava e a sede me fez ficar tonto. Eu poderia agarrar a mesa de novo para manter meu corpo na cadeira. Agora eu tinha um pouco mais de controle. Eu não quebraria nada, no mínimo… O monstro rosnou dentro de mim, mas nada comparado com o prazer da minha dor. Ele estava também firmemente amarrado por aquele momento.<br />Eu parei de respirar completamente, e me inclinei o mais longe possivel da garota o quanto eu pude.<br />Não, eu não podia me dar ao luxo de achá-la fascinante… A mais interessante coisa que encontrei nela, provavelmente a maior, era aquela que eu poderia matá-la. Eu já tinha cometido dois pequenos erros hoje. Eu poderia cometer um terceiro, que não seria nada pequeno?<br />Um pouco antes do sinal tocar, eu abandonaria a sala de aula - provavelmente destruindo qualquer impressão de educação que eu havia construído no decorrer da hora. De novo, eu ofeguei por limpeza, o ar de fora estava úmido, como se fosse um perfume de cura. Eu me coloquei apressadamente ao máximo de distancia possível entre a garota e eu.<br />Emmet estava me esperando na porta da sala de Espanhol. Ele leu minha expressão louca por um momento.<br />Como foi? Ele perguntou cautelosamente.<br />“Ninguém morreu,” Eu resmunguei.<br />Eu achei isso. Quando eu vi a Alice andando por aqui quando acabou, eu pensei…<br />Nós andamos para a sala, eu vi sua memória por apenas alguns momentos antes, vendo pela porta aberta de sua última aula: Alice de rosto desligado andando em direção ao prédio de biologia. Eu senti que na sua lembrança ele sentia vontade de ir lá e se juntar a ela, e quando ele decidiu ficar. Se Alice precisasse de sua ajuda, ela poderia pedir…<br />Eu fechei meus olhos com horror e desgosto quando eu despenquei na minha cadeira. “Eu não pensei em realizar aquilo quando estava perto. Eu não pensei o que eu estaria fazendo… Eu não vi que aquilo poderia ser tão ruim,” Eu sussurei.<br />Não foi, ele me re-assegurou. Ninguém morreu, certo?<br />“Certo,” Eu disse entre os dentes. “Não dessa vez.”<br />Talvez fique mais fácil.<br />“Claro.”<br />Ou, talvez você a mate. Ele deu de ombros. Você não seria o primeiro a fazer besteira. Ninguém te julgaria duramente. Às vezes uma pessoa apenas cheira muito bem. Estou impressionado que você tenha resistido tanto tempo.<br />“Não está ajudando, Emmett.”<br />Eu estava revoltado com a sua aceitação da idéia de que eu mataria a garota, de que isso era de algum modo, inevitável. Era culpa dela que ela cheirasse tão bem?<br />Eu sei quando aconteceu pra mim… Ele lembrou, trazendo à tona metade de um século, para uma rua suja, onde uma mulher de meia idade estava tirando seus lençóis secos de um varal amarrado entre duas macieiras. O cheiro de maçãs era forte no ar - a colheita tinha acabado e as frutas rejeitadas estavam espalhadas pelo chão, os machucados nas suas cascas deixavam escapar as suas fragrâncias como grossas nuvens. Um campo recém cortado de feno era um fundo de paisagem para o cheiro, a harmonia. Ele andou pela rua, tudo menos distraído para a mulher, para entregar um pagamento por Rosalie. O céu lá encima estava púrpura, laranja acima das árvores. Ele teria continuado vagando pelo caminho das carroças e lá não teria nenhuma razão para lembrar daquela tarde, se não fosse por uma repentina brisa que soprou os lençóis brancos como velas e levou o cheiro da mulher até o rosto de Emmett.<br />“Ah,” Eu suspirei calmamente. Como se a minha própria sede não fosse o suficiente.<br />Eu sei. Eu não durei nem metade de um segundo. Eu nem pensei em resistir.<br />Sua memória se tornou muito explícita pra eu agüentar.<br />Eu fiquei em pé, meus dentes se trincaram forte o suficiente para cortar aço.<br />“Esta bien, Edward?” Señora Goff perguntou, assustada pelo meu brusco movimento. Eu podia ver o meu rosto na sua mente, e eu sabia que eu parecia longe de estar bem.<br />“Me perdona,” eu murmurei, enquanto eu me lançava para a porta.<br />“Emmett - por favor, puedas tu ayuda a tu hermano?” ela perguntou, gesticulando sem solução para mim enquanto eu me apressava pra sair da sala.<br />“Claro,” eu escutei ele falar. E logo ele já estava bem atrás de mim.<br />Ele me seguiu até o lado mais longe do prédio, onde ele me alcançou e pôs a sua mão no meu ombro.<br />Eu empurrei a mão dele pra longe com uma força desnecessária. Teria quebrado os ossos de uma mão humana, e os ossos do braço ligados a ela.<br />“Me desculpe, Edward.”<br />“Eu sei.” Eu extraí profundas arfadas de ar, tentando clarear a minha cabeça e os meus pulmões.<br />“É tão ruim quanto aquilo?” ele perguntou, tentando não pensar no cheiro e no sabor de sua memória enquanto ele perguntou, não tendo muito sucesso.<br />“Pior, Emmett, pior.”<br />Ele ficou quieto por um instante.<br />Talvez…<br />“Não, não seria melhor se eu acabasse logo com isso. Volte para a sala, Emmett. Eu quero ficar sozinho.”<br />Ele se virou sem falar nenhuma palavra ou pensamento e caminhou rapidamente. Ele diria para a professora de Espanhol que eu estava doente, ou matando aula, ou um vampiro perigosamente fora de controle. A desculpa dele realmente importava? Talvez eu não voltasse. Talvez eu tenha que partir.<br />Eu voltei pro meu carro novamente, para esperar o final da aula. Para me esconder, novamente.<br />Eu poderia ter usado o tempo para fazer decisões ou tentar reforçar minha explicação, mas, como um vício, eu me vi buscando através dos murmúrios de pensamentos que emanavam do prédio da escola. As vozes familiares se destacaram, mas eu não estava interessado em dar ouvidos as visões de Alice ou as reclamações de Rosalie agora. Eu achei Jessica facilmente, mas a garota não estava com ela, então continuei procurando. Os pensamentos de Mike Newton tomaram a minha atenção, e eu acabei achando-a, em um ginásio com ele. Ele estava triste, porque eu conversei com ela na aula de Biologia. Ele estava pensando sobre sua responsabilidade quando algo surgiu do nada…<br />Eu nunca o vi conversando com ninguém nada mais que uma palavra aqui ou ali. Claro que ele acabou achando Bella interessante. Eu não gosto do jeito que ele olha pra ela. Mas ela não parece estar muito interessada nele. O que ela disse? “Imagino o que ele tinha na segunda passada…” Algo assim. Não parece que ela tenha se importado. Isso não precisava fazer parte de uma conversa…<br />Ele falou consigo mesmo sobre seu pessimismo daquele jeito, confortado pela idéia de que Bella não estava interessada em sua troca de palavras comigo. Isso me incomodou um pouco mais do que o aceitável, então eu parei de escutá-lo.<br />Eu coloquei um CD com músicas pesadas no meu som, e então aumentei o som até que não dava pra ouvir mais vozes. Eu realmente tentei me concentrar na música para me manter longe dos pensamentos de Mike Newton, para espiar a garota inocente…<br />Eu trapaceei algumas vezes, enquanto chegava a hora. Não espiando, eu tentava me convencer. Eu estava apenas me preparando. Eu queria saber quando exatamente iria sair do ginásio, quando ela estaria no estacionamento… Eu não queria pegá-la de surpresa.<br />Enquanto os estudantes começaram a sair das portas do ginásio, eu saia do meu carro, não sabendo por que eu fiz isso. A chuva estava fraca - eu ignorei isso enquanto ela ia lentamente saturando o meu cabelo.<br />Eu queria que ela me visse aqui? Eu esperava que ela viesse e falasse comigo? O que eu estava fazendo?<br />Eu não me mexi, apesar de eu estar tentando me convencer a voltar para o carro, sabendo que o meu comportamento era repreensível. Eu mantive meus braços sobre o meu peito e respirei bem devagar enquanto eu observava ela passar devagar por mim, seus lábios caídos nas extremidades. Ela não olhou para mim. Algumas vezes ela lançou os olhos em direção às nuvens com uma careta, como se eles a ofendessem.<br />Eu estava desapontado quando ela chegou no seu carro antes de passar por mim. Ela devia ter falado comigo? Eu devia ter falado com ela?<br />Ela entrou em uma caminhonete vermelha desbotada da Chevy, um monstro robusto que é mais velho que o seu pai. Eu observei ela dar a partida na caminhonete - o motor velho roncou mais alto que qualquer veículo no estacionamento - e então, ela botou suas mãos em direção ao vento quente. O frio era desconfortável para ela - não gostava nem um pouco disso. Ela passou seus dedos pelos cabelos emaranhados, esticando os nós através da corrente de ar quente, como se estivesse secando-o. Eu imaginei como a boléia daquele caminhão deveria cheirar, e então rapidamente me desfiz desse pensamento.<br />Ela olhou ao redor enquanto se preparava para dar ré, e finalmente olhou em minha direção. Ela olhou para mim por apenas meio segundo, e tudo o que consegui ler em seus olhos foi surpresa, antes dela virar os seus olhos pro outro lado e passar a marcha ré. E então freou repentinamente, e a traseira da caminhonete ficou a alguns centímetros de bater no carro de Erin Teague.<br />Ela deu uma olhada no espelho retrovisor, sua boca aberta com o constrangimento. Quando o outro carro passou por ela, olhou todos os pontos cegos duas vezes e então saiu da área do estacionamento tão cuidadosamente que isso me fez sorrir. É como se ela pensasse que sua caminhonete decrépita fosse perigosa.<br />O pensamento de Bella Swan poder fazer mal a qualquer um, não importa que ela estava dirigindo, me fez rir quando passou por mim, olhando fixamente.<br /><br /><a title="Link permanente para Terceiro Capítulo - Midnight Sun" href="http://foforks.com.br/2008/08/terceiro-capitulo-midnight-sun/">Terceiro Capítulo - Midnight Sun</a><br />3. Fenômeno<br />Sinceramente, eu não estava sedento, mas eu decidi caçar novamente naquela noite. Uma pequena quantidade para prevenir, eu sei que seria inadequado.<br />Carlisle veio comigo; nós não ficávamos juntos sozinhos desde que eu retornei de Denali. Enquanto nós corríamos pela floresta negra, eu o escutei pensando sobre aquele rápido adeus da semana passada.<br />Em sua memória, eu vi a maneira que as minhas feições tinham se contraído em um feroz desespero. Eu senti a surpresa dele e a repentina preocupação.<br />“Edward?”<br />“Eu tenho que ir Carlisle. Tenho que ir agora.”<br />“O que aconteceu?”<br />“Nada. Ainda. Mas irá, se eu ficar.”<br />Ele alcançou o meu braço. Eu senti como doeu para ele quando eu recuei da sua mão.<br />“Eu não entendo.”<br />“Você já… já houve algum momento…”<br />Eu me vi dando uma profunda respiração, vi a selvagem luz nos meus olhos através do filtro de preocupação dele.<br />“Alguém já cheirou pra você melhor do que o resto das pessoas? Muito melhor?”<br />“Oh.”<br />Quando eu soube que ele tinha entendido, meu rosto caiu com vergonha. Ele me alcançou para me tocar, ignorando quando eu recuei de novo, e deixou sua mão em meu ombro.<br />“Faça o que você deve para resistir, filho. Sentirei tua falta. Aqui, pegue o meu carro. É mais rápido.”<br />Ele estava se perguntando agora se ele tinha feito a coisa certa antes, me mandando para longe. Se perguntando se ele teria me machucado com a sua falta de confiança.<br />“Não,” eu sussurrei enquanto eu corria. “Aquilo era o que eu precisava. Eu poderia tão facilmente ter traído aquela confiança, se você tivesse me falado pra ficar.”<br />“Desculpe se você está sofrendo, Edward. Mas você deve fazer o que pode para manter a criança Swan viva. Mesmo se isso signifique que você tem que nos deixar novamente.”<br />“Eu sei, eu sei.”<br />“Por que você voltou? Você sabe o quão feliz eu fico por te ter aqui, mas se isso é muito difícil…”<br />“Eu não gostei de me sentir um covarde,” eu admiti.<br />Nós desaceleramos - nós estávamos praticamente caminhando através da escuridão agora.<br />“Melhor do que botar ela em perigo. Ela partirá em um ano ou dois.”<br />“Você tem razão, eu sei disso.” Ao contrário, apesar, as palavras dele apenas me deixaram mais ansioso pra ficar. A garota partiria em um ano ou dois…<br />Carlisle parou de correr e eu parei com ele; ele se virou para examinar a minha expressão.<br />Mas você não vai fugir, vai?<br />Eu deixei a minha cabeça cair.<br />É por orgulho, Edward? Não há porque ter vergonha -<br />“Não, não é o orgulho que me mantêm aqui. Não agora.”<br />Você precisa ir neste momento?<br />Eu suspirei brevemente. “Não. Isso não é por mim, se fosse por mim, eu já teria ido.”<br />“Eu vou ficar com você, é claro, se você precisar. É só você dizer. É só você não se queixar ao resto. Eles não terão má vontade com isso.”<br />Ergui uma das sobrancelhas.<br />Ele suspirou. “Sim, Rosalie poderia, mas ela não deveria. Seja como for, é muito melhor para nós, irmos agora, sem ter feito nenhum dano, do que irmos mais tarde, depois de que uma vida tenha sido encerrada,” Todo humor havia chegado ao fim.<br />Eu fiquei com medo de suas palavras.<br />“Sim,” Eu concordei. Minha voz soou rouca.<br />Mas você está partindo?<br />Eu suspirei. “Eu deveria.”<br />“O que você está fazendo aqui, Edward? Não consigo ver…”<br />“Não sei como explicar,” Mesmo para mim, ainda não fazia sentido.<br />Ele mediu minha expressão por um longo tempo.<br />Não, eu não consigo ver. Mas eu vou respeitar sua privacidade, se você prefere.<br />“Muito obrigado. É generoso de sua parte, eu não dou privacidade a ninguém.” Com uma exceção. E eu estava fazendo o que eu podia para impedir isso, não estava?<br />Todos nós temos nossas peculiaridades. Ele riu novamente. Vamos?<br />Ele havia acabado de sentir o rastro de um pequeno rebanho de cervos. Era difícil reunir muito entusiasmo pelo que era, mesmo nas melhores circunstâncias, um aroma que fazia menos que dar água na boca. Agora, certamente, com a memória do sangue fresco da garota na minha mente, o aroma na verdade revirava o meu estômago.<br />Eu suspirei. “Vamos,” eu concordei, apesar de saber que forçar mais sangue por minha garganta não ajudaria muito.<br />Nós dois assumimos uma posição de caçada e deixamos o rastro que nos guiasse e nos puxamos em silêncio para frente.<br />Estava mais frio quando voltamos para casa. A neve derretida havia congelado novamente; era como se um fino lençol de vidro cobrisse tudo - cada ponta de pinheiro, cada folha das plantas, cada lâmina de grama estava congelada.<br />Enquanto Carlisle foi se vestir para seu primeiro turno no hospital, eu fiquei perto do rio, esperando o sol nascer. Eu me sentia quase inchado de tanto sangue que havia consumido, mas eu sabia que a falta de sede significaria pouco quando eu sentasse ao lado da garota de novo.<br />Frio e estático como a pedra em que me sentava, eu encarei a água fria que corria ao lado da margem congelada, encarando aquela cena.<br />Carlisle estava certo. Eu devia deixar Forks. Eles poderiam espalhar alguma história para explicar a minha ausência. Intercâmbio na Europa. Visitando parentes distantes. Fuga adolescente. A história não importava. Ninguém ia questionar muito.<br />Levaria apenas um ano ou dois para a garota desaparecer. Ela seguiria enfrente com a vida dela - ela teria que seguir enfrente com sua vida. Ela iria à faculdade de algum lugar, ficar mais velha, começar uma carreira, possivelmente até se casar com alguém. Eu podia imaginar isso - Eu podia ver a garota toda vestida de branco andando em uma profunda paz, de braços dados com seu pai.<br />Era sem igual a dor que aquela imagem me causou. Eu não podia entender aquilo. Eu estava com ciúmes, por que ela tinha um futuro que eu nunca teria? Aquilo não fazia sentido. Todos os humanos a minha volta tinham o mesmo potencial - uma vida - eu raramente tinha parado para envejá-los.<br />Eu devia deixá-la para seu futuro. Parar de arriscar a vida dela. Essa era a coisa mais certa a se fazer. Carlisle sempre escolhia o jeito certo. Eu devia escutá-lo agora.<br />O sol aumentou atrás das nuvens, e a luz fraca brilhou de todo o vidro congelado<br />Mais um dia, eu decidi. Eu podia vê-la uma vez mais. Podia lidar com aquilo. Possivelmente eu mencionaria o meu desaparecimento pendente, trazendo a história a tona.<br />Aquilo seria difícil; Eu podia sentir isso em cada pesada relutância que já estava me fazendo pensar em desculpas para dizer - para estender o prazo por dois dias, três, quatro… Mas eu não estaria fazendo a coisa certa. Eu sabia que podia confiar no aviso de Carlisle. E eu também sabia que podia ser muito difícil tomar a decisão certa sozinho.<br />Muito difícil. O quanto dessa relutância vinha da minha obsessiva curiosidade, e quanto vinha do meu insatisfeito apetite?<br />Eu entrei para trocar de roupa, para ir à escola.<br />Alice estava esperando por mim, sentada no topo da borda do terceiro andar.<br />Você está indo embora de novo, ela me acusou.<br />Suspirei e acenei com cabeça<br />Eu não consigo ver onde você está indo desta vez.<br />“Eu não sei para onde estou indo ainda,” eu sussurrei.<br />Eu quero que você fique.<br />Eu balancei minha cabeça.<br />Talvez eu e Jazz possamos ir com você?<br />“Eles vão precisar mais de você agora, se eu não estou aqui para olhar por eles. E pense em Esme. Eu levaria metade da família dela embora de uma vez?”<br />Você vai fazê-la tão triste.<br />“Eu sei. Por isso você tem que ficar.”<br />Não é o mesmo sem você aqui, você sabe disso.<br />“Sim. Mas eu tenho que fazer o que é certo.”<br />Existem vários jeitos certos, e muitos errados, pense, não está lá?<br />Por um curto momento ela foi até uma de suas estranhas visões; eu assisti junto com ela como as imagens indistintas apareciam e giraram. Eu vi a mim mesmo dentro dessas visões com estranhas sombras que eu não conseguia compreender - nebulosas, imprecisas formas.<br />E então, de repente, minha pele estava brilhando na luz do sol de uma pequena e aberta clareira. Eu conhecia este lugar. Havia uma figura na clareira comigo, mas novamente, era indistinta, não ali o suficiente para reconhecer. As imagens tremeram e desapareceram quando um milhão de pequenas escolhas rearranjaram o futuro novamente.<br />“Eu não absorvi muito disso,” eu disse quando a visão ficou escura.<br />Eu também. Seu futuro está mudando e mudando tanto que eu não consigo acompanhar. Mas eu acho que…<br />Ela parou, e vagueou por uma vasta coleção de outras visões recentes para mim. Eram todas iguais - borradas e vagas.<br />“Eu acho que algo está mudando, na verdade,” ela disse em voz alta. “Sua vida parece que alcançou uma encruzilhada.”<br />Eu ri, austero. “Você tem noção de que soa como uma cigana charlatona em um parque de diversões agora, certo?”<br />Ela mostrou sua pequena língua.<br />“Hoje está tudo bem, não é?” perguntei, minha voz abruptamente apreensiva.<br />“Não vejo você matando ninguém hoje,” ela me garantiu.<br />“Obrigado, Alice.”<br />“Vá se trocar. Não direi nada - deixarei que você conte aos outros quando estiver pronto.”<br />Ela levantou-se e seguiu escada abaixo, seus ombros um pouco curvados. Sentirei sua falta. Muito.<br />Sim, eu também sentiria a falta dela.<br />Foi uma viagem quieta até o colégio. Jasper podia dizer que Alice estava brava com alguma coisa, mas ele sabia que se ela quisesse falar sobre isso já o teria feito. Emmett e Rosalie estavam distraídos, tendo outro de seus momentos, olhando um nos olhos do outro com admiração- era um tanto nojento de se assistir pelo lado de fora. Nós todos sabíamos o quão desesperadamente apaixonados eles estavam. Ou talvez eu apenas estivesse sendo amargo por ser o único sozinho. Alguns dias eram piores que outros de se conviver com três casais perfeitos e apaixonados. Esse era um desses dias.<br />Talvez eles fossem mais felizes sem mim por perto, com meu temperamento ruim e hostil como o senhor de idade que eu deveria ser agora.<br />Claro, a primeira coisa que fiz quando chegamos ao colégio foi procurar a garota. Apenas me preparando novamente.<br />Certo.<br />Era embaraçoso como meu mundo de repente parecia ser vazio de tudo, menos ela - toda a minha existência centrada ao redor dessa garota, ao invés de em mim mesmo.<br />Era fácil de entender, na verdade; depois de oitenta anos da mesma coisa, todo dia, toda noite, qualquer mudança era motivo de interesse.<br />Ela ainda não chegara, mas eu podia ouvir o barulho de trovão do motor de sua picape ao longe. Inclinei-me ao lado do carro para esperar. Alice esperou comigo, enquanto os outros foram direto para suas aulas. Estavam entediados com minha fixação - era incompreensível para eles como qualquer humano pudesse despertar tanto interesse em mim por tanto tempo, não importava o quão delicioso o cheiro dela era.<br />A garota aos poucos entrou em meu campo de visão, seus olhos na estrada e suas mãos segurando com força o volante. Ela parecia ansiosa com algo. Levei um segundo para entender o que o algo seria, para perceber que todo humano tinha a mesma expressão hoje. Ah, a estrada estava escorregadia por causa do gelo, e eles estavam todos dirigindo com cuidado. Eu podia ver que ela levava o risco a sério.<br />Aquilo parecia alinhado com o pouco que eu já aprendera sobre sua personalidade. Adicionei aquilo à pequena lista: ela era uma pessoa séria, responsável.<br />Ela estacionou não muito longe de mim, mas ainda não notara minha presença ainda, encarando-a. Pensei no que ela faria quando percebesse? Coraria e iria embora?<br />Aquele era meu primeiro palpite. Mas talvez ela me encarasse de volta. Talvez ela viesse falar comigo.<br />Inspirei fundo, enchendo meus pulmões. Esperançoso, apenas por precaução.<br />Ela saiu da picape com cuidado, testando o chão escorregadio antes que ela pusesse todo seu peso nele. Não olhou para cima, e isso me frustrou. Talvez eu devesse falar com ela…<br />Não, isso seria errado.<br />Ao invés de virar em direção ao colégio, ela caminhou até a traseira da picape, segurando-se no lado da picape de um jeito atrapalhado, não confiando em seus passos. Isso me fez sorrir, e eu senti os olhos de Alice em meu rosto. Não ouvi seja lá o que isso a fez pensar - eu estava me divertindo muito observando a garota checar as correntes nos pneus. Ela realmente parecia que estava prestes a escorregar, da maneira que seus pés deslizavam no chão. Ninguém mais parecia ter o mesmo problema - teria ela estacionado na pior parte do gelo?<br />Ela parou por um momento, olhando para os pneus com uma expressão estranha no rosto. Era… ternura? Como se algo com relação aos pneus a deixasse… emocionada?<br />Novamente, a curiosidade doeu como a sede. Era como se eu precisasse saber o que ela estava pensando - como se mais nada importasse.<br />Eu iria falar com ela. Ela parecia que precisava de uma ajuda de qualquer modo, pelo menos até que ela estivesse fora da zona escorregadia de gelo. Claro, eu não poderia lhe oferecer ajuda, não é? Hesitei, dividido. Por mais contrária que ela parecia com relação à neve, dificilmente ela acharia agradável o toque de minhas mãos brancas e frias. Eu devia ter usado luvas -<br />“NÃO!” Alice ofegou alto.<br />Instantaneamente, li seus pensamentos, imaginando primeiro que eu deveria ter feito uma escolha ruim e ela me viu fazendo algo imperdoável. Mas não era nada a ver comigo.<br />Tyler Crowley escolhera fazer a curva do estacionamento rápido demais. Essa escolha o faria deslizar no gelo…<br />A visão aconteceu a menos de meio segundo da realidade. A van de Tyler rodou na esquina enquanto eu assistia o final que deixou Alice sem fôlego.<br />Não, essa visão não tinha nada a ver comigo, mas ainda assim tinha tudo a ver comigo, porque a van de Tyler - os pneus agora tocando o gelo num ângulo pior, impossível - ia rodar pelo estacionamento e bater na garota que se tornara o foco não intencional de meu mundo.<br />Mesmo sem Alice prevendo, teria sido fácil adivinhar a trajetória do veículo, saindo do controle de Tyler.<br />A garota, parada no lugar exatamente errado na traseira da picape, olhou para cima, confusa com o barulho dos pneus cantando no asfalto. Ela olhou diretamente nos meus olhos horrorizados, e virou-se para observar sua morte iminente.<br />Ela, não! As palavras gritaram em minha mente, como se pertencessem a outra pessoa.<br />Ainda preso aos pensamentos de Alice, percebi que a visão de repente se modificava, mas não tive tempo de ver o que aconteceria então.<br />Atirei-me pelo estacionamento, jogando-me entre a van desgovernada e a garota petrificada. Movimentei-me tão depressa que tudo parecia apenas um borrão, menos o objeto em que eu estava focado. Ela não me viu - nenhum olho humano conseguiria acompanhar minha movimentação - ainda encarando a forma que estava prestes a prensá-la na estrutura metálica de sua picape.<br />A peguei pela cintura, movendo com urgência para ser tão gentil quanto fosse possível. No centésimo de segundo entre o tempo que levei para tirá-la do caminho da morte e o tempo que levei para cair no chão com ela em meus braços, eu estava vividamente consciente da fragilidade de seu corpo.<br />Quando ouvi sua cabeça bater contra o gelo, senti como se eu tivesse virado gelo também.<br />Mas eu não tinha nem mesmo um segundo inteiro para me certificar de sua condição. Escutei a van atrás de nós, girando barulhenta enquanto batia no corpo metálico da picape da garota. Estava mudando de curso, virando-se, vindo até ela novamente - como se ela fosse um ímã, puxando-a para nós.<br />“Droga,” sibilei.<br />Eu já havia feito muito. Enquanto eu voava pelo ar para tirá-la do caminho, eu estava consciente do erro que estava cometendo. Saber que era um erro não me impediu, mas eu não estava alheio ao risco que estava assumindo - assumindo, não apenas para mim, mas para toda minha família.<br />Revelação.<br />E isso certamente não ajudaria, mas não havia a menor chance de eu deixar a van obter sucesso em sua segunda tentativa de tirar a vida da garota.<br />A deixei no chão e ergui minhas mãos, segurando a van antes que ela pudesse tocar a garota. A força do movimento me lançou de encontro ao carro parado ao lado da picape, e eu podia sentir sua forma afundar por meus ombros. A van tremeu contra o obstáculo que eram meus braços, e então girou, balançando instável nos dois pneus mais afastados.<br />Se eu movesse minhas mãos, o pneu traseiro da van ia cair nas pernas dela.<br />Ah, pelo amor de tudo que é sagrado, as catástrofes nunca teriam fim? Havia mais alguma coisa pra dar errado? Eu não podia ficar ali, segurando a van no ar, e esperando por resgate. Mas não podia jogar a van longe - havia o motorista a considerar, seus pensamentos incoerentes pelo pânico.<br />Com um rugido interno, empurrei a van para que ela se afastasse de nós por um instante. Enquanto ela balançava novamente em minha direção, a segurei por debaixo de sua forma com minha mão direita enquanto enrolava meu braço esquerdo em volta da cintura da garota novamente e a arrastava de debaixo da van, puxando-a apertada a meu lado. Seu corpo se moveu mole enquanto eu a virava para que suas pernas estivessem livres - estaria ela consciente? Quanto dano eu a teria infligido em minha desastrosa tentativa de resgate?<br />Deixei a van cair, agora que não podia mais machucá-la. Ela bateu no pavimento, as janelas tremendo em uníssono.<br />Eu sabia que estava no meio de uma crise. O quanto ela teria visto? Mais alguém teria me visto materializar ao lado dela e então segurado a van enquanto tentava tirar a garota de debaixo dela? Essas questões deveriam ser minha maior preocupação.<br />Mas eu estava ansioso demais para realmente me importar com a ameaça de exposição o tanto que eu deveria. Muito tomado pelo pânico de que eu poderia tê-la machucado em meu esforço de protegê-la. Muito assustado de tê-la tão próxima a mim, sabendo que assim eu sentiria seu cheiro se eu me permitisse respirar. Muito consciente do calor de seu corpo macio, pressionado ao meu - mesmo pelo obstáculo duplo de nossas jaquetas, eu podia sentir o calor…<br />O primeiro medo foi o maior. Quando os gritos das testemunhas se ergueu a nossa volta, me inclinei para examinar seu rosto, para ver se ela estava consciente - esperando ansiosamente para que ela não estivesse sangrando.<br />Seus olhos estavam abertos, encarando em choque.<br />“Bella?” Perguntei urgentemente. “Você esta bem?”<br />“Estou bem.” Ela disse, suas palavras soaram automáticas com tom atordoado.<br />Alívio. Era tão esquisito quanto doloroso, o banho que veio a mim com o som da sua voz. Eu inspirei um pouco entre meus dentes, e não me importei com a queimação que estava na minha garganta. Eu quase dei as boas-vindas.<br />Ela se esforçou para sentar-se, mas eu não estava pronto para soltá-la. Se eu soltasse… seria mais seguro? Melhor, no mínimo, tê-la enroscada em mim.<br />“Cuidado,” Eu a avisei. “Acho que você bateu sua cabeça com força.”<br />Não estava cheirando a sangue novo - uma piedade - mas isso não quer dizer nada sobre o dano interno. Eu estava inesperadamente ansioso para levá-la ao Carlisle e ao seu completo equipamento de radiologia.<br />“Ai,” ela disse, seu tom comicamente chocado quando ela percebeu que eu estava certo sobre sua cabeça.<br />“Foi isso que pensei”. Aliviadamente foi engraçado para mim, me fez ficar mais tonto.<br />“Como foi que…” Sua voz falhou, e seus olhos tremeram. “Como foi que chegou aqui tão rápido?”<br />O alivio voltou azedo, o humor desapareceu. Ela percebeu demais.<br />Agora pareceu que a garota estava em postura séria, a ansiedade pela minha família estava séria.<br />“Eu estava bem ao seu lado, Bella.” Eu sabia por experiência que se eu tivesse muita auto-confiança poderia mentir, de uma maneira que qualquer questionamento poderia parecer verdade.<br />Ela esforçou-se para se mover de novo, e nessa hora eu me permiti. Eu precisava respirar tanto que eu poderia fazer meu papel corretamente, eu precisava de espaço do seu corpo caloroso, delicioso e quente tanto que não poderia combinar com sua mensagem de desespero para mim. Eu deslizei para longe dela, o mais longe o possível no pequeno espaço entre os destroços do veículo.<br />Ela me olhou e eu a olhei também. Para olhar para longe, seria um primeiro erro que apenas um mentiroso incompetente poderia fazer, e eu não era um mentiroso incompetente. Minha expressão estava suave, benigna… Seu rosto pareceu confuso. Isso era bom.<br />A cena do acidente estava cercada agora. Tantos estudandes, crianças, colegas se empurrando feito manivelas para ver qualquer corpo que fosse visivel. Ali as falas eram inteligíveis com os altos gritos dos pensamentos chocados. Eu escaniei os pensamentos uma vez para ter certeza que não havia ninguém desconfiado ainda, e então pude desligar e me concentrar apenas na garota.<br />Ela estava distraída por causa da confusão. Ela deu uma olhada por perto, sua expressão continuou chocada e cansada para se manter em pé.<br />Eu coloquei minha mão levemente para empura-la.<br />“Fique quieta por enquanto.” Ela parecia bem, mas ela poderia mesmo mover seu pescoço? De novo, eu ansiei por Carlisle. Meus olhos como estudante teórico de medicina não se igualavam com seus séculos de medicina prática.<br />“Mas está frio,” Ela reclamou.<br />Ela quase tinha sido esmagada até a morte duas vezes de formas distintas e se ferido uma vez mais, e era esse frio que a estava incomodando. Um pedaço da memória deslizou em meus dentes, depois eu pude lembrar que a situação não foi engraçada.<br />Bella piscou, e seus olhos focaram no meu rosto. “Você estava lá.”<br />Aquilo soou sério para mim de novo.<br />Ela deu uma olhada para trás, viu que não tinha nada para ver além da Van amassada. “Você estava perto do seu carro.”<br />- Não estava não.<br />- Vi você. - ela insistiu; a voz dela era infantil quando era teimosa. Seu queixo sobressaiu.<br />- Bella, eu estava parado do seu lado e tirei você do caminho.<br />Eu encarei fundo em seus olhos intensos, tentando convencê-la a aceitar minha versão - a única racional disponível.<br />O queixo dela se endureceu. - Não.<br />Eu tentei ficar calmo, não entrar em pânico. Se eu pudesse a manter calada por alguns momentos, me dar uma chance de destruir a evidência… e negar a história dela alegando uma lesão na cabeça.<br />Não deveria ser fácil manter essa garota silenciosa e reservada calada? Se ela confiasse em mim, só por alguns instantes…<br />-Por favor, Bella. - eu disse, e minha voz estava muito intensa, porque de repente eu queria que ela confiasse em mim. Queria muito, e não só por causa do acidente. Que vontade estúpida. Que sentido faria ela confiar em mim?<br />- Por quê? - ela perguntou, ainda na defensiva.<br />- Confie em mim. - eu pedi.<br />- Promete que vai me explicar tudo depois?<br />Deixou-me nervoso ter que mentir para ela de novo, quando eu queria tanto que eu merecesse a confiança dela. Então, quando eu a respondi, retruquei.<br />- Tudo bem.<br />- Tudo bem. - ela revidou no mesmo tom.<br />Enquanto a tentativa de resgate começava ao nosso redor - adultos chegando, autoridades foram chamadas, sirenes à distância - eu tentei ignorar a garota e colocar minhas prioridades em ordem. Busquei em cada mente no estacionamento, das testemunhas e das que chegaram depois, mas não consegui achar nada de perigoso. Muitos estavam surpresos de me ver ao lado de Bella, mas todos concluíram - porque não havia mais nenhuma conclusão a se tirar - que eles não tinham me notado parado ao lado da menina antes do acidente.<br />Ela era a única que não aceitava a explicação mais fácil, mas também seria considerada a fonte menos confiável. Ela estava aterrorizada, traumatizada, para não falar a pancada na cabeça. Possivelmente em choque. Seria aceitável para a história dela estar confusa, certo? Ninguém a daria atenção com tantos outros expectadores.<br />Eu recuei quando ouvi os pensamentos de Rosalie, Jasper e Emmett, que chegavam agora na cena. Seria o inferno pagar por isto à noite…<br />Eu queria resolver o problema da fissura que meus ombros tinham deixado no carro caramelo, mas a garota estava perto demais. Teria que esperar até que ela estivesse distraída.<br />Era frustrante esperar - tantos olhos humanos em mim - enquanto os humanos lutavam com a van, tentando tirá-la de nós. Eu podia ter ajudado, apressado o processo, mas já estava com problemas suficientes e a menina tinha olhos atentos. Finalmente, eles conseguiram afastá-la longe o suficiente para que os paramédicos entrassem com as macas.<br />Um rosto grisalho e familiar apareceu.<br />- Oi, Edward. - Brett Warner disse. Ele também era um enfermeiro registrado, e eu o conhecia bastante bem do hospital. Foi um golpe de sorte - a única sorte de hoje - foi ele quem chegou até nós primeiro. Em seus pensamentos, ele estava notando que eu parecia alerta e calmo. - Você está bem, garoto?<br />- Perfeito, Brett. Nada me acertou. Mas receio que a Bella aqui talvez tenha uma concussão. Ela bateu a cabeça forte quando a tirei da frente…<br />Brett se virou para a menina, que me lançou um olhar traído. Ah, estava certo. Ela era o tipo de mártir calado - preferia sofrer em silêncio.<br />Ela não contradisse minha história imediatamente e isso me deixou melhor.<br />O próximo paramédico insistiu que eu me deixasse ser tratado, mas não foi tão difícil desencorajá-lo. Eu prometi que deixaria meu pai me examinar, e ele desistiu. Com a maioria dos humanos, só falar com confiança era necessário. Com a maioria dos humanos, menos a menina, é claro. Ela se encaixava em algum padrão?<br />Quando eles colocaram o protetor de pescoço nela - e seu rosto ficou escarlate de vergonha - usei a distração para arrumar silenciosamente o formato do amassado no carro caramelo com meu pé. Só meus irmãos notaram o que eu estava fazendo e escutei a promessa mental de Emmett de arrumar o que eu deixasse para trás.<br />Agradecido pela ajuda dele - e mais agradecido que Emmett, pelo menos, já tinha perdoado minha escolha perigosa - fiquei mais relaxado quando subi no banco da frente da ambulância ao lado de Brett.<br />O chefe de polícia chegou antes que eles colocassem Bella no fundo da ambulância.<br />Embora os pensamentos do pai de Bella estivessem além das palavras, o pânico e a preocupação emanando da mente do homem como qualquer outro nos arredores. Ansiedade e culpa sem palavras, muito dos dois sentimentos, o lavou quando ele viu sua única filha na maca.<br />Lavaram dele e passaram para mim, ecoando e ficando mais forte. Quando Alice tinha me avisado que matar a filha de Charlie Sawn o mataria também, ela não estava exagerando.<br />Minha cabeça se curvou de culpa enquanto escutava sua voz em pânico.<br />- Bella! - ele gritou.<br />- Eu estou bem Char… pai. - ela suspirou. - Não há nada de errado comigo.<br />A garantia dela mal acalmou o terror dele. Ele se virou para o paramédico mais perto e pediu mais informação.<br />Não foi até eu o ouvir falando, formando frases perfeitamente coerentes tirando seu pânico que eu percebi que a ansiedade e preocupação dele não eram além das palavras. Eu só… não podia ouvir as palavras exatas.<br />Hmm. Charlie Swan não era tão silencioso como a filha, mas eu podia ver de onde ela tinha herdado. Interessante.<br />Nunca tinha passado muito tempo envolta do chefe de polícia da cidade. Sempre o considerei um homem de raciocínio lento - agora eu entendi que eu é que era lento. Os pensamentos dele eram parcialmente ocultos, não ausentes. Eu só podia escutar o caráter deles, o tom…<br />Queria escutar com mais atenção, ver se eu podia achar nessa nova pequena peça a chave para os segredos da garota. Mas Bella foi trancada na parte trazeira então, e a ambulância estava seguindo seu caminho.<br />Era difícil me desviar dessa possível solução para o mistério que tinha me deixado obcecado. Mas eu tinha que pensar agora - olhar o que havia sido feito hoje de cada ângulo. Eu tinha que escutar, ter certeza de que não tinha colocado todos nós em tanto perigo que teríamos que partir imediatamente. Tinha que me concentrar.<br />Não havia nada nos pensamentos dos paramédicos para me preocupar. Até onde eles sabiam, não tinha nada de errado com a garota. E Bella estava mantendo a história que eu tinha contado, até agora.<br />A prioridade, quando chegamos ao hospital, era ver Carlisle. Eu corri pelas portas automáticas, mas fui incapaz de abrir mão de assistir totalmente a Bella; continuei prestando atenção nela através dos pensamentos dos paramédicos.<br />Foi fácil achar a mente familiar de meu pai. Ele estava um seu escritório pequeno, sozinho - o segundo golpe de sorte desse dia azarado.<br />- Carlisle.<br />Ele escutou minha aproximação, e ficou alarmado assim que viu meu rosto. Ele ficou em pé, pálido como um fantasma. Ele se inclinou para frente da mesa de nogueira organizada.<br />Edward, você não…<br />- Não, não, não é isso.<br />Ele respirou fundo. Claro que não. Desculpe que pensei isso. Seus olhos, claro, eu devia reconhecido… Ele notou meus olhos ainda eram dourados com alívio.<br />- Mas ela está machucada, Carlisle, provavelmente não é grave, mas…<br />- O que aconteceu?<br />- Um acidente de carro estúpido. Ela estava no lugar errado, na hora errada. Mas eu não podia fica parado lá - deixar que fosse atropelada…<br />Comece de novo, eu não entendo. Como você se envolveu?<br />- Uma van derrapou no gelo. - eu sussurrei. Olhei a parede atrás dele enquanto falava. Ao invés de ser coberta com diplomas, ele tinha só uma pintura à óleo, uma de suas favoritas, um Hassam não descoberto. - Ela estava no caminho. Alice viu acontecendo, mas não havia tempo para fazer nada além de correr pelo estacionamento e tirá-la da frente. Ninguém notou… exceto ela. Eu tive que parar a van também, mas de novo, ninguém viu… a não ser ela. Eu… eu sinto muito, Carlsile. Não queria nos colocar em perigo.<br />Ele deu a volta na mesa e colocou a mão no meu ombro.<br />Você fez a coisa certa. E não deve ter sido fácil para você. Estou orgulhoso, Edward.<br />Eu o olhei nos olhos. - Ela sabe que tem algo… de errado comigo.<br />- Isso não importa. Se tivermos que ir embora, nós iremos. O que ela disse?<br />Balancei a cabeça, um pouco frustrado. - Nada, ainda.<br />Ainda?<br />- Ela concordou com a minha versão dos eventos… mas está esperando uma explicação.<br />Ele franziu a testa, pensando.<br />- Ela bateu a cabeça - bom, eu fiz isso. - continuei rapidamente. - Eu a bati contra o chão com bastante força. Ela parece bem, mas… não acho que será difícil desacreditá-la.<br />Senti-me rude só de dizer as palavras.<br />Carlisle ouviu o desgosto na minha voz. Talvez isso não seja necessário. Vamos ver o que acontece, está bem? Parece que tenho uma paciente para ver.<br />- Por favor. - eu disse. - Estou preocupado que a tenha machucado.<br />A expressão de Carslile se aliviou. Ele passou o dedo pelo cabelo, só alguns tons mais claro que seus olhos dourados, e riu.<br />Foi um dia interessante para você, não foi? Em sua mente, eu podia ver a ironia, e era engraçada - para ele, pelo menos. Uma inversão de papéis. Durante aquele momento curto e impensado em que corri pelo estacionamento congelado, eu tinha passado de assassino para protetor.<br />Eu ri com ele, lembrando de ter certeza de que Bella nunca precisaria de proteção de nada além de mim mesmo. Minha risada tinha um tom irritado porque, apesar da van, isso ainda era verdade.<br />Eu esperei no escritório de Carlsile - uma das horas mais compridas que já vivi - escutando o hospital cheio de pensamentos.<br />Tyler Crowley, o motorista da van, parecia estar mais machucado que Bella, e a atenção se voltou para ele enquanto ela esperava a sua vez de fazer o raio-X. Carlisle ficou nos fundos, confiando no diagnóstico dos residentes de que a garota só estava levemente machucada. Isso me deixou ansioso, mas sabia que ele tinha razão. Uma espiada no rosto dele e ela imediatamente se lembraria de mim, do fato que havia algo de errado com a minha família, e talvez isso a fizesse falar algo.<br />Ela certamente tinha um parceiro disposto o suficiente para conversar. Tyler estava consumido por culpa com o fato de quase tê-la matado, e não conseguia parar de falar sobre isso. Eu podia ver a expressão dela através dos olhos dele, e estava claro que ela queria que ele parasse. Como ele não via isso?<br />Houve um momento tenso para mim quando Tyler perguntou como ela tinha saído da frente.<br />Eu esperei, sem respirar, como ela hesitou.<br />- Hmmm… - ele a escutou falar. Então ela fez uma pausa tão longa que Tyler se perguntou se sua pergunta a tinha confundido. Finalmente, ela continuou. - Edward me puxou de lá.<br />Eu suspirei. Então minha respiração acelerou. Eu nunca a tinha ouvido falar meu nome antes. Gostei do som - mesmo só de escutar pelos pensamentos de Tyler. Queria escutar com meus próprios ouvidos…<br />- Edward Cullen. - ela disse, quando Tyler não entendeu de quem ela tinha falado. Encontrei-me na porta, a mão na maçaneta. O desejo de vê-la estava ficando mais forte. Eu tive que me lembrar de ter cuidado.<br />- Ele estava do meu lado.<br />- Cullen? - Hm. Que estranho. - Não o vi… - Podia ter jurado… - Caramba, acho que foi tudo tão rápido. Ele está bem?<br />- Acho que sim. Está em algum lugar por aqui, mas ninguém o obrigou a usar uma maca.<br />Eu vi o olhar pensativo no rosto dela, a suspeita ficando mais forte em seus olhos, mas essas pequenas mudanças de expressão foram perdidas em Tyler.<br />Ela é bonita, ele estava pensando, quase surpreso. Mesmo toda desarrumada. Não faz meu tipo, mas… devia convidá-la para sair. Compensar por hoje…<br />Então fui para o corredor, a meio caminho da sala de emergência, sem pensar por um segundo no que estava fazendo.<br />Por sorte, a enfermeira entrou na sala antes de mim - era a vez de Bella tirar o raio-X. Encostei-me à parede em um canto escuro e tentei me controlar enquanto ela era levada para longe.<br />Não importava que Tyler pensou que ela era bonita. Qualquer um notaria isso. Não havia razão para eu me sentir… Como eu me sentia? Aborrecido? Ou enfurecido estava mais perto a verdade? Isso não fazia nenhum sentido.<br />Eu fiquei onde eu estava o quanto eu pude, mas a impaciência me venceu e eu voltei pra sala de radiologia. Ela já tinha sido levada de volta ao pronto socorro, mas eu podia dar uma olhada em seus Raios-x enquanto a enfermeira não voltava.<br />Eu me senti mais calmo quando vi. Sua cabeça estava bem. Eu não a tinha machucado, não exatamente.<br />Carlisle me apanhou lá.<br />Você parece melhor, ele comentou.<br />Eu apenas olhei pra frente. Nós não estávamos sozinhos, os corredores cheios de ordenados e visitantes.<br />Ah, sim. Ele encravou seus raios-x a tábua iluminada, mas eu não precisava de uma segunda olhada. Eu vejo. Ela está absolutamente bem. Muito bem, Edward.<br />O som da aprovação de meu pai criou uma reação mista em mim. Eu estaria contente, exceto por saber que ele não aprovaria o que eu ia fazer agora. Ao menos, ele não aprovaria se soubesse de minhas reais motivações…<br />“Eu acho que vou conversar com ela - depois que ela ver você,” eu suspirei. “Aja naturalmente, como se nada tivesse acontecido. Esqueça isso.” Todas razões aceitáveis.<br />Carlisle acenou ausente, ainda olhando pros seus raios-x. “Boa idéia. Hmm.”<br />Eu olhei pra ver o que o tinha interessado.<br />Olhe todas as contusões cicatrizadas! Quantas vezes a mãe dela a derrubou?<br />Carlisle sorriu pra si mesmo por sua brincadeira.<br />“Eu estou começando a pensar que essa garota tem apenas má sorte. Sempre no lugar errado na hora errada.”<br />Forks é certamente o lugar errado pra ela, com você aqui.<br />Eu me retirei.<br />Vá em frente. Esqueça essas coisas. Eu estarei com você logo.<br />Eu saí rapidamente, me sentindo culpado. Talvez eu fosse um mentiroso muito bom, se eu pudesse enganar Carlisle.<br />Quando eu cheguei ao pronto socorro, Tyler estava resmungando sob sua respiração, ainda se desculpando. A garota estava tentando escapar do remorso dele tentando dormir. Os olhos dela estavam fechados, mas sua respiração não estava contínua, e uma vez ou outra seus dedos se torciam impacientemente.<br />Eu encarei seu rosto por um longo tempo. Essa era a última vez que eu a veria. Isso disparou uma dor aguda em meu peito. Seria porque eu odiava deixar qualquer quebra-cabeça sem solução? Isso não parecia uma explicação suficiente.<br />Finalmente, eu respirei fundo e fiquei a vista.<br />Quando Tyler me viu, ele começou a falar, mas eu coloquei um dedo em meus lábios.<br />“Ela está dormindo?” Eu murmurei.<br />Os olhos de Bella se abriram rapidamente e focou em meu rosto. Eles se arregalaram por um momento, e depois se estreitaram por raiva ou suspeita. Eu lembrei que eu tinha uma encenação pela frente, então eu sorri pra ela como se nada incomum houvesse acontecido esta manhã - apenas uma pancada na cabeça e um pouco de imaginação livre.<br />“Hey, Edward,” Tyler disse. “Eu lamento muito -”<br />Eu levantei uma mão pra parar suas desculpas. “Sem sangue, sem danos,” eu disse humoradamente. Sem pensar, eu sorri muito largamente por minha brincadeira particular.<br />Era assustadoramente fácil ignorar Tyler, deitado não mais que 1.20m de mim, coberto de sangue fresco. Eu nunca tinha entendido como Carlisle era capaz de fazer aquilo - ignorar o sangue de seus pacientes pra cuidar deles. Não seria a constante tentação muito distraída, muito perigosa…? Mas, agora… Eu podia ver como, se você estivesse focado o suficiente em algo mais forte o suficiente, a tentação não seria nada demais.<br />Apesar de fresco e exposto, o sangue de Tyler não tinha nada a ver com o de Bella.<br />Eu mantive minha distância dela, me sentando nos pés do colchão de Tyler.<br />“Então, qual o veredicto?” eu perguntei a ela.<br />Ela fez bico. “Não há nada de errado comigo, mas eles não vão me deixar ir. Como você não está acorrentado a uma maca como o resto de nós?”<br />Sua impaciência me fez sorrir novamente.<br />Eu podia ouvir Carlisle no corredor agora.<br />“Tudo depende dos seus contatos,” eu disse suavemente. “Mas não se preocupe, eu vim libertar você.”<br />Eu assisti sua reação cuidadosamente enquanto meu pai entrava na sala. Os olhos dela se arregalaram e sua boca realmente abriu em surpresa. Eu gemi internamente. Sim, ela certamente tinha notado a semelhança.<br />“Então, Srta. Swan, como você está se sentindo?” Carlisle perguntou. Ele tinha uma maneira maravilhosamente calma que deixava a maioria dos pacientes bem em poucos momentos. Eu não poderia falar como isso afetou Bella.<br />“Eu estou bem,” ela disse quietamente.<br />Carlisle fixou seus raios-x no painel de luz acima da cama. “Seu raio-X parece bom. Sua cabeça está doendo? Edward disse que você bateu com força.”<br />Ela suspirou, e disse, “Eu estou bem,” novamente, mas dessa vez a impaciência vazou em sua voz. Depois ela olhou de relance em minha direção.<br />Carlisle se aproximou dela e correu seus dedos levemente por seu crânio até que ele encontrou o galo embaixo de sua cabeça.<br />Eu fui pego de surpresa pela onda de emoção que passou por mim.<br />Eu tinha visto Carlisle trabalhar com humanos mil vezes. Anos atrás, eu tinha até o ajudado informalmente - embora apenas em situações em que sangue não estava envolvido. Então não era uma coisa nova pra mim, assisti-lo interagir com a garota como se ele fosse tão humano quanto ela. Eu tinha invejado seu controle muitas vezes, mas não era o mesmo que essa emoção. Eu invejei mais que seu controle. Eu sofri pela diferença entre Carlisle e eu - que ele pudesse tocá-la tão gentilmente, sem receio, sabendo que nunca a machucaria…<br />Ela estremeceu, e eu pulei do meu assento. Eu tive que me concentrar por um momento para manter minha postura relaxada.<br />“Sensível ?” Carlisle perguntou.<br />Seu queixo se levantou um pouco. “Na verdade não,” ela disse.<br />Outro pequeno pedaço de sua personagem se encaixou: ela estava brava. Ela não gostava de mostrar fraqueza.<br />Possivelmente a criatura mais vulnerável que eu já vi, e ela não quer parecer fraca. Uma gargalhada escorregou através de meus lábios.<br />Ela me olhou novamente.<br />“Bem,” Carlisle disse. “Seu pai está na sala de espera - você pode ir pra casa com ele agora. Mas volte se tiver vertigens ou qualquer problema com a sua visão.”<br />O pai dela estava aqui? Eu varri os pensamentos da sala de espera lotada, mas não conseguia distinguir sua voz mental do grupo antes que ela estivesse falando de novo, o rosto ansioso.<br />- Posso voltar pra a escola?<br />- Talvez devesse descansar hoje. - Carlisle sugeriu.<br />Os olhos dela se voltaram para mim. - Ele vai para a escola?<br />Agir normalmente… acalmar as coisas… esquecer a sensação quando ela me olha nos olhos…<br />-Alguém tem que espalhar a boa notícia de que sobrevivemos. - eu disse.<br />- Na verdade - Carlisle corrigiu - a maior parte da escola parece estar na sala de espera.<br />Eu pressenti a reação dela dessa vez - sua aversão à atenção. Ela não me desapontou.<br />- Ah, não - ela lamentou e colocou as mãos no rosto.<br />Eu gostei que finalmente adivinhei uma coisa certa. Estava começando a entendê-la…<br />- Quer ficar aqui? - Carlisle perguntou.<br />- Não, não! - ela disse rapidamente, girando as pernas sob o colchão e escorregando para ficar em pé. Ela tropeçou, sem equilíbrio, nos braços de Carlisle. Ele a pegou e a firmou.<br />Novamente, a inveja me inundou.<br />- Estou bem. - ela disse antes que ele pudesse comentar, um rosa claro em suas bochechas.<br />Claro, aquilo não incomodaria Carlisle. Ele teve certeza que ela tinha recuperado o equilíbrio e soltou as mãos.<br />- Tome um Tylenol para a dor. - ele instruiu.<br />- Não está doendo tanto assim.<br />Carlisle sorriu e assinou o prontuário dela. - Parece que vocês dois tiveram muita sorte.<br />Ela virou levemente o rosto, para me encarar com olhos rígidos. - A sorte foi Edward por acaso estar parado ao meu lado.<br />- Ah, bem, sim. - Carlisle concordou depressa, escutando a mesma coisa na voz dela que eu escutei. Ela não tinha pensado que suas suspeitas eram coisas da sua imaginação. Ainda não.<br />Toda sua, Carlisle pensou. Cuide do jeito que achar melhor.<br />- Muito obrigado. - eu sussurrei, rápido e baixo. Nenhum humano me ouviu. Os lábios de Carlisle se viraram um pouco para cima com o meu sarcasmo enquanto ele se virava para Tyler. - Mas acho que você terá que ficar conosco por mais um tempinho. - ele disse quando começou a examinar os cortes deixados pelo vidro quebrado.<br />Bom, eu tinha feito o estrago, então era justo que eu tivesse que lidar com ele.<br />Bella andou deliberadamente na minha direção, sem parar até que estivesse a uma distância desconfortável. Lembrei como eu tinha desejado, antes de todo o estrago, que ela se aproximasse de mim… Isso já era zombar desse desejo.<br />- Posso conversar com você um minuto? - ela sibilou para mim.<br />A sua respiração quente tocou meu rosto e eu tive que dar um passo para trás. A atração dela não tinha diminuído nem um pouquinho. Toda vez que ela estava perto de mim, despertava os meus piores instintos, os mais urgentes. Veneno inundou minha boca e meu corpo ansiou para atacar - para puxá-la para os meus braços e despedaçar sua garganta nos meus dentes.<br />Minha mente era mais forte que meu corpo, mas era por pouco.<br />- Seu pai está esperando por você. - eu a lembrei, com o queixo apertado.<br />Ela olhou para Carlisle e Tyler. Tyler não estava prestando nem um pouco de atenção, mas Carlisle estava monitorando cada respiração que eu dava.<br />Cuidado, Edward.<br />- Gostaria de falar com você a sós, se não se importa. - ela insistiu em uma voz baixa.<br />Eu gostaria de dizer que me importava muito, mas sabia que teria que passar por isso uma hora. Melhor acabar com isso de uma vez.<br />Estava cheio de tantas emoções em conflito quando eu saía do quarto, escutando-a tropeçar nos próprios pés atrás de mim, tentando me acompanhar.<br />Tinha que atuar. Sabia que papel eu faria - eu já tinha escolhido o personagem. Seria o vilão. Mentiria, ridicularizaria e seria cruel.<br />Isso era contra todos os meus melhores impulsos - os impulsos humanos aos quais tinha me agarrado todos esses anos. Nunca quis merecer mais confiança do que nesse momento, quando tinha que destruir qualquer possibilidade que ela existisse.<br />Foi pior saber que essa seria a última memória que ela teria de mim. Essa era a cena de despedida.<br />Virei-me para ela.<br />- O que você quer? - perguntei friamente.<br />Ela se contraiu um pouco com a minha hostilidade. Seus olhos ficaram confusos, na expressão que tinha me assombrado…<br />- Você me deve uma explicação. - ela disse em uma voz fraca; o rosto de marfim empalideceu.<br />Foi muito difícil manter minha voz dura. - Eu salvei a sua vida… Não lhe devo nada.<br />Ela recuou - queimou como ácido ver que minhas palavras a machucavam.<br />- Você prometeu. - ela sussurrou.<br />- Bella, você bateu a cabeça, não sabe do que está falando.<br />Então ela se empertigou. - Não há nada de errado com a minha cabeça.<br />Ela estava irritada agora, e isso deixou as coisas mais fáceis para mim. Eu sustentei seu olhar, deixando meu rosto menos amigável.<br />- O que você quer de mim, Bella?<br />- Quero saber a verdade. Quero saber por que estou mentindo por você.<br />O que ela queria era justo - me frustrou ter que negar isto para ela.<br />- O que você acha que aconteceu? - eu quase rosnei para ela.<br />Suas próximas palavras vieram em uma corrente. - Só o que eu sei é que você não estava em nenhum lugar perto de mim… O Tyler também não o viu, então não venha me dizer que bati a cabeça com força… Aquela van ia atropelar nós dois… E não aconteceu, e suas mãos pareceram amassar a lateral dela… E você deixou um amassado no outro carro e não está nada machucado… E a van devia ter esmagado minhas pernas, mas você a levantou… - De repente, ela trincou os dentes e seus olhos estavam brilhando com lágrimas não derramadas.<br />Eu a encarei, minha expressão de escárnio, embora o que sentisse mesmo era medo; ela realmente tinha visto tudo.<br />- Acha que eu levantei a van? - eu perguntei sarcasticamente.<br />Ela respondeu com um aceno rápido.<br />Minha voz ficou ainda mais irônica. - Sabe que ninguém vai acreditar nisso.<br />Ela lutou para controlar a raiva. Quando me respondeu, ela falou cada palavra devagar. - Não vou contar a ninguém.<br />Ela estava dizendo a verdade - Eu podia ver isso nos olhos dela. Mesmo furiosos e traídos, ela iria guardar meu segredo.<br />Por quê?<br />O choque disso arruinou a minha expressão cuidadosamente projetada durante meio segundo, e logo me recompus.<br />“E por que isso importa?” Eu perguntei, trabalhando para manter minha voz severa.<br />“Importa pra mim,” ela disse intensa. “Eu não gosto de mentir - então é melhor que tenha um bom motivo para fazer isso.”<br />Ela me pediu para confiar nela. Exatamente como eu queria que ela confiasse em mim. Mas esse lado da linha eu não podia atravessar.<br />A minha voz ficou calosa. “Você não pode só me agradecer e esquecer isso?”<br />“Obrigada,” ela disse, e logo ela fumigou silenciosamente, esperando.<br />“Você não vai esquecer isso, vai?”<br />“Não.”<br />“Nesse caso…” Eu não podia dizer ela a verdade se eu quisesse… E eu não podia querer.<br />Eu deixaria ela fazer sua própria história sobre quem eu era, por que nada podia ser pior que a verdade - Eu estava vivendo um pesadelo, diretamente das páginas de uma história de terror.<br />“Espero que você goste da decepção.”<br />Fizemos carranca um para o outro.<br />Foi ímpar quão amável sua raiva foi. Como um furioso gatinho, macio e inofensivo, e também ignorante quanto a sua própria invulnerabilidade.<br />Ela ficou rosada e apertou seus dentes de novo. “Por que você se deu o trabalho então?”<br />Sua pergunta não era a que eu estava esperando ou preparado para responder.<br />Eu perdi as regras do jogo, as quais eu estava firmado. Eu senti a máscara escorregar da minha face, e eu disse a ela - nesse único momento - a verdade.<br />“Eu não sei.”<br />Eu memorizei seu rosto uma última vez - ainda tinha alguns traços de raiva, o sangue ainda não tinha parado de deixar suas bochechas rosadas - e então eu me virei e andei para longe dela.<br /><a title="Link permanente para Quarto Capítulo - Mignight Sun" href="http://foforks.com.br/2008/08/quarto-capitulo-mignight-sun/">Quarto Capítulo - Mignight Sun</a><br />4 - Visões<br />Eu voltei para a escola. Esta era a coisa certa a se fazer, a maneira mais discreta para se comportar.<br />No final do dia, quase todos os outros alunos tinham voltado para as classes também. Só Tyler e Bella e alguns outros - que provavelmente estavam usando o acidente como uma chance para matar aula - continuaram ausentes.<br />Não deveria ser tão difícil fazer a coisa certa. Mas, durante toda a tarde, estava batendo os dentes contra o desejo que me deixara querendo matar aula também - ir procurar a garota de novo.<br />Como um perseguidor. Um perseguidor obsessivo. Um vampiro perseguidor obsessivo.<br />A escola hoje estava - de algum modo, impossivelmente ainda mais tediosa do que tinha sido há uma semana. Como coma. Era como se as cores tivessem sido drenadas dos tijolos, das árvores, do céu, dos rostos ao meu redor.<br />Havia outra coisa certa que eu deveria estar fazendo… e não estava. Claro, também era uma coisa errada. Tudo dependia da perspectiva que você olhava.<br />Da perspectiva de um Cullen - não só um vampiro, mas um Cullen, alguém que pertencia a uma família, uma coisa tão rara em nosso mundo - a coisa certa a se fazer seria algo assim:<br />- Estou surpreso de vê-lo na classe, Edward. Eu ouvi que você esteve envolvido naquele acidente horrível hoje de manhã.<br />- Sim, eu estava, Sr. Banner, mas eu fui o sortudo. - Um sorriso amigável. - Eu não me machuquei nem um pouco… gostaria de poder dizer o mesmo por Tyler e Bella.<br />- Como eles estão?<br />- Eu acho que Tyler está bem… só alguns arranhões superficiais do vidro do pára-brisas. Embora não tenho certeza quando a Bella. - Uma careta preocupada. - Ela talvez tenha uma concussão. Eu escutei que ela estava bastante incoerente por um tempo - até vendo coisas. Eu sei que os médicos estavam preocupados…<br />Era assim que deveria ter sido. Era assim que eu devia à minha família.<br />- Estou surpreso em vê-lo na classe, Edward. Eu ouvi que você esteve envolvido naquele acidente horrível hoje de manhã.<br />- Não me machuquei. - Sem sorriso.<br />O Sr. Banner mudou seu peso de um pé para o outro, desconfortável.<br />- Tem alguma idéia de como Tyler Crowley e Bella Swan estão? Ouvi que tiveram alguns machucados…<br />Dei de ombros. - Não sei dizer.<br />O Sr. Banner limpou a garganta. - Ah, certo… - ele disse, meu olhar frio deixando sua voz um pouco tensa.<br />Ele andou rapidamente de volta para frente da sala e começou a matéria.<br />Era a coisa errada a se fazer. A não ser que você olhasse de uma perspectiva mais obscura.<br />Só que parecia tão… tão deselegante caluniar a garota pelas costas, especialmente quando ela estava provando ser mais confiável do que eu podia ter sonhado. Ela não havia dito nada para me trair, embora tivesse uma boa razão para o fazer. Eu iria traí-la quando ela não tinha feito nada a não ser guardar meu segredo?<br />Eu tive uma conversa quase idêntica com a Sra. Goff - só que em espanhol ao invés de inglês - e Emmett me olhou por um longo tempo.<br />Eu espero que você tenha uma boa explicação para o que aconteceu hoje. Rose está em pé de guerra.<br />Eu revirei meus olhos sem olhar para ele.<br />Na verdade eu tinha criado uma explicação que parecia perfeita. Supondo que eu não tivesse feito nada para parar a van antes que ela esmagasse a menina… eu tremi com esse pensamento. Mas se ela tivesse sido atingida, se ela tivesse sido ferida e tivesse sangrado, o fluído vermelho derramado, desperdiçado no asfalto, o cheiro de sangue fresco pulsando pelo ar…<br />Eu tremi de novo, mas não só em terror. Parte de mim tremeu de desejo. Não, eu não teria sido capaz de assistí-la sangrando sem expor a nós todos em um jeito muito mais escandaloso e chocante.<br />Parecia a desculpa perfeita… mas eu não a usaria. Era vergonhosa demais.<br />E de qualquer maneira, eu não tinha pensando nela até bem depois do fato ter ocorrido.<br />Tome cuidado com Jasper, Emmett continuou, alheio aos meus pensamentos. Ele não está tão nervoso… mas ele está mais decidido.<br />Eu vi o que ele quis dizer, e por um momento a sala girou ao meu redor. Meu ódio era tão devorador que uma névoa vermelha encobriu minha visão. Eu pensei que fosse me fogar nela.<br />CREDO, EDWARD! SE CONTROLE! Emmett gritou para mim em sua cabeça. Sua mão desceu para o meu ombro, segurando-me em meu lugar antes que eu pudesse pular e ficar em pé. Ele raramente usava sua força completa - raramente havia necessidade, porque ele era tão mais forte que qualquer outro vampiro que qualquer um de nós já tivesse encontrado - mas ele a usou agora. Ele agarrou meu braço, ao invés de me empurrar para baixo. Se ele estivesse me empurrando, a cadeira embaixo de mim teria desmoronado.<br />CALMA! Ele ordenou.<br />Eu tentei me acalmar, mas era difícil. A fúria queimava em minha cabeça.<br />Jasper não vai fazer nada até todos nós conversarmos. Eu só achei que você devia saber a direção que ele está tomando.<br />Eu me concentrei em relaxar, e senti a mão de Emmett afrouxar.<br />Tente não chamar mais atenção. Você já está com problemas o suficiente do jeito que está.<br />Eu respirei fundo e Emmett me soltou.<br />Eu procurei através da sala por rotina, mas nosso confronto tinha sido tão curto e silencioso que só algumas pessoas sentadas atrás de Emmett tinham notado. Nenhuma delas sabia o que pensar disso, e elas esqueceram. Os Cullens eram aberrações - todos já sabiam disso.<br />Droga, garoto, você está horrível, Emmett acrescentou, seu tom simpático.<br />- Dane-se. - eu resmunguei entre dentes, e escutei sua risada baixa.<br />Emmett não guardava rancor, e eu provavelmente deveria estar mais agradecido por sua natureza de fácil convívio. Mas eu podia ver que as intenções de Jasper faziam sentido para Emmett, que ele estava considerando qual seria o melhor caminho a se tomar.<br />O ódio ferveu, mau sob controle. Sim, Emmett era mais forte do que eu, mas ele ainda não havia me derrubado em uma luta. Ele dizia que era porque eu trapaceava, mas escutar pensamentos era tão parte de mim quanto a força era dele. Nós lutávamos de igual para igual.<br />Uma luta? Era essa a direção que tudo tomava? Eu iria lutar contra a minha família por uma humana que eu mal conhecia?<br />Eu pensei sobre isso por um minuto, pensei na sensação do frágil corpo da garota nos meus braços contra Jasper, Rose e Emmett - sobrenaturalmente fortes e rápidos, máquinas de matar por natureza…<br />Sim, eu iria lutar por ela. Contra a minha família. Eu tremi.<br />Mas não era justo deixá-la desprotegida quando fui eu quem a colocou em perigo.<br />Eu não conseguiria ganhar sozinho, entretanto, não contra os três deles, e me perguntei quais seriam meus aliados.<br />Carlisle, certamente. Ele não iria lutar contra ninguém, mas ele seria contra os planos de Rose e Jasper. Talvez isso fosse tudo que eu precisasse. Eu iria ver…<br />Esme era incerta. Ela não ficaria contra mim também, e ela iria detestar discordar de Carlisle, mas ela iria ser a favor de qualquer plano que mantivesse sua família unida. Sua prioridade não seria o certo, e sim eu. Se Carlisle era a alma da família, Esme era o coração. Ele nos deu um líder que merecia ser acompanhado, ela transformou isso em um ato de amor. Todos nós nos amávamos - mesmo por baixo da fúria que eu sentia por Jasper e Rose no momento, mesmo planejando lutar contra eles para salvar a garota, eu sabia que eu os amava.<br />Alice… não fazia idéia. Provavelmente dependeria do que ela visse chegando. Ela ficaria do lado do vencedor, imaginei.<br />Então eu teria que fazer isso sem ajuda. Sozinho eu não era páreo para eles, mas eu não ia deixar a menina ser machucada por minha culpa. Isso talvez exigisse uma ação evasiva…<br />Minha raiva diminuiu um pouco com o súbito humor negro. Eu podia imaginar como a menina reagiria se eu a raptasse. É claro, eu raramente adivinhava suas reações - mas que outra reação ela poderia ter além de terror?<br />Não tinha certeza como cuidar disso - raptá-la. Não seria capaz de ficar perto dela por muito tempo. Talvez eu só a devolvesse à mãe. Mesmo isso seria repleto de perigo. Para ela.<br />E também para mim, eu percebi de repente. Se eu a matasse por acidente… eu não tinha certeza de quanta dor isso iria me causar, mas eu sabia que seria intensa e em várias formas.<br />O tempo passou rapidamente enquanto eu meditava sobre todas as complicações à minha frente: a discussão me esperando em casa, o conflito com a minha família, a distância que eu seria forçado a percorrer depois de tudo…<br />Bom, eu não podia mais reclamar que a vida fora da escola era monótona. A garota tinha mudado isso.<br />Emmett e eu andamos silenciosamente para o carro quando o sinal tocou. Ele estava preocupado comigo, e preocupado com Rosalie. Ele sabia que lado teria que escolher em uma disputa, e isso o incomodava.<br />Os outros estavam esperando por nós no carro, também silenciosos. Éramos um grupo bem quieto. Só eu conseguia escutar a gritaria.<br />Idiota! Lunático! Imbecil! Estúpido! Egoísta, tolo irresponsável! Rosalie mantinha uma linha constante de insultos a plenos pulmões. Ficou difícil ouvir os outros, mas eu a ignorei o melhor que eu pude.<br />Emmett estava certo sobre Jasper. Ele estava seguro de seu plano.<br />Alice estava transtornada, preocupada com Jasper, passando por imagens do futuro. Não importa por qual direção Jasper chegasse à garota, Alice sempre me via lá, o impedindo. Interessante… nem Rosalie ou Emmett estavam com ele nessas visões. Então Jasper planejava trabalhar sozinho. Isso deixaria as coisas eqilibradas.<br />Jasper era o melhor lutador, certamente o mais experiente entre nós: minha única vantagem consistia no fato de que eu podia escutar seus movimentos antes que ele os fizesse.<br />Eu nunca havia lutado mais que de brincadeira com Emmett ou Jasper - só passatempo. Senti-me enjoado com o pensamento de realmente tentar machucar Jasper…<br />Não, não isso. Só impedi-lo. Isso era tudo.<br />Eu me concentrei em Alice, memorizando as diferentes formas de ataque de Jasper.<br />Quando eu fiz isso, as visões dela mudaram, se afastando mais e mais da casa dos Swan. Eu o estava parando antes…<br />Pare com isso Edward! Não pode acontecer desse jeito. Eu não vou deixar.<br />Eu não a respondi, só continuei olhando.<br />Ela começou a olhar mais para frente, para o campo nebuloso e incerto de possibilidades distantes. Tudo era sombrio e vago.<br />No caminho inteiro para casa, a atmosfera silenciosa não cedeu. Eu estacionei na grande garagem perto da casa; a Mercedes de Carlisle estava ali, perto do Jeep enorme de Emmett, o M3 de Rosalie e meu Vanquish. Fiquei contente que Carlisle já estava em casa - o silêncio terminaria de forma explosiva, e eu queria que ele estivesse perto quando isso acontecesse.<br />Fomos direto para a sala de jantar.<br />Essa sala nunca era, é claro, usada para o propósito para o qual fora construída. Mas era mobiliada com uma longa mesa oval de mogno cercada por cadeiras - éramos cautelosos em ter os acessórios para fingir. Carlisle gostava de usá-la como uma sala de conferência. Em um grupo com tantas personalidades fortes e distintas, às vezes era necessário discutir as coisas sentados, de um jeito calmo.<br />Eu tinha um pressentimento de que sentar não iria ajudar em muita coisa hoje.<br />Carlisle sentou em seu lugar habitual na ponta leste da mesa. Esme estava ao lado dele - eles deram as mãos em cima da mesa.<br />Os olhos de Esme estavam em mim, as profundezas douradas deles cheias de preocupação.<br />Fique. Foi seu único pensamento.<br />Eu queria poder sorrir para a mulher que era verdadeiramente uma mãe para mim, mas eu não tinha como assegurá-la agora.<br />Eu sentei do outro lado de Carlsile. Esme se virou ao redor dele para colocar sua mão livre no meu ombro. Ela não tinha idéia do que estava para começar, só estava se preocupando comigo.<br />Carlisle tinha uma noção melhor do que estava chegando. Seus lábios estavam apertados com força e sua testa estava enrugada. A expressão era muito velha para seu rosto jovem.<br />Quando todos os outros estavam sentados, eu pude ver as linhas serem desenhadas.<br />Rosalie sentou-se diretamente à frente de Carlisle, na outra ponta da grande mesa. Ela me encarou, nunca desviando o olhar.<br />Emmett sentou ao lado dela, seu rosto e sua mente amargos.<br />Jasper hesitou, então foi ficar em pé contra a parede atrás de Rosalie. Ele estava decidido, não importava o resultado dessa discussão. Meus dentes bateram.<br />Alice foi a última chegar, e seus olhos estavam concentrados em alguma coisa muito longe - o futuro, ainda muito incerto para que ela fizesse uso dele. Sem parecer pensar ela sentou perto de Esme. Ela esfregou a testa como se tivesse dor de cabeça. Jasper se contorceu preocupado e considerou se juntar a ela, mas manteve sua posição.<br />Eu respirei fundo. Eu tinha começado isso - devia falar primeiro.<br />- Me perdoem. - Eu disse, olhando primeiro para Rosalie, depois para Jasper e então Emmett. - Eu não tive a intenção de colocar nenhum de vocês em risco. Foi impensado,e eu assumo total responsabilidade pelo meu ato precipitado.<br />Rosalie me encarou malignamente. - O que vocês quer dizer, ‘assume total responsabilidade’? Você vai consertar?<br />- Não do jeito que você quer dizer. - Eu disse, tentando manter minha voz calma e equilibrada. - Estou disposto a ir embora agora, se isso deixa as coisas melhores. - Se eu acreditar que a garota ficará segura, se eu acreditar que nenhum de vocês irá tocá-la, eu emendei na minha cabeça.<br />- Não. - Esme murmurou. - Não, Edward.<br />Eu dei um tapinha em sua mão. - São só alguns anos.<br />- Esme está certa. - Emmett disse. - Você não pode ir a lugar algum agora. Isso seria o oposto de útil. Nós temos que saber o que as pessoas estão pensando agora mais do que nunca.<br />- Alice pegará qualquer coisa grave. - eu discordei.<br />Carlisle balançou a cabeça. - Eu acho que Emmett tem razão, Edward. Vai ser mais fácil a garota falar se você desaparecer. Ou todos nós vamos, ou ninguém vai.<br />- Ela não vai dizer nada. - eu insisti rapidamente. Rose estava processando uma explosão, e eu queria esse fato claro antes.<br />- Você não conhece a mente dela. - Carlisle me lembrou.<br />- Disso eu tenho certeza. Alice, me dê cobertura.<br />Alice me olhou cansativamente. - Não consigo ver o que vai acontecer se nós ignorarmos isso. Ela olhou de relance para Rose e Jasper.<br />Não, ela não conseguia ver esse futuro - não quando Rosalie e Jasper estavam tão decididos em não ignorar o acidente.<br />A palma de Rosalie bateu na mesa com um barulho alto. - Não podemos permitir que a humana tenha chance de dizer nada. Carlisle, você deve ver isso. Mesmo se decidirmos todos desaparecer, não é seguro deixar histórias para trás. Nós vivemos de um jeito tão diferente do resto do nosso tipo - você sabe que existem aqueles que iriam adorar uma desculpa para fazer acusações. Temos que ter mais cuidado que qualquer um!<br />-Já deixamos rumores para trás antes. - eu a lembrei.<br />- Só rumores e suspeitas, Edward. Não testemunhas oculares e evidências!<br />- Evidência! - eu zombei.<br />Mas Jasper estava concordando, seus olhos duros.<br />-Rose… - Carlisle começou.<br />- Me deixe terminar, Carlisle. Não precisa ser nada que chame atenção. A menina bateu a cabeça hoje. Então talvez aconteça de o machucado ser mais sério do que parecia. - Rosalie deu de ombros. - Todo mortal vai dormir com a chance de nunca mais acordar. Os outros iriam esperar que nós cuidássemos nós mesmos disso. Tecnicamente, isso seria trabalho de Edward, mas isto está obviamente além dele. Você sabe que sou capaz de me controlar. Eu não iria deixar nenhuma evidência para trás.<br />- Sim, Rosalie, todos nós sabemos a assassina eficiente que você é. - eu rosnei.<br />Ela sibilou para mim, furiosa.<br />- Edward, por favor. - Carlisle disse. Então se virou para Rosalie. - Rosalie, eu fui a favor em Rochester porque eu senti que você devia ter justiça. Os homens que você matou haviam lhe prejudicado monstruosamente. Essa não é a mesma situação. A garota Swan é uma inocente.<br />- Não é nada pessoal, Carlisle. - Rosalie disse pelos dentes. - É para proteger a todos nós.<br />Houve um breve silêncio enquanto Carlisle pensava em sua resposta. Quando ele concordou, os olhos de Rosalie brilharam. Ela devia saber melhor. Mesmo se eu não fosse capaz de ler os pensamentos dele, eu podia ter previsto suas próximas palavras. Carlisle nunca cedia.<br />- Eu sei que sua intenção é boa, Rosalie, mas… eu gostaria muito que nossa família fosse digna de ser protegida. Os ocasionais… acidentes ou lapsos de controle são uma parte lamentável de quem nós somos. - Era bem característico dele se incluir no plural, embora ele próprio nunca tivesse tido esse tipo de lapso. - Assassinar uma criança sem culpa a sangue frio é outra coisa completamente diferente. Eu acredito que o risco que ela apresenta, quer ela fale suas suspeitas ou não, não é nada muito grave. Se abrirmos exceções para nos proteger, estaremos arriscando algo muito mais importante. Nós arriscamos perder a essência de quem somos.<br />Controlei minha expressão com cuidado. Não faria bem algum sorrir agora. Ou aplaudir, como eu gostaria.<br />Rosalie olhou com uma cara feia. - É só ser responsável.<br />- É ser insensível. - Carlisle corrigiu gentilmente. - Toda vida é preciosa.<br />Rosalie suspirou pesadamente e seu lábio inferior fez um bico. Emmett deu um tapinha em seu ombro. - Vai ficar tudo bem, Rosalie. - ele encorajou com uma voz baixa.<br />- A pergunta - Carlisle continuou. - é se nós devemos nos mudar ou não?<br />- Não. - Rosalie lamentou. - Acabamos de nos fixar. Não quero começar o segundo ano de colegial outra vez!<br />- Você vai poder manter sua idade atual, claro. - disse Carlisle.<br />- E ter que mudar ainda mais cedo? - ela revidou.<br />Carlisle deu de ombros.<br />- Eu gosto daqui! Tem pouco sol, podemos ser quase normais.<br />- Bom, não precisamos decidir agora. Podemos esperar e ver se isso se torna uma necessidade. Edward confia no silêncio da menina Swan.<br />Rosalie bufou.<br />Mas eu não estava mais preocupado com Rosalie. Podia ver que ela concordaria com a decisão de Carlisle, não importa o quanto estivesse brava comigo. A conversa deles tinha se voltado para detalhes sem importância.<br />Jasper continuou determinado.<br />Eu entendi o motivo. Antes dele e Alice se conhecerem, ele vivia em uma zona de combate, um cenário de guerra impiedoso. Ele sabia as conseqüências de desprezar as regras - já havia visto os medonhos resultados com os próprios olhos.<br />Dizia muita coisa o fato de ele não ter tentando acalmar Rosalie com seus talentos extras, ou que agora não tentava incentivá-la. Ele se mantinha neutro na discussão - acima dela.<br />- Jasper. - eu disse.<br />Ele encontrou meus olhos, seu rosto inexpressível.<br />- Ela não vai pagar pelo meu erro. Não vou permitir.<br />- Ela tira proveito, então? Ela deveria ter morrido hoje, Edward. Eu só consertaria as coisas.<br />Eu falei de novo, enfatizando cada palavra. - Não vou permitir.<br />Ele ergueu as sobrancelhas. Não estava esperando isso - ele não imaginava que eu fosse impedi-lo.<br />Ele balançou a cabeça uma vez. - Não vou deixar Alice viver em perigo, mesmo que seja leve. Você não sente por ninguém o que eu sinto por ela, Edward, e você não viveu o que eu vivi, tendo visto minhas memórias ou não. Você não entende.<br />- Não estou discutindo isso, Jasper. Mas estou avisando que não vou deixar você machucar Isabella Swan.<br />Nos encaramos - sem raiva, e sim avaliando o oponente. Eu senti que ele verificava o ambiente ao meu redor, testando minha determinação.<br />- Jazz… -Alice disse, nos interrompendo.<br />Ele sustentou seu olhar mais um pouco, e então olhou para ela. - Não se incomode em dizer que você pode cuidar de si mesma, Alice. Eu já sei disso. Eu ainda tenho que…<br />- Não é isso que eu vou falar. - Alice interrompeu. - Eu ia pedir um favor para você.<br />Eu vi o que estava na mente dela e minha boca se abriu com uma arfada audível. Eu olhei para ela, chocado, só vagamente consciente de que todos tirando Alice e Jasper me observavam cuidadosamente.<br />- Eu sei que você me ama. Obrigada. Mas eu gostaria muito que você não tentasse matar Bella. Primeiro de tudo, Edward está falando sério e não quero vocês dois brigando. Segundo, ela é minha amiga. Pelo menos vai ser.<br />Estava nítido na mente dela: Alice, sorrindo, com seus braços gelados envolta dos braços quentes e frágeis da garota. E Bella estava sorrindo também, seu braço na cintura de Alice.<br />A visão era sólida como uma pedra; só o tempo era incerto.<br />- Mas, Alice… - Jasper ofegou. Não conseguia virar minha cabeça para olhar sua expressão. Não conseguia me desviar da imagem na cabeça de Alice para olhar para ele.<br />- Eu vou amá-la algum dia, Jazz. Vou ficar muito chateada com você se não deixá-la viver.<br />Eu ainda estava preso nos pensamentos de Alice. Eu vi o futuro brilhar enquanto a resolução de Jasper diminuía com o pedido inesperado dela.<br />- Ah… - Ela suspirou - a decisão dele tinha criado um novo futuro. - Vê? Bella não vai dizer nada. Não há com o que se preocupar.<br />O modo como ela disse o nome da menina… como se elas já fossem confidentes…<br />- Alice - eu engasguei. - O que… isso?<br />- Eu disse que uma mudança estava vindo. Eu não sei, Edward. - Mas ela apertou o queixo e eu podia ver que havia mais. Ela estava tentando não pensar nisso; de repente estava se concentrando muito em Jasper, embora ele estivesse muito espantado para fazer algum progresso com sua decisão.<br />Ela fazia isso às vezes, quando queria esconder algo de mim.<br />- O que é, Alice? O que está escondendo?<br />Ouvi Emmett resmungar. Ele sempre ficava frustrado quando Alice e eu tínhamos esses tipos de conversa.<br />Ela sacudiu a cabeça, tentando me manter fora.<br />-É sobre a garota? - eu ordenei. - É sobre Bella?<br />Ela bateu os dentes se concentrando, mas quando eu falei o nome de Bella, ela escorregou. Só durou meio segundo, mas foi o suficiente.<br />- NÃO! - eu gritei. Eu escutei a cadeira bater no chão e percebi que estava em pé.<br />- Edward! - Carlisle ficou em pé também, seu braço no meu ombro. Mal estava ciente dele.<br />- Está consolidando. - Alice sussurrou. - Cada minuto que passa você está mais decidido. Só existem duas saídas para ela agora. É uma coisa ou outra, Edward.<br />Eu podia ver o que ela via… mas não queria aceitar.<br />- Não. - eu disse de novo; não tinha volume na minha negação. Minhas pernas ficaram bambas e precisei me apoiar na mesa.<br />- Alguém por favor quer deixar o resto de nós saber do mistério? - Emmett reclamou.<br />- Eu tenho que ir embora. - eu sussurrei para Alice, ignorando-o.<br />- Edward, nós já falamos sobre isso. - Emmett disse alto. - Essa é a melhor maneira de fazer a garota falar. Além do mais, se você for embora, nós não vamos ter certeza se ela vai falar alguma coisa ou não. Você tem que ficar e lidar com isso.<br />- Não vejo você indo a lugar algum, Edward. - Alice me disse. - Não sei mais se você consegue ir embora. - Pense, ela acrescentou silenciosamente. Pense sobre partir.<br />Eu vi o que ela quis dizer. Sim, a idéia de nunca mais ver a menina era… dolorosa. Mas também era uma necessidade. Não conseguia aprovar nenhum dos futuros que aparentemente eu a tinha condenado.<br />Não tenho certeza absoluta quanto ao Jasper, Edward. Alice continuou. Se você partir, ele pensa que ela é um perigo para nós.<br />- Eu não vou ouvir isso. - eu a contradisse, ainda meio consciente da nossa platéia. Jasper estava hesitante. Ele não faria algo que magoasse Alice.<br />Não neste momento. Você arriscaria a vida dela, a deixaria desprotegida?<br />-Por que está fazendo isso comigo? - eu gemi. Minha cabeça caiu em minhas mãos.<br />Eu não era o protetor de Bella. Não podia ser isso. O futuro dividido de Alice não era prova suficiente disso?<br />Eu a amo também. Ou eu vou. Não é a mesma coisa, mas eu a quero por perto para isso.<br />- A ama também? - eu sussurrei, incrédulo.<br />Ela suspirou. Você é tão cego, Edward. Não consegue ver a direção que está tomando? Não consegue ver onde já está? É mais inevitável do que o sol nascendo no leste. Veja o que eu vejo…<br />Eu balancei minha cabeça, horrorizado. - Não. - eu tentei bloquear as visões que ela me revelada. - Não tenho que seguir esse caminho. Eu vou embora. Eu vou mudar o futuro.<br />- Você pode tentar… - ela disse, a voz cética.<br />- Ah, por favor! - Emmett aumentou o tom de voz.<br />- Preste atenção. - Rosalie sibilou para ele. - Alice o vê se apaixonando por uma humana! Isso é típico de Edward! - Ela tirou sarro.<br />Eu mal a ouvi.<br />- O quê? - Emmett disse, surpreso. Então sua risada de rugido ecoou pelo cômodo. - É isso o que tem acontecido? - Ele riu de novo. - Parada dura, Edward.<br />Eu senti a mão dele no meu ombro, e a afastei distraído. Não conseguia prestar atenção nele.<br />- Se apaixonando por uma humana? - Esme repetiu em uma voz impressionada. - Pela garota que ele salvou hoje? Se apaixonar por ela?<br />- O que você vê, Alice? Exatamente. - Jasper pediu.<br />Ela se virou para ele; Eu continuei a olhar seu rosto, entorpecido.<br />- Tudo depende se ele é forte o bastante ou não. Ou ele irá matá-la com as próprias mãos - ela girou para encontrar meu olhar outra vez - o que iria realmente me irritar, Edward, sem mencionar o que iria fazer com você - ela olhou Jasper novamente - ou ela vai ser uma de nós algum dia.<br />Alguém engasgou; não vi quem foi.<br />- Isso não vai acontecer! - eu estava gritando de novo. - Nenhum dos dois!<br />Alice não pareceu ter me escutado. - Tudo depende. - ela repetiu. - Talvez ele seja só forte o suficiente para não matá-la - mas vai ser por pouco. Vai requerer uma quantidade incrível de controle. - ela meditou. - Mais até o que Carlisle tem. Ele talvez seja forte só o suficiente… A única coisa para qual ele não é forte o bastante é ficar longe dela. Essa é uma causa perdida.<br />Não conseguia achar minha voz. Ninguém parecia ser capaz de achar sua. A sala ficou imóvel.<br />Eu encarei Alice, e todos me encararam. Podia ver minha própria expressão de terror de cinco pontos de vista diferentes.<br />Depois de um longo momento, Carlisle suspirou.<br />- Bom, isso… complica as coisas.<br />- Eu que o diga. - Emmett concordou. A voz dele era mais uma risada. Era com Emmett mesmo, fazer piada na destruição da minha vida.<br />- Mas acho que o plano continua o mesmo. - Carlisle disse, ponderado. - Vamos ficar e observar. Obviamente, ninguém irá… machucar a menina.<br />Eu enrijeci.<br />- Não. - Jasper disse calmamente. - Se Alice só vê duas saídas…<br />- Não! - minha voz não era um grito ou um rosnado ou choro de desespero, mas uma combinação dos três. - Não!<br />Eu tinha que ir embora, ficar longe do som dos pensamentos deles - da aversão egoísta de Rosalie, do humor de Emmett, da paciência infinita de Carlisle…<br />Pior: a confiança de Alice. A confiança de Jasper na confiança dela.<br />Pior de tudo: a… alegria de Esme.<br />Fui para fora da sala. Esme tocou meu braço quando eu passei, mas eu não reconheci o gesto.<br />Estava correndo antes que estivesse fora da casa. Passei pelo rio em um pulo, e corri para a floresta. A chuva tinha voltado, caindo tão pesada que eu me ensopei em poucos segundos. Gostei da água espessa - criou uma parede entre eu e o resto do mundo. Me rodeou, me deixou isolado.<br />Corri na direção leste, para longe das montanhas sem desviar da linha até que pude ver as luzes de Seattle do outro lado da baía. Parei antes que chegasse à fronteira da civilização.<br />Cercado pela chuva, sozinho, eu finalmente me obriguei a ver o que tinha feito - como tinha mutilado o futuro.<br />Primeiro, a visão de Alice e da garota com seus braços ao redor uma da outra - a confiança e amizade eram tão óbvias que gritavam da imagem. Os olhos castanhos expressivos de Bella não estavam confusos nessa visão, e sim cheios de segredos - nesse momento, pareciam segredos felizes. Ela não se afastou do braço frio de Alice.<br />O que isso significava? O quanto ela sabia? Nessa visão congelada do futuro, o que ela pensava de mim?<br />Então a outra imagem, tão parecida, só que colorida com horror. Alice e Bella, seus braços ainda envolta uma da outra em sua amizade confiável. Mas agora não havia diferença entre esses braços - os dois eram braços, macios e de mármore, duros como aço. Os olhos atentos de Bella não eram mais castanhos chocolate. Suas íris eram de um escarlate vívido, chocante. Os segredos neles eram insondáveis - aceitação ou angústia? Era impossível de dizer. O rosto dela era frio e imortal.<br />Eu tremi. Eu não conseguia evitar as perguntas similares, mas diferentes: O que isso significava - como isso aconteceu? E o que ela pensava de mim agora?<br />Eu podia responder essa última. Se eu a forçasse a fazer parte dessa meia vida vazia por causa da minha fraqueza e egoísmo, com certeza ela me odiaria.<br />Mas havia mais uma imagem horrorosa - pior do que qualquer outra que já tive.<br />Meus próprios olhos, escarlate intensos com o sangue humano, os olhos de um monstro. O corpo quebrado de Bella em meus braços, branco pálido, vazio, sem vida. Era tão concreta, tão clara.<br />Não podia suportar ver isso. Não conseguia suportar. Tentei tirar da minha mente, tentei ver alguma outra coisa, qualquer coisa. Tentei ver a expressão no rosto com vida dela que tinha obstruído minha visão no último capítulo de minha existência. Tudo em vão.<br />A visão negra de Alice encheu minha cabeça, e eu me contorci internamente com a agonia que ela causou. Enquanto isso, o monstro em mim estava cheio de felicidade, eufórico com as chances de seu sucesso. Deixou-me enjoado.<br />Isso não podia ser permitido. Tinha que ter um jeito de transformar o futuro. Eu não deixaria as visões de Alice me dizer o que fazer. Eu escolheria um caminho diferente. Sempre existia uma escolha.<br />Tinha que existir.<br /><a title="Link permanente para Quinto Capítulo - Midnight Sun" href="http://foforks.com.br/2008/08/quinto-capitulo-midnight-sun/">Quinto Capítulo - Midnight Sun</a><br />5. Convites<br />Colegial. Não era mais o purgatório, agora era o inferno puro. Tormento e fogo… sim, eu tinha os dois.<br />Eu estava fazendo a coisa certa agora. Todos os pingos nos i’s e os traços nos t’s. Ninguém podia reclamar que eu estava evitando minhas responsabilidades agora.<br />Para deixar Esme feliz e proteger os outros, eu fiquei em Forks. Retornei para meu horário antigo. Cacei mais que o resto deles. Todo dia, eu ia para a escola e fingia ser humano. Todo dia, eu escutava cuidadosamente qualquer coisa nova sobre os Cullens - não tinha nada novo. A garota não tinha falado uma palavra de suas suspeitas. Ela só repetiu a história de novo e de novo - que eu estava ao lado dela e a tinha tirado do caminho - até que os ouvintes ficaram entediados e pararam de pedir mais detalhes. Não havia perigo. Minha ação precipitada não tinha machucado ninguém.<br />Ninguém além de mim.<br />Estava determinado a mudar o futuro. Não era a coisa mais fácil de se fazer, mas não tinha outra escolha com a qual eu podia viver.<br />Eu tinha pensado que aquele primeiro dia tinha sido o mais difícil. No final dele, eu tinha certeza que esse era o caso. Mas estava errado.<br />Estava amargurado, sabendo que tinha machucado a menina. Tirei conforto do fato de que a dor dela não era nada mais do que uma picada - só uma pequena ferroada de rejeição - comparada com a minha. Bella era humana, e ela sabia que eu era algo mais, algo errado, algo assustador. Ela provavelmente se sentiria mais aliviada do que magoada quando eu virasse meu rosto para longe dela e fingisse que ela não existe.<br />- Oi, Edward,- ela me cumprimentou no meu primeiro dia de volta a classe de biologia. A voz dela estava agradável, amigável, 180 decibéis desde a ultima vez que eu falei com ela.<br />Por quê? O que a mudança queria dizer? Ela teria esquecido? Decidiu que ela imaginou todo o episodio? Ela poderia possivelmente ter me perdoado por não cumprir minha própria promessa?<br />As perguntas estavam queimando como a sede que me atacava toda vez que eu respirava.<br />Apenas por um instante eu olhei nos olhos dela. Só para ver se eu podia encontrar respostas lá…<br />Não. Eu não podia me permitir nem mesmo isso. Não se eu fosse mudar o futuro.<br />Eu movi meu queixo devagar na direção dela sem olhar para longe da frente da sala. Eu acenei com a cabeça uma vez, e então eu virei meu rosto para frente…<br />Ela não falou comigo de novo.<br />Aquela tarde, assim que a escola terminou, meu papel também terminou, eu fui até Seattle como eu tinha feito um dia antes. Parecia que eu poderia agüentar a dor apenas levemente melhor quando eu estava voando ao longo do chão, transformando tudo a minha volta em um borrão verde.<br />Essa corrida se tornou meu habito diário.<br />Eu a amava? Eu não acho que era isso. Não ainda. A visão de Alice do futuro que eu tinha preso comigo, embora, eu pudesse ver quão fácil seria me apaixonar por Bella. Isso seria exatamente como cair: Sem esforço. Não deixar de amá-la seria o oposto da queda - como ser puxado de um penhasco, eu apoiei meu rosto sobre a mão, a tarefa foi cansativa, como se eu já não tivesse força mortal.<br />Mais de um mês se passou, e cada dia era mais difícil. Isso não fazia sentido para mim - me manter perto dela, para que as coisas fossem mais fáceis. Devia significar isso quando Alice disse que eu não desejaria, e não conseguiria ficar longe da menina. Ela tinha visto a escalada da dor. Mas eu podia lidar com a dor.<br />Eu não iria destruir o futuro da Bella. Se eu fosse destinado ao amor dela, e então ela não fosse evitar, esse era o mínimo que eu podia fazer?<br />Evitar ela era o máximo que eu podia agüentar; entretanto. Eu podia fingir ignorá-la, e nunca estar em seu caminho. Eu podia fingir que ela não me interessava. Mas se essa era medida, eu apenas faria de conta, e não seria real.<br />Eu ainda flutuava a cada respiração dela, cada palavra que ela dizia.<br />Eu aglomerava meus tormentos em quatro categorias.<br />Os dois primeiros eram familiares. O seu aroma e o seu silêncio. Ou, ao invés - assumir a responsabilidade por mim mesmo ao que ela pertencia - a minha sede era minha curiosidade.<br />A sede era o meu primeiro tormento. Eu tornei um hábito, agora, simplesmente não respirar na aula de Biologia. Mas é claro, sempre há exceções - quando eu tinha de responder a uma pergunta ou algo do tipo, e eu teria necessidade de falar usando meu fôlego. Cada vez que eu saboreasse o ar em torno da garota, que era o mesmo desde o primeiro dia - fogo e violência brutal e a necessidade desesperada de me livrar. Era mesmo um pouco difícil de agarrar a razão ou retenção nesses momentos. E, como no primeiro dia, o monstro estava prestes a rugir, tão perto da superfície…<br />A curiosidade era um dos meus constantes tormentos. Uma coisa que nunca saiu da minha cabeça: O que ela está pensando agora? Ao ouvi-la calmamente suspirar. Quando ela passava um dos dedos sobre o cabelo. Quando ela jogava o livro com mais força do que o normal. Quando ela chegava na aula tarde. Quando ela batia seu pé, impaciente, sobre o chão. Cada movimento que eu pegava na minha visão periférica era um irritante mistério. Quando ela conversava com os outros alunos humanos, eu analisava todas as palavras e seu tom. Será que ela dizia o que estava pensando, ou ela pensava no que iria dizer? Se isso soava para mim como se ela estivesse tentando dizer o que a sua audiência esperava, e isso me fez lembrar da minha família e de nossa vida diária da ilusão - nos éramos melhores do que ela estava sendo. Ao menos eu estava errado sobre isso, apenas imaginando coisas. Por que ela iria ter um papel a desempenhar? Ela era um deles - uma jovem adolescente.<br />Mike Newton era o mais surpreendente dos meus tormentos. Quem teria sonhado que um tão comum e entediante mortal poderia ser tão irritante? Para ser justo, eu deveria ter de sentir gratidão pelo entediante garoto; mais do que os outros, ele fazia a garota falar. Eu aprendi muito sobre ela através dessas conversas - eu ainda montava a minha lista -, mas contrariamente, a assistência de Mike com este projeto só me deixava mais irritado.<br />Eu não queria que Mike fosse o único a descobrir segredos. Eu queria fazer isso.<br />Ele nunca percebeu as pequenas revelações que ela fazia, seus pequenos discúidos.<br />Ele não sabia nada sobre ela. Ele criou uma Bella em sua cabeça, que não existia - uma menina tão comum como ele era. Ele não tinha observado a generosidade e bravura que a distingüia dos outros humanos, ele não conhecia a anormal maturidade das suas falas. Ele não percebia que, quando ela falava de sua mãe, ele falava de sua mãe como se ela fosse uma criança e não o contrário - amorosa, indulgente, um pouco divertida, e ferozmente protetora.<br />Ele não percebia a paciência em sua voz quando ela fingia interesse no caminho das conversas, e não adivinhava o que havia atrás de sua paciente bondade.<br />Embora nas conversas com Mike, eu fosse capaz de adicionar a qualidade mais importante para a minha lista, e mais reveladora de todas elas, tão simples como rara. Bella era boa. Todas as outras coisas somadas com tudo - agradável, discreta, altruísta, amorosa e corajosa - ela era cada vez melhor através do tempo.<br />Não me tornavam mais gentil com o garoto, no entanto. A maneira como ele ficava possessivo quando via a Bella - como se ela fosse feita para ele - me provocou quase raiva com o seu rude fantasiar sobre ela. Ele estava se tornando mais confiante de si mesmo, também, quando o tempo passou, ele considerou isso ao vê-la preferi-lo aos seus rivais - Tyler Crowley, Erick Yorkie, e sempre, esporadicamente, eu mesmo. Ele se sentava rotineiramente ao seu lado na mesa, conversando com ela, encorajado por seus sorrisos. Apenas educados sorrisos, eu disse a mim mesmo. Eu freqüentemente me pegava imaginando, entretido, rebatendo ele contra a parede da sala… É muito provável que ele não fosse se ferir fatalmente…<br />Mike muitas das vezes não pensava em mim como um rival. Após o acidente, ele ficou preocupado que Bella e eu fossemos criar vínculos a partir da experiência partilhada, mas obviamente teve o resultado oposto. Naquela época, ele ainda tinha ficado irritado que eu e Bella tínhamos deixado o seu grupo de atenções. Mas agora eu o ignorei perfeitamente como os outros, e ele progrediu complacente.<br />O que ela estava pensando agora? Será que ela gostava de ser o centro das atenções?<br />E, finalmente o último dos meus tormentos, o mais doloroso: A indiferença de Bella. Como eu havia ignorado ela, ela me ignorou também. Ela nunca tentou falar comigo novamente. Com tudo que eu sabia, ela nunca pensou em mim novamente.<br />Isso poderia me levar a loucura- ou até mesmo mudar minha decisão para alterar o futuro - exceto que ela às vezes me encarava como ela havia feito antes. Eu não a via para mim, como se eu não pudesse me permitir olhar para ela, mas Alice sempre nos advertia quando ela estava prestes a me encarar; Os outros estavam sendo cuidadosos com o conhecimento problemático da garota.<br />Aliviava um pouco a dor quando ela me olhava de longe de vez em quando. É claro que ela poderia estar imaginando que tipo de louco que eu era.<br />“Bella vai encarar Edward em um minuto. Pareça normal.” Alice disse uma terça-feira de Março, e os outros tomaram cuidado para gesticular e se mexer como um humano; ficar totalmente parado era um hábito da nossa espécie.<br />Eu prestei atenção para quantas vezes ela olhava na minha direção. Me agradava, apesar de não dever agradar, que a freqüência não diminuía conforme o tempo passava. Eu não sabia o que aquilo significava, mas me fazia me sentir melhor.<br />Alice suspirou. “Eu gostaria…”<br />“Fique fora disso, Alice,” Eu disse por baixo do fôlego. “Não vai acontecer”<br />Ela fez um bico. Alice estava ansiosa para formar sua amizade iminente com Bella. De uma forma estranha ela sentia falta da garota que ela nem conhecia.<br />“Eu admito que você é melhor do que eu pensei. Você tem seu futuro todo determinado e sem sentido de novo. Espero que você esteja feliz” Ela pensou.<br />“Faz bastante sentido pra mim.”<br />Ela fez um som impaciente de forma delicada.<br />Eu tentei a ignorar, estava muito impaciente para conversas. Eu não estava de bom-humor- mais tenso do que eu deixava qualquer um deles ver. Só Jasper sabia como eu estava, sentindo o stress ao meu redor com sua habilidade única de sentir e influenciar o humor das pessoas ao redor. Ele não entendia as razões por trás dos humores e - como seu estava constantemente em um humor ruim- ele ignorava.<br />Hoje seria um dia difícil. Mais difícil que o dia anterior, esse era o padrão.<br />Mike Newton, o garoto odiável com quem eu não podia me permitir virar rival, ia chamar Bella para um encontro.<br />O baile que as garotas escolhiam o par estava chegando, e ele esperava muito que Bella o chamasse. E que ela não havia feito nada que abalava a confiança dele. Agora ele estava desconfortavelmente preso - eu gostava do desconforto dele mais do que eu devia - porque Jessica Stanley tinha acabado de o chamar. Ele não queria dizer “sim”, esperando que Bella o escolhesse (e provar que ele era o vitorioso entre seus rivais), mas ele não queria dizer “não” e acabar perdendo o baile. Jessica, magoada pela sua hesitação e imaginando a razão por trás disso, estava tendo pensamentos raivosos contra Bella. Eu entendi o instinto melhor agora, mas só me fez mais frustrado quando eu não podia agir.<br />E pensar que tinha chegado a esse ponto! Eu estava totalmente fixado nos dramas da escola que um dia eu havia simplesmente ignorado.<br />Mike estava trabalhando na sua coragem conforme ele andava com Bella até a aula de biologia. Eu ouvi sua luta interna enquanto eu esperava eles chegarem. O garoto era fraco. Ele tinha esperado por essa festa de propósito, com medo de fazer seu afeto reconhecido antes dela ter mostrado uma preferência por ele. Ele não queria ficar vulnerável para uma possível rejeição, preferindo que ela desse aquele passo antes.<br />Covarde.<br />Ele sentou do nosso lado de novo, confortável com a familiaridade, e eu imaginei o som que seu corpo faria se batesse contra a parede oposta com força suficiente para quebrar a maioria dos seus ossos.<br />- Então - ele disse pra garota, seus olhos no chão. - Jessica me chamou para o baile de primavera.<br />- Isso é ótimo. - Bella respondeu imediatamente e com entusiasmo. Era difícil não sorrir conforme Mike se dava conta de seu tom. Ele estava esperando por consternação. - Você vai se divertir muito com a Jessica.<br />Ele refletiu sobre a resposta certa. - Bem… - ele hesitou, e quase desistiu. Então voltou ao trilho. - Eu falei pra ela que ira pensar sobre isso.<br />“Por que você faria isso?” ela perguntou. O tom dela era mais de desaprovação, mas ainda tinha uma pontada de alívio também.<br />O que aquilo significava? Uma fúria inesperada fez com que minhas mãos se curvassem nos meus punhos com força.<br />Mike não ouviu o alívio. O rosto dele vermelho - com a raiva que eu estava parecia um convite - e ele olhou para o chão de novo enquanto falava.<br />“Eu estava pensando….talvez você estivesse pensando em me chamar.”<br />Bella hesitou.<br />Naquele momento de hesitação, eu vi o futuro mais claramente do que Alice.<br />Ela talvez possa dizer sim para a pergunta implícita de Mike, talvez não, mas ainda assim, algum dia ela diria sim para alguém. Ela era adorável, intrigante e outros homens notavam isso. Se ela fosse se prender a alguém nesse grupo insalubre, ou esperasse para estar livre de Forks, o dia que ela diria sim chegaria.<br />Eu vi a vida dela como tinha visto no dia anterior - faculdade, carreira…amor, casamento. Eu vi ela de braços dados com seu pai, vestida de branco, seu rosto corado de felicidade conforme ela se movia com a marcha nupcial de Mendelssohn.<br />A dor era mais forte do que jamais tinha sido. Um humano teria que estar à beira da morte para sentir essa dor- um humano não sobreviveria a isso.<br />E não só a dor mas o ódio.<br />A raiva também doía de uma forma física. Mesmo que esse garoto insignificante não seja para quem Bella diga sim; Eu queria esmagar o crânio dele na minha mão, para deixar ele representar quem ela escolher.<br />Eu não entendia essa emoção - era uma mistura de dor e raiva e desejo e desespero. Eu nunca havia me sentido assim antes; não podia definir isso.<br />“Mike, acho que você devia dizer sim,” Bella disse de forma gentil.<br />As esperanças de Mike desapareceram. Em outras circunstâncias eu teria gostado mas eu estava preso no choque após a dor - e o remorso que a dor e a raiva tinham me dado.<br />Alice estava certa. Eu não era forte o suficiente.<br />Agora, Alice estaria vendo o futuro contorcido e revirando, ficando confuso de novo. Isso a agradaria?<br />“Você já chamou alguém?” Mike perguntou sóbrio. Ele deu uma olhada para mim, suspeitando pela primeira vez em um bom tempo. Eu notei que nunca tinha disfarçado meu interesse bem, minha cabeça estava inclinada na direção de Bella.<br />A raiva descontrolada nos pensamentos dele - raiva por qualquer um que ela preferisse - de repente deu um nome ao meu sentimento.<br />Eu estava com ciúmes.<br />“Não” Ela disse achando um pouco de graça. “Eu não vou mesmo.”<br />Por trás de todo o remorso e raiva, eu senti alívio nas palavras dela. De repente eu estava considerando os meus rivais.<br />“Por que não?” Mike perguntou de uma forma quase mal-educada. Me ofendia que ele falasse assim com ela. Eu me segurei.<br />“Eu vou para Seattle nesse sábado.” Ela respondeu.<br />A curiosidade não era mais tão viciante quanto antes - agora que eu estava mais concentrado em descobrir as respostas e tudo mais. Eu saberia os porquês e quando dessa revelação.<br />O tom de Mike continuou grosso. “Você não pode ir outro dia?”<br />“Desculpa, não.” Bella foi mais brusca agora. “Então você não deveria fazer Jess esperar mais - È falta de educação.”<br />A preocupação dela com os sentimentos de Jessica diminuiu as chamas do meu ciúme. Essa viagem para Seattle me parecia suspeita como uma desculpa para dizer não - ela recusou puramente por lealdade a amiga? Ela realmente queria poder dizer sim? Ou os dois palpites estavam errados? Ela estava interessada em outra pessoa?<br />“…, você tem razão.” Mike murmurou, com a moral tão baixa que eu quase senti pena dele. Quase.<br />Ele parou de olhar para ela, cortando minha visão do rosto dela na sua mente.<br />Eu não podia tolerar isso.<br />Eu virei para ler a expressão dela por mim mesmo, pela primeira vez em mais de um mês. Foi um alívio poder me autorizar a fazer isso, como respirar depois de muito tempo embaixo d’água era para humanos.<br />Os olhos delas estavam fechados e suas mãos de cada lado do seu rosto. Seus ombros curvados pra frente de forma defensiva. Ela balançava a cabeça suavemente, como se ela estivesse tentando parar de pensar em alguma coisa.<br />Frustrante. Fascinante.<br />A voz do Sr.Banner a tirou da sua reflexão e seus olhos abriram devagar. Ela olhou para mim imediatamente, talvez sentindo que eu a olhava. Ela me olhou nos olhos com a mesma expressão perplexa que tinha me perseguido.<br />Eu não senti remorso ou culpa ou raiva naquele segundo. Eu sabia que eles reapareceriam, logo mas por hora era até um pouco excitante. Como se eu tivesse ganhado e não perdido.<br />Ela não parou de me olhar mesmo eu encarando-a com uma intensidade imprópria, tentando sem sucesso ler seus pensamentos por seus olhos castanhos. Eles estavam cheios de perguntas ao invés de respostas.<br />Eu podia ver a reflexão dos meus próprios olhos, vi eles pretos com sede. Já haviam passado quase duas semanas desde a última vez que eu cacei; isso não era o modo mais seguro de sucumbir a minha vontade. Mas a escuridão não pareceu assustar ela. Ela não olhou em outra direção e uma leve cor vermelha começou a aparecer na sua face.<br />O que ela estava pensando agora?<br />Eu quase perguntei em voz alta, mas quase ao mesmo momento Sr.Banner chamou meu nome. Eu ouvi a resposta certa na sua mente e olhei rapidamente na sua direção.<br />Eu respirei rapidamente. “Ciclo de Krebs.”<br />A sede coçou minha garganta - fazendo meus músculos mais tensos e enchendo minha boca com veneno. - eu fechei os olhos, tentando me concentrar apesar do desejo pelo sangue dela que pulsava dentro de mim.<br />O monstro estava mais forte do que antes. O monstro estava reaparecendo. Ele se juntou a esse futuro que dava a ele uma chance de 50% que ele desejava de maneira cruel.<br />O terceiro futuro incerto eu havia tentando construir por força de vontade apenas tinha sido destruído - pelo ciúmes, acima de tudo. - e por isso o monstro estava cada vez mais perto de ter seu desejo.<br />O remorso e a culpa me queimaram assim como a sede e se eu tivesse como produzir lágrimas elas estariam se formando agora.<br />O que foi que eu fiz?<br />Sabendo que a batalha estava perdida, não parecia ter mais uma razão para resistir o que eu queria; eu virei para encarar Bella novamente.<br />Ela havia se escondido no próprio cabelo, mas eu podia ver que seu rosto estava totalmente vermelho agora.<br />O monstro gostou daquilo.<br />Ela não me olhou novamente, mas mexeu de forma nervosa em uma mecha de cabelo. Seus dedos delicados, seu pulso delicado - eles eram tão frágeis, parecendo que só minha respiração podia os romper.<br />Não, não, não. Eu não podia fazer isso. Ela era muito frágil, boa demais, preciosa demais para merecer esse destino. Eu não podia permitir que minha vida colidisse com a dela, destruir a vida dela.<br />Mas eu não podia ficar longe dela também. Alice estava certa sobre isso.<br />O monstro dentro de mim se manifestou, frustrado conforme eu pensava.<br />Minha breve hora passou muito rápido. O sinal tocou e ela começou a arrumar as coisas sem olhar para mim. Isso me decepcionou mas eu não podia esperar nada menos. O jeito que eu tinha a tratado desde o acidente foi inaceitável.<br />“Bella?” eu disse, sem conseguir me segurar. Minha força de vontade despedaçada.<br />Ela hesitou antes de olhar pra mim; quando ela virou sua expressão estava defensiva e desconfiada.<br />Eu relembrei a mim mesmo que ela tinha o direito de desconfiar de mim. Ela devia.<br />Ela esperou que eu continuasse mas eu só olhei para ela lendo sua expressão. Eu respirava forte em intervalos regulares, lutando contra minha sede.<br />“O que?” Ela finalmente perguntou. “Você está falando comigo novamente?” Havia um pingo de ressentimento em sua voz, como sua raiva aparecendo. Isso me fez sorrir.<br />Eu não tinha certeza de como responder a pergunta dela.Eu devia falar com ela de novo?<br />Não. Não se eu pudesse evitar. Eu tentaria.<br />“Não, na verdade não.” Eu falei para ela.<br />Ela fechou os olhos, o que me frustrou. Eu me permiti o máximo para tentar acessar os seus sentimentos. Ela respirou fundo sem abrir os olhos. Seu maxilar estava rígido.<br />Com olhos fechados, ela falou. Certamente não era o jeito normal de conversar. Porque ela fazia isso?<br />“Então o que você quer, Edward?”<br />O som do meu nome nos lábios dela fez algo estranho ao meu corpo. Se meu coração batesse, estaria acelerado.<br />Mas como responder para ela?<br />Com a verdade, eu decidi. Seria o mais sincero que eu podia ser com ela a partir de agora. Eu não queria merecer sua desconfiança, mesmo omitir a verdade era impossível.<br />“Me desculpe.” Eu falei. Era a melhor verdade que ela poderia saber. Infelizmente o único jeito seguro de me desculpar era de maneira trivial. “Eu estou sendo muito mal educado, eu sei. Mas é melhor assim, acredite.”<br />Seria melhor se eu pudesse continuar sendo mal educado. Será que eu conseguiria?<br />Os olhos dela abriram, sua expressão ainda cautelosa.<br />“Não sei o que você quer dizer.”<br />Eu tentei o máximo que podia por um aviso entrelinhas para ela. “… melhor para nós não sermos amigos.” Certamente ela podia sentir a verdade. Ela era esperta. “Confie em mim.”<br />Os olhos dela se estreitaram e eu lembrei que eu havia dito as palavras para ela antes - logo antes de quebrar a promessa. Eu me encolhi quando ela travou o queixo - ela claramente lembrava também.<br />“… uma pena você não ter descoberto isso antes.” Ela disse brava. “Você poderia ter evitado todo esse arrependimento.”<br />Eu a encarei em choque. O que ela sabia dos meus arrependimentos?<br />“Arrependimento? Arrependimento pelo que?” Eu exigi.<br />“Por não ter deixado aquela van idiota me esmagar!” ela respondeu bruscamente.<br />Eu congelei, entorpecido.<br />Como ela podia pensar isso? Salvar sua vida tinha sido a única coisa certa que eu fiz desde que a conheci. A única coisa de que não me envergonhava. A única coisa que me deixava feliz em existir. Estive lutando para mantê-la viva desde o primeiro momento em que senti seu cheiro. Como ela podia estar pensando isso de mim? Como se atrevia questionar meu único ato de bondade em toda essa bagunça?<br />- Acha que me arrependo de ter salvado você?<br />- Eu sei que se arrepende.<br />A avaliação dela das minhas intenções me deixou fervendo de raiva. - Você não sabe de nada.<br />Como sua mente funcionava de um jeito confuso e incompreensível! Ela não devia pensar do mesmo modo que os outros humanos. Essa devia ser a explicação por trás de seu silêncio mental. Ela era completamente diferente.<br />Ela virou o rosto, batendo os dentes. Suas bochechas estavam vermelhas, com raiva de novo. Ela juntou os livros em uma pilha, os colocou nos braços e marchou na direção da porta sem encontrar meu olhar.<br />Mesmo irritado como eu estava, era impossível não achar seu ódio divertido.<br />Ela andou desajeitada, sem olhar para onde ia, e seu pé bateu no batente da porta. Ela tropeçou, e todas as coisas caíram no chão. Ao invés de se curvar para pegá-las, ficou parada, rígida, sem ao menos olhar para baixo, como se não tivesse certeza de que os livros merecessem ser recuperados.<br />Consegui não dar risada.<br />Ninguém estava aqui para me ver; eu fui rapidamente para o seu lado e juntei os livros antes que ela olhasse para baixo.<br />Ela se inclinou, me viu, e parou. Entreguei os livros para ela, tomando cuidado para que minha pele gelada não tocasse a dela.<br />- Obrigada. - ela disse numa voz fria, severa.<br />Seu tom trouxe minha irritação à tona.<br />- Não há de quê. - respondi no mesmo tom frio.<br />Ela se endireitou e foi para sua próxima aula.<br />Eu fiquei olhando até que não pudesse mais ver sua figura nervosa.<br />A aula de espanhol passou em um borrão. A Sra. Goff não questionou minha distração - ela sabia que meu espanhol era superior ao dela, e me deu liberdade - me deixando livre para pensar.<br />Então, eu não podia ignorar a garota. Isso era óbvio. Mas isso significava que eu não tinha outra saída a não ser destruí-la? Este não podia ser o único futuro disponível. Tinha que ter alguma outra escolha, algum equilíbrio. Tentei pensar em um jeito…<br />Não prestei muita atenção em Emmett até que a aula terminou. Ele estava curioso - Emmett não era muito intuitivo sobre os sentimentos dos outros, mas ele podia ver uma óbvia mudança em mim. Perguntou-se o que teria acontecido para tirar o insistente olhar de ódio do meu rosto. Ele lutou para definir a mudança, e finalmente decidiu que eu parecia esperançoso.<br />Esperançoso? Era assim que eu parecia por fora?<br />Refleti com a idéia de esperança enquanto andávamos para o Volvo, me perguntando sobre o que exatamente eu devia ter esperança.<br />Mas não tive que refletir por muito tempo. Sensível aos pensamentos dos outros sobre a garota como eu era, o som do nome de Bella nas cabeças dos meus… dos meus rivais, tive que admitir, chamou minha atenção. Eric e Tyler, tendo escutado - com muita satisfação - do fracasso de Mike, estavam se preparando para agir.<br />Eric já estava pronto, encostado na picape dela, de modo que ela não conseguisse evitá-lo. A aula de Tyler estava atrasada por causa de um trabalho, e ele estava desesperado para pegá-la antes que ela escapasse.<br />Isso eu tinha que ver.<br />- Espere pelos outros aqui, está bem? - murmurei para Emmett.<br />Ele me olhou, suspeito, mas então deu de ombros e acenou.<br />O garoto ficou louco, ele pensou, divertido com meu pedido esquisito.<br />Eu vi a Bella saindo do ginásio, e esperei ela passar de um lugar onde ela não me veria. Quando ela se aproximou da emboscada de Eric, eu fui para mais perto, andando num ritmo que me faria passar no momento certo.<br />Eu observei o corpo dela ficar tenso quando viu o garoto a esperando. Ela parou por um momento, então relaxou e continuou andando.<br />- Oi, Eric. - eu a escutei falar num tom amigável.<br />Fiquei inesperadamente ansioso. E se esse menino magro e com problemas de pele fosse de algum modo atraente para ela?<br />Eric engoliu alto, seu pomo-de-adão tremendo. - Oi, Bella.<br />Ela parecia inconsciente do nervosismo dele.<br />- E aí? - ela perguntou, destrancando a picape sem olhar para a expressão assustada que ele tinha.<br />-É… só estava pensando… se você gostaria de ir ao baile de primavera comigo. - a voz dele tremeu.<br />- Pensei que as meninas é quem deviam convidar. - ela disse, parecendo frustrada.<br />- Bom, e é. - ele concordou infeliz.<br />Esse pobre menino não me irritou tanto quanto Mike Newton, mas eu não conseguia achar dentro de mim qualquer simpatia por sua angústia até que Bella lhe respondeu com uma voz gentil.<br />- Obrigada por me convidar, mas vou a Seattle nesse dia.<br />Ele já tinha ouvido isso; mesmo assim, ficou desapontado.<br />-Ah - ele murmurou. - Bom, quem sabe na próxima?<br />- Claro. - ela concordou. Então mordeu o lábio, como se tivesse se arrependido de dar uma brecha a ele. Gostei disso.<br />Eric se afastou da picape e foi embora, indo na direção errada para seu carro, querendo só escapar dali.<br />Passei por ela nesse momento, e escutei seu suspiro de alívio. Dei risada.<br />Ela se virou ao som, mas eu olhei para frente, tentando evitar que meus lábios se contorcessem em divertimento.<br />Tyler estava atrás de mim, quase correndo na pressa de falar com ela antes que ela pudesse ir para casa. Ele estava mais destemido e confiante que os outros dois; só tinha esperado tanto tempo para abordar Bella porque respeitava que Mike a tinha visto primeiro.<br />Queria que ele conseguisse falar com ela por dois motivos. Se - eu estava começando a suspeitar - toda essa atenção fosse irritante para Bella, eu queria aproveitar e assistir sua reação. Mas, se não - se o convite de Tyler fosse o que ela estava esperando - então eu queria saber disso também.<br />Medi Tyler Crowley como um rival, sabendo que isso era errado de se fazer. Ele parecia tediosamente comum e pouco notável para mim, mas o que eu sabia das preferências de Bella? Talvez ela gostasse de garotos comuns…<br />Estremeci com esse pensamento. Eu jamais conseguiria ser um garoto comum. Que tolice era me colocar como rival de seus afetos. Como ela poderia se importar com alguém que era, sob qualquer ângulo, um monstro?<br />Ela era boa demais para um monstro.<br />Eu devia deixá-la escapar, mas minha curiosidade indesculpável evitou que fizesse a coisa certa. De novo. Coloquei meu Volvo na pista estreita, bloqueando a saída dela.<br />Emmett e os outros estavam vindo, mas ele tinha descrito meu comportamento estranho para eles, então estavam andando lentamente, me observando, tentando entender o que eu estava fazendo.<br />Eu olhei a garota pelo retrovisor. Ela olhou meu carro com raiva, encontrando meu olhar, como se quisesse estar dirigindo um tanque do que uma picape Chevy enferrujada.<br />Tyler correu para o seu carro e entrou na fila atrás dela, agradecendo meu comportamento inexplicável. Ele acenou para ela, para chamar sua atenção, mas ela não notou. Ele esperou um momento, então saiu do carro, vagando para a janela do carona dela. Bateu no vidro.<br />Ela pulou, então olhou para ele confusa. Depois de um segundo, abriu as janelas manualmente, parecendo ter alguns problemas com elas.<br />- Desculpe, Tyler. - ela disse numa voz irritada. - Estou presa atrás do Cullen.<br />Ela falou meu sobrenome com uma voz dura - ainda estava brava comigo.<br />- Ah, eu sei - Tyler disse, não se importando com o humor dela. - Eu só queria perguntar uma coisa enquanto estamos atolados aqui.<br />O sorriso dele era convencido.<br />Fiquei aliviado com o jeito que ela empalideceu com a tentativa óbvia dele.<br />- Vai me convidar para o baile de primavera? - ele perguntou, nenhum pensamento de derrota em sua mente.<br />- Eu não estarei na cidade, Tyler. - ela lhe disse, a irritação ainda bem presente em sua voz.<br />-É, o Mike me contou.<br />- Então por quê… - ela começou a perguntar.<br />Ele deu de ombros. - Eu esperava que você só estivesse se livrando deles do jeito mais fácil.<br />Os olhos dela queimaram, então ficaram frios. - Desculpe, Tyler. - ela disse, sem parecer sentir nada. - Eu estarei mesmo fora da cidade.<br />Ele aceitou essa desculpa, sua autoconfiança intocada. - Tudo bem. Ainda temos o baile dos estudantes.<br />Ele se empertigou e foi para o seu carro.<br />Estava certo em ter esperado por isso.<br />A expressão horrorizada no rosto dela era impagável. Disse-me o que eu não devia estar tão desesperado para saber - que ela não sentia nada por nenhum desses garotos humanos que queriam convidá-la.<br />E também, a expressão dela era possivelmente a coisa mais engraçada que eu já tinha visto.<br />Minha família chegou então, confusa pelo fato de que eu estava, para variar, me tremendo com o riso em vez de fazendo uma careta assassina a qualquer coisa à vista.<br />O que é tão engraçado? Emmett quis saber.<br />Eu só balancei minha cabeça enquanto me revirei com uma nova onda de riso quando Bella acelerou seu motor nervosa. Ela parecia querer o tanque outra vez.<br />- Vamos embora! - Rosalie sibilou impaciente. - Pára de ser idiota. Se puder.<br />As palavras dela não me irritaram - estava muito distraído. Mas fiz o que ela pediu.<br />Ninguém falou comigo no caminho para casa. Continuei a rir uma vez ou outra, pensando no rosto de Bella.<br />Quando eu virei para a estrada - acelerando agora que não havia testemunhas - Alice arruinou meu humor.<br />- Então eu posso falar com a Bella agora? - ela perguntou inesperadamente, sem considerar as palavras primeiro, não me dando aviso.<br />- Não. - eu revidei.<br />- Isso não é justo. Por que estou esperando?<br />- Eu ainda não decidi nada, Alice.<br />- Que seja, Edward.<br />Na cabeça dela, os dois destinos de Bella estavam claros novamente.<br />- Qual o sentido em conhecê-la? - eu murmurei, de repente rabugento. - Se eu vou matá-la?<br />Alice hesitou por um segundo. - Você tem razão. - ela admitiu.<br />Virei a ultima curva a 150 km/h então parei a três centímetros da parede da garagem.<br />- Aproveite sua corrida. - Rosalie disse presunçosa quando eu me atirei para fora do carro.<br />Mas eu não fui correr hoje. Em vez disso, fui caçar.<br />Os outros iriam caçar amanhã, mas eu não podia estar com sede agora. Exagerei, bebendo mais do que o necessário, me fartando de novo - um pequeno grupo de cervos e um urso negro que tive a sorte de cruzar tão cedo no ano. Estava tão cheio que era desconfortável. Por que isso não podia ser o suficiente? Por que o cheiro dela tinha que ser tão mais forte que todas as outras coisas?<br />Eu tinha caçado para me preparar para o próximo dia, mas, quando eu não conseguia mais fazer isso e o sol ainda estava a horas de nascer, soube que o próximo dia não chegaria rápido o bastante.<br />A enorme tensão me varreu outra vez quando eu percebi que ia encontrar a garota.<br />Eu lutei comigo todo o caminho de volta a Forks, mas meu lado menos nobre ganhou a discussão, e eu segui adiante com meu plano indefensável. O monstro estava inquieto, mas bem alimentado. Eu sabia que manteria uma distância segura dela. Só queria saber como ela estava. Só queria ver seu rosto.<br />Passava da meia-noite e a casa de Bella estava escura e silenciosa. A picape dela estacionada no meio-fio e a radiopatrulha de seu pai na entrada de carros. Não havia pensamentos conscientes em lugar algum na vizinhança. Olhei a casa por um momento, da escuridão da floresta me a cercava do lado leste. A porta da frente provavelmente estava trancada - não que isso fosse um problema, exceto que eu não queria deixar a porta quebrada como evidência para trás. Decidi tentar a janela de cima primeiro. Não existiam muitas pessoas que se importavam em instalar uma fechadura ali.<br />Cruzei o jardim aberto e escalei a parede da casa em meio segundo. Pendurado por uma mão na calha que ficava em cima da janela, olhei pelo vidro, e minha respiração parou.<br />Era o quarto dela. Eu a conseguia ver, as cobertas no chão e os lençóis enrolados por suas pernas. Enquanto eu olhava, ela se virou inquieta e colocou um braço por cima da cabeça. Ela não dormia profundamente, pelo menos não à noite. Ela sentiu o perigo próximo?<br />Fiquei com nojo de mim mesmo quando a vi mexer de novo. O quanto eu era melhor que qualquer outro bisbilhoteiro? Eu não era melhor. Era muito, muito pior.<br />Relaxei as pontas dos meus dedos, para me deixar cair. Mas primeiro me permiti um longo olhar para o rosto dela.<br />Não estava tranqüilo. A pequena ruga estava entre suas sobrancelhas, os cantos de seus lábios para baixo. Seus lábios tremeram, e então se abriram.<br />- Está bem, mãe. - ela resmungou.<br />Bella falava dormindo.<br />A curiosidade me invadiu, mais forte que o nojo que tinha por mim mesmo. O encanto que aqueles pensamentos falados, desprotegidos e inconscientes, era incrivelmente tentador.<br />Eu tentei abrir a janela, e não estava fechada, embora tenha travado por ter ficado tanto tempo sem ser aberta. Eu a empurrei lentamente para o lado, encolhendo a cada pequeno gemido que a moldura de metal fazia. Teria que achar algum óleo para a próxima vez…<br />Próxima vez? Eu balancei a cabeça, com nojo de novo.<br />Passei silenciosamente pela janela meio aberta.<br />O quarto dela era pequeno - desorganizado, mas não sujo. Havia livros empilhados no chão perto da sua cama, suas lombadas viradas para o outro lado, e CDs espalhados perto de seu disc-man barato - o que estava por cima era só uma caixa vazia. Papéis cercavam um computador que parecia mais pertencer a um museu dedicado a tecnologias obsoletas. Sapatos estavam no chão de madeira.<br />Eu queria muito ler os títulos de seus livros e CDs, mas tinha prometido que iria manter a distância; em vez disso, fui sentar na velha cadeira de balanço no outro canto do quarto.<br />Alguma vez eu tinha realmente pensado que ela era comum? Pensei naquele primeiro dia, e meu nojo pelos garotos que ficaram tão rapidamente intrigados por ela. Mas quando eu me lembrei do rosto dela nos pensamentos deles, não conseguia entender por que não a tinha achado linda imediatamente. Parecia uma coisa óbvia.<br />Nesse momento - com seu cabelo escuro embaraçado e selvagem envolta de seu rosto pálido, usando uma camiseta puída cheia de buracos e uma calça surrada - ela me deixou sem fôlego. Ou teria, pensei ironicamente, se eu estivesse respirando.<br />Ela não falou. Talvez seu sonho tenha terminado.<br />Eu encarei seu rosto e tentei pensar em algum modo de deixar o futuro suportável.<br />Machucá-la não era suportável. Isso significava que minha única escolha era tentar ir embora novamente?<br />Os outros não podiam discutir comigo agora. Minha ausência não iria colocar ninguém em perigo. Não teria nenhuma suspeita, nada para levar os pensamentos de ninguém de volta ao acidente.<br />Eu vacilei como tinha feito esta tarde, e nada pareceu possível.<br />Não podia esperar ser rival dos meninos humanos, quer esses garotos específicos a atraíssem ou não. Eu era um monstro. Como ela podia me ver de qualquer outro jeito? Se ela soubesse a verdade sobre mim, iria assustá-la e repulsá-la. Como a vítima em um filme de terror, ela iria correr, gritando de horror.<br />Lembrei-me do primeiro dia dela na aula de biologia… e soube que essa seria exatamente a reação certa para ela ter.<br />Era besteira imaginar que se fosse eu quem tivesse a convidado para esse baile bobo, ela teria cancelado seus planos feitos em cima da hora e concordado em ir comigo.<br />Não era a mim que ela estava destinada a dizer sim. Era para alguma outra pessoa, humana e quente. E eu nem podia - algum dia, quando ela dissesse sim - me deixar caçá-lo e matá-lo, porque ela o merecia, quem quer que fosse que tivesse escolhido.<br />Eu devia a ela fazer a coisa certa agora; não podia mais fingir que estava só em perigo de amar essa garota.<br />E mesmo assim, não importava realmente se eu fosse embora, porque Bella jamais me veria do jeito que eu queria que ela visse. Ela nunca me veria como alguém que merecesse ser amado.<br />Nunca.<br />Um coração morto, gelado, podia ser despedaçado? Parecia que o meu podia.<br />- Edward. - Bella disse.<br />Eu congelei, encarando seus olhos fechados.<br />Ela tinha acordado, me visto aqui? Ela parecia adormecida, mas sua voz tinha sido tão clara…<br />Ela suspirou calmamente, então se moveu inquieta outra vez, rolando de lado - ainda dormindo e sonhando.<br />- Edward. - ela murmurou suavemente.<br />Ela estava sonhando comigo.<br />Um coração morto, gelado, podia bater de novo? Parecia que o meu podia.<br />- Fique. - ela suspirou. - Não vá. Por favor… não vá.<br />Ela estava sonhando comigo, e nem era um pesadelo. Ela queria que eu ficasse com ela, lá em seu sonho.<br />Eu lutei para achar palavras para nomear os sentimentos que me invadiram, mas não existiam palavras fortes o suficiente para descrevê-los. Por um longo momento, me afoguei neles.<br />Quando eu emergi, não era o mesmo homem que havia sido.<br />Minha vida era a meia-noite, sem mudanças, sem fim. Deveria, por necessidade, sempre ser a meia-noite para mim. Então como era possível que o sol estivesse nascendo agora, bem na metade da meia-noite?<br />No momento em que me tornei um vampiro, trocando minha alma e mortalidade por imortalidade na dor abrasadora da transformação, eu tinha realmente congelado. Meu corpo tinha se transformado em algo mais para pedra do que para carne, permanente e sem mudanças. Eu mesmo, também, tinha congelado como era - minha personalidade, meus gostos e desgostos, meus humores e meus desejos; todos fixados de um jeito.<br />Era a mesma coisa para o resto dele. Todos nós estávamos congelados. Pedras vivas.<br />Quando uma mudança chegava para um de nós, era uma coisa rara e inalterável. Tinha visto acontecer com Carlisle, e uma década depois, com Rosalie. O amor os tinha mudado de um jeito irremediável, um jeito que nunca mais mudava. Mais de oitenta anos haviam se passado desde que Carlisle achara Esme, e ele ainda a olhava com os olhos incrédulos de primeiro amor. Seria sempre assim para eles.<br />Seria sempre assim para mim também. Eu sempre amaria essa frágil garota humana, pelo resto da minha existência sem limites.<br />Olhei para seu rosto inconsciente, sentindo esse amor por ela se acomodar em cada célula do meu corpo de pedra.<br />Ela dormia com mais calma agora, um sorriso fraco em seus lábios.<br />Sem deixar de observá-la, comecei a planejar.<br />Eu a amava, então eu tentaria ser forte o suficiente para deixá-la. Eu sabia que não era forte assim agora. Teria que trabalhar nisso. Mas talvez eu fosse forte o suficiente para moldar o futuro de outro jeito.<br />Alice tinha visto só dois futuros para Bella, e agora eu entendia os dois.<br />Amá-la não evitaria que eu a matasse, se eu cometesse erros.<br />Mas eu não conseguia sentir o monstro agora, não conseguia achá-lo em nenhum lugar dentro de mim. Talvez o amor o tivesse silenciado para sempre. Se eu a matasse agora, não seria intencional, só um horrível acidente.<br />Eu teria que ser extraordinariamente cuidadoso. Jamais, jamais seria capaz de baixar a guarda. Teria que controlar cada respiração. Teria sempre que manter uma distância segura.<br />Não cometeria erros.<br />Eu finalmente entendi o segundo futuro. Tinha estado aterrorizado por essa visão - o que poderia acontecer que resultaria em Bella se tornar uma prisioneira nessa meia-vida imortal? Agora - devastado por desejar a garota - eu podia entender como eu, num egoísmo indesculpável, pediria a meu pai esse favor. Pediria a ele que tirasse a vida e a alma dela para que eu pudesse ficar com ela para sempre.<br />Ela merecia coisa melhor.<br />Mas eu vi mais um futuro, uma linha estreita pela qual eu talvez pudesse caminhar, se pudesse manter meu equilíbrio.<br />Conseguiria fazer? Ficar com ela e deixá-la humana?<br />Deliberadamente, inspirei fundo e depois outra vez, deixando que seu cheiro passasse por mim como fogo. O quarto estava cheio de seu perfume; a fragrância dela saía de cada superfície. Minha cabeça girou, mas lutei contra a tontura. Teria que acostumar com isso, se eu fosse tentar ter qualquer tipo de relacionamento com ela. Respirei novamente, deixando o ar me queimar.<br />A observei dormindo até que o sol nascesse atrás das nuvens no leste, planejando e respirando.<br />Fui para casa quando os outros tinham ido embora para a escola. Troquei de roupa rapidamente, evitando os olhos cheios de perguntas de Esme. Ela viu a luz febril em meu rosto, e sentiu preocupação e alívio. Minha melancolia sem fim a magoava, e ela estava feliz que parecia ter acabado.<br />Eu corri para a escola, chegando poucos segundos depois que meus irmãos. Eles não viraram, embora Alice deva ter desconfiado que eu estava parado aqui nas grossas árvores que cercavam o asfalto. Eu esperei até que ninguém estivesse olhando, e então andei casualmente por entre as árvores até o estacionamento cheio de carros.<br />Eu ouvi a picape de Bella rugindo na esquina, e parei atrás de um Suburban onde podia observá-la sem ser visto.<br />Ela dirigiu até o estacionamento, olhando meu Volvo por um longo momento antes de parar em uma das vagas mais distantes, uma careta em seu rosto.<br />Era estranho lembrar que ela provavelmente ainda estava brava comigo, e por um bom motivo.<br />Eu queria rir para mim mesmo - ou me chutar. Todo o meu esquema e planejamento eram totalmente inúteis se ela não se importasse comigo, não eram? O sonho dela pode ter sido sobre alguma outra coisa aleatória. Eu era mesmo um tolo arrogante.<br />Bom, era muito melhor para ela se não se importasse comigo. Isso não me impediria de persegui-la, mas eu a avisaria de minha perseguição. Devia isso a ela.<br />Andei silenciosamente, pensando qual seria a melhor forma de me aproximar dela.<br />Ela deixou fácil. A chave da picape escorregou por seus dedos quando ela saiu, e caiu em uma poça funda.<br />Ela se inclinou, mas eu cheguei antes, a pegando antes que ela tivesse que colocar os dedos na água fria.<br />Encostei-me na picape quando ela me encarou e então se endireitou.<br />- Como é que você fez isso? - ela perguntou.<br />Sim, ainda estava brava.<br />Oferecia a chave para ela. - Fiz o quê?<br />Ela esticou a mão, e eu a deixei cair em sua palma. Respirei fundo, absorvendo seu cheiro.<br />- Aparecer do nada desse jeito. - ela esclareceu.<br />- Bella, não é culpa minha se você é excepcionalmente distraída. - As palavras eram sarcásticas, quase uma piada. Tinha alguma coisa que ela não visse?<br />Ela ouviu como a minha voz disse o nome dela com carinho?<br />Ela me encarou, não gostando muito do meu humor. Os batimentos dela aceleraram - de raiva? De medo? Depois de um momento, ela olhou para baixo.<br />- Por que o engarrafamento de ontem? - ela perguntou sem encontrar meus olhos. - Pensei que você devia fingir que eu não existo e não me matar de irritação.<br />Ainda estava bastante brava. Ia tomar algum esforço para deixar as coisas certas com ela. E me lembrei da minha resolução de ser honesto com ela…<br />- Aquilo foi pelo Tyler e não por mim. Tive que dar uma chance a ele. - E então eu ri. Não podia evitar, pensando na expressão dela de ontem.<br />- Você… - ela engasgou, então parou, parecendo estar furiosa demais para terminar. Ali estava - a mesma expressão. Abafei outra risada. Ela já estava nervosa o suficiente.<br />- E não estou fingindo que você não existe. - terminei. Estava certo em manter as coisas casuais, em provocá-la. Ela não entenderia se eu a deixasse ver como me sentia de verdade. Iria assustá-la. Tinha que manter meus sentimentos sob controle, manter as coisas leves…<br />- Então está tentando mesmo me matar de irritação? Já que a van do Tyler não fez o serviço?<br />Um rápido lampejo de raiva passou por mim. Como ela podia honestamente acreditar nisso?<br />Era irracional da minha parte ficar tão ofendido - ela não sabia da transformação que tinha acontecido à noite passada. Mas a raiva era a mesma.<br />- Bella, você é completamente absurda. - eu revidei.<br />O rosto dela corou, e ela virou as costas para mim. Começou a ir embora.<br />Remorso. Não havia sentido em minha raiva.<br />- Espere. - eu pedi.<br />Ela não parou, então eu a segui.<br />- Desculpe, foi grosseria minha. Não estou dizendo que não é verdade. - era absurdo imaginar que eu a queria machucada em qualquer jeito. - mas de qualquer forma, foi uma grosseria dizer aquilo.<br />- Por que não me deixa em paz?<br />Acredite, eu quis dizer. Eu tentei.<br />Ah, outra coisa, estou miseravelmente apaixonado por você.<br />Mantenha a coisa leve.<br />- Quero perguntar uma coisa, mas você está me evitando. - Um outro curso de ação tinha me ocorrido e eu dei risada.<br />- Você tem distúrbio de personalidade múltipla? - ela perguntou.<br />Parecia que sim. Meu humor instável, tantas emoções novas passando por mim.<br />- Lá vem você de novo. - eu assinalei.<br />Ela suspirou. - Tudo bem, então. O que quer me perguntar?<br />- Eu estava me perguntando se, no sábado que vem… - observei o choque passar por seus olhos e sufoquei outra risada. - Sabe, no dia do baile de primavera…<br />Ela finalmente me interrompeu, voltando seus olhos para mim. - Está tentando ser engraçadinho?<br />Sim. - Quer, por favor, me deixar terminar?<br />Ela esperou em silêncio, os dentes mordendo o lábio macio inferior.<br />Essa visão me distraiu por um momento. Reações estranhas, desconhecidas agitaram fundo no meu interior humano. Tentei me livrar delas para que pudesse fazer meu papel.<br />- Eu a ouvi dizer que vai a Seattle nesse dia e estava pensando se você queria uma carona. - ofereci. Percebi que, melhor que perguntar a ela sobre seus planos, eu poderia partilhá-los.<br />Ela me olhou inexpressivamente. - Como é?<br />- Quer uma carona para Seattle? - Sozinho no carro com ela - minha garganta queimou com o pensamento. Respirei fundo. Se acostume.<br />- Com quem? - ela perguntou, seus olhos arregalados e confusos de novo.<br />- Comigo, é claro. - eu disse lentamente.<br />- Por quê?<br />Era realmente um choque que eu queria a companhia dela? Ela deve ter chegado a pior conclusão possível com meu comportamento passado.<br />- Bom, eu pretendia ir a Seattle nas próximas semanas e, para ser sincero, não tenho certeza se sua picape vai agüentar. - Era mais seguro provocá-la do que me permitir ser sério.<br />- Minha picape funciona muito bem, obrigada por sua preocupação. - ela disse na mesma voz surpresa. E começou a andar outra vez. Continuei a seguindo.<br />Ela não havia dito não, então pressionei essa vantagem.<br />Ela diria não? O que eu faria se ela dissesse?<br />- Mas sua picape pode chegar lá com um tanque de gasolina?<br />- Não vejo como isso pode ser da sua conta. - ela reclamou.<br />Ainda não era um não. E o coração dela estava batendo mais rápido de novo, a respiração vindo mais rápida.<br />- O desperdício de recursos não-renováveis é da conta de todos.<br />“Honestamente, Edward, eu não consigo te acompanhar. Eu pensei que você não queria ser meu amigo.”<br />Uma forte emoção me atravessou quando ela disse meu nome.<br />Como manter isso suave e também ser honesto ao mesmo tempo? Bem, era mais importante ser honesto. Especialmente nesta questão.<br />“Eu disse que seria melhor se não fossemos amigos, não que eu não queria ser.”<br />“Oh, obrigada, isso esclarece tudo,” ela disse sarcasticamente.<br />Ela pausou, sob o teto da cafeteria, e encontrou meu olhar novamente. As batidas de seu coração estavam vacilantes. Ela estava com medo?<br />Eu escolhi minhas palavras cuidadosamente. Não, eu não poderia deixá-la, mas talvez ela fosse esperta o suficiente para me deixar, antes que fosse muito tarde.<br />“Seria mais… prudente pra você não ser minha amiga.” Fitando a profundeza de chocolate derretido dos seus olhos, eu perdi minha segurança na luz. “Mas eu estou cansado de tentar ficar longe de você, Bella.” As palavras queimaram com muito fervor.<br />Sua respiração parou e, quando voltou a respirar, aquilo me preocupou. Quanto eu a tinha assustado? Bem, eu descobriria isso.<br />“Você vai a Seattle comigo?” eu perguntei a queima roupa.<br />Ela acenou, seu coração batendo mais alto.<br />Sim. Ela tinha dito sim pra mim.<br />E depois minha consciência me sufocou. O que isso custaria a ela?<br />“Você realmente devia ficar longe de mim,” eu a alertei. Ela me ouviria? Ela escaparia do futuro no qual eu a estava lançando? Eu não poderia fazer nada para salvá-la de mim?<br />Mantenha-se suave, eu me adverti. “Te vejo na aula.”<br />Eu tive que me concentrar para me impedir de correr enquanto eu fugia.<br /><a title="Link permanente para Sexto Capítulo - Midnight Sun" href="http://foforks.com.br/2008/08/sexto-capitulo-midnight-sun/">Sexto Capítulo - Midnight Sun</a><br />6. Tipo sangüíneo<br />Eu a segui durante o dia todo através dos olhos das outras pessoas, abertamente consciente da minha própria vizinhança.<br />Não os olhos de Mike Newton, por que eu não conseguia mais agüentar suas ofensivas fantasias, e não pelos olhos de Jessica Stanley, por que seu ressentimento por Bella me deixava perigosamente nervoso. Ângela Weber era uma boa escolha, quando os olhos dela estavam disponíveis; ela era gentil - sua cabeça era um lugar fácil de estar. E algumas vezes os professores providenciavam a melhor vista.<br />Eu estava surpreso, assistindo ela tropeçar pelo dia - tropeçando na beira da calçada, deixando os livros cair, e muitas vezes caindo junto; nos próprios pés - através dos pensamentos das pessoas que ouvi achando que Bella era desastrada.<br />Eu considerei aquilo. Era verdade que ela muitas vezes teve a preocupação de ficar em pé, direito. Eu me lembrava dela tropeçando até a mesa no primeiro dia, deslizando pelo gelo antes do acidente, caindo embaixo do batente da porta ontem… Era impar, eles estavam certos. Ela era desastrada.<br />Eu não sabia por que aquilo era tão engraçado para mim, mas eu estava rindo em voz alta enquanto andava da aula de História Americana para o Inglês e muitas pessoas me lançaram olhares cuidadosos. Como eu não tinha percebido isso antes? Possivelmente por que havia algo bem gracioso em sua calma, no jeito que ela mantinha a cabeça, o arco do seu pescoço…<br />Não havia nada de gracioso nela agora. Mr. Varner assistia ela prender a ponta de sua bota no carpete e literalmente cair na sua cadeira.<br />Eu ri de novo.<br />O tempo se movia incrivelmente lento enquanto eu esperava para vê-la com meus próprios olhos. Finalmente o sinal tocou. Eu corri até a cafeteria para assegurar meu lugar. Eu era o primeiro a chegar lá. Escolhi uma mesa que normalmente estava vazia, e eu estava seguro de permanecer no caminho que tinha me levado a sentar ali.<br />Quando minha família entrou e me viu sentado sozinho em meu novo lugar eles não estavam surpresos. Alice devia ter avisado a eles.<br />Rosalie passou por mim sem me olhar.<br />Idiota.<br />Rosalie e eu nunca tivemos um relacionamento fácil - eu a ofendi na primeira vez que ela me ouviu falar, e foi ladeira abaixo desde então - mas parecia que elas estava mais temperamental nesses últimos dias. Eu suspirei. Para Rosalie tudo era sobre ela mesmo.<br />Jasper me deu um sorriso torto e continuou a andar.<br />Boa sorte, ele pensou duvidosamente.<br />Emmett rolou os olhos e balançou a cabeça.<br />Perdeu a cabeça, pobre garoto.<br />Alice estava radiante, seus dentes brilhando mais do que deviam.<br />Posso falar com Bella agora?<br />“Fique fora disso,” Eu disse através da minha respiração.<br />Seu rosto ficou triste, e então brilhou de novo.<br />Tudo bem. Seja teimoso. É só uma questão de tempo.<br />Ela suspirou de novo.<br />Não se esqueça da aula de laboratório de biologia de hoje, ela me lembrou.<br />Eu acenei com a cabeça. Não, eu não me esqueci disso.<br />Enquanto eu esperava Bella chegar, eu a segui através dos olhos do calouro que andava atrás de Jessica, no caminho para a cafeteria. Jessica estava tagarelando sobre o próximo baile, mas Bella não disse nada em resposta. Não que Jessica tivesse dado muita chance a ela de responder.<br />No momento em que Bella passou pela porta, seus olhos fitaram momentaneamente a mesa onde meus irmãos se sentavam. Ela observou por um momento, e então sua testa se enrugou e seu olhar baixou até o chão. Ela não havia me notado.<br />Ela parecia tão… triste. Eu senti uma urgência enorme em levantar e ir até ela, para confortá-la de alguma forma, eu só não sabia o que ela acharia reconfortante. Eu não tinha idéia do motivo que a fizera parecer daquela forma. Jessica continuava a matraquear sobre o baile. Será que Bella estava triste que iria perder isto? Aquilo não parecia muito provavell…<br />Mas poderia ser remediado, se ela quisesse.<br />Ela comprou uma bebida para o seu almoço e nada mais. Aquilo estava certo? Será que ela não precisava de mais nutrientes do que apenas aquilo? Eu nunca prestei muita atenção à dieta de um humano antes. Humanos eram tão exacerbadamente frágeis! Havia milhões de coisas com que deviam se preocupar…<br />“Edward Cullen está encarando você novamente,” eu ouvi Jessica dizer. “Por que será que ele está sentado sozinho hoje?”<br />Eu estava agradecido a Jessica - apesar de ela estar ainda mais ressentida agora - porque Bella levantou a cabeça e seus olhos procuraram até que encontrassem os meus.<br />Não havia traço de tristeza em sua face, agora. Eu me permiti acreditar que ela estava triste por imaginar que eu havia ido embora mais cedo, e a esperança desse pensamento me fez sorrir.<br />Eu a chamei com meu dedo para que ela se juntasse a mim. Ela pareceu tão surpresa com aquilo que eu quis provocá-la novamente.<br />Então eu pisquei e ela ficou boquiaberta.<br />“Ele está chamando você?” Jessica perguntou com desprezo.<br />“Talvez ele precise de ajuda com o dever de biologia,” ela disse em uma voz baixa e cheia de incerteza. “Um, é melhor eu ver o que ele quer.”<br />Este foi um outro sim.<br />Ela tropeçou duas vezes no caminho para a minha mesa, apesar de não haver nada no seu rumo além de um piso perfeitamente plano. Sério, como eu deixei de notar isto antes? Eu estava prestando mais atenção aos seus pensamentos silenciosos, creio eu… O que mais eu teria perdido?<br />Seja honesto, seja claro eu repeti para mim mesmo.<br />Ela parou atrás da cadeira que estava a minha frente, hesitante. Eu respirei fundo, dessa vez pelo meu nariz e não pela boca.<br />Sinta a queimação, eu pensei objetivamente.<br />“Por que você não se senta comigo hoje?” Eu perguntei a ela.<br />Sem tirar os olhos de mim por um instante, ela puxou a cadeira e sentou-se. Ela parecia nervosa, mas sua aceitação física era um outro sim.<br />Eu esperei que ela falasse.<br />Levou um momento, mas finalmente ela falou, “Isto é diferente.”<br />“Bem…” Eu hesitei “Eu decidi, de uma vez que eu vou para o inferno, posso muito bem fazer o serviço completo<br />O que me fez dizer aquilo? Eu suponho que pelo menos tenha sido honesto. E talvez ela tivesse ouvido o aviso sutil que minhas palavras continham. Talvez ela entendesse que ela deveria se levantar e sair dali o mais rápido que pudesse…<br />Ela não se levantou. Ela me encarava, esperando, como se eu não tivesse terminado minha frase.<br />“Sabe, não tenho a mínima idéia do que você quis dizer, ” ela disse quando percebeu que eu não continuaria.<br />Aquilo foi um alívio, eu sorri.<br />“Eu sei.”<br />Era difícil ignorar os pensamentos que vinham detrás de suas costas, gritando para mim - E eu queria mudar de assunto, também.<br />“Eu acho que seus amigos estão zangados comigo por eu ter te roubado deles.”<br />Isso pareceu não a preocupar. “Eles sobreviverão.”<br />“Eu posso não devolver você, então.” Eu não fazia idéia se eu estava tentando ser honesto agora ou apenas tentando provocá-la de novo. Estar perto dela tornava difícil dar sentido aos meus próprios pensamentos.<br />Bella engoliu seco.<br />Eu ri da expressão dela. “Você parece preocupada,” Aquilo realmente não deveria ser divertido, ela deveria estar preocupada.<br />“Não.” Ela era uma péssima mentirosa; não a ajudou em nada que sua voz falhasse. “Surpresa, na verdade… o que você quer afinal?”<br />“Eu te disse, me cansei de tentar ficar longe de você. Então estou desistindo.” Eu segurei meu sorriso com um pouco de esforço. Isso não estava funcionando nem um pouco - tentando ser honesto e casual ao mesmo tempo.<br />“Desistindo?” ela repetiu perplexa.<br />“Sim - desistindo de tentar ser bonzinho.” E aparentemente desistindo de tentar ser casual. “Eu simplesmente vou fazer o que eu quiser, agora, e deixar que aconteça o que tiver de acontecer.” ( no livro “Crepúsculo” esta traduzido assim: …e deixar os dados rolarem. Mas a trad. de vcs ficou melhorJ )<br />Aquilo foi honesto o bastante. Deixe que ela veja meu egoísmo. Deixe que isto a alerte, também.<br />“Não estou entendendo nada de novo.” / ” Você esta me confundindo de novo “<br />Eu era egoísta o bastante para estar feliz que este fosse o caso. “Eu sempre falo muito quando estou conversando com você - este é um dos problemas.”<br />Um problema bem insignificante, comparado a todos os outros.<br />“Não se preocupe,” ela reafirmou. “Eu não entendo nada mesmo…”<br />Ótimo, então ela não iria fugir. “Eu estava contando com isso.”<br />“Então, falando sem rodeios, somos amigos agora?”<br />Eu ponderei por um instante. “Amigos…” eu repeti. Não gostei do som daquilo. Não era o bastante.<br />“Ou não,” ela sussurrou, parecendo embaraçada.<br />Será que ela pensava que eu não gostava dela o bastante?<br />Eu sorri. “Bem, podemos tentar, eu acho. Mas eu vou alertar que eu não sou um bom amigo para você.”<br />Eu esperei pela resposta ansiosamente - esperando que finalmente ela ouvisse e entendesse, e imaginando que eu pudesse morrer se ela o fizesse. Que melodramático. Eu estava me tornando humano demais perto dela.<br />Seu coração batia rápido. “Você diz muito isso.”<br />“Sim, porque você não está me dando ouvidos.” Eu disse, muito intensamente outra vez. “Eu ainda espero que você acredite nisso. Se for esperta, você vai me evitar.”<br />Ah, mas será que eu permitiria que ela fizesse isso, se tentasse?<br />Seus olhos se estreitaram. “Eu acho que você deixou clara a sua opinião, a respeito do meu intelecto.”<br />Eu não estava certo sobre o que ela quis dizer, mas eu sorri me desculpando, imaginando que eu a tivesse ofendido acidentalmente.<br />“Então,” ela disse devagar. “Enquanto eu estiver sendo… boba, vamos tentar ser amigos?”<br />“É isso o que parece.”<br />Ela olhou para baixo, examinando a garrafa de limonada que tinha em mãos.<br />A velha curiosidade me atormentava.<br />“O que você está pensando?” Eu perguntei - pelo menos era um alívio dizer estas palavras em voz alta finalmente<br />Seu olhar encontrou o meu, e sua respiração acelerou enquanto suas bochechas coraram, eu inspirei, sentindo o saboreando o ar.<br />“Eu estou tentando imaginar o que você é.”<br />Segurei o sorriso em meu rosto, travando minha feição naquela forma, enquanto o pânico percorria todo o meu corpo.<br />É claro que ela estava pensando naquilo. Ela não era estúpida. Eu não podia esperar que ela fosse deixar de notar algo tão evidente.<br />“Você está tendo alguma sorte nisso?” Perguntei da forma mais sutíl que pude.<br />“Não muita.” Ela admitiu.<br />Eu ri suavemente com a resposnta, sentindo um súbito alivio. “Quais são suas teorias?”<br />Elas não poderiam ser piores que a verdade, qualquer que fossem.<br />Suas bochechas ficaram ainda mais vermelhas, e ela não disse nada. Eu podia sentir no ar o calor do seu rubor.<br />Tentei usar meu tom persuasivo nela. Isso era algo que funcionava muito bem em humanos normais.<br />“Não vai me dizer?” Sorri, encorajando-a.<br />Ela balançou a cabeça negativamente. “É muito embaraçoso.”<br />Ugh. Não saber era pior do que qualquer outra coisa. Por que as especulações dela a deixariam embaraçada? Não pude suportar a curiosidade.<br />“É muito frustrante, sabe.”<br />Minha reclamação disparou algo nela. Seus olhos brilharam e as palavras fluíram mais rapidamente que o normal.<br />“Não. Eu não posso imaginar poque isso pode ser minimamente frustrante - apenas porque alguém se recusa a lhe dizer o que está pensando, mesmo se durante todo o tempo estivesse fazendo apenas pequenas observções enigmáticas com a única intenção de lhe deixar acordado a noite tentando imaginar o que é que elas podem significar… agora, por que isso seria frustrante?”<br />Eu franzi as sobrancelhas para ela, irritado por aceitar que ela estava certa. Eu não estava sendo justo.<br />Ela continuou. “Ou melhor, dizer também que esta pessoa fez um monte de coisas bizarras, desde salvar sua vida sob circunstâncias impossíveis em um dia até te tratar como um estranho no dia seguinte, e jamais te explicar nem uma coisa nem outra, mesmo depois de prometer fazê-lo. Isso também não seria frustrante.”<br />Foi o mais longo discurso que eu a ouvi fazer, e isso acrescentou mais uma qualidade na minha lista.<br />“Você é meio temperamental, não?”<br />“Eu não gosto de dois pesos e duas-medidas.”<br />Sua irritação era completamente justificavel, é claro.<br />Eu encarei Bella, imaginando como eu poderia possivelmente fazer qualquer coisa certa por ela, até que o silêncio gritante na cabeça de Mike Newton me distraiu.<br />Ele estava tão irado que me fez rir.<br />“O que é?” ela exigiu.<br />“O seu namorado parece estar pensando que eu estou sendo rude com você - ele está se questionando se deve ou não vir aqui apartar a nossa briga.” Eu gostaria de vê-lo tentar. Eu ri novamente.<br />“Eu não sei do que você está falando”, ela disse de forma fria “Mas de qualquer forma, eu tenho certeza que você está enganado.”<br />Eu gostei muito do modo como ela o rejeitou com sua sentença desdenhosa.<br />“Eu não estou. Eu já te disse, a maioria das pessoas é fácil de ler.”<br />“Exceto eu, é claro.”<br />“Sim. Exceto você.” Ela tinha que ser a exceção à tudo? Não seria mais justo - considerando tudo mais com que eu tinha que lidar no momento - se eu pudesse ler ALGUMA COISA em sua cabeça? Era pedir muito? “Eu me pergunto o porquê disso.”<br />Ela olhou ao longe. Ela abriu sua limonada e tomou um curto e rápido gole, seus olhos na mesa.<br />“Você não está com fome?” eu perguntei.<br />“Não,” ela olhava a mesa vazia entre nós. “Você?”<br />“Não, eu não estou com fome.” eu disse. Eu definitivamente não estava.<br />Ela encarava a mesa com seus lábios cerrados. Eu esperei.<br />“Você pode me fazer um favor?”, ela perguntou, subitamente encontrando meus olhos novamente.<br />O que ela poderia querer de mim? Ela perguntaria sobre a verdade a qual eu não era permitido dizer à ela - a verdade que eu queria que ela nunca, nunca soubesse?<br />“Depende do que você quer”.<br />“Não é muito”, ela prometeu.<br />Eu esperei, curioso de novo.<br />“Eu só estava imaginando…” ela disse lentamente, olhando para a garrafa de limonada, traçando a boca da garrafa com o seu dedo mínimo “se você poderia me avisar com antecedência na próxima vez que você resolver me ignorar para o meu próprio bem. Só pra eu me preparar.”<br />Ela queria um aviso? Então ter sido ignorada por mim deve ter sido alguma coisa ruim… eu sorri.<br />“Parece justo.” eu concordei.<br />“Obrigada.” ela disse, olhando para cima. Sua face estava tão aliviada que eu quis rir do meu próprio alívio.<br />“Então posso ter uma resposta em retorno?” eu perguntei, esperançosamente.<br />“Uma” - Ela concedeu<br />“Me diga uma das suas teorias.”<br />Ela corou “Essa não.”<br />“Você não qualificou, você só prometeu uma resposta”, eu argumentei.<br />“Você também já quebrou suas promessas.”, ela argumentou de volta.<br />Ela estava certa.<br />“Só uma teoria - eu não vou rir.”<br />“Vai sim”. Ela parecia estar bem certa disso, apesar de eu não conseguir imaginar nada que pudesse ser engraçado quanto a isso.<br />Tentei usar a persuasão outra vez. Olhei fundo nos olhos dela - uma coisa fácil de se fazer, com olhos tão intensos - e sussurrei. - “Por favor?”<br />Ela piscou, o rosto ficando vazio.<br />Bem, essa não era exatamente a reação que eu queria.<br />- É… o quê? - ela perguntou. Parecia tonta. O que havia de errado com ela?<br />- Por favor, me conte só uma teoriazinha. - eu pedi com minha voz macia e não-assustadora, segurando seus olhos nos meus.<br />Para minha surpresa e satisfação, finalmente funcionou.<br />-Hmmm, bom, foi picado por uma aranha radioativa?<br />História em quadrinhos? Não era à toa que ela achou que eu iria rir.<br />- Isso não é muito criativo. - eu a reprovei, tentando escondeu meu alívio.<br />- Desculpe , é só o que eu tenho. - ela disse, ofendida.<br />Isso me deixou ainda mais aliviado. Consegui provocá-la de novo.<br />- Nem chegou perto.<br />- Nada de aranhas?<br />- Nada.<br />- E nada de radioatividade?<br />- Nada.<br />- Droga. - ela suspirou.<br />- A kriptonita também não me incomoda. - eu respondi depressa - antes que ela pudesse perguntar sobre mordidas - e então tive que rir, porque ela achava que eu era um super-herói.<br />- Não devia rir, lembra?<br />Apertei os lábios.<br />- Um dia eu vou descobrir. - ela prometeu.<br />E quando ela o fizesse, iria fugir.<br />- Gostaria que não tentasse. - eu disse, todos os sinais da provocação ausentes.<br />- Por que…<br />Devia honestidade a ela. Tentei sorrir, deixar minhas palavras menos ameaçadoras. - “E se eu não for um super-herói? E se eu for o vilão?”<br />Seus olhos se arregalaram ligeiramente e os lábios se separaram um pouco. - Ah. - ela disse. E então, depois de um segundo. - Entendi.<br />Ela finalmente tinha me ouvido.<br />- Entendeu? - eu perguntei, tentando esconder minha agonia.<br />- Você é perigoso? - ela adivinhou. A sua respiração aumentou e o coração acelerou.<br />Não conseguia respondê-la. Esse era meu último momento com ela? Ela iria fugir agora? Eu seria capaz de dizer que a amava antes que ela partisse? Ou isso a assustaria ainda mais?<br />- Mas não mau. - ela sussurrou, balançando a cabeça, sem medo nos olhos intensos. - Não, não acredito que você seja mau.<br />- Está errada. - eu disse baixo.<br />É claro que eu era mau. Eu não estava feliz agora, que ela pensava melhor de mim do que eu merecia? Se eu fosse uma boa pessoa, eu teria ficado longe dela.<br />Eu estiquei minha mão pela mesa, pegando a tampa da garrafa de limonada dela como uma desculpa. Ela não recuou da minha mão próxima. Ela realmente não tinha medo de mim. Ainda não.<br />Eu girei a tampa rapidamente, prestando atenção ao invés de olhar para ela. Meus pensamentos estavam confusos.<br />Corra, Bella, corra. Não conseguia falar as palavras em voz alta.<br />Ela ficou de pé. - Vamos chegar atrasados. - ela disse, bem quando eu comecei a me preocupar que de algum modo ela tinha escutado meu aviso silencioso.<br />- Eu não vou à aula hoje.<br />- E por que não?<br />Porque eu não quero matar você. - “É saudável matar aula de vez em quando.”<br />Para ser exato, era saudável para os humanos quando os vampiros matavam aula nos dias em que sangue humano seria derramado. O Sr. Banner ia fazer tipagem sanguínea hoje. Alice já tinha matado sua aula pela manhã.<br />Bom, eu vou. - ela disse. Isso não me surpreendeu. Ela era responsável - sempre fazia a coisa certa.<br />Ela era o meu oposto.<br />- A gente se vê depois, então. - eu disse, tentando parecer casual novamente, olhando a tampa que rodava. E, por falar nisso, eu adoro você… de jeitos perigosos, assustadores.<br />Ela hesitou, e eu esperei por um momento que ela fosse ficar comigo. Mas o sinal tocou e ela se apressou.<br />Esperei até que ela tivesse desaparecido, e então guardei a tampa no meu bolso - uma lembrança dessa conversa importante - e andei pela chuva para o meu carro.<br />Coloquei o CD que mais me acalmava - o mesmo que tinha colocado naquele primeiro dia - mas não estava escutando as notas de Debussy por muito tempo. Outras notas estavam passando rápidas por minha cabeça, o fragmento de uma melodia que me agradava e me intrigava. Abaixei o rádio e escutei a música em minha cabeça, tocando o fragmento até que se desenvolveu para uma harmonia completa. Instintivamente, meus dedos se moveram no ar sobre teclas imaginárias.<br />A nova composição estava realmente surgindo quando minha atenção foi desviada por uma onda de angústia mental.<br />Eu procurei na direção da aflição.<br />Ela vai desmaiar? O que eu faço? Mike estava em pânico.<br />A noventa metros, Mike Newton estava abaixando o corpo mole de Bella na calçada. Ela escorregou sem reação no concreto molhado, os olhos fechados, a pele pálida como a de um cadáver.<br />Eu quase arranquei a porta do carro.<br />- Bella? - gritei.<br />Não houve mudança em seu rosto sem vida quando eu gritei seu nome.<br />Meu corpo todo ficou mais frio que gelo.<br />Estava ciente da surpresa irritada de Mike enquanto varria furiosamente seus pensamentos. Ele só estava pensando em seu ódio por mim, então eu não sabia o que havia de errado com Bella. Se ele tivesse feito algo para machucá-la eu iria aniquilá-lo.<br />- Qual é o problema… Ela se machucou? - eu ordenei, tentando concentrar seus pensamentos. Era enlouquecedor ter que andar na velocidade humana. Eu não devia ter chamado atenção para a minha aproximação.<br />Então eu pude escutar o coração dela batendo e cada respiração que dava. Enquanto eu observava, ela apertou os olhos fechados. Isso aliviou um pouco do meu pânico.<br />Eu vi um lampejo de memórias na cabeça de Mike, rápidas imagens da classe de biologia. A cabeça de Bella na mesa, sua pele ficando verde. Gotas de vermelho contra cartões brancos…<br />Tipagem sanguinea.<br />Eu parei onde eu estava, segurando a minha respiração. O cheiro dela era uma coisa, o seu sangue escorrendo era outra totalmente diferente.<br />“Eu acho que ela está passando mal.” Mike disse, ansioso e ressentido ao mesmo tempo. “Eu não sei o que aconteceu, ela nem furou o dedo.”<br />O alívio passou por mim, e eu respirei novamente, sentindo o ar. Ah, eu pude sentir o cheiro da pequena ferida de Mike Newton. Uma vez, isso teria sido extremamente apelativo para mim.<br />Eu me ajoelhei perto dela enquanto Mike se remexia ao meu lado, furioso com a minha intervenção.<br />“Bella. Você consegue me ouvir?”<br />“Não”, ela gemeu. “Vá embora”.<br />Eu ri. Ela estava bem.<br />“Eu estava levando ela para a enfermaria”, Mike disse “Mas ela não conseguiu ir adiante”.<br />“Eu vou levar ela. Você pode voltar para a sala de aula.” eu disse, indiferente.<br />Os dentes de Mike trincaram. “Não. Sou eu quem deve fazer isso”.<br />Eu não ia ficar parado ali argumentando com aquele infeliz.<br />Exitado e apavorado, meio-agradecido e meio-aflito pela situação desagradável que fez o toque dela uma necessidade, suavemente levantei Bella da calçada e mantive-a nos meus braços, tocando só a sua roupa, mantendo tanta distância entre os nossos corpos enquanto possível. Eu andava com passos largos para a frente no mesmo movimento, em uma pressa para mantê-la a salvo - mais longe de mim, em outras palavras.<br />Seus olhos se abriram, atônitos.<br />“Me ponha no chão!” ela ordenou em uma voz fraca - embaraçada de novo, eu adivinhei pela sua expressão. Ela não gostava de demonstrar fraquezas.<br />Eu mal ouvia Mike gritando seus protestos atrás de nós.<br />“Você parece horrível” eu disse a ela, sorrindo com alívio de que não houvesse nada de errado com ela além de uma cabeça leve e um estômago fraco.<br />“Me coloque de volta na calçada”, ela disse. Seus lábios estavam brancos.<br />“Então você passa mal quando vê sangue?” isso podia ser mais irônico?<br />Ela fechou seus olhos e pressionou seus lábios juntos.<br />“E nem é o seu próprio sangue” eu acrescentei, meu sorriso aumentando.<br />Nós estávamos na frente da secretaria. A porta estava levemente aberta, e eu a chutei para sair de nosso caminho.<br />A senhorita Cope pulou, assustada. “Meu Deus,” ela engasgou enquanto examinava a garota pálida nos meus braços.<br />“Ela passou mal na aula de Biologia”, eu expliquei, antes que a sua imaginação começasse a ir para muito longe.<br />A Srta. Cope se apressou em abrir a porta da enfermaria. Os olhos de Bella estavam abertos novamente, observando-a.<br />Ouvi o assombro interno da enfermeira idosa enquanto eu deitava a garota cuidadosamente em uma cama gasta. Tão logo Bella estivesse fora de meus braços, eu coloquei a distância da sala entre nós. Meu corpo estava muito excitado, muito ansioso, meus músculos tensos e o veneno fluindo. Ela era muito quente e perfumada.<br />“Ela só está um pouco enjoada”, eu assegurei à Senhora Hammond. “Eles estão fazendo tipagem sanguinea na aula de Biologia.”.<br />Ela balançou a cabeça, compreendendo. “Sempre tem um.”<br />Eu abafei uma risada. Confie em Bella para ser aquele um.<br />“Fique um pouco deitada, meu bem” Sra. Hammond disse. “Vai passar logo”.<br />“Eu sei” Bella disse.<br />“Isso acontece muito?” a enfermeira perguntou.<br />“As vezes” Bella admitiu.<br />Eu tentei disfarçar minha risada em uma tossida.<br />Isso trouxe a atenção da enfermeira para mim. “Você pode voltar para a sala agora” ela disse.<br />Eu a olhei diretamente nos olhos e menti confiantemente “Eu devo ficar com ela.”<br />Hmm. Eu imagino… oh, bem. Sra. Hammond balançou a cabeça.<br />Isso funcionou perfeitamente com ela. Por que com Bella tinha que ser tão difícil?<br />“Eu vou pegar um pouco de gelo pra você colocar na sua testa, querida” a enfermeira disse, ligeiramente pouco confortável por olhar em meus olhos - do modo que um humano devia ser - e deixou a sala.<br />“Você estava certo”, Bella lamentou, fechando seus olhos.<br />O que ela queria dizer? Eu fui direto para a pior conclusão: ela tinha aceitado os meus avisos.<br />“Eu geralmente tenho” eu disse tentando parecer divertido. “Mas sobre o que em particular desta vez?”<br />“Faltar à aula é saudável.” ela suspirou.<br />Ah, alívio de novo.<br />Ela ficou em silêncio então. Ela só respirava lentamente para dentro e para fora. Seus lábios estavam começando a ficar rosados. Sua boca estava ligeiramente fora do equilíbrio, seu lábio inferior estava um pouco mais cheio do que o superior. Olhar para a sua boca me fazia me sentir estranho. Me fazia querer me mover para mais perto dela, o que não era uma boa idéia.<br />“Você me assustou por um minuto lá fora,” eu disse - para reiniciar a conversa - então eu podia ouvir a sua voz novamente. “Eu pensei que Mike estava arrastando o seu cadáver pra enterrá-lo no bosque”.<br />“Ha ha”. ela disse.<br />“Honestamente - eu já vi cadáveres com uma cor melhor.” Isso era realmente verdade. “Eu já estava preocupado em ter que vingar o seu assassinato”. E eu teria mesmo.<br />“Pobre Mike.” ela suspirou “Eu aposto que ele está bravo”.<br />“Ele absolutamente me detesta.” eu disse a ela, animado com a idéia.<br />“Você não tem como saber disso”.<br />“Eu vi o rosto dele - eu posso dizer.” Provavelmente seria verdade se ao ler a face dele eu conseguisse obter tais informações para fazer essa dedução em particular. Toda essa prática com a Bella estava afiando a minha habilidade em ler expressões humanas.<br />“Como você me viu? Eu pensei que você estivesse escondido” seu rosto parecia melhor - o verde desbotado tinha desaparecido de sua pele translúcida.<br />“Eu estava no meu carro ouvindo um CD”.<br />Sua expressão se contorceu, como se a minha resposta comum a tivesse surpreendido de alguma forma.<br />Ela abriu seus olhos novamente quando a Sra. Hammond retornou com uma compressa fria.<br />“Aqui, querida” - a enfermeira disse enquanto colocava a compressa na testa de Bella. “Você parece melhor”.<br />“Eu acho que estou bem” Bella disse e sentou-se colocando a compressa longe. É claro. Ela não gostava que cuidassem dela.<br />As mãos enrugadas da Sra. Hammond estavam indo em direção à garota, como se quisessem fazer com que ela deitasse novamente, mas então a Srta. Cope abriu a porta e se inclinou para dentro da enfermaria. Com a sua entrada, veio um o cheiro de sangue fresco, como uma pequena explosão.<br />Invisível na secretaria por detrás dela, Mike Newton ainda estava bastante zangado, desejando que o garoto pesado que ele carregava agora fosse a garota que estava ali dentro comigo.<br />“Tem outro aqui”, Srta. Cope disse.<br />Bella rapidamente pulou da cama, ansiosa por deixar de ser o centro das atenções.<br />“Aqui” ela disse, estendendo a compressa de volta para a Sra. Hammond “Eu não preciso mais disso.”<br />Mike grunhiu enquanto ele empurrava um pouco Lee Stevens pela porta. O sangue ainda gotejava da mão que Lee segurava em seu rosto, pingando pelo seu pulso.<br />“Oh não”, essa era a minha deixa para sair - e Bella, também, aparentemente. “Bella, vá para a secretaria”.<br />Ela me olhou com olhos confusos.<br />“Confie em mim - vá.”<br />Ela se virou e alcançou a porta antes que ela se fechasse, se apressando em direção à secretaria. Eu a segui a alguns centímetros dela. Seu cabelo em movimento roçou minha mão…<br />Ela se virou para me olhar, ainda com olhos arregalados.<br />“Você realmente me ouviu”, isso era novidade.<br />Seu pequeno nariz se enrugou. “Eu senti o cheiro de sangue”<br />Eu a encarei com surpresa. “As pessoas não podem cheirar sangue”,<br />“Bem, eu consigo - é isso que me deixa doente. Tem cheiro de ferrugem e…sal.”<br />Meu rosto estava congelado, ainda a encarando.<br />Ela era realmente humana? Ela parecia humana. Ela era suave como um humano. Ela cheirava como um humano - bem, melhor na verdade. Ela agia como um humano… mais ou menos. Mas ela não pensava como um, ou respondia como um.<br />Quais eram as outras opções, então?<br />“O que é?”, ela perguntou.<br />“Não é nada”.<br />Mike Newton nos interrompeu então, entrando na secretaria com ressentidos, violentos pensamentos.<br />“Você parece melhor.” ele disse a ela, rudemente.<br />Minha mão tremeu, querendo ensinar a ele algumas maneiras, eu teria que me monitorar, ou eu acabaria matando aquele garoto insolente.<br />“Mantenha a sua mão no bolso”, ela disse. Por um segundo selvagem, eu pensei que ela estava falando comigo.<br />“Não está mais sangrando”, ele respondeu tristemente “Você vai voltar pra aula?”<br />“Você tá brincando? Eu iria voltar pra cá na certa.”<br />Isso era muito bom. Eu tinha pensado que eu ia ter de perder esta hora inteira com ela, e agora eu tinha tempo extra em vez disso. Eu me senti ganancioso, um avarento procurando cada minuto.<br />“É, eu acho…” Mike murmurou. “Então, você vai esse fim de semana? Para a praia?”<br />Ah, eles tinham planos. A raiva passou por mim. Era uma viagem em grupo, entretanto. Eu tinha visto isso na cabeça de outros estudantes. Não eram só eles dois. Eu ainda estava furioso. Eu me inclinei praticamente sem movimentos contra o balcão, tentando me controlar.<br />“Claro, eu disse que ia.” ela prometeu a ele.<br />Então ela disse sim a ele, também. A inveja queimava, mais dolorosa do que a sede.<br />Não, era uma saída em grupo, eu tentei me convencer. Ela somente ia passar o dia com os amigos. Nada de mais.<br />“Vamos nos encontrar na loja do meu pai, as dez.” E o Cullen NÃO ESTÁ convidado.<br />“Eu estarei lá”, ela disse.<br />“Eu te vejo na aula de educação física, então.”<br />“A gente se vê”<br />Ele se virou para a sua classe, seus pensamentos estavam cheios de raiva. O que ela vê naquela aberração? Claro, ele é rico, eu acho. As garotas acham que ele é lindo, mas eu não acho. Muito… muito perfeito. Eu aposto que o pai dele experimenta todas as cirurgias plásticas neles. É por isso que eles são tão brancos e bonitos. Não é natural. É um tipo de… aparência-assustadora. Algumas vezes, quando ele me encarava, eu poderia jurar que ele está pensando em me matar… aberração…<br />Mike não estava completamente errado em suas percepções.<br />“Educação física”, Bella repetiu silenciosamente. Um gemido.<br />Eu olhei para ela, e vi que ela estava triste com alguma coisa novamente. Eu não tinha certeza por que, mas estava claro de que ela não queria ir para a próxima aula com o Mike, e eu estava de acordo com esse plano.<br />Eu fui para o seu lado e me aproximei da sua face, sentindo o calor de sua pele irradiando diretamente para os meus lábios. Eu não me atrevi respirar.<br />“Eu posso cuidar disso”, eu murmurei. “Vá se sentar e fique pálida”<br />Ela fez o que eu pedi, sentando em uma das cadeiras vazias e inclinando a sua cabeça para trás, contra a parede, enquanto, atrás de mim, a Srta. Cope saiu da enfermaria e retornou à sua mesa. Com os olhos fechados, Bella parecia que estava passando mal novamente. Sua cor ainda não tinha voltado completamente.<br />Eu me virei para a secretária. Com esperanças de que Bella estivesse prestando atenção nisso, eu pensei sardonicamente. Esse é o modo como uma humana deveria responder.<br />“Sra Cope?” eu perguntei, usando a minha voz persuasiva de novo.<br />Seus cílios se agitaram, e o seu coração passou a bater mais rápido. Muito jovem, se controle! “Sim?”<br />Isso foi interessante. Quando o pulso de Shelly Cope acelerou, foi porque ela me achou fisicamente atraente, não porque ela estava assustada. Eu estava acostumado a isso quanto às fêmeas humanas… ainda eu não tinha considerado isso como explicação para a aceleração do coração da Bella.<br />Eu particularmente tinha gostado disso. Eu sorri e a respiração da Sra. Cope acelerou.<br />“A próxima aula de Bella é de Educação Física, e eu não acho que ela se sente bem o suficiente. Na verdade, eu acho que eu devia levar ela pra casa agora.A senhora acha que pode liberá-la dessa aula?” eu encarei profundamente seus olhos, me deliciando com a destruição que eu causava em seus processos mentais. Seria possível que Bella…?<br />Sra Cope teve que engolir em alto som antes que pudesse responder. “Você também precisa ser liberado, Edward?”<br />“Não, eu tenho aula com a Sra Goff, ela não vai se incomodar.”<br />Eu não estava prestando muita atenção nela agora. Eu estava explorando essa nova possibilidade.<br />Hmm. Eu gostava de acreditar que Bella me achava atraente como os outros humanos achavam, mas desde quando que Bella tinha as mesmas reações que os outros humanos? Eu não podia manter as minhas esperanças elevadas.<br />“Ok, então está tudo acertado. Melhoras, Bella.”<br />Bella acenou com a cabeça fracamente - exagerando um pouco.<br />“Você consegue caminhar, ou prefere que eu te carregue de novo?” eu perguntei, me divertindo com o teatro precário dela. Eu sabia que ela iria querer andar - ela não queria parecer fraca.<br />“Eu vou caminhando”. ela disse.<br />Certo de novo. Eu estava melhorando nisso.<br />Ela se pôs em pé, hesitante por um momento como se ela estivesse checando o seu equilíbrio. Eu segurei a porta para ela, e nós caminhamos para a chuva.<br />Eu olhava para ela erguendo o seu rosto para a chuva fraca, seus olhos fechados, um leve sorriso em seus lábios. O que ela estava pensando? Alguma coisa nessa cena parecia errado, e eu rapidamente percebi por que essa ação pareceu tão estranha para mim. Garotas humanas normais não levantariam o seu rosto para a garoa dessa maneira, garotas humanas normais normalmente usam maquiagem, mesmo aqui nesse lugar úmido.<br />Bella nunca usava maquiagem, nem deveria. As indústrias de cosméticos lucram bilhões de dólares por ano de mulheres que tentam conseguir uma pele como a dela.<br />“Obrigada”, ela disse, sorrindo para mim agora “Quase vale a pena ficar doente pra perder Educação física.”<br />Eu comecei a atravessar o campus, imaginando por quanto tempo eu devia prolongar meu tempo com ela. “É só pedir”, eu disse.<br />“Então você vai? Sábado, eu quero dizer.” ela parecia esperançosa.<br />Ah, a sua esperança era tranqüilizante. Ela me queria com ela, não Mike Newton. E eu queria dizer sim. Mas havia muitas coisas para considerar. Em primeiro lugar, o sol estaria brilhando nesse sábado…<br />“Onde vocês todos estão indo, exatamente?” eu tentei manter a minha voz indiferente, como se eu não me importasse muito. Mike tinha dito praia, entretanto. Não tinha muitas chances de escapar da luz do sol lá.<br />“Vamos à La Push, para Primeira Praia.” ( nome do local na verdade )<br />Droga. Bem, era impossível então.<br />De qualquer forma, Emmett ficaria irritado se eu cancelasse nossos planos.<br />Lancei os olhos abaixo para ela, sorrindo tortamente. “Eu não acho que eu tenha sido convidado”.<br />Ela suspirou, resignada. “Eu acabei de te convidar”.<br />“Eu e você não vamos mais abusar tanto do pobre Mike esse fim de semana. Nós não queremos que ele arrebente”. Imaginei eu mesmo fazendo com o que o pobre Mike arrebentasse e desfrutei dessa cena mental intensamente.<br />“Mike boboca”, ela disse, com desprezo novamente. Meu sorriso aumentou.<br />E então ela começou a andar para longe de mim.<br />Sem pensar sobre o que eu estava fazendo, eu me estiquei e a peguei pela parte de trás de seu casaco de chuva. Ela deu um solavanco ao parar.<br />“Onde é que você pensa que vai?” eu estava quase bravo por ela estar me deixando. Eu não tinha passado tempo suficiente com ela. Ela não podia ir embora, não ainda.<br />“Eu vou pra casa” ela disse, desconcertada quanto ao porque isso tinha me irritado.<br />“Você não me ouviu prometer que te levaria pra casa em segurança? Você acha que eu vou te deixar dirigir nessas condições?” eu sabia que ela não ia gostar disso - a minha implicação de fraqueza da sua parte.<br />Mas eu precisava praticar para a viagem à Seattle, de qualquer forma. Ver se eu agüentaria tê-la próxima em um espaço fechado. Essa era uma viagem muito mais curta.<br />“Que condições?” ela perguntou “E a minha caminhonete?”<br />“Eu vou pedir pra Alice levá-la depois da escola” eu a puxei de volta para o meu carro cuidadosamente, embora eu soubesse agora que andar pra frente era desafiador o suficiente para ela.<br />“Me solta!” ela disse, se contorcendo de lado, quase tropeçando. Eu ergui uma mão para segurá-la, mas ela se ajeitou antes que isso fosse necessário. Eu não devia ficar procurando desculpas para tocá-la. Aquilo fez com que eu começasse a pensar sobre a reação da Sra. Cope quando a mim, mas eu guardei isso para pensar depois. Tinha muito a ser considerado mais para frente.<br />Eu a deixei ao lado do carro, e ela cambaleou até a porta. Eu teria que ser ainda mais cuidadoso, levando em conta o seu equilíbrio precário…<br />“Você é muito mandão!”<br />“Está aberta.”<br />Eu entrei pelo meu lado do carro e dei a partida. Ela manteve o seu corpo rígido, ainda do lado de fora, apesar da chuva ter ficado mais forte e eu sabia que ela não gostava de frio e umidade. A água estava encharcando seu grosso cabelo, escurecendo-o até próximo do preto.<br />“Eu sou perfeitamente capaz de dirigir até em casa!”<br />É claro que ela era - eu somente não era capaz de deixá-la ir.<br />Eu abaixei o vidro do lado do carona e me inclinei em sua direção. “Entre no carro, Bella”.<br />Seus olhos se estreitaram e eu achei que ela estava se decidindo se devia ou não sair correndo.<br />“Eu vou pegar você de novo” eu prometi, desfrutando do desapontamento em seu rosto quando ela percebeu que eu estava falando sério.<br />Seu queixo se enrijeceu no ar, ela abriu a sua porta e entrou. Seu cabelo pingou no couro do banco e suas botas rangeram uma contra a outra.<br />“Isso foi completamente desnecessário” ela disse friamente. Eu achei que ela parecia embaraçada por debaixo da humilhação.<br />Eu aumentei o aquecedor, portanto ela não se sentiria desconfortável, e coloquei a música em um bom nível de fundo. Eu dirigi em direção à saída, observando-a pelos cantos dos olhos. O seu lábio inferior se sobressaia fazendo beicinho. Eu encarei isso, examinando como que fazia me sentir… pensando na reação da secretária de novo…<br />De repente, ela olhou para o rádio e sorriu, seus olhos arregalados. “Clair de Lune?” ela perguntou.<br />Uma fã dos clássicos? “Você conhece Debussy?”<br />“Não muito”, ela disse “Minha mãe toca muita musica clássica em casa. Eu só conheço as minhas favoritas.”<br />“É uma das minhas favoritas também”, Eu olhei para a chuva, considerando isso. Eu realmente tinha algo em comum com a garota. Eu tinha começado a pensar que nós éramos opostos em todos os sentidos.<br />Ela parecia mais relaxada agora, olhando para a chuva como eu, com olhos vagos. Eu aproveitei a sua distração momentânea para testar a minha respiração.<br />Eu inalei cuidadosamente pelo meu nariz.<br />Potente.<br />Eu apertei a direção com força. A chuva a fazia cheirar melhor. Eu não pensava que isso fosse possível. Estupidamente, eu estava subitamente imaginando como devia ser o seu sabor.<br />Eu tentei engolir contra a queimação em minha garganta, pensar em alguma coisa diferente.<br />“Como é a sua mãe?” eu perguntei como distração.<br />Bella sorriu. “Ela se parece muito comigo, mas ela é mais bonita.”<br />Eu duvidava disso.<br />“Eu tenho muito de Charlie em mim.” ela continuou. “Ela é mais divertida que eu, e mais corajosa.”<br />Eu duvidava disso, também.<br />“Ela é irresponsável e um pouco excêntrica e uma cozinheira muito imprevisível. Ela é minha melhor amiga.” Sua voz se tornou melancólica, sua testa se enrugou.<br />De novo, ela mais parecia como um pai do que um filho.<br />Eu parei na frente de sua casa, imaginando tarde demais se eu devia saber onde ela morava. Não, isso não era suspeito em uma cidade pequena, com seu pai sendo uma figura pública…<br />“Quantos anos você tem, Bella?” ela devia ser mais velha que as outras pessoas. Talvez ela tenha começado mais tarde a escola, ou tenha reprovado… isso não era agradável, de qualquer forma.<br />“Eu tenho dezessete” ela respondeu.<br />“Você não parece ter dezessete”<br />Ela riu.<br />“O que foi?”<br />“Minha mãe sempre diz que eu nasci com trinta e cinco anos de idade e que fico mais velha a cada ano que passa.” Ela riu de novo e suspirou “Bem, alguém tem que ser o adulto”.<br />Isso esclarecia as coisas para mim. Eu podia ver agora… como a irresponsabilidade da mãe ajudava a explicar a maturidade de Bella. Ela teve que crescer mais cedo, para se tornar a responsável. Era por isso que ela não gostava de ser cuidada - ela sentia que era o seu trabalho.<br />“Você também não parece um jovenzinho”, ela disse, me puxando de meus devaneios.<br />Eu fiz uma careta. Para cada coisa que eu percebia sobre ela, ela percebia muito mais em resposta. Eu mudei de assunto.<br />“Então porque sua mãe se casou com Phil?”<br />Ela hesitou por um minuto antes de responder. “Minha mãe…ela é muito jovem para a idade dela. Acho que Phil a faz se sentir ainda mais jovem. De qualquer forma, ela é louca por ele.” ela agitou a sua cabeça indulgentemente.<br />“Você aprova?” eu imaginei.<br />“Isso importa?” ela respondeu “Eu quero que ela seja feliz…e é ele que ela quer.”<br />A falta de egoísmo de seus comentários deviam ter me chocado, exceto que isso encaixava perfeitamente com tudo que eu havia aprendido de sua personalidade.<br />“Isso é muito generoso… eu imagino…”<br />“O quê?”<br />“Se ela estenderia a mesma cortesia pra você, você acha? Não importa qual seja a sua escolha?”<br />Essa foi uma pergunta tola, e eu não consegui manter o tom casual em minha voz enquanto eu perguntava isso. Como era estúpido se quer considerar alguém me aprovando para a sua filha. Como era estúpido se quer imaginar Bella me escolhendo.<br />“E-eu acho que sim” ela gaguejou, reagindo de alguma forma ao meu olhar fixo. Medo… ou atração?<br />“Mas de qualquer forma ela é uma mãe, apesar de tudo. É um pouco diferente” ela finalizou.<br />Eu sorri ironicamente. “Nada muito assustador então.”<br />Ela sorriu para mim. “O que você quer dizer com assustador? Vários piercings no corpo e tatuagens gigantescas?”<br />“É uma definição, eu acho”. Uma nem um pouco ameaçadora definição, na minha cabeça.<br />“Qual é a sua definição?”<br />Ela sempre fazia as perguntas erradas. Ou exatamente as perguntas certas, talvez. As que eu não queria responder, pelo menos.<br />“Você acha que eu poderia ser assustador?” eu perguntei a ela, tentando sorrir um pouco.<br />Ela pensou sobre isso antes de responder para mim em um tom sério. “Hmm… eu acho que você poderia ser, se você quisesse.”<br />Eu estava sério, também. “Você está com medo de mim agora?”<br />Ela respondeu de uma só vez, sem pensar agora. “Não.”<br />Eu sorri mais facilmente. Eu não achava que ela estava dizendo a verdade completamente, mas também não estava mentindo por completo. Ela não estava com medo o suficiente para querer ir embora, ao menos. Eu imaginava como que ela se sentiria se eu dissesse a ela que ela estava tendo essa discussão com um vampiro. Eu contraí meus músculos involuntariamente ao imaginar a sua reação.<br />“Então, agora você vai me falar sobre a sua família? Deve ser uma história bem mais interessante do que a minha.”<br />Mais assustadora, sem dúvida.<br />“O que você quer saber?” eu perguntei cautelosamente.<br />“Os Cullens te adotaram?”<br />“Sim.”<br />Ela hesitou, então falou em uma voz baixa. “O que aconteceu com os seus pais?”<br />Isso não era tão difícil; eu não estava tendo que mentir para ela. “Eles morreram há muitos anos atrás.”<br />“Eu lamento”, ela murmurou, claramente preocupada sobre ter me machucado.<br />Ela estava preocupada comigo.<br />“Na verdade eu não lembro deles muito claramente.” Eu assegurei a ela “Carlisle e Esme são meus pais há muito tempo agora.”<br />“E você os ama”, ela deduziu.<br />Eu sorri. “Sim. Eu não poderia imaginar duas pessoas melhores”.<br />“Você tem muita sorte.”<br />“Eu sei que tenho.” Naquela circunstância, quanto aos meus pais, minha sorte não podia ser negada.<br />“E seu irmão e sua irmã?”<br />Se eu deixasse que ela me pressionasse por muitos mais detalhes, eu teria que mentir. Eu lancei um olhar ao relógio, desanimado por meu tempo com ela estar no final.<br />“Meu irmão e minha irmã, e Jasper e Rosalie por falar neles, vão ficar bem bravos se tiverem que ficar na chuva esperando por mim”.<br />“Oh, desculpe, eu acho que você tem que ir”.<br />Ela não se mexeu. Ela não queria que o nosso tempo terminasse, também. Eu gostava muito, muito disso.<br />“E provavelmente você quer o seu carro aqui antes que Charlie chegue em casa, assim você não terá que contar pra ele sobre o acidente na aula de Biologia.” Eu sorri com a memória dela embaraçada em meus braços.<br />“Eu tenho certeza que ele já sabe. Não existem segredos em Forks”. Ela disse o nome da cidade com um desgosto distinto.<br />Eu ri com as suas palavras. Não existem segredos, de fato. “Se divirta na praia.” eu lancei um olhar para a chuva torrencial, sabendo que ela não ia durar muito, e desejando mais forte que o normal que isso acontecesse. “Ótimo clima pra um banho de sol.” Bem, ao menos no sábado. Ela ia gostar disso.<br />“Eu não vou ver você amanhã?”<br />A preocupação em seu tom de voz me deixou feliz.<br />“Não. Emmett e eu vamos começar o fim de semana mais cedo.” Eu estava louco comigo mesmo agora por ter feito planos. Eu podia quebrá-los… mas não havia nada mais importante do que caçar nesse ponto, e minha família já estava ficando preocupada o suficiente com o meu comportamento sem eu revelar o quão obsessivo eu estava ficando.<br />“O que vocês vão fazer?” ela perguntou, não parecendo feliz com a minha revelação.<br />Bom.<br />“Nós vamos fazer uma caminhada nas Goat Rocks ( não traduzam nomes próprios J ), ao sul do Monte Rainier.” Emmett estava ansioso pela temporada de ursos.<br />“Hum, bem, divirta-se”, ela disse de forma apática. Sua falta de entusiasmo me fez feliz novamente.<br />Ao olhar para ela, eu comecei a me sentir quase agoniado pelo pensamento de dizer um adeus temporário. Ela era tão delicada e vulnerável. Parecia imprudente deixá-la fora da minha vista, onde qualquer coisa podia acontecer com ela. E ainda, as piores coisas que poderiam acontecer com ela resultariam em estar ao meu lado.<br />“Será que você poderia fazer uma coisa por mim esse fim de semana?” eu perguntei seriamente.<br />Ela balançou sua cabeça, seus olhos arregalados e desnorteados com a minha intensidade.<br />Mantenha isso leve.<br />“Não se ofenda, mas você parece ser uma dessas pessoas que atraem acidentes como um imã. Então… tente não cair no oceano ou ser atropelada, está bem?”<br />Eu sorri pesarosamente para ela, esperando que ela pudesse ver a tristeza em meus olhos. Como eu desejava que ela não estivesse tão melhor longe de mim, não importasse o que acontecesse com ela.<br />Corra, Bella, corra. Eu amo você demais, para o seu próprio bem ou para o meu.<br />Ela ficou ofendida pela minha importunação. Ela olhou para mim. “Eu vou ver o que posso fazer”, ela soltou em um estalo, pulando para fora do carro na hora e batendo a porta com tanta força quanto ela podia atrás dela.<br />Como um gatinho bravo que acredita ser um tigre.<br />Eu apertei a mão ao redor da chave que eu tinha pego do bolso da jaqueta dela, e sorri enquanto eu dirigia para longe.<br /><a title="Link permanente para Sétimo Capítulo - Midnight Sun" href="http://foforks.com.br/2008/08/setimo-capitulo-midnight-sun/">Sétimo Capítulo - Midnight Sun</a><br />7. Melodia<br />Eu tive que esperar quando consegui voltar à escola. O último período ainda não havia acabado. Isso foi bom, porque eu tinha coisas que precisava pensar sozinho.<br />O seu aroma ficou no carro. Eu deixei a janela aberta, deixando-o me atacar, tentando me acostumar com a intensa sensação de queimação na minha garganta.<br />Atração.<br />Foi uma coisa problemática de contemplar. Tantos aspectos, tantos significados e níveis. Não é a mesma coisa que amor, mas muito próximo inexplicavelmente.<br />Eu não tinha nenhuma idéia se Bella se sentia atraída por mim. (Será que o seu silêncio mental se tornaria mais e mais frustrante até eu ficar louco? Ou teria algum limite ao qual eu eventualmente chegaria?)<br />Eu tentei comparar as suas respostas físicas a outras, como as da secretária e Jessica Stanley, mas as comparações foram inconclusivas. Os mesmos sinais - alterações de freqüência cardíaca e padrão respiratório - podia facilmente ser medo ou choque ou ansiedade assim como interesse. Parecia improvável que a Bella tivesse os mesmos tipos de pensamentos que Jessica Stanley costumava ter. E além do mais, Bella sabia que tinha alguma coisa de errado comigo, mesmo não sabendo exatamente o que era. Ela tinha tocado a minha pele gelada, e então tinha puxado a sua mão rapidamente do frio.<br />E ainda… enquanto eu me lembrava daquelas fantasias que costumavam me causar repulsa, mas me lembrava delas com Bella no lugar de Jessica…<br />Eu estava respirando mais rápido, o fogo subindo e descendo pela minha garganta.<br />E se fosse Bella imaginando meus braços ao redor de seu corpo frágil? Sentindo-me puxá-la mais perto contra o meu peito e então levando a minha mão ao seu queixo? Passando a mão por seu cabelo até afastá-lo de sua face corada? Traçando a forma de seus lábios cheios com a ponta de meus dedos? Inclinando meu rosto para mais perto do dela, onde eu pudesse sentir a sua respiração na minha boca? Me movendo para mais perto…<br />Mas então eu retrocedi do sonho, sabendo, como eu bem sabia quando Jessica imaginava aquelas coisas, o que aconteceria se eu chegasse mais perto dela.<br />Atração era um dilema impossível, porque eu já estava atraído demais por Bella da pior maneira.<br />Eu queria que Bella estivesse atraída por mim, como uma mulher por um homem?<br />Essa era a pergunta errada. A pergunta certa era se eu DEVIA querer que Bella se sentisse atraída por mim dessa maneira, e a resposta era não. Porque eu não era um homem humano, e isso não seria justo para ela.<br />Com cada fibra do meu ser, eu desejava ser um homem normal, para então poder tê-la em meus braços sem arriscar a sua vida. Então eu seria livre para realizar minhas próprias fantasias, fantasias que não acabavam com sangue em minhas mãos, o seu sangue incandescente em meus olhos.<br />A minha busca por ela era indesculpável. Que tipo de relacionamento eu poderia oferecer a ela, quando eu não podia me arriscar a tocá-la?<br />Eu encostei minha cabeça entre minhas mãos.<br />Isso tudo era ainda mais confuso porque eu nunca havia me sentido tão humano em toda a minha vida - nem se quer quando eu ERA humano, até onde eu podia me lembrar. Quando eu era humano, meus pensamentos estavam voltados em me tornar um glorioso soldado. A Grande Guerra havia se intensificado durante a maior parte de minha adolescência, faltavam apenas nove meses para o meu aniversário de 18 anos quando a gripe espanhola me atingiu… Eu apenas tinha vagas impressões dos anos humanos, memórias obscuras que se apagavam a cada década que se passava. Eu me lembrava mais claramente de minha mãe, e sentia uma dor antiga quando eu pensava em seu rosto. Eu me lembrava vagamente o quanto ela havia odiado o futuro que eu havia escolhido seguir, rezando toda noite quando dizia as graças no jantar para que aquela guerra “horrenda” terminasse… Eu não tinha nenhuma memória de outro tipo de anseio. Por de trás do amor de minha mãe, não havia outro amor que me fizesse desejar ficar…<br />Isso era inteiramente novo para mim. Eu não tinha nada como referência, nenhum tipo de comparação para fazer.<br />O amor que eu sentia por Bella veio de forma pura, mas agora as águas estavam turvas. Eu queria muito ser capaz de tocá-la. Ela se sentia da mesma maneira?<br />Isso não importava muito, eu tentei me convencer.<br />Eu encarei minhas mãos brancas, odiando a sua dureza, a sua frieza, sua força sobre-humana…<br />Eu pulei quando a porta do passageiro abriu.<br />Ha. Te peguei de surpresa. Isso é novidade. O pensamento de Emmett enquanto ele escorregava para o banco. “Eu vou apostar que a Sra. Goff pensa que você está usando drogas, você tem estado muito distraído ultimamente. Onde você estava hoje?”<br />“Eu estava… fazendo boas ações.”<br />Huh?<br />Eu ri. “Cuidando dos doentes, esse tipo de coisa.”<br />Isso o confundiu mais ainda, mas então ele inalou e sentiu a essência no carro.<br />“Oh. A garota de novo?”<br />Eu sorri.<br />Isso está ficando estranho.<br />“Não me diga.” eu murmurei.<br />Ele inalou novamente. “Hmmm, ela tem um cheiro bem agradável, não tem?”<br />Um rosnado rompeu por meus lábios antes que as suas palavras se quer fossem registradas, uma resposta automática.<br />“Calma, garoto, eu só estou dizendo.”<br />Os outros chegaram então. Rosalie notou a essência imediatamente e olhou para mim, ainda não superando a sua irritação. Eu imaginava qual era o problema dela, mas tudo que eu podia ouvir eram insultos.<br />Eu não gostei da reação de Jasper, também. Como Emmet, ele percebeu o encanto de Bella.<br />Não que aquele odor tivesse para eles, um milésimo da força que ele tinha para mim. Eu ainda me aborrecia que o sangue dela fosse doce para eles. Jasper tinha um baixo controle…<br />Alice pulou para ao meu lado do carro e estendeu a sua mão esperando as chaves da caminhonete de Bella.<br />“Eu somente vi que eu ia”, ela disse - de modo obscuro, como era o seu hábito. “Você vai ter que me explicar os porquês.”<br />“Isso não significa-”<br />“Eu sei, eu sei. Eu vou esperar. Isso não vai demorar.”<br />Eu suspirei e entreguei as chaves a ela.<br />Eu a segui até a casa de Bella. A chuva estava caindo como um milhão de pequenos martelos, tão alto que talvez os ouvidos de Bella não conseguissem ouvir o trovão do motor da sua caminhonete. Eu olhei para a janela, mas ela não veio olhar. Talvez ela não estivesse lá. Não havia nenhum pensamento para ser ouvido.<br />Me deixava triste não poder ouvir nada para poder checá-la - para ter certeza de que ela estava feliz, ou segura, pelo menos.<br />Alice entrou atrás no carro e nós voltamos para casa. As estradas estavam vazias, e então só levou alguns minutos. Nós entramos em casa, então nós fomos parar nossos vários passatempos.<br />Emmett e Jasper estavam no meio de um elaborado jogo de xadrez, utilizando oito tabuleiros interligados - espalhado ao longo da parede de vidro da parte de trás - e eles tinham suas próprias e complicadas regras. Eles não me deixavam jogar; somente Alice jogava alguma coisa comigo.<br />Alice foi ao seu computador que ficava próximo deles e eu pude ouvir o seu monitor sendo ligado. Alice estava trabalhando em um design fashion para o guarda-roupa de Rosalie, mas Rosalie não a acompanhou hoje, ficando atrás dela dando palpites enquanto as mãos de Alice desenhavam sobre as telas sensíveis ao toque (Carlisle e eu tivemos que adaptar um pouco o sistema, para que a tela respondesse àquela temperatura). Ao invés disso, Rosalie se esticou no sofá e começou a passar por todos os canais durante um segundo, nunca pausando. Eu podia a ouvir tentando decidir se ela ia não até a garagem para ajustar a sua BMW novamente.<br />Esme estava lá em cima, cantarolando enquanto obervava um novo conjunto de plantas de construção.<br />Alice inclinou a sua cabeça para a parede um minuto e começou a movimentar os lábios com os próximos movimentos de Emmet - Emmet estava sentado no chão de costas para ela - para Jasper, que manteve sua expressão bem calma e eliminou o cavaleiro preferido de Emmett.<br />E eu, pela primeira vez em tanto tempo que me sentia envergonhado, fui me sentar ao extraordinário piano de cauda localizado próximo da entrada.<br />Eu corri minhas mãos pelas escadas, testando as notas. A afinação ainda estava perfeita.<br />Lá em cima, Esme parou o que ela estava fazendo e pendeu sua cabeça para o lado.<br />Eu comecei a primeira linha da melodia que tinha se sugerido para mim no carro hoje, satisfeito por soar melhor do que eu imaginava.<br />Edward está tocando novamente, Esme pensou com alegria, um sorriso apareceu em seu rosto. Ela se levantou de sua mesa, e se moveu rapidamente para o início da escadaria.<br />Eu acrescentei uma linha harmônica, deixando a melodia central fluir.<br />Esme suspirou com contentamento, sentando no topo das escadas, e inclinando sua cabeça contra o corrimão. Uma nova música. Fazia tanto tempo. Que melodia encantadora.<br />Eu deixei a melodia seguir em uma nova direção, seguindo a linha de base.<br />Edward está compondo novamente? Rosalie pensou, e seus dentes trincaram com um ressentimento feroz.<br />Nesse momento, ela escorregou e eu pude ler tudo o que ela estava escondendo. Eu vi porquê ela estava tão enraivecida comigo. Por que matar Isabella Swan não a incomodaria de qualquer forma.<br />Com Rosalie, tudo era sobre vaidade.<br />A música parou abruptamente, e eu ri antes que eu pudesse me segurar, um grunhido agudo de divertimento que foi interrompido rapidamente quando tapei a boca com a mão<br />Rosalie me fulminou, seus olhos brilhando com uma fúria aflita.<br />Emmett e Jasper se voltaram para mim, também, e eu ouvi a confusão de Esme. Esme desceu em um lampejo, parando e lançando olhares para Rosalie e eu.<br />“Não pare, Edward,” Esme me encorajou após um momento tenso.<br />Eu comecei a tocar novamente, virando as minhas costas para Rosalie enquanto eu tentava de forma árdua controlar o sorriso que se abria em meu rosto. Ela se colocou em pé e andou a passos largos para fora da sala, mais raivosa do que embaraçada. Mas certamente um pouco embaraçada.<br />Se você disser qualquer coisa eu vou te caçar como um cachorro.<br />Eu sufoquei outra risada.<br />“O que há de errado, Rose?” Emmett chamou atrás dela. Rosalie não se voltou. Ela continuou, se dirigindo duramente para a garagem e se contorceu debaixo de seu carro como se ela pudesse se enterrar ali.<br />“O que aconteceu?” Emmett me perguntou.<br />“Eu não tenho a mínima idéia,” eu menti.<br />Emmett rosnou, frustrado.<br />“Continue tocando,” Esme ansiou. Minhas mãos haviam pausado novamente.<br />Eu fiz o que ela pediu, então ela veio ficar em pé atrás de mim, colocando suas mãos sobre meus ombros.<br />A música estava ganhando forma, mas incompleta. Eu brinquei um pouco com as teclas, mas isso não parecia certo de alguma forma.<br />“É encantador. Tem um nome?” Esme perguntou.<br />“Ainda não”<br />“Tem uma história?” ela perguntou, um sorriso em sua voz. Isso dava a ela um prazer tão grande, e eu me senti tão culpado por ter negligenciado minha música por tanto tempo. Isso foi tão egoísta.<br />“É… uma canção de ninar, eu acho.” Eu peguei a nota então. Isso se guiava mais fácil para o próximo movimento, dando uma história para isso.<br />“Uma canção de ninar,” ela repetiu para ela mesma.<br />Havia uma história para essa melodia, e uma vez que eu a vi, as partes se encaixavam sem esforço algum. A história era sobre uma garota adormecida em uma cama estreita, cabelo negro e grosso embaraçado como algas marinhas no travesseiro…<br />Alice deixou Jasper com suas próprias artimanhas e veio se sentar perto de mim no banco. Em sua própria vibração, uma voz harmoniosa como o vento, ela traçou uma segunda voz sem letra dois oitavos abaixo da melodia.<br />“Eu gostei,” eu murmurei “Mas que tal isso?”<br />Eu adicionei a sua linha à harmonia - minhas mãos estavam voando através das teclas agora para juntar todas as partes - modificando um pouco, tomando uma nova direção…<br />Ela entendeu o sentido, e cantou ao longo da música.<br />“Sim. Perfeito,” eu disse.<br />Esme apertou meu ombro.<br />Mas eu podia ver o final agora, com a voz de Alice se erguendo sob o tom e levando para uma direção diferente. Eu podia ver como a música devia terminar, porque a garota adormecida estava perfeita do jeito que ela estava; qualquer mudança seria errada, uma tristeza. A música flutuou em direção a essa realização, mais devagar e mais baixa agora. A voz de Alice diminuiu também e se tornou solene, um tom que pertencia aos arcos de uma antiga catedral ilumidada por velas.<br />Esme bagunçou o meu cabelo. Vai ficar bem, Edward. Isso vai se resolver para o melhor… você merece a felicidade, meu filho. O destino te deve isso.<br />“Obrigado,” eu suspirei, desejando que eu pudesse acreditar nisso.<br />O amor nem sempre vem em pacotes convenientes.<br />Eu ri uma vez sem humor.<br />Você, melhor do que qualquer um nesse planeta, é o mais bem equipado pra lidar com um dilema desse tipo. Você é o melhor, o mais brilhante de todos nós.<br />Eu concordei. Toda mãe diz o mesmo pra seu filho.<br />Esme ainda estava toda feliz que meu coração foi tocado depois de todo esse tempo, sem importar o potencial para a tragédia. Ela pensou que eu ficaria sozinho pra sempre.<br />Ela vai ter que retribuir seu amor, ela pensou de repente, me pegando de surpresa com a direção de seus pensamentos. Se ela é uma garota esperta. Ela sorriu. Mas não consigo imaginar ninguém tão devagar para não ver o quão envolvido você está.<br />“Pare com isso, Mamãe, você está me deixando sem graça,” eu brinquei. Suas palavras, mesmo improváveis, me animaram.<br />Alice riu e fez um acústico de ‘Coração e Alma’. Eu concordei e completei a melodia com ela. E aí, galanteei ela com uma performance de “Chopsticks”.<br />Ela riu, e então concordou. “Então eu gostaria que você me contasse porque você estava rindo da Rose,” Alice disse. “Mas posso ver que você não vai.”<br />“Não.”<br />Ela deu um peteleco na minha orelha.<br />“Seja boazinha, Alice,” Esme repreendeu. “Edward está sendo um cavaleiro.”<br />“Mas eu quero saber.”<br />Eu ri do tom implorativo que ela usou. Então eu disse, “Aqui, Esme,” e comecei a tocar sua musica favorita, um tributo sem nome ao amor que eu assisti entre ela e Carlisle por tanto tempo.<br />“Obrigado, querido.” Ela apertou meu ombro de novo.<br />Eu não tinha que me concentrar para tocar a peça familiar. Ao invés disso, eu pensei em Rosalie, ainda rangendo os dentes de mortificação, figurativamente, na garagem, e ri pra mim mesmo.<br />Tendo descoberto só recentemente o potencial de ciúmes por mim mesmo, eu senti um pouco de pena. Era algo infeliz de se sentir. Claro, o ciúme dela era milhares de vezes mais fútil que o meu. Assim como uma raposa no cenário da manjedoura.<br />Me perguntei como a vida e personalidade de Rosalie teria sido diferente se ela não tivesse sido sempre a mais bonita. Ela teria sido mais feliz, se beleza não fosse sempre seu ponto forte? Menos egocêntrica? Mais compassiva? Bom, eu supus que era inútil me perguntar, porque o passado se foi, e ela sempre foi a mais bonita. Mesmo quando humana, ela sempre viveu sob a luz do holofote de sua própria doçura. Não que ela ligasse. O oposto - ela amava admiração mais que tudo no mundo. Isso não mudou com a perda de sua mortalidade.<br />Não era surpreendente então, dada essa necessidade, que ela tenha ficado ofendida quando eu não, desde o principio, idolatrei sua beleza do jeito que ela esperava que todos os machos idolatrassem. Não que ela me quisesse, de qualquer modo - longe disso. Mas a irritou que eu não a queria, apesar disso. Ela estava acostumada com que a quisessem.<br />Era diferente com Jasper e Carlisle - os dois já estavam apaixonados. Eu era completamente livre, e ainda assim continuei firme.<br />Eu pensei que o antigo ressentimento tivesse sido enterrado. Que ela tivesse superado isso.<br />E ela tinha… até o dia que eu finalmente encontrei alguém cuja beleza me tocou de um jeito que a dela não fez.<br />Rosalie tinha se apoiado na crença que se eu não achei a beleza dela digna de idolatria, então certamente não existia beleza na terra que me alcançaria. Ela estava furiosa desde o momento que salvei a vida da Bella, adivinhando, com sua intuição feminina, o fato de que eu estava tudo, menos fora de controle.<br />Rosalie estava mortalmente ofendida por eu ter achado uma insignificante garota humana mais bonita que ela.<br />Eu segurei a vontade de rir de novo.<br />Isso me incomodou um pouco, o jeito que ela via Bella. Rosalie, na verdade, achou que a garota fosse sem graça. Como ela podia acreditar nisso? Parecia incompreensível pra mim. Um produto da inveja, sem dúvida.<br />“Oh!” Alice falou abruptamente. “Jasper, adivinhe?”<br />Eu vi o que ela tinha visto e minhas mãos congelaram.<br />“O que, Alice?” Jasper perguntou.<br />“Peter e Charlotte vão nos visitar semana que vem! Eles estarão na vizinhança, isso não é legal?”<br />“O que há de errado, Edward?” Esme perguntou, sentindo a tensão dos meus ombros.<br />“Peter e Charlotte estão vindo pra Forks?” eu sibilei para Alice.<br />Ela revirou os olhos pra mim. “Se acalme, Edward, não é a primeira visita deles.”<br />Meus dentes trincaram. Era a primeira visita desde que Bella chegou, e seu sangue doce não era apelativo só pra mim.<br />Alice fungou quando viu minha expressão. “Eles nunca caçam aqui. Você sabe disso.”<br />Mas o quase irmão de Jasper e a pequena mulher que ele amava não eram como nós; eles ainda caçavam do jeito antigo. Eles não mereciam confiança em volta da Bella.<br />“Quando?”, eu perguntei.<br />Ela pressionou os lábios infeliz, mas me contou o que eu precisava saber. Segunda de manhã. Ninguém vai ferir a Bella.<br />“Não,” eu concordei, e então me afastei dela. “Pronto, Emmett?”<br />“Pensei que íamos partir de manhã?”<br />“Vamos voltar por volta da meia-noite de segunda. A escolha é sua sobre a hora da partida.”<br />“Tá, tudo bem. Deixe eu me despedir de Rose primeiro.”<br />“Claro.” Pelo humor de Rosalie, seria uma despedida curta.<br />Você realmente enlouqueceu, Edward, ele pensou enquanto se encaminhava para a porta dos fundos.<br />“Suponho que sim.”<br />“Toque a música nova pra mim, mas uma vez,” Esme pediu.<br />“Se você quiser,” concordei, mesmo que estivesse hesitando um pouco em seguir a música até seu fim inevitável - o fim que continuava me pinicando em jeitos desconfortáveis. Pensei por um momento, e então puxei a tampa do meu bolso e coloquei no suporte de partitura vazio. Isso ajudou um pouco - minha pequena memória do sim dela.<br />Eu grunhi pra mim mesmo e comecei a tocar.<br />Esme e Alice se entreolharam, mas nenhuma das duas perguntou.<br />“Ninguém nunca te disse pra não brincar com a comida?” eu chamei Emmett.<br />“Oh, ei, Edward!” Ele gritou de volta, sorrindo e acenando para mim. O urso ficou com vantagem, aproveitando-se de sua distração, avançando com as suas garras pesadas sobre o peito de Emmett.<br />A garra era tão afiada que rasgou sua camisa em tiras, fazendo um barulho estranho quando tocaram a sua pele.<br />O urso urrou por culpa da intensidade do barulho.<br />Ah, inferno. Rose que me deu essa camisa!<br />Emmett rugiu de volta para o animal enraivecido.<br />Eu suspirei e sentei em uma rocha conveniente. Isso provavelmente levaria algum tempo.<br />Mas Emmet já estava quase acabando. Ele deixou o urso tentar arrancar a sua cabeça com outro golpe de garras, rindo quando este não deu certo e empurrando o urso cambaleante para o mesmo lugar de antes. O urso rosnou e Emmett rosnou de volta em meio a uma risada. Então, ele se lançou para cima do animal, que estava uma cabeça mais alto do que ele apoiado nas pernas traseiras, seus corpos caindo no chão, um sobre o outro, levando um pinheiro adulto com eles. Os rosnados do urso calaram-se com um engasgo.<br />Alguns minutos depois Emmett dirigiu-se para o lugar onde eu estava sentado o esperando. Sua camisa estava destruída - rasgada e ensangüentada - pegajosa por culpa da seiva, e coberta de pelos. Seu cabelo curto e escuro não estava melhor. Ele tinha um sorriso largo no rosto.<br />“Esse era um dos fortes. Eu quase consegui sentir quando ele me arranhou”.<br />“Você é igual criança, Emmett”.<br />Ele olhou a minha camisa branca lisa e limpa. “Então, você não conseguiu derrubar o leão da montanha?”.<br />“Claro que consegui. Eu apenas não caço como um selvagem”.<br />Emmett soltou uma gargalhada estrondosa. “Eu desejava que ele fosse forte, aí teria mais diversão”.<br />“Ninguém diz que você tem que lutar pela sua comida”.<br />“É, mas com quem mais eu iria lutar, hein? Você e a Alice trapaceiam, Rosalie nunca quer desarrumar o cabelo e Esme fica brava se eu e Jasper lutamos pra valer”.<br />“A vida é difícil, não é?”<br />Emmett sorriu para mim, movendo-se em uma posição para desafiar e atacar.<br />“Vamos, Edward. Apenas desligue isso por um minuto e vamos lutar justamente”.<br />“Não dá pra desligar”. Eu o lembrei.<br />“Fico pensando, o que aquela garota humana faz para te deixar de fora?” Emmett meditou. “Talvez ela possa me dar umas dicas”.<br />O meu bom humor vacilou. “Fique longe dela!” Eu rosnei entre meus dentes.<br />“Sensível. Sensível”.<br />Eu suspirei. Emmett veio e sentou-se ao meu lado na rocha.<br />“Desculpe. Eu sei que você está passando por uma coisa difícil. E eu estou tentando não ser muito um insensível idiota, mas, sempre foi o meu status natural..”.<br />Ele esperou eu rir da sua piada, e então sua expressão mudou.<br />Tão sério o tempo todo. O que está te atormentando agora?<br />“Estou pensando nela. Bom, estou preocupado, na realidade”.<br />“Com o que você tem de se preocupar? Você está aqui”. Ele riu sonoramente.<br />Eu ignorei a brincadeira novamente, mas respondi a pergunta. “Você nunca pensou em quanto eles são frágeis? Quantas coisas ruins podem acontecer a um mortal?”.<br />“Não realmente. Mas eu acho que sei o que você quer dizer. Eu não era muito páreo para um urso da última vez, não é?”<br />“Ursos,” eu murmurei, adicionando um novo medo para a minha lista. “Aquilo deve ter sido apenas sorte dela, não acha? Um urso perdido na cidade. É claro que ele iria direto para Bella.”<br />Emmet riu. “Você parece um maluco, sabe disso?”<br />“Apenas imagine por um minuto que Rosalie fosse humana, Emmett. E que ela pudesse dar de cara com um urso… ou ser atingida por um carro… ou por um raio… ou cair das escadas.. ou ficar doente - pegar uma doença grave!” As palavras saiam de mim como uma tormenta. Era um alívio colocar tudo pra fora. Eu estava ficando sufocado. “Incêndios e terremotos e tornados! Ugh! Quando foi a última vez que você assistiu ao noticiário? Você já viu o tipo de coisas que acontecem com eles? Arrombamentos e homicídios…” Meus dentes se cerraram juntos, e eu estava tão furioso com a idéia de outro humano a machucar que eu mal podia respirar.<br />“Whoa, whoa! Espere aí, garoto. Ela vive em Forks, lembra? Então ela vai pegar uma chuva” Ele disse encolhendo os ombros.<br />“Eu realmente acho que ela tem um sério problema de má sorte, Emmet. Veja as evidências. De todos os lugares no mundo que ela poderia ir, ela acaba numa cidade onde os vampiros são parte significativa da população.”<br />“Sim, mas nós somos vegetarianos. Então isso não seria boa sorte ao invés de má?”<br />“Com o cheiro que ela exala? Definitivamente má. E ainda pior, pelo cheiro que ela exala para mim,” Eu olhei para as minhas mãos, odiando-as novamente.<br />“Exceto pelo fato de que você tem mais auto-controle do que qualquer um além de Carslile. Boa sorte de novo.”<br />“A van?”<br />“Aquilo foi apenas um acidente.”<br />“Você deveria ter visto a van indo de encontro a ela, Emmmet, por repetidas vezes. Eu juro, é como se ela tivesse algum tipo de atração magnética.”<br />“Mas você estava lá. Isso foi boa sorte.”<br />“Foi? Não seria essa a pior sorte que um humano pode ter - um vampiro se apaixonar por ela?”<br />Emmet considerou em silêncio por alguns momentos. Ele imaginou a garota em sua mente, e achou a imagem pouco interessante. Honestamente eu não consigo enxergar o que você vê nela.<br />“Bem, eu também não vejo nenhum brilho em Rosalie,” eu disse rudemente. “Honestamente, ela parece ser muito trabalho para apenas mais um rostinho bonito.”<br />Emmet riu. “Eu não acho que você me diria …” ( Emmet quer saber o que Edward escutou de Rosalie na sala antes dela sair bufando)<br />“Eu não sei qual o problema dela Emmet,” Eu menti, com um súbito e largo sorriso.<br />Eu vi sua intenção em tempo de me proteger. Ele tentou me empurrar do penhasco, e houve um som alto de rachadura quando uma fissura se abriu na rocha entre nós.<br />“Trapaceiro,” ele murmurou.<br />Eu esperei que ele tentasse outra vez, mas seus pensamentos tomaram outra direção.<br />Ele estava imaginando o rosto de Bella novamente, mas imaginando-o mais pálido, e com os olhos em vermelho brilhante…<br />“Não,” Eu disse com a voz sufocada.<br />“Isso resolve suas preocupações em relação a imortalidade, não é?” E também você não iria querer matá-la. Não é este o melhor jeito?”<br />“Para mim, ou para ela?”<br />“Para você,” ele respondeu rapidamente. Sua entonação enfatizando a certeza.<br />Eu gargalhei jocosamente. “Resposta errada.”<br />“Eu não me importo muito,” ele me lembrou.<br />“Rosalie se importou.”<br />Ele suspirou. Nós dois sabiamos que Rosalie faria qualquer coisa, desistiria de qualquer coisa para se tornar humana novamente. Até mesmo de Emmet.<br />“É, Rose se importou,” ele aquiesceu calmamente.<br />“Eu não posso… eu não devo… Eu não irei arruinar a vida de Bella. Você não sentiria o mesmo se fosse com Rosalie?”<br />Emmet ponderou por um momento. “Ela é todo o meu mundo. Eu não vejo mais sentido no resto do mundo sem ela.”<br />Mas você não vai transformá-la? Ela não vai viver para sempre Edward.<br />“Eu sei disso,” vociferei.<br />E, como você mesmo disse, ela é um tanto frágil.<br />“Confie em mim - disso eu sei, também.”<br />Emmet não era uma pessoa de muito tato, e discussões delicadas não eram o seu forte. Ele se esforçava agora, tentando não ser ofensivo.<br />Você pode sequer tocá-la? Digo, se você a ama… você não gostaria de… bem, tocá-la…?<br />Emmet e Rosalie compartilhavam um intenso amor físico. Ele teve muita dificuldade para entender como alguem poderia amar sem ter aquilo também.<br />Eu suspirei. “Eu nem posso pensar nisso, Emmet.”<br />Wow, então quais suas opções?<br />“Eu não sei,” disse sussurrando. “Eu estou tentando imaginar um jeito de… de deixá-la. Eu simplesmente não consigo perceber uma maneira de ficar longe dela…”<br />Com um profundo senso de satisfação, eu subitamente realizei que para mim, o certo seria ficar - pelo menos por agora, com Peter e Charlotte a caminho. Ela estava mais segura comigo aqui, temporariamente, do que estaria se eu me afastasse. Por hora, eu poderia ser o seu improvável protetor.<br />A idéia me deixou ansioso; Eu estava impaciente para voltar e então cumprir este papel por tanto tempo quanto fosse possível.<br />Emmet notou a mudança em minha expressão. No que você está pensando?<br />“Agora mesmo, ” eu admiti timidamente, “Eu estou morrendo de vontade de voltar para Forks e ver como ela está. Eu não sei se aguento até domingo a noite.”<br />“Uh-uh! Você não vai voltar antes para casa. Deixe Rosalie se acalmar um pouco. Por favor! Pelo meu bem.”<br />“Tentarei ficar,” eu disse sem muita certeza.<br />Emmet deu um tapinha no celular em meu bolso. “Alice ligaria se houvesse qualquer fundamento para o seu ataque de pânico. Ela é tão esquisita sobre essa garota quanto você.”<br />Eu sorri com esta colocação. “Ótimo. Mas não ficarei após o domingo.”<br />“Não há sentido em apressar sua volta - vai fazer sol, e Alice disse que estamos livres da escola até quarta-feira.”<br />Eu balancei minha cabeça rigidamente.<br />“Peter e Charlotte sabem como se comportar.”<br />“Eu realmente não me importo, Emmett. Com a sorte de Bella, ela vai acabar perambulando até a floresta exatamente na hora errada e -” eu recuei. “Peter não é conhecido pelo seu auto-controle. Voltarei no domingo.”<br />Emmet suspirou. Exatamente como um maluco.<br />Bella estava dormindo tranqüilamente quando eu escalei até a janela do seu quarto na manhã de segunda-feira. Eu lembrei do óleo dessa vez e a janela agora se movia silenciosamente para fora do meu caminho.<br />Eu poderia dizer pela forma como o seu cabelo repousava suavemente no travesseiro que ela tivera uma noite menos agitada do que da última vez que eu estivera aqui. Ela tinha as mãos juntas sob suas bochechas como uma criancinha, e sua boca estava ligeiramente aberta. Eu podia ouvir sua respiração ir e vir vagarosamente entre seus lábios.<br />Era um alívio tremendo estar aqui e poder vê-la novamente. Eu percebi que não estaria calmo até que isso acontecesse. Nada parecia certo quando eu estava longe dela.<br />Não que tudo estivesse certo quando eu estava com ela, mesmo assim. Eu suspirei, deixando a sede ardente incendiar minha garganta. Eu estive longe disto por muito tempo. O tempo longe da dor e da tentação fez tudo isso mais difícil agora. Era ruim o bastante para que eu temesse me ajoelhar ao lado de sua cama próximo o bastante para ler os títulos de seus livros. Eu queria saber as histórias que ela tinha em sua mente, mas eu temia mais que minha sede, temia que se eu me deixasse aproximar tanto dela, eu iria querer ainda mais…<br />Seus lábios pareciam muito suaves e quentes. Eu imaginei tocá-los com a ponta dos meus dedos. Bem levemente…<br />Este era exatamente o tipo de erro que eu deveria evitar cometer.<br />Meus olhos percorriam sua face seguidas vezes, examinando qualquer mudança. Mortais mudavam todo o tempo - Eu me entristecia com a idéia de poder perder qualquer detalhe.<br />Eu achei que ela parecia… cansada. Como se ela não tivesse dormido o bastante neste fim de semana.<br />Teria ela saído?<br />Eu ri silenciosa e forçadamente com o quanto essa idéia me chateou. E daí se ela tivesse saído? Eu não era o dono dela. Ela não era minha.<br />Não, ela não era minha - e eu estava triste novamente.<br />Uma de suas mãos contraiu-se e eu notei que havia ranhuras superficiais e não cicatrizadas na base de sua palma. Ela tinha se ferido? Mesmo óbviamente não sendo um ferimento grave, isto ainda me perturbava. Eu considerei o local e decidi que ela devia ter tropeçado e caído. Parecia uma explicação razoável, considerando-se tudo.<br />Era confortante pensar que eu não teria que quebrar a cabeça para solucionar estes pequenos mistérios para sempre. Nós eramos amigos agora - ou, pelo menos, tentávamos ser amigos. Eu poderia perguntar a ela sobre o seu fim de semana - sobre a praia, e qualquer atividade noturna que a fizesse parecer tão fatigada. Eu poderia perguntar sobre o que acontecera com suas mãos. E eu poderia rir um bocado quando ela confirmasse minha teoria sobre o assunto.<br />Eu sorri gentilmente enquanto eu pensava se ela tinha ou não mergulhado no oceano. Eu me preocupava em saber se ela havia se divertido no passeio. Eu imaginava se ela tinha pensado em mim, em algum momento. Se ela havia sentido minha falta, mesmo que fosse uma mínima fração de toda a falta que senti dela.<br />Eu tentei imaginá-la na praia, ao sol. A imagem era incompleta, porque eu mesmo jamais estivera em uma praia. Eu conhecia a praia apenas por fotos…<br />Me senti um pouco desconfortável quando pensei no porquê nunca tinha estado na praia localizada só a alguns minutos de casa. Bella tinha passado o dia em La Push - um lugar proibido, por conta do tratado, para nós irmos. Um lugar onde alguns homens antigos ainda se lembravam das histórias sobre os Cullens, se lembravam e acreditavam nelas. Um lugar onde nosso segredo era conhecido…<br />Sacudi a cabeça. Não tinha nada com o que me preocupar lá. Os Quileutes eram ligados ao acordo também. Mesmo se Bella tivesse passado por um dos anciãos, eles não podiam revelar nada. E por qual motivo o assunto apareceria? Por que Bella escolheria falar de sua curiosidade lá? Não - os Quileutes eram talvez a única coisa com qual eu não devia me preocupar.<br />Fiquei bravo quando o sol começou a nascer. Me lembrou que eu não conseguiria saciar minha curiosidade por dias. Por que tinha escolhido brilhar agora?<br />Com um suspiro, pulei pela janela dela antes que alguém pudesse me ver aqui. Tinha a intenção de ficar na floresta perto da sua casa e vê-la sair para a escola, mas quando cheguei às árvores, fiquei surpreso em sentir seu cheiro na trilha.<br />Eu o segui rapidamente, curiosamente, ficando mais e mais preocupado enquanto levava para mais fundo na escuridão. O que a Bella esteve fazendo aqui?<br />A trilha parou abruptamente, no meio de nada em particular. Ela tinha saído só alguns passos da trilha, até as samambaias, onde se encostou em um tronco de árvore. Talvez tenha sentando aqui…<br />Eu sentei no mesmo lugar que ela, e procurei ao redor. Tudo o que ela teria sido capaz de ver eram folhas e verde. Provavelmente tinha chovido - o cheiro dela estava quase sumindo, nunca tendo realmente penetrado na árvore.<br />Por que Bella teria vindo aqui sentar sozinha - e ela estava sozinha, sem dúvida disso - no meio dessa floresta molhada e lamacenta?<br />Não fazia sentido, e como todos aqueles outros pontos de curiosidade, eu não podia perguntar em uma conversa casual.<br />Então Bella, eu estava seguindo seu cheiro pela floresta quando deixei o seu quarto, onde estive observando você dormir… Sim, isso iria quebrar o gelo.<br />Eu nunca saberia o que ela esteve fazendo e pensando aqui, e isso fez meus dentes se baterem de frustração. Pior, isso era muito parecido com o cenário que eu imaginei para Emmett - Bella andando sozinha na floresta, onde o cheiro dela podia chamar qualquer um que tivesse os sentidos para seguí-lo…<br />Eu gemi. Ela não tinha só má sorte - ela a chamava.<br />Bom, para isso ela tinha um protetor. Eu iria cuidar dela, evitar que ela se machucasse, pelo máximo que eu pudesse justificar.<br />De repente me encontrei desejando que Peter e Charlotte ficassem por mais tempo.<br />8. Fantasma<br />Eu não vi os convidados de Jasper muitas vezes durante os dois dias ensolarados em que eles estiveram em Forks. Eu só retornei para que Esme não ficasse preocupada. De outra maneira, minha existência parecia mais um espectro do que um vampiro. Eu encontrei, invisível nas sombras, o lugar em que eu poderia seguir o objeto do meu amor e obsessão - onde eu poderia vê-la e ouvi-la nas mentes dos humanos sortudos que podiam caminhar através da luz do sol ao lado dela, algumas vezes acidentalmente passando a palma da mão dela nas deles. Ela nunca reagiu a tanto contato; as mãos deles eram tão quentes quanto as mãos dela.<br />A esforçada ausência da escola nunca havia sido um martírio como este antes. Mas o sol parecia fazê-la feliz, então eu não podia desgostar tanto disso. Qualquer coisa que a agradava estava em minhas boas graças.<br />Manhã de segunda-feira, eu escutei uma conversa que teve o potencial para destruir minha confiança e fazer o tempo passado longe dela uma tortura.<br />Eu tinha que sentir um pequeno respeito por Mike Newton; ele não havia simplesmente desistido e se afastado para curar suas feridas. Ele tinha mais coragem do que eu havia lhe creditado. Ele estava indo tentar novamente.<br />Bella foi para a escola bem cedo e, vendo a intenção de aproveitar o sol enquanto ele durava, sentou em uma das raramente usadas bancadas de piquenique enquanto esperava o primeiro sinal tocar. Seu cabelo capturou o sol de inesperadas formas, dando-lhe um brilho avermelhado que eu não havia previsto.<br />Mike encontrou-a lá, desenhando novamente, e se entusiasmou com sua sorte.<br />Era agonizante apenas ser capaz de assistir, impotente, protegido do brilho do sol pelas sombras da floresta.<br />Ela o cumprimentou com entusiasmo suficiente para torná-lo eufórico/encantado, e a mim o contrário.<br />Viu, ela gosta de mim. Ela não sorriria assim se ela não gostasse. Eu aposto que ela quer ir ao baile comigo. Imagino o que seria tão importante em Seattle…<br />Ele percebeu a mudança no cabelo dela. “Eu nunca percebi antes - seu cabelo fica vermelho aqui”.<br />Eu acidentalmente arranquei a jovem árvore que minha mão estava descansando quando ele acariciou uma mecha do cabelo dela com os dedos.<br />“Apenas no sol”, ela disse. Para minha profunda satisfação, ela deslizou para longe dele suavemente quando ele tocou a mecha atrás da orelha dela.<br />Mike precisou de um minuto para reconstruir sua coragem, gastando mais tempo com outra pequena conversa.<br />Ela lembrou-lhe da redação que todos estavam devendo para quarta-feira. Pelo perceptível orgulho em sua face, a dela já estava pronta. Ele havia esquecido completamente, e isso diminuiria drasticamente suas horas livres.<br />Droga - redação estúpida.<br />Finalmente ele entendeu o recado - meus dentes estavam tão trincados que eles poderiam pulverizar granito - e mesmo assim, ele não conseguia fazer a pergunta definitiva.<br />“Eu queria te perguntar se você deseja sair comigo.”<br />“Oh”, ela disse.<br />Houve um rápido silêncio.<br />Oh? O que será que isso significa? Ela vai dizer sim? Espera - eu acho que não perguntei realmente.<br />“Bem, nós podíamos sair para jantar ou algo… e eu poderia trabalhar nisso mais tarde.”<br />Idiota - essa também não foi uma pergunta.<br />“Mike…”<br />A agonia e fúria do meu ciúme eram tão poderosas quanto haviam sido semana passada. Eu quebrei outra árvore, tentando me segurar aqui. Eu queria tanto correr através do campus, muito rápido para os olhos humanos, e agarrá-la - para roubá-la do garoto que eu odiava tanto agora que eu poderia matá-lo e gostar disso.<br />Ela diria sim para ele?<br />“Eu não acho que seria a melhor idéia”.<br />Eu respirei novamente. Meu corpo rígido relaxou.<br />Seattle era apenas uma desculpa, afinal. Eu não deveria ter perguntado. No que eu estava pensando? Aposto que é por causa daquele estranho, Cullen…<br />“Por que?” ele perguntou agressivamente.<br />“Eu acho…” ela hesitou. “E se você alguma vez repetir o que vou dizer agora eu irei alegremente espancá-lo até a morte–”<br />Eu ri alto do som de uma ameaça de morte saindo através dos seus lábios.<br />“Mas eu acho que machucaria os sentimentos de Jessica.”<br />“Jessica?” O quê? Mas… Oh. Okay. Eu acho… Então… Huh.<br />Seus pensamentos não eram mais coerentes.<br />“Sério, Mike, você é cego?”<br />Eu ecoei seu sentimento. Ela não deveria esperar que todos fossem tão perceptivos quanto ela, mas realmente este exemplo estava além do óbvio. Com toda a dificuldade que Mike esteve enfrentando para convidar Bella para sair, ele não imaginava que não seria tão difícil para Jessica? Devia ser o egoísmo que o fez ficar cego para os outros. E Bella era tão altruísta, ela viu tudo.<br />Jessica. Huh. Wow. Huh. “Oh”, ele conseguiu dizer.<br />Bella usou sua confusão para escapar.<br />“Está na hora da aula, e eu não posso chegar atrasada de novo”.<br />Mike enxergou um ponto de vista não muito confiável a partir de então. Ele percebeu, enquanto a idéia sobre Jessica girava e girava ao redor da sua cabeça, que ele gostava da idéia de ela ter achado ele atraente. Esse era o segundo lugar, não tão bom como se fosse Bella que se sentisse assim.<br />Ela é atraente, pelo menos, eu acho. Corpo bonito. É melhor um pássaro na mão…<br />Ele foi desativado então, com as novas fantasias que eram tão vulgares como aquelas com Bella, mas agora elas apenas irritavam e enfureciam. Tão pouco ele merecia qualquer garota; elas eram quase permutáveis para ele. Eu permaneci livre de sua cabeça depois disso.<br />Quando ela estava fora de vista, eu me enrolei contra um tronco de uma enorme árvore e dancei de mente em mente, mantendo ela em vista, sempre agradecido quando Angela Weber estava disponível para olhá-la. Eu queria que existisse um jeito de agradecer a garota Weber por simplesmente ser uma boa pessoa. Me fez sentir melhor pensar que Bella tinha uma amiga que valia a pena.<br />Eu assisti o rosto de Bella de todo e qualquer ângulo que me davam, e eu pude ver que ela estava triste de novo. Isso me surpreendeu - eu pensei que o sol fosse suficiente para mantê-la sorrindo. No almoço, eu a vi espiar de tempos em tempos para a mesa vazia dos Cullen, e isso me entusiasmou. Isso me deu esperança. Talvez ela sinta minha falta, também.<br />Ela tinha planos de sair com as outras garotas - eu automaticamente planejei minha própria vigilância - mas estes planos foram adiados quando Mike convidou Jessica para o encontro planejado para Bella.<br />Então eu fui direto para a casa dela, checando rapidamente a floresta para ter certeza de que ninguém perigoso estava perto. Eu sabia que Jasper havia alertado seu irmão de outrora para evitar a cidade - citando minha insanidade como explicação e aviso - mas eu não queria correr nenhum risco. Peter e Charlote não tinham intenções de causar mal-estar com minha família, mas as intenções são coisas que mudam…<br />Certo, eu estava exagerando. Eu sabia disso.<br />Como se ela soubesse que eu estava olhando, como se ela estivesse com pena da agonia que eu sentia quando não podia vê-la, Bella saiu para o jardim depois de uma longa hora dentro de casa. Ela tinha um livro na mão e uma coberta embaixo do braço.<br />Silenciosamente, eu subi nos troncos mais altos da árvore para conseguir uma boa visão do jardim.<br />Ela estendeu a coberta na grama úmida, e então deitou de barriga para baixo e começou a folhear as páginas do livro velho, como se tentasse encontrar o lugar certo. Eu li por cima do seu ombro.<br />Ah - mais clássicos. Ela era uma fã de Austen.<br />Ela leu rápido, cruzando e descruzando os calcanhares no ar. Eu estava assistindo os raios de sol e o vento brincando com seu cabelo quando seu corpo subitamente se contraiu, e sua mão congelou na página. Tudo que consegui ver foi que ela estava no capítulo três, quando ela grosseiramente segurou uma quantidade grossa de folhas e as passou.<br />Eu vi de relance um título, Mansfield Park. Ela estava começando uma nova história - o livro era uma compilação de romances. Eu me perguntei por que ela mudaria de romance tão abruptamente.<br />Apenas alguns segundos depois, ela fechou o livro, irritada. Com a expressão zangada, ela empurrou o livro ao seu lado e se virou para deitar de frente. Ela respirou profundamente, como se quisesse se acalmar, arregaçou as mangas e fechou os olhos. Eu me lembrava da história, mas não consegui pensar em nada ofensivo nela que a pudesse ter chateado. Outro mistério. Eu suspirei.<br />Ela deitou muito rígida, movendo apenas uma vez para puxar o cabelo do rosto. Ele se esparramou acima de sua cabeça. E então ela ficou imóvel de novo.<br />Sua respiração desacelerou. Depois de alguns longos minutos, seus lábios começaram a mexer. Murmurando enquanto dormia.<br />Impossível resistir. Eu escutei o mais longe que pude, captando vozes nas casas próximas.<br />Duas colheres de sopa de trigo… um copo de leite…<br />Vamos lá! Joga na cesta! Ah, vai lá!<br />Vermelho, ou azul… ou talvez eu devesse vestir algo mais casual…<br />Não havia ninguém próximo. Eu saltei para o chão, aterrissando silenciosamente na ponta do pé.<br />Isso era muito errado, muito arriscado. Quão superficial eu havia sido ao julgar Emmett por seus modos impulsivos e Jasper por sua falta de disciplina - e agora estava conscientemente desprezando todas as regras com um abandono que fazia os lapsos deles parecem insignificantes. Eu costumava ser o responsável.<br />Eu suspirei, mas rastejei para o sol, descuidado.<br />Eu evitei olhar para mim mesmo na luz do sol. Era ruim o suficiente que a minha pele era uma pedra e desumana na sombra; não queria olhar para Bella e eu lado a lado na luz do sol. A diferença entre nós já era insuperável, dolorosa o suficiente sem mais essa imagem na minha cabeça.<br />Mas não conseguia ignorar as faíscas de arco-íris que eram refletidas para a pele dela quando eu ficava perto. Meu queixo se fechou com a visão. Eu conseguiria ser mais aberração do que já era? Imaginei o terror dela se abrisse os olhos agora…<br />Eu comecei a recuar, mas ela resmungou de novo, me segurando ali.<br />- Mmm… mmm.<br />Nada inteligível. Bem, eu iria esperar um pouco.<br />Cuidadosamente peguei seu livro, esticando meu braço e prendendo a respiração enquanto estava perto, por precaução. Comecei a respirar novamente quando estava a poucos metros de distância, testando como o sol e a janela aberta afetavam seu cheiro. O calor parecia adocicar a fragrância. Minha garganta queimou de desejo, o fogo pertinente e feroz outra vez, porque tinha ficado longe dela por muito tempo.<br />Passei um momento controlando isso, e então - me forçando a respirar pelo nariz - deixei que seu livro se abrisse em minhas mãos. Ela tinha começado pelo primeiro… Eu virei as páginas rapidamente até o terceiro capítulo de Razão e Sensibilidade, procurando por algo potencialmente ofensivo na história excessivamente delicada de Austen.<br />Quando meus olhos pararam automaticamente no meu nome - a personagem Edward Ferrars sendo apresentado pela primeira vez - Bella falou de novo.<br />- Mmm. Edward. - ela suspirou.<br />Desta vez não tive medo que ela tivesse acordado. A voz dela era baixa, só um murmúrio melancólico. Não os gritos de medo que teriam sido se ela me visse agora.<br />Alegria entrou em conflito com auto-desprezo. Pelo menos ela ainda estava sonhando comigo.<br />- Edmund. Ahh. Muito… parecido…<br />Edmund?<br />Ah! Ela não estava sonhando comigo, percebi com raiva. O auto-desprezo voltou com força. Ela estava sonhando com personagens fictícios. Lá se foi meu convencimento.<br />Guardei o livro, e fui para o abrigo das sombras - onde pertencia.<br />A tarde passou enquanto eu observava, me sentindo inútil de novo, enquanto o sol lentamente ia descendo no céu e as sombras se espalharam pelo jardim até ela. Eu queria empurrá-las para longe, mas a escuridão era inevitável; as sombras a tomaram. Quando a luz tinha ido embora, a pele dela era muito pálida - quase fantasmagórica. O cabelo dela estava escuro de novo, quase preto contra seu rosto.<br />Era uma coisa assustadora de se ver - como testemunhar as visões de Alice virarem realidade. O batimento forte e constante de Bella era a única garantia, o som que manteve esse momento longe de parecer um pesadelo.<br />Fiquei aliviado quando o pai dela voltou para casa.<br />Eu podia ouvir pouco da mente dele quando dirigia na direção da casa. Alguma vaga irritação… no passado, alguma coisa do trabalho. Expectativa misturada com fome - presumi que estivesse ansioso para o jantar. Mas seus pensamentos eram tão silenciosos e contidos que não pude ter certeza se estava certo; só peguei a essência deles.<br />Me perguntei como a mãe dela soava - que combinação genética a tinha feito tão única.<br />Bella começou a acordar, se contorcendo para sentar-se quando os pneus do carro de seu pai cantaram contra o asfalto da estrada. Ela começou a olhar ao seu redor, parecendo confusa com a inesperada escuridão. Por um breve momento, seus olhos encontraram as sombras onde eu estava escondido, mas eles passaram rapidamente.<br />“Charlie?” ela perguntou em uma voz baixa, ainda observando as árvores que circundavam o pequeno jardim.<br />A porta do carro bateu com força, e ela olhou em direção ao som. Ela se colocou em pé rapidamente e juntou as suas coisas dando mais uma olhada em direção às árvores.<br />Eu me movi para uma árvore próxima à janela de trás perto da pequena cozinha, e ouvi a noite deles. Era interessante comparar as palavras de Charlie aos seus pensamentos ocultos. O seu amor e interesse pela sua única filha eram quase esmagadores, e ainda assim suas palavras sempre curtas e casuais. Na maior parte do tempo, eles sentavam em um silêncio amigável.<br />Eu a ouvi discutir seus planos para a noite seguinte em Port Angeles, e eu redefinia meus próprios planos enquanto eu escutava. Jasper não tinha avisado Peter e Charlotte para ficarem longe de Port Angeles. Apesar de eu saber que eles tinham se alimentado recentemente e não tinham nenhuma intenção de caçar em nenhum lugar na vizinhança de nossa casa, eu gostaria de observá-la, só por precaução. Afinal de contas, havia muitos outros da minha espécie lá fora. E também, todos os perigos humanos que eu nunca havia considerado antes.<br />Eu ouvi a sua preocupação sobre deixar o seu pai preparar o próprio jantar, e sorri ao ver a minha teoria se provar - sim, ela cuidava dele.<br />Então eu parti, sabendo que eu poderia retornar quando ela estivesse dormindo.<br />Eu não poderia invadir a sua privacidade, espreitando desse jeito. Eu estava aqui para a sua proteção, não para olhá-la com malícia de um modo que Mike Newton faria sem dúvida, se ele fosse ágil o suficiente como eu para permanecer na copa das árvores como eu fazia. Eu não a trataria tão rudemente.<br />Minha casa estava vazia quando eu retornei, o quando estava ótimo para mim. Eu não sentia falta da confusão ou pensamentos depreciativos, questionando a minha sanidade. Emmett deixou um recado preso à coluna do corrimão.<br />Futebol no campo Rainier - vamos! Por favor?<br />Eu achei uma caneta e rabisquei a palavra me desculpe mais abaixo do seu apelo. Os times estavam mais equilibrados sem mim, de qualquer forma.<br />Eu saí para a mais curta das viagens de caça, me contentando com a menor e mais gentil das criaturas que não tinha um gosto tão bom quanto os caçadores, e então vesti roupas limpas antes de correr de volta para Forks.<br />Bella não dormiu bem essa noite. Ela se agitava em seus cobertores, seu rosto algumas vezes preocupado, algumas vezes triste. Eu imaginava que era algum pesadelo assombrando-a e então eu percebi que apesar de tudo eu não queria saber na verdade.<br />Quando ela falou, a maior parte do murmúrio depreciava Forks em uma voz abatida. Somente uma vez, quando ela suspirou as palavras “Volte” e a sua mão se esticou - um apelo mudo - eu tive a chance de ter esperanças que ela estivesse sonhando comigo.<br />No dia de escola seguinte, o ÚLTIMO dia em que o sol me manteria prisioneiro, foi bem parecido com o dia anterior. Bella parecia ainda mais melancólica que o dia anterior, e eu imaginei se ela tinha desistido dos seus planos - ela não parecia de bom humor.<br />Mas, sendo Bella, ela provavelmente colocaria o divertimento dos amigos acima do seu próprio.<br />Ela estava usando uma blusa azul hoje, e a cor realçava sua pele perfeitamente, deixando-a cor de creme.<br />A escola terminou e Jessica concordou em buscar as outras meninas - Angela ia também, e fiquei feliz por isso.<br />Fui para casa pegar meu carro. Quando eu vi que Peter e Charlotte estavam lá, decidi dar uma hora de vantagem para as garotas. Nunca seria capaz de seguí-las, dirigindo no limite de velocidade - um pensamento horrível.<br />Entrei pela cozinha, acenando vagamente às saudações de Emmett e Esme quando passei por todos na sala e fui direto para o piano.<br />Argh, ele voltou. Rosalie, claro.<br />Ah, Edward. Odeio vê-lo sofrendo tanto. A alegria de Esme estava começando a ser danificada pela preocupação. Ela deveria se preocupar. Esta história de amor que ela havia visualizado para mim estava a cada hora mais evidentemente rumando para a tragédia.<br />Se divirta em Port Angeles esta noite, pensou Alice alegremente. Deixe-me saber quando eu tiver a permissão de falar com Bella.<br />Você é patético. Não acredito que perdeu o jogo de ontem só para ver alguém dormir. Emmett resmungou.<br />Jasper não prestou atenção em mim, nem mesmo quando a música que toquei ficou um pouco mais tempestuosa do que eu pretendia. Era uma música antiga, com um tema familiar: impaciência. Jasper estava se despedindo de seus amigos, que me olhavam curiosamente.<br />Que criatura estranha, Charlotte, que tinha cabelo loiro claro e era do mesmo tamanho de Alice pensou. E ele foi tão normal e agradável da outra vez que nos vimos.<br />Os pensamentos de Peter estavam em sincronia com os dela, como era normalmente o caso.<br />Devem ser os animais. A falta de sangue humano os deixa loucos uma hora ou outra, ele estava concluindo. O cabelo dele era claro e quase tão longo quanto o dela. Eles eram muito parecidos - exceto por tamanho, ele sendo quase tão alto quanto Emmett - em aparência e pensamento. Um par que combinava, sempre tinha pensado.<br />Todos menos Esme pararam de pensar em mim por um minuto, e toquei notas mais baixas para que não chamasse atenção.<br />Não prestei atenção a eles por um longo tempo, deixando a música me distrair do desconforto. Era difícil tirar a garota da minha mente. Só voltei minha atenção à conversa deles quando as despedidas ficaram mais finais.<br />- Se você vir Maria de novo - Jasper estava dizendo, um pouco cauteloso. - diga a ela que lhe desejo bem.<br />Maria era a vampira que tinha criado Jasper e Peter - Jasper na segunda metade no século XIX, Peter mais recentemente, por volta de 1940. Ela tinha procurado por Jasper uma vez, quando estávamos em Calgary. Tinha sido uma visita agitada - tivemos que nos mudar imediatamente. Jasper tinha pedido com educação que ela mantivesse distância no futuro.<br />- Não imagino que isso vá acontecer logo. - Peter disse com uma risada - Maria era inegavelmente perigosa e não havia muito amor entre ela e Peter. Peter tinha, afinal, sido fundamental para a deserção de Jasper. Jasper sempre havia sido o favorito de Maria; ela considerava um mero detalhe que uma vez tinha planejado matá-lo. - Mas, se acontecer, certamente eu direi.<br />Eles deram um aperto de mãos então, se preparando para partir. Eu deixei a música que estava tocando cessar em um fim pouco satisfatório, levantei rapidamente.<br />- Chalotte, Peter. - eu disse, acenando.<br />“É bom te ver novamente, Edward,” Charlotte disse de forma duvidosa. Peter somente acenou com a cabeça.<br />Louco, Emmett protestou atrás de mim.<br />Idiota, Rosalie pensou ao mesmo tempo.<br />Pobre garoto, Esme.<br />E Alice, em um tom repreensivo. Eles vão direto para o Leste, para Seattle. Nenhum lugar perto de Port Angeles. Ela me mostrou a prova em suas visões.<br />Eu fingi que eu não vi aquilo. Minhas desculpas já eram superficiais o suficiente.<br />Uma vez em meu carro, eu me senti mais relaxado; o robusto roncar do motor que Rosalie envenenou era animador para mim - ano passado, quando ela estava em um humor melhor - era tranqüilizador. Era um alívio estar em movimento, sabendo que eu estava ficando mais próximo de Bella a cada quilômetro que passava voando por debaixo dos meus pneus.<br /><a title="Link permanente para Nono Capítulo.1 - Midnight Sun" href="http://foforks.com.br/2008/08/oitavo-capitulo-midnight-sun/">Nono Capítulo.1 - Midnight Sun</a><br />*Nota: No manuscrito não há o capítulo 8 nem o capítulo 10. Há apenas, dois capítulos nove. O primeiro segue abaixo.<br />9. Port Angeles<br />Estava muito claro pra eu dirigir pelo centro quando eu cheguei à Port Angeles; o sol ainda estava muito elevado, e apesar de que os meus vidros eram fumês, não havia nenhum motivo para tomar riscos desnecessários. Mais riscos desnecessários, eu diria.<br />Eu estava certo de que eu acharia os pensamentos de Jessica longe - os pensamentos de Jessica eram mais altos que os de Angela, mas quando eu achasse o primeiro (pensamento), eu conseguiria ouvir o segundo. Então, quando as sombras se encompridavam, eu poderia chegar mais perto. Por hora, eu saí da estrada e fui para uma gramada garagem que ficava fora da cidade que parecia não ser utilizada.<br />Eu sabia o lugar para procurar - apenas havia só um lugar para a compra de vestidos em Port Angeles. Não muito antes, eu achei Jessica, se olhando na frente de um espelho de três lados, e eu conseguia ver Bella em sua visão periférica, aprovando o longo vestido preto que ela usava.<br />Bella ainda parece zangada. Ha ha. Angela estava certa - Tyler estava se achando. Apesar de que eu não acredito que ela está tão chateada sobre isso. Pelo menos ela sabe que ela tem um acompanhante reserva para o baile. E se Mike não tiver se divertindo no baile, e ele não me convide para sair de novo? E se ele convidar a Bella para o baile? Será que ela teria convidado o Mike para o baile se eu não tivesse dito nada? Será que ele acha que ela é mais bonita que eu?<br />“Eu acho que eu gosto mais do azul. Ele realça os seus olhos.”<br />Jessica sorriu para Bella com falso entusiasmo, enquanto a olhava com suspeita.<br />Será que ela acha isso mesmo? Ou ela quer que eu pareça como uma vaca no Sábado?<br />Eu já estava cansado de ficar ouvindo Jessica. Eu procurei por Angela - ah, mas Angela estava no processo de provar os vestidos, e eu saí rapidamente da sua cabeça para dá-la mais privacidade.<br />Bem, não havia muitos problemas que Bella poderia se meter numa loja de departamentos. Eu as deixaria comprando e depois as alcançaria quando tivessem acabado. Não faltaria muito para anoitecer, as nuvens estavam começando a voltar, sendo levadas para o oeste. Eu somente poderia pegar reflexos delas através das grandes árvores, mas eu podia ver como elas apressavam o pôr-do-sol. Eu as recebi, desejando-as mais do que eu jamais havia antes desejado por suas sombras. Amanhã eu poderia me sentar ao lado de Bella na escola de novo, exigindo sua atenção no almoço novamente. Eu poderia perguntar pra ela todas as coisas que eu havia guardado…<br />Então, ela estava furiosa com a presunção de Tyler. Eu vi aquilo na mente dele - que ele havia falado sério quando falou sobre o baile, que ele estava confirmando. Eu lembrei da expressão dela daquela outra tarde - a escandalizada descrença - e eu ri. Me perguntei o que ela diria pra ele sobre isso. Eu não gostaria de perder a reação dela.<br />O tempo passou devagar enquanto eu esperava pelas sombras se alongarem. Eu checava com freqüência a Jessica; a sua voz mental era a mais fácil de ser achar, mas eu não gostava de me demorar lá dentro por muito tempo. Eu vi o lugar que elas estavam planejando para comer. Estaria escuro na hora do jantar… talvez eu coincidentemente escolheria o mesmo restaurante. Peguei o celular do meu bolso, pensando em convidar Alice para comer fora… Ela adoraria isso, mas ela também iria querer falar com Bella. Eu não tinha certeza se eu estava pronto para envolver mais a Bella em meu mundo. Um vampiro não era problema suficiente?<br />E chequei a mente de Jessica de novo. Ela estava pensando sobre suas jóias, perguntando a opinião de Angela.<br />“Talvez eu deva devolver o colar. Eu tenho um em casa que deveria servir, e eu gastei mais do que eu deveria…” Minha mãe vai enlouquecer. No que eu estava pensando?<br />“Eu não me importo em voltar para a loja. Mas, você não acha que a Bella vai estar procurando por nós?<br />O que era isso? Bella não estava com elas? Eu fitei os olhos de Jessica primeiro, e depois troquei para Angela. Elas estavam na calçada em frente de umas lojas, já mudando de direção. Bella não estava em nenhum lugar em vista.<br />Oh, quem se importa com a Bella? Jess pensou, impacientemente, antes de responder a pergunta de Angela. “Ela está bem. Nós chegaremos no restaurante a tempo, mesmo se nós voltarmos (para a loja). De qualquer forma, eu acho que ela queria estar sozinha.” Eu peguei um breve vislumbre da livraria que Jessica achava que a Bella teria ido.<br />“Vamos nos apressar, então,” Angela disse. Espero que Bella não ache que nós a abandonamos. Antes, no carro, ela foi tão boa comigo… Ela é mesmo uma pessoa muito gentil. Mas ela parecia meio triste o dia inteiro. Pergunto-me se era por causa do Edward Cullen? Aposto que era por isso que ela estava perguntando sobre a família dele…<br />Eu deveria ter prestado mais atenção. O que eu teria perdido lá? Bella estava andando sozinha, e ela tinha perguntado por mim antes? Angela estava prestando atenção à Jessica agora - Jessica estava tagarelando sobre aquele idiota do Mike - e eu não podia arrancar mais nada dela.<br />Eu julguei as sombras. O sol estaria atrás das nuvens logo o suficiente. Se eu ficasse no lado oeste da estrada, onde os prédios estariam escurecendo a rua da luz fraca…<br />Eu comecei a me sentir impaciente enquanto eu dirigia pelo pouco engarrafamento pro centro da cidade. Isso não era algo em que eu havia considerado - Bella andando sozinha - e eu não tinha a mínima idéia de como achá-la. Eu deveria ter considerado isso. Bella estava sempre fazendo a coisa errada.<br />Eu conhecia bem Port Angeles; eu dirigi diretamente para a livraria da mente de Jessica, esperando que a minha busca fosse curta, mas duvidando que fosse fácil. Quando que Bella facilitava as coisas?<br />Sem dúvida, a pequena loja estava vazia, exceto por uma mulher vestida de maneira antiquada atrás do balcão. Esse não parecia com o tipo de lugar que Bella estaria interessada - muito new age para uma pessoa prática. Eu me pergunto se ela ao menos se incomodou a entrar?<br />Havia um lugar com sombra que eu poderia estacionar… Fazia um caminho escuro para a loja. Eu realmente não deveria. Andando por aí nas horas do dia não era seguro. E se um carro que passasse refletisse a luz do sol para a sombra justamente na hora errada?<br />Mas eu não sabia outro jeito de procurar pela Bella!<br />Eu estacionei e saí, me mantendo no canto mais fundo da sombra. Caminhei rapidamente para a loja, percebendo o fraco rastro do cheiro da Bella no ar. Ela esteve aqui, na calçada, mas não havia nenhuma pista de sua fragrância dentro da loja.<br />“Bem vindo! Poderia te ajudar - ” a vendedora começou a dizer, mas eu já estava do lado de fora da porta.<br />Eu seguiria o cheiro da Bella até aonde a sombra permitiria, parando quando eu chegasse na beira da luz do sol.<br />Quão impotente que isso me fez sentir - cercado pela linha entre a escuridão e a luz que se estendia até a calçada na frente minha frente. Tão limitado.<br />Eu só podia adivinhar que ela continuou pela rua, indo para o sul. Não havia muito seguindo aquela direção. Ela estava perdida? Bom, essa possibilidade parecia exatamente como o caráter dela.<br />Eu voltei para o carro e dirigi devagar pelas ruas, procurando por ela. Eu saí para alguns outros caminhos com sombras, mas eu só senti o seu cheiro mais uma vez, e o rumo disso me confundiu. Onde ela estava tentando ir?<br />Dirigi de volta e adiante entre a loja e o restaurante algumas vezes, esperando ver ela em seu caminho. Jessica e Angela já estavam lá, tentando decidir se pediam (a janta), ou se esperavam pela Bella. Jessica já estava pensando em pedir imediatamente.<br />Eu comecei a passar rapidamente pela mente de estranhos, olhando através de seus olhos. Com certeza alguém deve ter visto ela em algum lugar.<br />Mais tempo que ela ficava perdida, mais eu ficava impaciente. Eu não tinha considerado antes quão difícil que era pra achá-la, como agora, ela estava fora de minha vista e fora de seus caminhos normais. Eu não gostava disso.<br />As nuvens estavam se acumulando no horizonte, e, em alguns poucos minutos, eu estaria livre para localizá-la a pé. Então não me levaria muito tempo. Era somente o sol que me fazia tão paralisado agora. Apenas mais alguns minutos, e então a vantagem seria minha novamente e o mundo humano que seria impotente.<br />Outra mente, e mais outra. Tantos pensamentos banais.<br />…acho que o bebê tem outra infecção no ouvido…<br />Era 18:40 ou 18:04…?<br />Atrasado de novo. Eu devia contar pra ele…<br />Aqui ela vem! Aha!<br />Ali, finalmente, estava o rosto dela. Finalmente, alguém tinha reparado nela!<br />Aquele alívio só durou por uma fração de segundo, e então eu li mais os pensamentos do homem que estava olhando para o rosto dela fixamente nas sombras.<br />A mente dele era a de um estranho para mim, e mesmo assim, completamente familiar. Eu já havia caçado exatamente tal mente.<br />“NÃO!” Eu rugi, e um nó apertou a minha garganta. Meu pé afundou no acelerador, mas pra onde eu estava indo?<br />Eu sabia mais ou menos o rumo dos seus pensamentos, mas isso não era específico o suficiente. Alguma coisa, deveria haver alguma coisa - uma placa de rua, a frente de uma loja, alguma coisa na sua vista que entregaria a sua localização. Mas Bella estava bem na escuridão, e os olhos dele estavam focados somente na expressão apavorada dela - saboreando o medo lá.<br />O rosto dela estava nublado na mente dele pela memória de outros rostos. Bella não era a sua primeira vítima.<br />O som dos meus rosnados tremeu a estrutura do carro, mas não me distraíram.<br />Não havia janelas na parede atrás dela. Algum lugar industrial, longe da região de compras que era mais povoada. Meu carro derrapou na esquina, desviando de um outro veículo, indo na direção que eu esperava ser o caminho certo. Enquanto o outro carro buzinava, o som já estava bem atrás de mim.<br />Olha como ela ta tremendo! O homem riu em expectativa. O medo era a atração para ele - a parte que ele adorava.<br />“Fique longe de mim.” A voz dela era baixa e firme, não como um grito.<br />“Não seja assim, docinho.”<br />Ele viu ela hesitar quando uma rude risada veio de uma outra direção. Ele estava irritado com o barulho - Cale a boca, Jeff! Ele pensou - mas gostou do modo como ela se encolheu de medo. Excitava ele. Ele começou a imaginar a suplicação, o modo como ela imploraria…<br />Eu não tinha percebido que havia outros com ele até que eu ouvi aquela alta risada. Eu procurei nele, desesperado por alguma coisa que eu pudesse usar. Ele estava dando o primeiro passo na direção dela, movimentando suas mãos.<br />As mentes perto dele não eram o lixo que ele era. Eles estavam um pouco embriagados, nenhum deles percebendo quão longe o homem que eles chamava de Lonnie planejava seguir com isso. Eles estavam seguindo Lonnie cegamente. Ele tinha prometido pra eles um pouco de divertimento…<br />Um deles olhou para a rua, nervoso - ele não queria ser pego assediando a garota - e me deu o que eu precisava. Eu reconheci a rua que ele encarou.<br />Eu passei por um sinal vermelho, correndo através de um espaço amplo apenas o suficiente entre dois carros no engarrafamento. Buzinas fazendo barulho atrás de mim.<br />Meu celular vibrou no meu bolso. Eu ignorei.<br />Lonnie se movia devagar para a garota, atraindo o suspense - o momento do terror que excitava ele. Ele esperou pelo grito dela, se preparando para saboreá-lo.<br />Mas Bella trancou sua mandíbula, e se abraçou. Ele estava surpreso - ele esperava que ela tentasse fugir. Surpreso e levemente desapontado. Ele gostava de perseguir a sua presa, a adrenalina da caçada.<br />Corajosa, essa. Talvez melhor, eu acho… mais luta nela.<br />Eu estava a um quarteirão de distância. O monstro poderia escutar o rugido do meu motor agora, mas ele não deu atenção, bem atento em sua vítima.<br />Eu veria como ele se divertia na caçada quando ele seria a presa. Eu veria o que ele pensava do meu estilo de caçar.<br />Em outra parte da minha cabeça, eu já estava escolhendo os tipos de torturas que eu havia presenciado nos meus tempos de vigilante, procurando pela tortura mais dolorosa. Ele sofreria por isso. Ele iria se contorcer em agonia. Os outros iriam meramente morrer por suas participações nisso, mas o monstro chamado Lonnie imploraria pela morte bem antes de eu ceder pra ele esse presente.<br />Ele estava atravessando a rua, na direção dela.<br />Eu virei a esquina, rapidamente, meus faróis clareando a cena e paralisando eles no lugar. Eu poderia ter atropelado o líder, que saiu do caminho, mas essa era uma morte muito fácil para ele.<br />Eu deixei o carro deslizar, virando pra que ficasse de frente pro caminho que eu cheguei e a porta do carro ficasse perto de Bella. Eu abri a porta, e ela já estava correndo para o carro.<br />“Entre,” Eu resmunguei.<br />Que diabos?<br />Sabia que isso era uma péssima idéia! Ela não está sozinha.<br />Eu deveria correr?<br />Acho que vou vomitar…<br />Bella saltou para a porta aberta sem hesitar, puxando e fechando a porta atrás dela.<br />E então ela me olhou com uma expressão de verdadeira confiança que eu nunca havia visto num rosto humano, e todos os meus violentos planos desmoronaram.<br />Levou-me muito menos de um segundo para eu ver que eu não poderia deixá-la no carro para lidar com os quatro homens na rua. O que eu diria à ela, para não olhar? Ha! Quando que ela faz sempre o que eu peço? Quando que ela sempre faz a coisa segura?<br />Eu iria arrastá-los para longe, pra fora da visão dela, e deixá-la sozinha aqui? Eram poucas as chances que outro humano perigoso estaria rondando as ruas de Port Angeles esta noite, as chances eram poucas como essa era até o primeiro! Como um imã, ela atrai todas as coisas perigosas para ela mesma. Eu não poderia deixá-la fora de vista.<br />Seria como parte do mesmo movimento para ela quando eu acelerei, tirando ela dos seus perseguidores tão rapidamente que eles ficaram boquiabertos atrás do meu carro com expressões incompreensíveis. Ela não perceberia meu instante de hesitação. Ela presumiria que o plano era escapar desde o começo.<br />Eu nem conseguiria bater nele com o meu carro. Aquilo iria assustar ela.<br />Eu queria a morte dele tão brutalmente que a necessidade por isso chiou nos meus ouvidos e nublou a minha visão e era um sabor na minha língua. Meus músculos estavam amontoados com a urgência, o desejo, a necessidade por isso. Eu tinha que matá-lo. Eu iria descascá-lo aos poucos lentamente, pedaço por pedaço, pele do músculo, músculo de osso…<br />Exceto que a garota - a única garota no mundo - estava agarrada no seu banco com as duas mãos, me encarando, seus olhos ainda muito abertos e totalmente confiando em mim. A vingança teria que esperar.<br />“Bote o seu cinto,” Eu mandei. Minha voz foi áspera por causa do ódio e da sede de sangue. Não a comum sede de sangue. Eu não me sujaria ao ponto de pegar qualquer parte daquele homem pra dentro de mim.<br />Ela botou o cinto de segurança no lugar, se sobressaltando levemente com o som feito. Aquele pequeno som fez ela se sobressaltar, mesmo que ela não tenha demonstrado medo quando eu rasguei pela cidade, ignorando todos os sinais de trânsito. Eu poderia sentir seus olhos em mim. Ela parecia estranhamente relaxada. Não faz sentido - não com o que ela acabou de passar.<br />“Você está bem?” ela perguntou, sua voz áspera por causa do estresse e do medo.<br />Ela queria saber se eu estava bem?<br />Eu pensei por uma fração de segundo na pergunta dela. Não muito para que ela notasse a minha hesitação. Eu estava bem?<br />“Não,” eu percebi, e o meu tom ferveu com a raiva.<br />Eu a levei pelo mesmo caminho que eu passei esta tarde, ocupado na mais pobre vigilância que já existiu. Estava escuro agora, embaixo das árvores.<br />Eu estava tão furioso que o meu corpo paralisou no lugar, totalmente imóvel. Minhas mãos frias que estavam fechadas desejavam esmagar o agressor dela, pulverizar ele em pedaços tão mutilados que o seu corpo nunca poderia ser identificado…<br />Mas isso exigiria deixá-la aqui sozinha, desprotegida na noite escura.<br />“Bella?” Eu perguntei entre os dentes.<br />“Sim?” Ela respondeu roucamente. Ela limpou a garganta.<br />“Você está bem?” Aquilo era mesmo a coisa mais importante, a primeira prioridade. Castigo era secundário. Eu sabia disso, mas o meu corpo estava tão cheio de raiva que era difícil pensar.<br />“Sim.” A voz dela ainda estava grossa - com medo, sem dúvida.<br />E então eu não poderia deixá-la.<br />Mesmo que ela não esteja em risco constante por alguma razão irritante - alguma piada que o universo estava pregando em mim - mesmo se eu tivesse certeza que ela estaria perfeitamente segura em minha ausência, eu não poderia deixá-la sozinha no escuro.<br />Ela deve estar tão assustada.<br />E mesmo assim eu não tinha condições de consolá-la - mesmo se eu soubesse exatamente como seria consolá-la, que eu não sabia. Com certeza ela conseguia sentir a brutalidade radiando em mim, com certeza seria aquele o motivo óbvio. Eu iria assustá-la ainda mais se eu não acalmasse o desejo de massacre fervendo dentro de mim.<br />Eu precisava pensar em alguma outra coisa.<br />“Me distraia, por favor,” eu implorei.<br />“Desculpe-me, o que?”<br />Eu mal tinha controle suficiente para tentar explicar do que eu precisava.<br />“Apenas fale sobre algo sem importância até eu me acalmar,” eu instruí, minha mandíbula ainda trancada. Só o fato de que ela precisava de mim me segurava dentro do carro. Eu podia ouvir os pensamentos do homem, seu desapontamento e sua raiva… Eu sabia onde achá-lo… Fechei os meus olhos, desejando que eu não pudesse vê-lo de qualquer forma…<br />“Um…” ela hesitou - tentando achar um sentido para o meu pedido, eu imaginei. “Eu irei atropelar Tyler Crowley amanhã na frente da escola?” Ela disse isso como se fosse uma pergunta.<br />Sim - era isso que eu precisava. É claro que Bella apareceria com algo inesperado. Como antes, a ameaça de violência vindo de seus lábios era hilária - tão cômica que era estridente. Se eu não estivesse queimando com o desejo de matar, eu teria rido.<br />“Por quê?” eu gritei, para forçá-la a falar novamente.<br />“Ele está contando para todo mundo que me levará para o baile,” ela disse, sua voz cheia com o seu escândalo de gata selvagem. “Ou ele está louco ou ele ainda está tentando se desculpar por quase ter me matado na última… bem, você lembra disso,” ela completou com indiferença, “e ele acha que o baile é de alguma maneira o melhor jeito de corrigir isso. Então eu pensei que se eu pusesse em perigo a sua vida, então nós estaremos quites, e ele não vai poder tentar corrigir. Eu não preciso de inimigos e talvez Lauren desistisse se ele me deixasse em paz. Apesar que eu teria que destruir totalmente o seu Sentra,” ela continuou, pensativa agora. “Se ele não tiver um veículo ele não pode levar ninguém pro baile…”<br />Era animador ver que às vezes ela entende as coisas erradas. A persistência de Tyler não tem nada haver com o acidente. Ela não parece entender a atração que ela causa garotos humanos da escola. Ela não via a atração que eu tinha por ela também?<br />Ah, estava funcionando. O processo confuso da mente dela sempre foi chamativo. Eu estava começando a ganhar controle de mim mesmo, a ver alguma coisa além da vingança e da tortura…<br />“Eu soube disso,” eu disse pra ela. Ela tinha parado de falar, e eu precisava que ela continuasse.<br />“Você soube?” ela perguntou duvidosamente. E então a sua voz estava mais zangada do que antes. “Se ele ficar paralisado do pescoço pra baixo, ele não pode ir pro baile também.”<br />Eu desejei que houvesse alguma maneira que eu pudesse perguntá-la para continuar com as ameaças de morte e dano corporal sem parecer loucura. Ela não poderia ter escolhido uma maneira melhor para me acalmar. E suas palavras - apenas sarcasmo no seu caso, exagero - eram um lembrete do que eu mais precisava neste momento.<br />Eu suspirei, e abri meus olhos.<br />“Melhor?” Ela perguntou timidamente.<br />“Não realmente.”<br />Não, eu estava mais calmo, mas não melhor. Porque eu acabei de perceber que eu não poderia matar o monstro chamado Lonnie, e eu ainda queria isso quase mais do que outra coisa no mundo. Quase.<br />A única coisa neste instante que eu queria mais do que um grande justificável assassinato, era esta garota. E, apesar de que eu não poderia tê-la, apenas o sonho de tê-la, se fez impossível para eu ir numa divertida matança essa noite - não importa o quanto defensível tal coisa poderia ser.<br />Bella merecia mais do que um assassino.<br />Eu passei sete décadas tentando ser alguma coisa além daquilo - qualquer coisa além de um assassino. Aqueles anos de esforço nunca poderiam me fazer digno da garota sentada ao meu lado. E mesmo assim, eu senti que se eu voltasse para aquela vida - a vida de um assassino - por apenas uma noite, eu certamente poria ela fora de meu alcance para sempre. Mesmo se eu não tomasse o sangue deles - mesmo se eu não tivesse a evidência brilhando vermelho em meus olhos - ela não sentiria a diferença?<br />Eu estava tentando ser bom o suficiente pra ela. Era um objetivo impossível. Eu continuaria tentando.<br />“O que há de errado?” Ela sussurrou.<br />Seu hálito encheu o meu nariz, e eu fui lembrado porque eu não merecia ela. Depois de tudo isso, mesmo com o muito que eu amava ela… ela ainda me dava água na boca.<br />Eu daria pra ela tanto honestidade quanto eu podia. Eu devo isso a ela.<br />“Às vezes eu tenho um problema com o meu temperamento, Bella”. Eu encarei a escura noite lá fora, desejando que ela escutasse o horror interno de minhas palavras e também que ela não escutasse. Principalmente que ela não escutasse. Corra, Bella, corra. Fique, Bella, fique. “Mas não seria ajuda alguma pra mim se eu me virasse e caçasse esses…” Apenas pensando nisso, quase me tirou de dentro do meu carro. Eu respirei fundo, deixando o cheiro dela queimar a minha garganta. “Pelo menos, é o que eu estou tentando convencer a mim mesmo.”<br />“Oh.”<br />Ela não disse mais nada. Quanto que ela tinha ouvido das minhas palavras? Eu olhei pra ela pelo canto do olho, mas o seu rosto estava ilegível. Branco com o choque, talvez. Bem, ela não estava gritando. Ainda não.<br />Estava silencioso por um momento. Eu lutei comigo mesmo, tentando ser o que deveria ser. O que eu não poderia ser.<br />“Jessica e Angela devem estar preocupadas,” ela disse calmamente. Sua voz estava bem calma, e eu não estava certo como poderia ser aquilo. Ela estava em choque? Talvez os eventos de hoje a noite ainda não tinham entrado em sua cabeça. “Era pra eu ter me encontrado com elas.”<br />Ela queria ficar longe de mim? Ou ela só estava preocupada com a preocupação das suas amigas?<br />Eu não respondi a ela, mas eu liguei o carro e levei-a de volta. Com o passo que eu chegava mais perto da cidade, mais difícil ficava me segurar no meu objetivo. Eu estava tão perto dele…<br />Se fosse possível - se eu nunca pudesse ter ou merecer essa garota - então onde estava o sentido de deixar esse homem não punido? Com certeza que eu poderia me permitir tanto…<br />Não. Eu não estava desistindo. Não ainda. Eu a queria muito para me render agora.<br />Nós estávamos no restaurante aonde era pra ela ter se encontrado com as suas amigas, antes mesmo de eu ter começado a racionalizar sobre os meus pensamentos. Jessica e Angela estavam acabando de comer, e ambas agora realmente se preocupavam com a Bella. Elas estavam indo procurar por ela, saindo para a rua escura.<br />Não era uma boa noite para elas saírem por aí vagando.<br />“Como você soube onde…?” A pergunta inacabada de Bella me interrompeu, e eu percebi que eu tinha cometido outro deslize. Eu estava muito distraído lembrando-me de perguntá-la onde ela deveria ter encontrado suas amigas.<br />Mas, ao invés de acabar a investigação e chegando ao ponto, Bella apenas balançou a cabeça e deu um meio sorriso.<br />O que aquilo significava?<br />Bem, eu não tinha tempo de decifrar sua estranha aceitação de minha estranha inteligência. Eu abri a minha porta.<br />“O que você está fazendo?” Ela perguntou, parecendo assustada.<br />Não deixando você sair da minha vista. Não me permitindo de ficar sozinho essa noite. Nessa ordem. “Estou te levando para jantar.”<br />Bem, isso deveria ser interessante. Parecia completamente mais como uma outra noite quando eu imaginei trazer Alice e pretendendo escolher o mesmo restaurante que Bella e as suas amigas como se fosse acidente. E agora, aqui estava eu, praticamente num encontro com a garota. Somente não contava, porque eu não estava dando a ela uma chance de dizer não.<br />Ela já tinha metade da sua porta aberta antes que eu desse a volta pelo carro - geralmente não era tão frustrante ter que se mover numa discreta velocidade - ao invés de esperar que eu abra pra ela. Isso era porque ela não estava costumada a ser tratada como uma dama, ou porque ela não pensava em mim como sendo um cavalheiro?<br />Eu esperei por ela, ficando mais inquieto enquanto as suas amigas continuavam indo para uma esquina escura.<br />“Vá parar Jessica e Angela antes que eu tenha que localizá-las também,” eu pedi rapidamente. “Eu não acho que poderia me reter se eu me encontrasse com os teus outros amigos de novo.” Não, eu não seria forte o suficiente para aquilo.<br />Ela estremeceu, e então rapidamente se recompôs. Ela deu meio passo atrás delas, chamando, “Jess, Angela!” em voz alta. Elas se viraram, e ela acenou com a mão para chamar a atenção delas.<br />Bella! Oh, ela está a salvo! Angela pensou em alívio.<br />Muito tarde? Jessica resmungou para si mesma, mas ela, também, estava grata que Bella não estava perdida ou ferida. Isso me fez gostar dela um pouco mais do que antes.<br />Elas voltaram, e então pararam, chocadas, quando me viram do lado dela.<br />Uh-uh! Jess pensou, impressionada. Sem chance!<br />Edward Cullen? Ela foi sozinha pra se encontrar com ele? Mas porque ela perguntaria sobre eles estarem fora da cidade se ela sabia que ele estava aqui… Eu vi um curto momento da expressão torturada de Bella quando ela perguntou a Angela se a minha família ficava às vezes ausente da escola. No, ela não poderia saber, Angela decidiu.<br />Os pensamentos de Jessica iam da surpresa à suspeita. Bella está me escondendo algo.<br />“Onde você esteve?” Ela exigiu, encarando Bella, mas me espiando pelo canto dos olhos.<br />“Eu me perdi. E então eu encontrei o Edward,” Bella disse, agitando uma mão pra mim. Seu tom estava muito normal. Como se fosse verdade tudo o que aconteceu.<br />Ela deve estar em choque. Era a única explicação para sua tranqüilidade.<br />“Estaria tudo bem se eu me juntasse a vocês?” Eu perguntei - para ser educado; eu sabia que elas já tinham comido.<br />Puta merda, ele é quente! Jessica pensou, sua cabeça repentinamente e levemente incoerente.<br />Angela não estava muito mais controlada. Queria que nós não tivéssemos comido. Wow. Apenas. Wow.<br />Agora porque eu não conseguia provocar isso na Bella?<br />“Er… claro,” Jessica concordou.<br />Angela franziu as sobrancelhas. “Um, na verdade, Bella, nós já comemos enquanto estávamos esperando,” ela admitiu. “Desculpa.”<br />O que? Cala a boca! Jess reclamou pra si mesma.<br />Bella deu de ombros, casualmente. Tão calma. Definitivamente em choque. “Tudo bem - não estou com fome.”<br />“Eu acho que você deve comer algo,” eu discordei. Ela precisava de açúcar na corrente sanguínea - apesar de cheirar doce o suficiente como era, eu pensei ironicamente. O pavor iria vir momentaneamente, e um estômago vazio não ajudaria. Ela desmaiava facilmente, que eu saiba por experiência própria.<br />Essas garotas não estariam em perigo algum se fossem direto para casa. Perigo não perseguia cada passo seus.<br />E eu preferiria estar sozinho com a Bella - tanto tempo quanto ela quiser ficar sozinha comigo.<br />“Você se importa se eu levar a Bella para casa essa noite?” Eu disse para Jessica antes que Bella pudesse reagir. “Assim você não vai precisar esperar por ela enquanto ela come.”<br />“Uh, sem problema, eu acho…” Jessica encarou seriamente Bella, olhando por algum sinal de que isso era o que ela queria.<br />Eu quero ficar… mas provavelmente ela quer ele pra si mesma. Quem não iria? Jess pensou. No mesmo instante, ela viu Bella piscar.<br />Bella piscou?<br />“Okay,” Angela disse rapidamente, na pressa de ficar fora do caminho se isso era o que Bella queria. E parecia que ela queria isso. “Te vejo amanhã, Bella… Edward.” Ela se esforçou para dizer o meu nome num tom casual. Então ela agarrou a mão de Jessica e começou a rebocar ela pra longe.<br />Eu teria que achar alguma maneira pra agradecer Angela por isso.<br />O carro de Jessica estava por perto em um círculo de luz clara feita por uma lâmpada de rua.<br />Bella olhou para elas cuidadosamente, uma pequena ruga de preocupação entre seus olhos, até que elas estavam no carro, então ela deve estar bem ciente do perigo que ela passou. Jessica abanou enquanto ela dirigia, e Bella acenou de volta. Assim que o carro desapareceu ela tomou um rumo.<br />Eu caminhei ao lado dela até a recepção, onde a recepcionista esperava. Bella ainda parecia inteiramente calma. Eu queria tocar a mão dela, sua testa, para ver a sua temperatura. Mas a minha mão fria iria assustá-la, assim como aconteceu antes.<br />Oh, minha nossa, a muito alta voz mental da maitre irrompeu na minha consciência. Minha nossa, oh minha nossa.<br />Parecia a minha noite de estar na cabeça das pessoas. Ou eu só estava percebendo isso mais porque eu queria tanto que a Bella me visse desse modo? Nós sempre fomos atraentes para a nossa presa. Eu nunca pensei muito sobre isso antes. Geralmente - ao menos, com pessoas como Shelly Cope e Jessica Stanley, sempre houve uma constante repetição ao um entorpecido terror - o medo vinha de forma rápida depois da atração inicial…<br />“Uma mesa para dois?” Eu disse, quando a maitre não falava.<br />“Oh, er, sim. Bem vindos ao La Bella Italia.” Mmm! Que voz! “Porque não me acompanham?” Seus pensamentos eram preocupados - cuidadosos.<br />Talvez ela seja prima dele. Ela não pode ser irmã dele, eles não se parecem em nada. Mas família, certamente. Ele não pode estar com ela.<br />Os olhos humanos eram nublados; não viam nada claramente. Como podia essa mulher de mente fraca achar os meus encantos físicos - uma armadilha para a presa - tão atraentes, e mesmo assim não ser capaz de ver a leve perfeição da garota ao meu lado?<br />Bem, sem necessidade para ajudá-la, só pra garantir, a maitre nos encaminhou para uma mesa tamanho família no meio da parte mais cheia do restaurante. Será que eu posso dar pra ele o meu número enquanto ela ta lá…? Ela pensou.<br />Eu tirei uma nota do meu bolso de trás. As pessoas eram constantemente cooperativas quando se tratava de dinheiro.<br />Bella já estava se sentando sem oposição no assento onde a maitre tinha lhe indicado. Eu balancei a cabeça para ela, e ela hesitou, inclinando sua cabeça pro lado com curiosidade. Sim, ela seria muito curiosa essa noite. Um lugar cheio não era muito ideal para este tipo de conversa.<br />“Talvez algo mais particular?” Eu pedi a maitre, dando a ela o dinheiro. Os olhos dela se abriram, surpresos, e então se estreitaram enquanto sua mão se enrolou na gorjeta.<br />“Claro.”<br />Ela espiou na nota enquanto ela nos encaminhava para uma separada.<br />Cinqüenta dólares por uma mesa melhor? Rico, também. Isso faz sentido - eu aposto que a jaqueta dele custou mais do que o meu salário inteiro. Droga. Por que ele quer privacidade com ela?<br />Ela nos ofereceu uma mesa num calmo canto do restaurante onde ninguém seria capaz de nos ver - ver as reações da Bella para o que eu diria pra ela. Eu não tinha nenhuma idéia do que ela iria querer saber de mim essa noite. Ou o que eu daria pra ela.<br />Até onde que ela adivinhou? Que explicação que ela contou pra si mesma sobre os acontecimentos de hoje à noite?<br />“Que tal isso?” a maitre perguntou.<br />“Perfeito,” eu disse a ela e, me sentindo levemente irritado por sua má atitude para com Bella, eu sorri abertamente pra ela, não revelando meus dentes. Deixe ela me ver nitidamente.<br />Whoa. “Um… seu garçom virá num instante.” Ele não pode ser real. Eu devo estar dormindo. Talvez ela irá desaparecer… talvez eu escreva o meu número no prato dele com ketchup… Ela saiu, caminhando levemente pelo lado.<br />Estranho. Ela ainda não estava assustada. Eu de repente me lembrei de Emmett me provocando na cafeteria, várias semanas atrás. Aposto que eu poderia ter assustado ela melhor do que você.<br />Eu estava perdendo a prática?<br />“Você não devia fazer isso com as pessoas,” Bella interrompeu meus pensamentos com um tom de desaprovação. “Não é muito justo.”<br />Eu fitei a expressão de crítica dela. O que ela quis dizer? Eu não tinha assustado a maitre nenhum um pouco, apesar das minhas intenções. “Fazer o que?”<br />“Deslumbrar as pessoas desse jeito - ela deve estar hiperventilando na cozinha nesse exato momento.”<br />Hmm, Bella estava quase certa.<br />A maitre estava pouco coerente no momento, descrevendo seu cálculo incorreto sobre mim para sua amiga de copa.<br />“Ah, qual é?” Bella repreendeu-me quando não respondi prontamente. “Você tem que saber o efeito que você causa nas pessoas.”<br />“Eu deslumbro as pessoas?” Esta era uma maneira interessante de descrever a situação precisa para esta noite.<br />Eu imaginei porque a diferença…<br />“Você não notou?” ela perguntou, ainda crítica. “Você acha que todos entendem facilmente?”<br />“Eu deslumbro você?” Verbalizei minha curiosidade impulsivamente, e então as palavras já haviam sido ditas, e era tarde demais para me arrepender.<br />Mas antes que eu tivesse tempo de me arrepender profundamente por ter pronunciado essas palavras, ela respondeu, “Frequentemente.” E suas bochechas tomaram uma tonalidade de rosa pálido.<br />Eu a deslumbrava.<br />Meu coração silencioso inflou-se com uma esperança mais intensa do que jamais me lembro de ter sentido antes.<br />“Olá,” alguém disse, a garçonete, apresentando-se. Seus pensamentos eram muito audíveis e mais explícitos do que o da maitre, mas eu a ignorei. Eu fitei a face de Bella ao invés de ouvir, assistindo ao sangue se espalhar por sob a sua pele, notando não como aquilo fazia minha garganta arder, mas como aquilo abrilhantava seu rosto, como aquilo espantava a palidez de sua pele…<br />A garçonete estava esperando algo de mim. Ah, ela perguntou o que beberiamos. Eu continuei a olhar para Bella, e a garçonete virou-se a contragosto para olhá-la também.<br />“Quero uma coca-cola?” disse Bella, como se pedisse aprovação.<br />“Duas cocas,” eu completei. Sede - sede normal de humanos- era um sinal de choque. Eu me certificaria de que ela tivesse o açúcar extra da soda no seu sistema.<br />Mas ela parecia saudável. Mais que saudável. Ela parecia radiante.<br />“O que foi?” ela perguntou - imaginando porque eu a fitava, pensei. Eu mal havia notado que a garçonete havia saído.<br />“Como se sente?” perguntei.<br />Ela piscou, surpresa pela pergunta. “Estou ótima.”<br />“Você não se sente doente, resfriada, aturdida?”<br />Ela estava ainda mais confusa agora. “Eu deveria?”<br />“Bem, na verdade estou esperando que você entre em choque.” Eu esbocei um sorriso, esperando pela sua negativa. Ela não iria querer ser cuidada por outra pessoa.<br />Levou um minuto para que ela me respondesse. Seus olhos estavam ligeiramente sem foco. Por vezes ela parecia assim, quando eu sorria para ela. Estaria ela… deslumbrada?<br />Eu amaria acreditar nisso.<br />“Eu não acho que isso vá acontecer. Eu sempre fui muito boa em reprimir coisas desagradáveis,” ela respondeu, um tanto esbaforida.<br />Será então que ela tinha muita experiência com coisas desagradáveis? Seria sua vida sempre assim tão arriscada?<br />“O mesmo de sempre,” eu disse a ela. “Eu me sinto melhor quando você tem algum açúcar e nutrientes dentro de você.”<br />“A garçonete retornou com os refrigerantes e um cesto de pão. Ela deixou tudo na minha frente e perguntou pelo meu pedido, tentando me olhar nos olhos, durante o processo. Eu indiquei que ela deveria atender a Bella, e então voltei a ignorá-la. Ela tinha uma mente vulgar.<br />“Um…” Bella deu uma rápida olhada no menu. “Eu vou querer o ravioli de cogumelos.”<br />A garçonete voltou-se rapidamente para mim. “E você?”<br />“Nada para mim.”<br />Bella fez uma expressão de desprezo. Hmm. Ela deve ter notado que eu nunca ingeria alimentos. Ela notava tudo. E eu sempre me esquecia de ser cuidadoso quando estava com ela.<br />Esperei até que estivessemos sozinhos novamente.<br />“Beba,” eu insisti.<br />Eu fiquei surpreso quando ela obedeceu imediatamente sem nenhuma objeção. Ela bebeu até que a garrafa estivesse totalmente vazia, então eu empurrei a segunda coca para ela, cerzindo as sobrancelhas um pouco. Sede ou choque?<br />Ela bebeu um pouco mais, e então sentiu um calafrio.<br />“Está com frio?”<br />“É só a coca,” ela disse, mas estremeceu novamente, seus lábios tremendo como se seus dente estivessem prestes a tiritar de frio.<br />A linda blusa que ela usava parecia muito fina para protegê-la adequadamente; ela a envolvia como uma segunda pele, quase tão frágil como a primeira. Ela era tão frágil, tão mortal.<br />“Você não tem uma jaqueta?”<br />“Sim,” ela olhou ao redor de si mesma, meio perplexa. “Oh - eu a deixei no carro de Jessica.”<br />Eu tirei minha jaqueta, desejando que este gesto não fosse estragado pela minha temperatura corporal. Seria bom se eu fosse capaz de oferecer a ela um casaco aquecido. Ela me encarou, suas bochechas corando novamente. O que ela estaria pensando agora?<br />Eu passei a jaqueta para ela por cima da mesa, e ela a vestiu de uma vez, e então tremeu novamente.<br />Sim, seria ótimo ser quente.<br />“Obrigada,” ela disse. Ela respirou fundo e então puxou as mangas longas para liberar suas mãos. Ela respirou fundo novamente.<br />Estaria a noite finalmente atuando? Sua cor ainda estava boa, sua pele estava num tom de rosa pálido em contraste com o azul escuro da sua camisa.<br />“Esse tom de azul fica adorável com o seu tom de pele,” eu a elogiei. Apenas sendo honesto.<br />Ela corou, enaltecendo o efeito.<br />Ela parecia bem, mas não havia sentido em me arriscar. Eu empurrei o cestinho de pães na direção dela.<br />“Realmente,” ela objetou, imaginando meus motivos. “Eu não vou entrar em choque.”<br />“Você deveria - uma pessoa normal entraria. Você nem ao menos parece abalada.” Eu a fitei, desaprovando, imaginando porque ela não poderia ser normal assim e então me perguntei se eu realmente queria que ela o fosse.<br />“Eu me sinto muito segura com você,” ela disse, seus olhos, novamente, cheios de confiança. Confiança que eu não merecia.<br />Seus instintos estavam todos errados - invertidos. Este deveria ser o problema. Ela não reconhecia o perigo da forma como um ser humano era capaz. Ela tinha uma reação oposta. Ao invés de correr, ela hesitava, se atirava ao que deveria assustá-la…<br />Como eu poderia protegê-la de mim mesmo quando nenhum de nós dois queria isso?<br />“Isso é mais complicado do que eu planejei,” eu murmurei.<br />Eu pude ver minhas palavras rodando em sua cabeça, e eu imaginei o que ela teria feito com elas. Ela apanhou uma baguete e começu a comer sem prestar muita atenção. Ela mascou por um momento, e então inclinou sua cabeça para um lado, pensativa.<br />“Geralmente você está de melhor humor quando seus olhos estão claros,” ela disse em um tom casual.<br />Sua observação, dita de forma tão direta, me deixou atordoado. “O que?”<br />“Você é sempre mais irritadiço quando seus olhos estão negros.” - eu esperava algo assim. “Eu tenho uma teoria sobre isso,” ela adicionou calmamente.<br />Então ela veio com sua própria explicação. É claro que ela tinha uma. Eu senti um pavor profundo quando imaginei o quão perto da verdade ela chegara.<br />“Mais teorias?”<br />“Mm-hm.” Ela mastigava uma outra mordida, totalmente relaxada. Como se ela não fosse discutir as características de um monstro com o próprio monstro.<br />“Espero que você seja mais criativa dessa vez…” Eu menti quando ela não continuou.<br />O que eu realmente esperava era que ela estivesse errada - a quilometros longe da verdade. “Ou você ainda está plagiando histórias em quadrinhos?”<br />“Bem, não, eu não me inspirei numa revista em quadrinhos,” ela disse, um pouco embaraçada. “Mas eu também não imaginei tudo sozinha.”<br />“E…?” eu perguntei entredentes.<br />É claro que ela não iria falar tão calmamente se estivesse prestes a gritar.<br />Quando ela hesitou, mordendo seus lábios, a garçonete reapareceu com a comida de Bella. Eu dei um pouco de atenção à servente enquanto ela arrumava o prato na frente de Bella e então perguntava se eu desejava algo.<br />Eu declinei, mas pedi outra coca. A garçonete não havia notado os copos vazios. Ela os pegou e levou-os.<br />“Você estava dizendo…?” Eu soprei a deixa anciosamente tão logo quanto ficamos a sós novamente.<br />“Eu vou te contar quando estivermos no carro,” ela disse com uma voz baixa. Ah, isso seria ruim. Ela não estava querendo falar seus palpites na frente de outras pessoas. “Se…” ela irrompeu repentinamente.<br />“Há condições?” Eu estava tão tenso que quase rosnei as palavras.<br />“Eu tenho algumas perguntas, é claro.”<br />“É claro,” eu consenti, com um tom de voz seco.<br />Suas perguntas provavelmente seriam o bastante para que eu soubesse em que direção seus pensamentos estavam seguindo. Mas como eu as responderia? Com mentiras responsáveis? Ou eu a assombraria com a verdade? Ou não diria nada, incapaz de decidir?<br />Nós continuamos sentados em silêncio enquanto a garçonete reabastecia seu estoque de soda.<br />“Bem, vá em frente,” eu disse, com minhas mandibulas travadas, quando ela se foi.<br />“Por que você está em Port Angeles?”<br />Esta era uma pergunta fácil demais - para ela. A pergunta não me indicaria nada, enquanto minha resposta, se verdadeira, indicaria muito, muito mesmo. Deixe que ela revele algo primeiro.<br />“Próxima,” eu disse.<br />“Mas esta foi a mais fácil!”<br />“Próxima,” eu repeti.<br />Ela estava frustrada pela minha rejeição. Ela tirou seus olhos de mim e olhou para baixo, para a sua comida.<br />Vagarosamente, pensativa, ela deu uma mordida e mastigou com vontade. Fez tudo descer com mais coca e então finalmente olhou para mim. Seus olhos estavam estreitos, cheios de suspeita.<br />“Certo, então,” ela disse. “Vamos dizer que, hipotéticamente, é claro, que… alguém… pudesse saber o que as pessoas estão pensando, ler mentes, você entendeu - com apenas algumas poucas exceções.”<br />Poderia ser pior.<br />Isto explicava aquele sorrisinho no carro. Ela era rápida - ninguém mais jamais havia adivinhado este meu poder. Exceto por Carslile, quando isto era bem mais óbvio, no começo, quando eu respondia a todos os seus pensamentos como se ele tivesse falando comigo. Ele havia entendido o meu poder antes de mim…<br />Esta pergunta não era tão ruim. Apesar de estar claro que ela sabia haver algo de errado comigo, não era tão ruim quanto poderia ser. Leitura de mentes não era, afinal, uma faceta do cânone vampírico. Eu continuei com a sua hipótese.<br />“Apenas uma exceção,” eu a corrigi. “Hipoteticamente”<br />Ela se esforçou para não sorrir - minha vaga honestidade a havia agradado. “Tudo bem, com uma única exceção, então. Como isso funciona? Quais as limitações? Como seria… se alguém… encontrasse outra pessoa exatamente numa hora de grande necessidade? Como ele poderia saber que ela estaria com problemas?”<br />“Hipoteticamente?”<br />“Claro.” Seus lábios se retorceram, e seus olhos castanhos estavam ansiosos.<br />“Bem,” eu hesitei. “Se… esse alguém…”<br />“Vamos chamá-lo de Joe,” ela sugeriu.<br />Eu tive que sorrir diante do entusiasmo dela. Ela achava mesmo que a verdade seria uma coisa boa? Se meus segredos fossem coisas agradáveis, por que eu a manteria afastada deles?<br />“Joe, então,” eu concordei. “Se Joe estivesse prestando atenção, o tempo não teria que ser tão exato.” Eu balancei minha cabeça e reprimi um calafrio quando me lembrei o quão perto eu estive de chegar muito tarde hoje. “Você é a única pessoa que pode se encrencar em uma cidade tão pequena. Você deve ter devastado a estatística de crimes deles, por décadas, você sabe.”<br />Seus lábios murcharam um pouco e então ela disse: “Nós estamos falando de um caso hipotético.”<br />Eu ri diante da irritação dela.<br />Seus lábios, sua pele… eles pareciam tão suaves… Eu queria tocá-los. Eu queria empurrar sua sobrancelha franzida para cima com a ponta dos meus dedos. Impossível. Minha pele seria um repelente para o seu calor.<br />“Sim, nós estávamos…” Eu disse, retornando ao nosso assunto antes de eu ter entrado em depressão. “Devemos chamar você de Jane?”<br />Ela olhou por sobre a mesa, diretamente para mim, com toda a irritação e mal humor dissipados dos seus olhos arregalados.<br />“Como você sabia?” ela perguntou, sua voz baixa e intensa.<br />Eu deveria dizer a verdade a ela? E, se dissesse, qual parte da verdade?<br />Eu queria dizer a ela. Eu queria merecer a confiança que eu ainda enxergava em sua feição.<br />“Você pode confiar em mim, sabe,” ela sussurrou, e levou a mão para frente como se fosse tocar em minhas mãos onde elas estavam em cima da mesa vazia em minha frente.<br />Eu as tirei de alcance - odiando a idéia da reação dela à minha pele fria e pétrea - e ela deixou as mãos pousarem na mesa.<br />Eu sabia que podia confiar nela com relação a guardar meus segredos; ela era inteiramente confiável, até o fim. Mas eu não podia confiar que ela não ficaria horrorizada com eles. Ela deveria ficar horrorizada. A verdade era horrível.<br />“Eu não sei mais se tenho escolha,” murmurei. Lembrei-me de uma vez tê-la provocado ao chamá-la de ‘excessivamente distraída.’ A ofendi, se eu julguei certo suas expressões. Bem, essa havia sido uma injustiça, pelo menos. “Eu estava errado - você é mais atenta do que eu havia dado crédito.” E, apesar dela talvez não ter notado, eu já havia lhe dado muito crédito. Ela não perdia nada.<br />“Pensei que você estava sempre certo,” ela disse, sorrindo enquanto me provocava.<br />“Eu costumava estar.” Eu costumava saber o que fazia. Costumava ter sempre certeza de meu caminho. Agora tudo era caos e tumulto.<br />Mesmo assim, não trocaria nada. Eu não queria a vida que fazia sentido. Não se o caos significava que eu podia ter Bella.<br />“Eu estava errado sobre você em outro ponto também,” continuei, aparando as arestas em outro ponto. “Você não é um ímã para acidentes - essa não é uma classificação muito ampla. Você é um imã para problemas. Se houver algo perigoso num raio de dez milhas, invariavelmente vai achar você.” Por que ela? O que ela havia feito para merecer tudo isso?<br />O rosto de Bella estava sério novamente. “E você se coloca nessa categoria?”<br />Honestidade era mais importante em relação a essa questão do que qualquer outra. “Definitivamente”.<br />Seus olhos se estreitaram levemente - não com suspeita, mas estranhamente preocupada. Ela levou a mão pela mesa novamente, devagar e deliberadamente. Tirei minhas mãos alguns centímetros mais longe das dela, mas ela ignorou o movimento, determinada a me tocar. Prendi a respiração - não por causa de seu cheiro agora, mas por causa da súbita e irresistível tensão. Medo. Minha pele a deixaria enojada. Ela correria para longe.<br />Ela roçou a ponta dos dedos levemente pelas costas de minhas mãos. O calor seu toque gentil e desejoso não era igual a nada que eu já havia sentido antes. Era quase puro prazer. Teria sido, se não fosse pelo meu medo. Observei seu rosto quando ela sentiu o frio pétreo de minha pele, ainda incapaz de respirar.<br />Um meio sorriso apareceu nos cantos de seus lábios.<br />“Obrigada,” ela disse, me encarando intensamente. “Já são duas vezes agora.”<br />Seus dedos macios ficaram em minha mão como se achassem confortável estar lá.<br />Respondi o mais casual possível. “Não vamos tentar uma terceira vez, de acordo?”<br />Ela fez uma careta, mas concordou.<br />Tirei minhas mãos das suas. Por melhor que seu toque fosse, eu não esperaria até que a mágica de sua tolerância passasse e se transformasse em repulsa. Escondi minhas mãos embaixo da mesa.<br />Li seus olhos; apesar de sua mente estar silenciosa, eu podia perceber tanto confiança quando surpresa nela. Percebi naquele momento que eu queria responder as perguntas dela. Não por que eu devia isso a ela. Não porque eu queria que ela confiasse em mim.<br />Eu queria que ela me conhecesse.<br />“EU a segui até Port Angeles,” disse a ela, as palavras saindo muito rápido para que eu as censurasse. Eu sabia do perigo da verdade, do risco que eu corria. Até aquele momento, sua calma fora do normal poderia se transformar em histeria. Contrariamente, saber isso apenas fez com que eu falasse mais rápido. “Nunca tentei manter uma pessoa específica viva antes e é muito mais trabalhoso do que eu acreditava. Mas provavelmente é apenas porque é você. Pessoas normais parecem conseguir passar o dia sem muitas catástrofes.”<br />Observei-a, esperando.<br />Ela sorriu. Seus lábios se curvaram nas pontas, e seus olhos cor de chocolate se aqueceram.<br />Eu havia acabado de admitir que a havia seguido, e ela estava sorrindo.<br />“Já parou para pensar que talvez fosse minha hora daquela primeira vez, com a van, e você está interferindo no destino?” ela perguntou.<br />“Aquela não foi a primeira vez,” eu disse, encarando a toalha de mesa avermelhada, meus ombros curvados de vergonha. Minhas barreiras haviam caído, a verdade saía de qualquer jeito. “Sua hora foi na primeira vez que te conheci.”<br />Era verdade, e aquilo me deixava nervoso. Eu estava posicionado na vida dela como a lâmina de uma guilhotina. Era como se ela estivesse marcada para morrer por um destino cruel e injusto, e - já que eu parecia ser uma ferramenta involuntária - esse mesmo destino parecia ainda tentar executá-la. Imaginei o destino personificado - uma velha cinzenta e invejosa, uma harpia vingativa.<br />Eu queria que algo, alguém, fosse responsável por isso - para que eu tivesse algo concreto contra o que lutar. Algo, alguma coisa para destruir, para que ela pudesse ficar a salvo.<br />Bella estava muito quieta; sua respiração acelerada.<br />Olhei para ela, sabendo que finalmente eu veria o medo que estava esperando. Eu não havia acabado de admitir o quão perto eu havia estado de matá-la? Mais próximo do que a van que ficou a meros centímetros de esmagá-la. Mesmo assim, seu rosto parecia calmo, seus olhos ainda apertados com preocupação.<br />“Você se lembra?” Ela tinha que se lembrar daquilo.<br />“Sim,” ela disse, com a voz calma e grave. Seus olhos profundos conscientes.<br />Ela sabia. Ela sabia que eu pensara em matá-la daquela vez.<br />Onde estavam os gritos?<br />“E ainda assim você está aqui,” eu disse, apontando a inerente contradição.<br />“Sim, eu estou aqui… por você.” Sua expressão se alterou agora curiosa, como se ela sutilmente houvesse mudado o assunto. “Porque de alguma forma você sabia como me encontrar hoje…?”<br />Mesmo sem chances, forcei mais uma vez a barreira que protegia seus pensamentos, desesperado para entender. Não fazia sentido nem tinha lógica para mim. Como ela podia se importar com o resto com aquela verdade sobre a mesa?<br />Ela esperou, apenas curiosa. Sua pele era pálida, o que era natural para ela, mas ainda me preocupava. Seu jantar permanecia intocado em sua frente. Se eu continuasse a lhe contar muito, ela iria precisar de proteção quando o choque passasse.<br />Resolvi meus termos. “Você come, eu falo.”<br />Ela pensou sobre aquilo por meio segundo e comeu um pouco com uma velocidade que parecia destoar de sua calma. Ela estava mais ansiosa pela minha resposta do que seus olhos demonstravam.<br />“É mais difícil do que deveria ser - manter você à vista,” eu lhe disse. “Geralmente eu posso encontrar alguém facilmente, uma vez que já tenha ouvido suas mentes antes.”<br />Observei seu rosto com cuidado quando disse isso. Adivinhar era uma coisa, obter a confirmação era outra.<br />Ela estava sem ação, seus olhos arregalados. Senti meus dentes rangerem enquanto esperava que ela entrasse em pânico.<br />Mas ela apenas piscou uma vez, engoliu fazendo barulho, e rapidamente mordeu mais um pedaço. Ela queria que eu continuasse.<br />“Eu estava me concentrando em Jessica,” continuei, observando cada palavra que saía. “Não cuidadosamente - como eu disse, só você poderia encontrar problemas em Port Angeles -” não resisti ao comentário. Será que ela sabia que outras vidas humanas não eram tão marcadas por experiências de quase morte, ou ela achava que era normal? Ela era a coisa mais fora do normal que eu já havia encontrado. “Primeiramente, não notei quando você saiu sozinha. Então, quando percebi que você não estava mais com ela, saí procurando você na livraria que vi na mente dela. Eu sabia que você não havia entrado, e que havia ido para o sul… e eu sabia que você teria que voltar logo. Então eu estava apenas esperando por você, procurando aleatoriamente pelos pensamentos das pessoas nas ruas - para ver se alguém havia notado você para que eu soubesse onde você estava. Eu não tinha motivos para me preocupar… mas eu estava estranhamente ansioso…” Minha respiração ficou mais rápida quando me lembrei da sensação de pânico. O cheiro dela alcançou minha garganta e eu estava contente. Era uma dor que significava que ela estava viva. Enquanto eu queimasse, ela estava a salvo.<br />“Comecei a dirigir em círculos, ainda… ouvindo.” Eu esperava que a palavra fizesse sentido para ela. Isso provavelmente era confuso. “O sol estava finalmente se pondo, e eu estava prestes a sair e te procurar a pé. E então –”<br />Enquanto a memória me voltava - perfeitamente clara e tão vívida como se eu estivesse naquele momento novamente - senti a mesma fúria assassina correndo por meu corpo, presa em gelo.<br />Eu o queria morto. Eu precisava dele morto. Meu maxilar endureceu enquanto me concentrava em me segurar na mesa. Bella ainda precisava de mim. Era isso que importava.<br />“Então o que?” ela murmurou, seus olhos escuros arregalados.<br />“Eu ouvi o que eles estavam pensando,” disse entre-dentes, incapaz de fazer as palavras saírem sem parecer um rosnado. “Eu vi seu rosto na mente dele.”<br />Eu mal podia resistir à vontade de matar. Eu ainda sabia precisamente onde encontrá-lo. Seus pensamentos ruins passeavam pela noite, como se me chamassem…<br />Cobri meu rosto, sabendo que minha expressão era a de um monstro, um caçador, um assassino. Fixei a imagem dela por trás de meus olhos para me controlar, concentrando-me apenas em seu rosto. A delicada moldura óssea, a fina camada de sua pele pálida - como seda esticada em vidro, incrivelmente macia, fina e fácil de estilhaçar. Ela era vulnerável demais para esse mundo. Ela precisava de um protetor. E, como um desvio do destino, eu era a coisa mais próxima que estava disponível.<br />Tentei explicar minha reação violenta para que ela pudesse entender.<br />“Foi muito… difícil - você não imagina o quão difícil - para mim apenas te tirar de lá e deixá-los… vivos” eu suspirei. “Eu poderia ter deixado você ir com Jessica e Angela, mas estava com medo de que se você me deixasse sozinho, eu iria atrás deles.”<br />Pela segunda vez esta noite, eu confessei a intenção de assassinato. Pelo menos esse era passível de defesa.<br />Ela estava quieta enquanto eu tentava me controlar. Escutei as batidas de seu coração. O ritmo era irregular, mas se acalmou conforme o tempo ia passando e agora estava estável novamente. Sua respiração também estava devagar e estável.<br />Eu estava muito próximo do limite. Eu precisava levá-la para casa antes…<br />Eu o mataria, então? Eu me tornaria um monstro novamente quando ela confiava em mim? Haveria alguma forma de me deter?<br />Ela havia prometido me contar sua mais nova teoria quando estivéssemos sozinhos. Eu queria ouvir? Estava ansioso por isso, mas será que a recompensa por minha curiosidade seria pior do que não saber?<br />De qualquer modo, ela já teria verdades o suficiente por aquela noite.<br />Olhei para ela novamente, e seu rosto estava mais pálido do que antes, mas composto.<br />“Está pronta para ir para casa?” perguntei.<br />“Estou pronta para ir,” ela disse, escolhendo as palavras com cuidado, como se um simples ‘sim’ não expressasse exatamente o que ela queria dizer.<br />Frustrante.<br />A garçonete retornou. Ela havia escutado a última frase de Bella enquanto caminhava para o outro lado da mesa, pensando no que mais ela poderia oferecer. Eu queria fingir que não estava ouvindo algumas das ofertas que ela tinha em mente.<br />“Como estamos?” ela me perguntou.<br />“Estamos prontos para pedir a conta, obrigado,” eu disse, meus olhos em Bella.<br />A respiração da garçonete deu um pico e ela estava momentaneamente - usando a frase de Bella - deslumbrada com a minha voz.<br />Num breve momento de percepção, escutando como minha voz soava na mente dessa humana inconseqüente, eu percebi por que eu parecia atrair tanta atenção naquela noite - ao contrário do medo de sempre.<br />Era por causa de Bella. Tentando tanto ser seguro para ela, para ser menos assustador, para seu humano, eu havia perdido meus limites. Os outros humanos viam beleza agora, com meu horror inato tão cuidadosamente sob controle.<br />Olhei para a garçonete, esperando que ela se recuperasse. Era um pouco engraçado, agora que eu sabia o motivo.<br />“Claro,” ela gaguejou. “Aqui está.”<br />Ela me estendeu a pasta com a conta, pensando no cartão que ela havia deixado embaixo do recibo. Um cartão com seu nome e telefone.<br />Sim, era realmente engraçado.<br />Eu já tinha o dinheiro pronto. Devolvi imediatamente a pasta, para que ela não perdesse tempo esperando um telefonema que nunca aconteceria.<br />“Sem troco,” eu disse, esperando que o tamanho da gorjeta compensasse seu desapontamento.<br />Levantei-me e Bella logo me seguiu. Eu queria lhe oferecer minha mão, mas pensei que talvez estivesse desafiando minha sorte um pouco demais por uma noite. Agradeci a garçonete, meus olhos nunca deixando o rosto de Bella. Bella parecia estar achando algo engraçado, também.<br />Saímos de lá, eu caminhando o mais perto quanto me era possível. Perto o suficiente para que o calor do corpo dela fosse como um toque físico contra o lado esquerdo do meu corpo. Enquanto eu segurava a porta para ela, ela suspirou de leve, e me perguntei o que a teria deixado triste. Encarei seu olhar, prestes a perguntar, quando ela de repente encarou o chão, parecendo envergonhada. Isso me deixou ainda mais curioso, ainda que relutante em perguntar. O silêncio entre nós continuou enquanto eu abria a porta do carro para ela e entrava no carro.<br />Liguei o aquecedor - o tempo mais quente havia de repente terminado; o frio do carro deveria ser desconfortável para ela. Ela se encolheu em minha jaqueta, um pequeno sorriso em seus lábios.<br />Esperei, adiando a conversa até que as luzes do painel apagassem. Isso me fez sentir ainda mais sozinho com ela.<br />Seria aquilo a coisa certa a se fazer? Agora que eu estava concentrado apenas nela, o carro parecia menor. Seu aroma dançava dentro com a corrente de ar do aquecedor, se intensificando e aumentando. Cresceu em sua força, como se fosse uma entidade própria dentro do carro. Uma presença que demandava ser notada.<br />E havia sido; eu queimei. A sensação era aceitável, no entanto. Parecia estranhamente apropriada para mim. Me havia sido dado tanto aquela noite - mais do que eu esperava. E aqui estava ela, ainda a meu lado por vontade própria. Eu devia algo em retorno. Um sacrifício, uma oferta em forma de queimação.<br />Agora, se eu pudesse manter as coisas daquele jeito; apenas queimação, e mais nada. Mas o veneno encheu minha boca, e meus músculos ficaram tensos em antecipação, como se eu estivesse caçando…<br />Eu precisava manter tais pensamentos longe de minha mente. E eu sabia o que me distrairia.<br />“Agora,” eu disse a ela, temendo sua resposta e me distraindo da sensação de queimado. “É sua vez.”<br /><a title="Link permanente para Nono Capítulo.2 - Midnight Sun" href="http://foforks.com.br/2008/08/nono-capitulo2-midnight-sun/">Nono Capítulo.2 - Midnight Sun</a><br />9. Teoria<br />“Posso fazer só mais uma?” ela suplicou ao invés de responder ao meu pedido.<br />Eu estava nervoso, ansioso pelo pior. E ainda, como era tentador prolongar esse momento. Ter Bella comigo, de boa vontade, só por mais alguns segundos. Eu suspirei com o dilema, então disse, “Uma.”<br />“Bem…,” ela hesitou por um momento, como se estivesse decidindo qual pergunta ia fazer. “Você disse que sabia que eu não tinha entrado na livraria, e que eu tinha ido para o sul. Eu só estava me perguntando como você sabia disso.”<br />Eu olhei para além do pára-brisa. Esta era outra questão que não revelava nada sobre ela, e muito sobre mim.<br />“Eu pensei que não estávamos mais sendo evasivos.” ela disse, seu tom crítico e desapontado.<br />Que irônico. Ela estava sendo cruelmente evasiva sem se quer tentar.<br />Bem, ela me pediu para ser direto. E essa conversa não estava indo para nenhum lugar bom de qualquer forma.<br />“Tudo bem, então.” eu disse “Eu segui o seu cheiro.”<br />Eu queria ver o seu rosto, mas eu estava com medo do que eu ia ver. Ao invés disso, eu escutei a sua respiração acelerando e depois se estabilizando. Ela falou novamente após um momento, e a sua voz estava mais serena do que eu esperava.<br />“E você também não respondeu uma das minhas perguntas”, ela disse.<br />Eu olhei para baixo, em sua direção, com uma careta. Ela estava procrastinando, também.<br />“Qual delas?”<br />“Como funciona - essa coisa de ler mentes?” ela perguntou, reiterando a pergunta do restaurante. “Você pode ler a mente de todo mundo, em qualquer lugar? Como você faz isso? O resto da sua família pode…?” ela deixou sua voz morrer, corando novamente.<br />“Isso é mais que uma”, eu disse.<br />Ela somente me olhou, esperando pelas suas respostas.<br />E por que não contar a ela? Ela já adivinhava a maior parte disso, e esse assunto era mais fácil do que aquele que se aproximava.<br />“Não, sou só eu. E eu não consigo ouvir qualquer um, em qualquer lugar. Eu tenho que estar pelo menos um pouco perto. Quanto mais familiar é a… voz de alguém, de mais longe eu posso ouví-la. Mas ainda assim, não mais longe que alguns quilômetros.” Eu tentei pensar em uma maneira de descrever isso de uma forma que soasse compreensível. Uma analogia a qual ela podia relacionar. “É como estar num corredor enorme e cheio de gente, todos falando ao mesmo tempo. É só um ruído - um zumbido de vozes no fundo. Até que eu me concentro em uma das vozes, e aí o que ela está pensando se torna claro. Na maioria das vezes eu desligo todas - se não eu posso me distrair demais. E então fica mais fácil parecer normal-” eu fiz uma careta “-Isso quando eu não estou respondendo acidentalmente ao pensamento das pessoas e não á suas vozes”.<br />“Porque será que você não pode me ouvir?”, ela se admirou.<br />“Eu não sei”, eu admiti. “A única suposição é que talvez a sua mente não trabalhe da forma como a deles trabalha. Como se os seus pensamentos estivessem na freqüência AM quando eu só posso ouvir Fm”.<br />Eu percebi que ela poderia não gostar dessa analogia. A antecipação da sua reação me fez sorrir. Ela não me desapontou.<br />“Minha mente não trabalha direito?” ela perguntou, sua voz se ergueu com desgosto. “Eu sou uma aberração?”<br />Ah, a ironia de novo.<br />“Eu ouço vozes na minha cabeça e você preocupada que você a aberração”. Eu ri. Ela entendeu todas as coisas pequenas, e ainda assim ela ignorava as grandes. Sempre os instintos errados…<br />Bella estava mordendo o seu lábio, e as rugas por entre seus olhos estavam profundas.<br />“Não se preocupe” eu assegurei a ela “É apenas uma teoria…” e havia uma teoria mais importante para ser discutida. Eu estava ansioso para chegar nela. Cada segundo que se passava parecia mais e mais como um tempo roubado.<br />“O que nos leva de volta a você” eu disse, dividido em dois, ambos ansiosos e relutantes.<br />Ela suspirou, ainda mordendo seu lábio - eu estava preocupado que ela se machucasse. Ela me olhou nos olhos, seu rosto confuso.<br />“Nós não deixamos de ser evasivos?” eu perguntei calmamente.<br />Ela olhou para baixo, se debatendo com algum dilema interno. De repente, ela endureceu e seus olhos se arregalaram. O medo passou por seus olhos pela primeira vez.<br />“Minha nossa!” ela gaguejou.<br />Eu entrei em pânico. O que ela tinha visto? Como que eu tinha a apavorado?<br />Então ela gritou. “Diminua!”.<br />“Qual é o problema?” eu não entendi da onde que o seu terror estava vindo.<br />“Você está indo á quase duzentos por hora!” ela gritou para mim. Ela olhou para fora da janela e se recolheu às árvores negras passando rapidamente por nós.<br />Essa coisinha pequena, só um pouco de velocidade, fez ela gritar em pavor?<br />Eu revirei meus olhos. “Relaxe, Bella”.<br />“Você está tentando nos matar?”, ela perguntou, sua voz alta e firme.<br />“Nós não vamos bater”. Eu prometi a ela.<br />Ela deu uma inspirada ansiosa, e então ela disse em um tom levemente moderado. “Porque você está com tanta pressa?”<br />“Eu sempre dirijo assim.”<br />Eu olhei para seus olhos me encarando, divertido com a sua expressão chocada.<br />“Mantenha os olhos na estrada!” ela gritou.<br />“Eu nunca sofri um acidente, Bella - eu nunca sequer levei uma multa.” Eu sorri e então eu toquei a minha testa. Isso fez com que parecesse mais cômico - a falta de lógica de ser capaz em fazer piadas com ela sobre algo tão secreto e estranho. “Detector de radar embutido”.<br />“Muito engraçado”, ela disse de forma sarcástica, sua voz mais amedrontada do que com raiva. “Charlei é um policial, lembra? Eu fui criada para obedecer todas as leis de trânsito. Além do mais, se você bater o Volvo e transformá-lo numa sanfona, provavelmente você vai se levantar e sair dele”.<br />“Provavelmente” eu repeti, e então eu ri sem humor. Sim, nós iríamos pagar um preço um pouco diferente em um acidente de carro. Ela estava certa em estar com medo, a respeito do meu modo de dirigir… “Mas você não”.<br />Com um suspiro, eu deixei o carro diminuir de velocidade. “Feliz?”<br />Ela olhava o velocímetro “Quase”.<br />Isso ainda estava muito rápido para ela? “Eu odeio dirigir devagar”, eu murmurei, mas deixei o ponteiro cair mais um pouco.<br />“Isso é devagar?” ela perguntou.<br />“Chega de comentários sobre como eu dirijo” eu disse impacientemente. Quantas vezes até agora ela desviou da minha pergunta? Três vezes? Quatro? As suas especulações eram tão horríveis? Eu tinha que saber - imediatamente. “Eu ainda estou esperando pela sua última teoria”.<br />Ela mordeu o seu lábio de novo, e sua expressão se tornou preocupada, quase com dor.<br />Eu dominei a minha impaciência e suavizei a minha voz. Eu não queria que ela ficasse estressada.<br />“Eu não vou rir” eu prometi, desejando que esse fosse o único obstáculo que a estivesse hesitando em falar.<br />“Eu estou com mais medo que você fique com raiva de mim” ela suspirou.<br />Eu forcei a minha voz para continuar “É assim tão ruim?”<br />“Em grande parte, sim.”<br />Ela olhou para baixo, se recusando a olhar em meus olhos. Os segundos passavam.<br />“Vá em frente” eu encorajei.<br />Sua voz era baixa “Eu não sei como começar”.<br />“Por que você não começa pelo começo?” eu a lembrei de suas palavras antes do jantar. “Você disse que não foi você quem criou essa teoria”.<br />“Não” ela concordou, e então estava em silêncio de novo.<br />Eu pensei em várias coisas que podiam tê-la inspirado. “Onde você a encontrou - num livro? Um filme?”<br />Eu devia ter dado uma olhada em sua coleção quando ela estava fora da casa. Eu não tinha nem idéia se Bram Stoker ou Anne Rice estavam naquela pilha de livros usados…<br />“Não” ela disse de novo “Foi Sábado, na praia”.<br />Por essa eu não esperava. A bisbilhotice local sobre nós nunca tinha dado em nada tão bizarro - ou tão preciso. Tinha algum novo rumor que eu tinha perdido? Bella desviou o olhar de suas mãos e viu a surpresa em meu rosto.<br />“Eu dei de cara com um amigo antigo da família - Jacob Black” ela continuou “O pai dele e Charlie são amigos desde que eu era bebê.”<br />Jacob Black - o nome não me era familiar, e mesmo assim me lembrava de alguma coisa… algum tempo, há um tempo atrás… eu encarei o pára-brisa, procurando através das memórias tentando achar alguma conexão.<br />“O pai dele é um dos anciões Quileute” ela disse.<br />Jacob Black. Ephraim Black. Um descendente, sem dúvida.<br />Isso era tão mal quanto eu podia imaginar.<br />Ela sabia da verdade.<br />Minha mente estava voando pelas ramificações enquanto o carro passava ao redor das curvas escuras da estrada, meu corpo rígido, com angústia - se movimentando apenas o necessário e automáticas ações para dirigir o carro.<br />Mas… se ela tinha descoberto a verdade no sábado… então ela sabia disso a noite toda… e ainda assim…<br />“Nós fomos dar uma volta” ela continuou. “- Ele estava me contando umas histórias antigas - tentando me assustar, eu acho. Ele me contou uma…”<br />Ela parou, mas não havia necessidade para ela ficar apreensiva agora; eu sabia o que ela ia dizer. O único mistério que sobrava era por que ela estava sentada comigo agora.<br />“Vá em frente”, eu disse.<br />“Sobre vampiros” ela respirou, as palavras saíram mais baixas do que um suspiro.<br />De alguma forma, isso era ainda pior do que saber que ela sabia, a ouvir dizer a palavra em alto e bom som. Eu recuei com o som disso, e então eu me controlei novamente.<br />“E você imediatamente pensou em mim?” eu perguntei.<br />“Não. Ele… mencionou sua família”.<br />Quão irônico seria que o próprio progenitor de Ephraim ter violado o trato que ele próprio fez um juramento para mantê-lo. Um neto, ou bisneto que seja. Quantos anos tinham se passado? Dezessete?<br />Eu devia ter percebido que não era aquele velho que acreditava nas lendas que seria o perigo. É claro, a nova geração - os quais deviam ter sido alertados, mas devem ter pensado que as superstições dos mais velhos eram ridículas - é claro que aí que estaria o perigo da exposição.<br />Eu supus que isso significava que agora eu era livre para matar a pequena, indefesa tribo do litoral, a qual eu estava tão disposto.<br />“Ele só achava que era uma superstição boba.” Bella disse de repente, sua voz aguçou com uma nova ansiedade. “Ele não esperava que eu pensasse nada dela.”<br />Pelo canto dos olhos, eu vi as suas mãos se contorcerem inquietamente.<br />“Foi minha culpa” ela disse após uma breve pausa, então ela inclinou a sua cabeça como se estivesse envergonhada “Eu forcei ele a me dizer.”<br />“Por que?” Não era difícil manter o nível de minha voz agora. O pior já tinha passado. Enquanto ela falava dos detalhes da revelação, nós não tínhamos que nos mover para as conseqüências disso.<br />“Lauren disse uma coisa sobre você - ela estava tentando me provocar.” Ela fez uma pequena careta com a memória. Eu fiquei levemente distraído, imaginando como que Bella poderia ter sido provocada por alguém falando sobre mim. “E um garoto mais velho da tribo disse que vocês não iam até lá, só que pra mim pareceu que ele quis dizer outra coisa. Então eu fiquei sozinha com Jacob e tirei a verdade dele”.<br />A sua cabeça caia cada vez mais à medida que ela admitia isso, e a sua expressão parecia… culpada.<br />Eu olhei para longe dela e ri alto. Ela se sentia culpada? O que ela poderia ter feito para merecer qualquer tipo de censura?<br />“Como foi que você forçou ele a contar?” eu perguntei.<br />“Eu tentei flertar com ele - e funcionou melhor do que eu imaginava” ela explicou e sua voz se tornou incrédula com a memória desse sucesso.<br />Eu conseguia imaginar - considerando a atração que ela parecia exercer sobre os machos, totalmente inconsciente disso - o quanto irresistível ela conseguia ser quando ela tentava ser atraente. Eu estava subitamente cheio de pena pelo garoto inocente no qual ela jogou tamanho poder.<br />“Eu queria ter visto isso” eu disse, e então eu ri de novo com humor negro. Eu gostaria de ter ouvido a reação do garoto, testemunhado a devastação para mim mesmo. “E você me acusando de deslumbrar as pessoas - pobre Jacob Black.”<br />Eu não estava tão zangado com a fonte de minha exposição quanto eu achava que ia ficar. Ele não sabia. E como que eu podia esperar que alguém negasse a essa garota o que quer que ela quisesse? Não, eu somente sentia simpatia pelo dano que ela teria causado a esse pedaço de mente.<br />Eu senti-a corar, aquecendo o ar entre nós. Eu a encarei, mas ela estava olhando para fora da janela. Ela não falou novamente.<br />“O que você fez depois?” Eu perguntei. Hora de voltar para a história de terror.<br />“Pesquisei um pouco na internet.”<br />Sempre prática. “E isso a convenceu?”<br />“Não” Ela disse. “Nada se encaixa. A maioria era meio boba. E então…”<br />Ela parou de falar novamente, e eu ouvi seus dentes rangerem.<br />“O quê?” Eu exigi. O que ela tinha encontrado? O que tinha feito o sentimento de pesadelo para ela?<br />Houve uma breve pausa, e em seguida, ela sussurrou, “Concluí que não importava.”<br />Ela congelou meus pensamentos por quase um segundo, e depois tudo estava claro. Porque ela preferia despachar seus amigos para longe esta noite do que escapar com eles. Por que ela havia entrado no meu carro comigo novamente, ao invés de sair correndo, chamando a polícia.<br />Suas reações sempre estavam erradas - sempre completamente erradas… Ela puxava o perigo para si própria. Ela convidava-o.<br />“Não importava?” Eu disse entre dentes, me enchendo de raiva. Como eu era capaz de proteger alguém tão… tão… tão determinada a ser desprotegida?<br />“Não,” ela disse com uma voz tão calma que era inexplicável.<br />Ela era impossível.<br />“Você não liga que eu seja um monstro? Que eu não seja humano?”<br />“Não.”<br />Eu percebi que ela estava estável.<br />Eu supostamente deveria providenciar que ela tivesse o maior cuidado possível… Carlisle teria as conexões para encontrar o seu médico mais hábil, o mais talentoso terapeuta. Talvez algo pudesse ser feito para corrigir o que estivesse de errado com ela, o que quer que fosse que a fazia contente de sentar ao lado de um vampiro que fazia seu coração bater calmamente e constantemente. Eu vigiaria o local naturalmente, e visitaria com a freqüência que me fosse permitida…<br />“Você está com raiva,” ela suspirou, “Eu não devia ter dito nada.”<br />Como se ela escondesse essas perturbantes tendências que podiam contribuir com nós dois.<br />“Não. Queria mesmo saber o que você estava pensando… mesmo que o que você pensa seja loucura.”<br />“Então estou errada de novo?” perguntou ela, agora um pouco beligerante.<br />“Não é a isso que estou me referindo” meus dentes se trincaram novamente “Não importa!” Eu repeti em um tom destruidor.<br />Ela ofegou, “Eu estou certa?”<br />“Isso importa?”<br />Ela tomou uma respiração profunda. Esperei furioso a sua resposta.<br />“Na verdade, não…” Ela parou, recompondo sua voz de novo. “Mas estou curiosa.”<br />Não mesmo. Ela realmente não se importava. Ela não tinha cuidado. Ela sabia que eu era desumano, um monstro, e isso realmente não importava para ela.<br />Independente das minhas preocupações sobre sua sanidade, eu comecei a sentir um pouco de esperança. Eu tentei acabar com isso.<br />“Está curiosa com o quê?” Eu perguntei. Não havia segredos, apenas detalhes.<br />“Quantos anos você tem?” Ela perguntou.<br />Minha resposta foi automática e impregnada. “Dezessete.”<br />“E há quanto tempo tem 17 anos?”<br />Eu tentei não sorrir para padronizar o tom. “Há algum tempo,” eu admiti.<br />“Tudo bem,” ela disse satisfeita. Sorrindo para mim. Eu voltei a encarar, cada vez mais preocupado com sua saúde mental. Ela deu um sorriso mais largo. Eu franzi a testa.<br />“Não ria,” ela alertou “Mas como pode sair durante o dia?”<br />Eu ri apesar de sua pergunta. Sua investigação não tinha nada incomum, pelo menos parecia. “Mito,” eu disse a ela.<br />“Queimado pelo sol?”<br />“Mito.”<br />“Dormir em caixões?”<br />“Mito.”<br />Dormir já não era parte da minha vida há muito tempo - até que nas últimas noites, eu assisti Bella dormindo…<br />“Não posso dormir.” Eu murmurei respondendo a sua pergunta mais difícil.<br />“Nunca?”<br />“Nunca,” eu sussurrei.<br />Eu encarei seus olhos, sob a espessa franja de cílios, e senti saudades de dormir. Não foi pelo inconsciente, como tinha antes, para não fugir do tédio, mas porque eu queria sonhar. Talvez se eu pudesse ficar inconsciente, se eu pudesse sonhar, eu pudesse viver por algumas horas em um mundo que ela vivia, junto com ela. Ela sonhava comigo. Eu queria sonhar com ela.<br />Ela olhou para mim, sua expressão era mais que maravilhosa. Eu tinha a aparência distante.<br />Eu não podia sonhar com ela. Ela não deveria poder sonhar comigo.<br />“Ainda não me fez a pergunta mais importante,” Eu disse, meus olhos estavam mais frios e rudes do que antes. Ela teve de forçar para compreender. Em algum momento, ela teria de perceber o que agora eu estava fazendo. Ela devia ser obrigada a ver que isso era tudo o que importava - mais que qualquer outra consideração. Considerações como o fato que eu amava ela.<br />“Qual?” Ela perguntou, surpresa e não entendendo.<br />Isso só fez minha voz ficar rude. “Não está preocupada com a minha dieta?”<br />“Ah, isso.” Ela falou em um tom calmo que eu não pude interpretar.<br />“É, isso. Quer saber se eu bebo sangue?”<br />Ela encolheu com medo por minha pergunta. Finalmente. Ela entendeu.<br />“Bom, o Jacob disse alguma coisa sobre isso.” Ela disse.<br />“O que o Jacob disse?”<br />“Disse que vocês não… caçam pessoas. Disse que sua família não devia ser perigosa porque vocês só caçavam animais.”<br />“Ele disse que não éramos perigosos?” Eu disse ceticamente.<br />“Não exatamente,” ela deixou claro. “Ele disse que vocês não deviam ser perigosos. Mas os quileutes ainda não querem vocês na terra deles, por segurança.”<br />Eu olhei para a estrada.<br />Meus pensamentos perdidos fizeram meus dentes rangerem. Minha garganta doeu com um familiar desejo queimante.<br />“E aí?” Ela perguntou, como se ela se confirmar um relatório meteorológico. “Ele tem razão sobre não caçar pessoas?”<br />“Os quileute tem boa memória,”<br />Ela balançou a cabeça consigo mesma, pensando duramente.<br />“Mas não permita que isso a deixe complacente,” Eu disse apertando. “Eles tem razão em manter a distância de nós. Ainda somos perigosos.”<br />“Não entendi.”<br />“Nós tentamos,” eu contei, “Em geral somos muito bons no que fazemos. Às vezes cometemos erros. Eu, por exemplo, me permitindo ficar sozinho com você.”<br />“Isso é um erro?” Ela perguntou, e eu senti a tristeza em sua voz. O som me desarmou. Ela queria ser minha - apesar de tudo, ela queria estar comigo. A esperança cresceu de novo, e eu vibrei novamente.<br />“Um erro muito perigoso,” eu disse com sinceridade, esperando realmente que o assunto se cessasse.<br />Ela não respondeu por um momento. Ouvi sua respiração mudar - se alterando estranhamente para um modo que não soava como medo.<br />“Me conte mais,” ela disse de repente, sua voz estava distorcida pela angústia.<br />Ela me examinou cuidadosamente.<br />“O que mais quer saber?” eu perguntei, tentando pensar numa maneira de respondê-la sem fazer doer. Ela não devia sentir dor. Eu não podia feri-la.<br />“Me conte porque que vocês caçam animais em vez de gente,” ela disse, ainda angustiada.<br />Isso não era evidente? Ou talvez isso não tenha interessado a ela.<br />“Eu não quero ser um monstro,” eu murmurei.<br />“Mas os animais não bastam?”<br />Eu procurei outro modo de comparar, da forma que ela pudesse entender. “É claro que eu não posso ter certeza, mas comparo isso a viver de tofu e leite de soja; nós nos dizemos vegetarianos, nossa piadinha particular. Não sacia completamente a fome… ou melhor, a sede. Mas isso nos mantém fortes o suficiente para resistir. Na maior parte do tempo.” A minha voz ficou mais baixa; fiquei envergonhado do perigo que ela corria. Perigo que eu continuava deixando correr… “Algumas vezes é mais difícil do que em outras.”<br />“Está muito difícil para você agora?”<br />Eu suspirei. É claro que ela ia fazer essa pergunta, eu não queria responder. “Sim,” Eu admiti.<br />Eu esperava sua resposta fisicamente correta, desta vez; a sua respiração estava estável, seu coração ainda se mantinha em seu padrão. Eu a esperava, não entendendo. Como ela não podia ter medo?<br />“Mas agora não está com fome,” ela disse, muito segura de si.<br />“Porque pensa assim?”<br />“Seus olhos” Ela disse com um tom improvisado. “Eu disse que tinha uma teoria. Percebi que as pessoas, em particular os homens, ficam mais rabugentos quando estão com fome.”<br />Eu ri de sua descrição: rabugento. Parei um pouco. Mas ela estava completamente certa, como de costume. “Você é bem observadora, não é?” Eu sorri novamente.<br />Ela sorriu um pouco, e voltou os olhos aos meus, como se estivesse se concentrando em algo.<br />“Foi caçar no fim de semana, com Emmett?”<br />Ela perguntou depois de rir do meu sorriso que havia sumido. A forma casual que ela falou foi tão como fascinante como frustrante. Ela podia realmente entender tanto? Eu parecia tanto estar em choque, que ela pareceu ter percebido.<br />“Fui,” eu tornei a dizer, depois, como estava com permissão de continuar com isso, eu senti a mesma urgência que senti antes no restaurante: eu queria que ela me conhecesse. “Eu não queria ir,” fui dizendo lentamente, “mas era necessário. É muito mais fácil ficar perto de você quando não estou com sede.”<br />“Por que você não queria ir?”<br />Eu respirei profundamente, e em seguida, eu tornei a encarar seus olhos. Este tipo de honestidade era difícil, de uma forma muito diferente. “Me deixa… angustiado..” Eu supus que essa palavra fosse suficiente, embora ela não fosse suficientemente forte. “Ficar longe de você. Eu não estava brincando quando lhe pedi para tentar não cair no mar nem ser atropelada na quinta passada. Fiquei disperso o fim de semana todo, preocupado com você. E depois do que aconteceu essa noite, é uma surpresa que você tenha passado por todo o fim de semana ilesa.” Então eu lembrei dos arranhões na palma de suas mãos. “Bom, não totalmente ilesa.”<br />“Como é?”<br />“Suas mãos,” eu lembrei ela.<br />Ela suspirou e fez uma careta. “Eu caí.”<br />Eu certamente adivinhei. “Foi o que eu pensei.” Eu disse, incapaz de conter o meu sorriso. “Imagino que, sendo você, podia ter sido muito pior… Essa possibilidade me atormentou o tempo todo em que estive fora. Foram três dias muito longos. Eu dei nos nervos de Emmett.”<br />Honestamente; isso não fazia parte do passado. Eu ainda estava provavelmente, irritando Emmett. E todo o resto da minha família também. Exceto por Alice…<br />“Três dias?” Sua voz ficou afiada repentinamente. “Não voltou hoje?”<br />Eu não entendi o corte em sua voz. “Não, voltamos no sábado.”<br />“Então por que nenhum de vocês foi à escola?” ela exigiu. Sua irritação me confundiu. Ela não parecia ter percebido que era uma questão relacionada com a mitologia novamente.<br />“Bom, você perguntou se o sol me machucava, e não machuca.” Eu disse. “Mas não posso sair na luz do sol… Pelo menos, não onde todo mundo possa ver.”<br />Ela se desviou do seu mistério incomodo. “E por quê?” ela inclinou a cabeça para o lado.<br />Eu tinha dúvidas com a analogia apropriada para explicar isso. Então eu contei a ela, “Um dia eu mostro,” E então eu me perguntei se essa era uma promessa que eu acabaria quebrando. Eu iria vê-la depois desta noite? Eu a amava o suficiente para mantê-la longe?<br />“Podia ter me ligado,” ela disse.<br />Que estranha conclusão, “Mas eu sabia que estava segura.”<br />“Mas eu não sabia onde você estava. Eu…” Ela interrompeu de uma maneira repentina, e olhou para suas mãos.<br />“O quê?”<br />“Não gosto disso,” ela disse com timidez, com sua pele corando ao longo de suas maçãs. “Não ver você. Me deixa angustiada também.”<br />“Você está feliz agora?” eu disse a mim mesmo. Bem, aquilo foi a recompensa que eu estava esperando.<br />Eu estava perplexo, feliz, horrorizado, principalmente horrorizado - para perceber que minha louca imaginação não estava longe de notar. Foi por esta razão que não importava eu ser um monstro. Foi exatamente a mesma razão que fazia as regras não importarem para mim. Porque o certo e o errado já não eram incontornáveis influências. Porque todas as minhas prioridades tinham deslocado um degrau para baixo para dar espaço a esta menina na parte superior.<br />Bella se importava comigo, também.<br />Eu sabia que poderia não ser nada, comparado com a forma que ela me amava. Mas era suficiente para que ela arriscasse sua vida ao se sentar aqui comigo. Para fazer isso com prazer.<br />O suficiente para causar dor, se ela fizesse a coisa certa e me deixasse.<br />Havia alguma coisa que pudesse fazer agora que não fosse prejudicá-la? Absolutamente nada? Eu devia permanecer afastado. Eu nunca devia ter voltado a Forks. Só iria lhe provocar dor, mais nada.<br />A forma como me senti no momento, senti seu calor contra minha pele.<br />Não. Nada iria me parar.<br />“Ah,” eu gemi comigo mesmo. “Isso é um erro.”<br />“O que eu disse?” ela perguntou, rapidamente se culpando.<br />“Não vê, Bella? Uma coisa é eu mesmo ficar infeliz, outra bem diferente é você se envolver tanto. Não quero ouvir que você se sente assim.” Era a verdade, era uma mentira.Mas o egoísmo dentro de mim estava voando com o conhecimento de que ela queria o que eu queria que ela quisesse. “Está errado. Não é seguro. Eu sou perigoso, Bella… Por favor, entenda isso.”<br />“Não,” seus lábios estavam com uma pontada de petulância.<br />“Estou falando sério,”<br />Eu estava lutando comigo mesmo tão fortemente - meio desesperado para ela aceitar, meio desesperado para manter as advertências de fugir - que vinham entre dentes, comigo quase rugindo.<br />“Eu também,” ela insistiu, “Eu disse, não importa o que você seja. É tarde demais.”<br />Muito tarde? O mundo era desoladamente preto e branco para um interminável segundo, eu assisti as sombras se espalhando sobre todo gramado ensolarado em direção a forma de Bella dormindo na minha memória. Inevitável, impossível de parar. Eles roubavam a cor de sua pele, e ela mergulhava nas trevas.<br />Muito tarde? A visão de Alice fez minha cabeça girar, os olhos vermelhos do sangue de Bella me fizeram a fitar os olhos impassível. Inexpressivo - mas não havia nenhuma maneira que ela não pudesse me odiar por esse futuro. Me odiar por roubar tudo dela. Roubando sua vida e sua alma.<br />Eu não podia deixar ser tão tarde.<br />“Nunca mais diga isso,” eu assobiei.<br />Ela desviei o olhar para o lado de fora da janela, e mordeu os lábios novamente. Suas mãos estavam apertadas sobre seu colo. Sua respiração se amarrou, e quebrou.<br />“No que está pensando?” eu tinha que saber.<br />Ela sacudiu a cabeça, sem olhar para mim. Eu vi uma coisa brilhar, como um cristal, em sua bochecha.<br />Agonia. “Está chorando?” Eu havia feito ela chorar. Eu não gostei de tê-la ferido.<br />Ela esfregou as mãos sobre seu rosto.<br />“Não,” ela mentiu, sua voz estava falha.<br />Algum instinto enterrado me fez estender a mão para pegar ela - naquele pequeno segundo eu me senti mais humano que nunca. E então eu me lembrei que eu… Não era. E então eu abaixei minha mão.<br />“Desculpe,” Eu disse, minha mandíbula trancada. Como eu poderia dizer a ela o quanto eu estava arrependido? Arrependido por todos os estúpidos erros que eu tinha cometido. Arrependido pelo meu egoísmo sem fim. Arrependido por ela ter inspirado em mim o meu primeiro e trágico amor. Arrependido também das coisas além do meu controle - que eu podia ser o monstro escolhido pelo destino para acabar com a vida dela em primeiro lugar.<br />Eu respirei fundo - ignorando a minha reação triste ao sabor no carro - e tentei me recompor.<br />Eu tentei mudar de assunto, pensar em outra coisa. Para a minha sorte, a minha curiosidade sobre essa garota continuava instável. Eu sempre tinha uma pergunta.<br />“Me diga alguma coisa,” eu disse.<br />“Sim?” ela perguntou roucamente, as lágrimas ainda estava em sua voz.<br />“O que você estava pensando hoje à noite, um pouco antes de eu aparecer na esquina? Eu não consegui entender sua expressão - você não parecia assustada, você parecia concentrada muito concentrada em alguma coisa.” Eu lembrei do rosto dela - forçando eu mesmo a esquecer aqueles olhos pelos quais eu estava olhando - o olhar de determinação lá.<br />“Tentava me lembrar de como incapacitar um agressor…” ela disse, sua voz um pouco mais composta. “Sabe como é, defesa pessoal . Eu ia esmagar o nariz dele no cérebro.”<br />A sua calma não durou ao fim da sua explicação. O seu tom torceu-se até que ele fervesse em ódio.<br />Isso não foi nenhuma hipérbole, e sua fúria de gatinha agora não era engraçada.<br />Eu podia ver sua frágil figura - apenas seda por cima do vidro - ofuscada pelo desejo pesado da carne - cruel dos monstros humanos que poderiam ter machucado ela. A fúria explodiu de novo em minha cabeça.<br />“Você ia lutar com eles?” eu queria urrar. Seus instintos eram mortais para ela mesmo. “Não pensou em correr?”<br />“Eu caio muito quando corro,” ela disse com vergonha.<br />“E gritar por ajuda?”<br />“Eu ia chegar nesta parte.”<br />Eu balancei minha cabeça desacreditado. Como ela conseguiu se manter viva antes de vir para Forks?<br />“Você tem razão,” eu disse a ela, avancei com minha voz irritada.<br />“Definitivamente estou lutando contra o destino tentando manter você viva.”<br />Ela suspirou, e olhou para fora da janela. E então ela olhou de volta para mim.<br />“Vou ver você amanhã?” ela exigiu abruptamente.<br />Desde de que eu já estava no meu caminho para o inferno - eu poderia aproveitar a jornada.<br />“Vai… também tenho que entregar um trabalho.” Eu sorri para ela, e me senti bem com isso. “Vou guardar um lugar pra você no refeitório.”<br />Eu ouvi o coração dela palpitar; meu coração morto repentinamente se sentiu aquecido.<br />Eu parei o carro em frente à casa do pai dela. Ela não fez nenhum movimento para me deixar.<br />“Promete estar lá amanhã?” ela insistiu.<br />“Prometo.”<br />Como fazer a coisa errada podia me dar tanta alegria? Claro que havia algo de explícito nisso.<br />Ela acenou com a cabeça para ela mesma, satisfeita, e começou a tirar minha jaqueta.<br />“Você pode ficar com ele” eu assegurei rapidamente para ela. Eu queria muito deixá-la com algo meu. Um símbolo, como a tampa de garrafa que estava em meu bolso agora… “Você não tem um para usar amanhã.”<br />Ela estendeu-o para mim, sorrindo tristemente. “Eu não quero ter que explicar ao Charlie”.<br />Eu imaginava que não. Eu sorri para ela. “Oh, tudo bem”.<br />Ela colocou a mão na maçaneta do carro e então parou. Relutante em ir embora, assim como eu estava relutante por ela ir.<br />Por tê-la sem proteção, mesmo que por alguns momentos…<br />Peter e Charlotte estavam indo por seus caminhos agora, em direção a Seatlle, sem dúvida. Mas há sempre outro. Esse mundo não era um lugar seguro para nenhum humano, e para ela parecia ainda mais perigoso do que para o resto.<br />“Bella?” eu chamei, surpreso com o prazer de simplesmente dizer o seu nome.<br />“Sim?”<br />“Me promete uma coisa?”<br />“Sim” ela concordou facilmente, então seus olhos se estreitaram como se ela tivesse encontrado uma razão para se opor.<br />“Não vá à floresta sozinha”. Eu a avisei, imaginando se esse pedido seria a razão da objeção em seus olhos.<br />Ela piscou, surpresa. “Por quê?”<br />Eu olhei fixamente em direção à escuridão nem um pouco confiável. A carência de luz não era problema para os meus olhos, mas também não seria problema pra qualquer outro caçador. Ela somente cegava os humanos.<br />“Nem sempre eu sou a coisa mais perigosa lá fora.” Eu disse a ela “Vamos ficar aqui”.<br />Ela se arrepiou, mas se recompôs rapidamente e estava sorrindo quando me disse “Como você quiser”.<br />Sua respiração tocou o meu rosto, tão doce e perfumada.<br />Eu podia ficar aqui a noite toda desse jeito, mas ela precisava dormir. Os dois desejos pareciam igualmente fortes enquanto eles continuavam batalhando dentro de mim: querer ela versus querer que ela ficasse a salvo.<br />Eu suspirei sobre as duas possibilidades. “Até amanhã”, eu disse, sabendo que eu iria vê-la muito mais cedo que isso. Ela não iria ME ver até amanhã, no entanto.<br />“Até amanhã, então” ela concordou enquanto abria a porta.<br />Aflição novamente, a vendo partir.<br />Eu me inclinei atrás dela, querendo segurá-la aqui. “Bella?”<br />Ela se virou e então congelou, surpresa por ver nossos rostos tão perto.<br />Eu, também, estava estupefato pela proximidade. O calor que emanava dela acariciava meu rosto. Eu conseguia até sentir o toque de veludo de sua pele…<br />As batidas de seu coração hesitaram, e seus lábios cheios se abriram.<br />“Durma bem” eu suspirei e me afastei antes que a urgência de meu corpo - ou a sede familiar ou esse novo desejo humano que eu senti de repente - me fizesse fazer algo que pudesse machucá-la.<br />Ela permaneceu sentada sem se movimentar por alguns momentos, seus olhos arregalados e atordoados. Deslumbrada, eu pensei.<br />Assim como eu estava.<br />Ela se recuperou - apesar de seu rosto ainda estar um pouco confuso - e saiu estranhamente do carro, com passos curtos e tendo que se segurar nas laterais do carro para se endireitar.<br />Eu ri - na esperança que tenha sido baixo o suficiente para ela não ouvir.<br />Eu a vi tropeçando pelo caminho até a parte iluminada que vinha da porta da frente. Segura por enquanto. E eu voltaria em breve para ter certeza.<br />Eu podia sentir seus olhos me acompanhando enquanto eu dirigia pela rua escura. Uma sensação tão diferente do que eu estava acostumado. Normalmente, eu simplesmente me veria através dos olhos da pessoa, onde eu estaria na mente. Isso era estranhamente excitante - essa sensação incompreensível de estar sendo vigiado. Eu sabia que isso era somente por serem seus olhos.<br />Um milhão de pensamentos passou ferozmente um atrás do outro pela minha cabeça enquanto eu dirigia sem rumo pela noite.<br />Por um bom tempo eu circulei pelas ruas, indo para lugar algum, pensando em Bella e na libertação de ter a verdade descoberta. Não mais eu teria que ter medo de ela descobrir o que eu era. Ela sabia. E não importava para ela. Mesmo que fosse obviamente uma coisa ruim para ela, era impressionantemente libertador para mim.<br />Mais que isso, eu pensava em Bella e no amor compensatório. Ela não podia me amar da forma como eu a amava - de um jeito tão poderoso, extremamente intenso, consumir esse amor iria provavelmente quebrar o seu corpo frágil. Mas ela se sentia forte o suficiente. O suficiente para subjugar o medo instintivo. O suficiente para querer estar perto de mim. E estar com ela era a maior felicidade que eu podia conhecer.<br />Por um tempo - eu estive totalmente sozinho e não machucando ninguém de qualquer forma - eu me permiti sentir aquela felicidade sem resultar em tragédia. Somente sendo feliz por ela se importar comigo. Somente me regozijando por ter ganhado a sua afeição. Somente imaginando dia após dia sentado ao seu lado, ouvindo sua voz e recebendo seus sorrisos.<br />Eu re-vi aquele sorriso em minha cabeça, observando seus lábios cheios se erguerem nos cantos, um sinal de uma covinha que se mostrava na ponta de seu queixo, o modo como seus olhos se aqueciam e derretiam… Seus dedos tinham um toque tão quente e delicado em minha mão essa noite. Eu imaginava em como devia ser tocar a sua delicada pele que se esticava por cima de suas bochechas - sedoso, quente… tão frágil. Seda por cima de vidro… espantosamente quebrável.<br />Eu não podia ver para onde os pensamentos estavam indo até que fosse muito tarde. Enquanto eu discorria sobre aquela vulnerabilidade devastadora, novas imagens de seu rosto se introduziram em minhas fantasias.<br />Perdida nas sombras, pálida de medo - ainda assim sua mandíbula firme e determinada, seus olhos ferozes, cheios de concentração, o seu corpo delgado fixado em bater nas formas pesadas que se reuniram em volta dela, pesadelos na escuridão…<br />“Ah,” eu rosnei enquanto a raiva crescente que eu havia esquecido na alegria de amá-la queimava novamente como um inferno de ódio.<br />Eu estava sozinho. Bella estava, eu acreditava, salva em sua casa; por um momento eu estava ferozmente feliz que Charlie Swan - o braço forte da lei local, treinado e armado - fosse seu pai. Isso devia significar alguma coisa, como providenciar alguma proteção a ela.<br />Ela estava segura. Não me levaria muito tempo para eu me vingar daquele ultraje…<br />Não. Ela merecia coisa melhor. Eu não podia me permitir que ela se importasse com um assassino.<br />Mas… e quanto às outras?<br />Bella estava segura, sim. Angela e Jessica também com certeza, seguras em suas camas.<br />Ainda assim tinha um monstro solto pelas ruas de Port Angeles. Um monstro humano - isto faria dele um problema dos humanos? Cometer o crime pelo qual ansiava era errado.<br />Eu sabia disso. Mas deixá-lo livre para atacar de novo também não podia ser a coisa certa.<br />A maitre loira do restaurante. A garçonete que eu não tinha prestado atenção. As duas me irritaram de jeitos insignificantes, mas isso não significava que mereciam ficar em perigo.<br />Uma das duas podia ser a Bella de alguém.<br />Essa realização me decidiu.<br />Virei o carro para o norte, acelerando agora que tinha um propósito. Sempre que eu tinha um problema além de mim - algo tangível como isso - sabia onde podia procurar ajuda.<br />Alice estava sentada na entrada, esperando por mim. Parei em frente à casa ao invés de ir até a garagem.<br />- “Carlisle está no escritório.” - ela me disse antes que pudesse perguntar.<br />- “Obrigado.” - eu disse, bagunçando seu cabelo quando passei.<br />Obrigada por voltar minha ligação, ela pensou sarcasticamente.<br />- “Ah.” - eu parei à porta, pegando meu celular e o abrindo. - “Desculpe. Eu nem chequei para ver quem era. Estava ocupado.”<br />- “É, eu sei. Desculpe também. A hora que eu vi o que ia acontecer, você já estava indo.”<br />- “Foi por pouco.” - eu murmurei.<br />Desculpe, ela repetiu, envergonhada.<br />Era fácil ser generoso, sabendo que Bella estava bem. - Não fique assim. Eu sei que você não pode ver tudo. Ninguém espera que seja onisciente.<br />- “Obrigada.”<br />- “Eu quase a chamei para jantar hoje - viu isso antes que eu mudasse de idéia?”<br />Ela sorriu. - “Não, perdi essa também. Queria ter sabido. Teria ido.”<br />- “Em que você esteve se concentrando, para ter perdido tanta coisa?”<br />Jasper está pensando no nosso aniversário. Ela riu. Ele está tentando não decidir meu presente, mas acho que tenho uma boa idéia…<br />- “Você é descarada.”<br />- “Sim.”<br />Ela franziu os lábios, e olhou para mim, um sinal de acusação em sua expressão. Prestei mais atenção depois. Vai contar a eles que ela sabe?<br />Eu suspirei. - “Sim. Depois.”<br />Não vou dizer nada então. Me faça um favor e conte a Rosalie quando eu não estiver por perto, está bem?<br />Eu encolhi. - “Claro.”<br />Bella levou a coisa toda muito bem.<br />- “Bem demais.”<br />Alice sorriu para mim. Não subestime a Bella.<br />Eu tentei bloquear a imagem que não queria ver - Bella e Alice, melhores amigas.<br />Impaciente agora, eu suspirei pesadamente. Queria passar para essa próxima parte da noite; queria terminar com ela. Mas estava um pouco preocupado em deixar Forks…<br />- “Alice…” - eu comecei. Ela viu o que eu queria perguntar.<br />Ela ficará bem hoje à noite. Vou prestar mais atenção agora. Ela meio que precisa de supervisão vinte e quatro horas por dia, não é?<br />- “Pelo menos.”<br />- “De qualquer jeito, você estará com ela rápido.”<br />Respirei fundo. Essas palavras eram lindas para mim.<br />- “Vai lá - termine com isto para que possa estar onde quer.” - ela me disse.<br />Eu concordei, e me apressei para o quarto de Carlisle.<br />Ele estava esperando por mim, seus olhos na porta em vez de no livro grosso que estava em sua mesa.<br />- “Ouvi Alice dizendo onde me encontrar.” - ele disse, e sorriu.<br />Foi um alívio estar com ele, ver a empatia e inteligência profunda em seus olhos. Carlisle saberia o que fazer.<br />- “Preciso de ajuda.”<br />- “Qualquer coisa, Edward.” - ele prometeu.<br />- “Alice lhe disse o que aconteceu a Bella hoje à noite?”<br />Quase aconteceu, ele acrescentou.<br />- “Sim, quase. Estou com um dilema, Carlisle. Veja eu quero… muito… matá-lo. - As palavras começaram a surgir rápidas e cheias de ódio. - Muito mesmo. Mas sei que isso seria errado, porque seria vingança e não justiça. Só raiva, sem imparcialidade. Mesmo assim, não seria certo deixar um estuprador e assassino em série vagar por Port Angeles! Não conheço os humanos por lá, mas não posso deixar que outra pessoa pegue o lugar de Bella como vítima dele. Aquelas outras mulheres - alguém pode sentir por elas o que eu sinto pela Bella. Talvez sofra o que eu teria sofrido se ela tivesse sido machucada. Não é certo…”<br />Seu sorriso largo e inesperado parou meu afluxo que palavras.<br />Ela é muito boa para você, não é? Tanta compaixão, tanto controle. Estou impressionado.<br />- “Não estou querendo ouvir elogios.”<br />- “Claro que não. Mas não posso evitar meus pensamentos, posso?” - Ele sorriu de novo. - “Vou cuidar disso. Pode descansar em paz. Ninguém será machucado no lugar de Bella.”<br />Vi o plano na cabeça dele. Não era exatamente o que eu queria, não satisfez minha cobiça de brutalidade, mas podia ver na mente dele que era a coisa certa.<br />- “Vou mostrar onde você pode encontrá-lo.” - eu disse.<br />- “Vamos.”<br />Ele pegou sua maleta preta no caminho. Eu teria preferido uma forma mais agressiva de sedação - como um crânio partido - mas deixaria Carlisle fazer isso do jeito dele.<br />Fomos com o meu carro. Alice ainda estava nas escadas da entrada. Ela sorriu e acenou quando nos afastamos. Eu vi que ela tinha procurado o meu futuro; não teríamos dificuldades.<br />A viagem foi curta pela estrada escura e vazia. Desliguei meus faróis para evitar chamar atenção. Me fez sorrir pensar como Bella teria reagido a essa velocidade.<br />Carlisle estava pensando em Bella também.<br />Eu não previ que ela fosse ser tão boa para ele. Isso é inesperado. Talvez fosse para acontecer. Talvez seja um propósito divino. Só que…<br />Ele imaginou Bella com a pele fria e olhos vermelho - sangue, e se afastou da imagem.<br />Sim. Só que. De fato. Porque que bem há em destruir uma coisa tão pura e adorável?<br />Adentrei com fúria na noite, depois de toda a alegria do entardecer ser destruída pelos seus pensamentos.<br />Edward merece ser feliz. É um direito dele. A ferocidade dos pensamentos de Carlisle me surpreenderam. Tem que existir uma maneira.<br />Eu gostaria de acreditar nisso - ao menos um pouco. Mas não havia um propósito maior para o que estava acontecendo com Bella. Apenas um destino amargo e vicioso que não podia dar a ela a vida que merecia.<br />Eu não me demorei em Port Angeles. Eu levei Carlisle ao local onde a criatura chamada Lonnie estava descontando sua decepção com seus amigos - dois dos quais já haviam passado. Carlisle pode ver o quão difícil era para mim estar tão perto - e ouvir os pensamentos do monstro e ver suas memórias, as memórias de Bella misturadas com as de garotas menos afortunadas que já não mais poderiam ser salvas.<br />Minha respiração acelerou e segurei firme no volante.<br />Vá, Edward, ele me disse gentilmente. Eu deixarei o restante deles em segurança. Você deve voltar para Bella.<br />Era exatamente a coisa certa a dizer. O nome dela era a única distração que significava algo para mim agora.<br />Eu o deixei no carro e voltei correndo para Forks, em uma linha reta através da floresta adormecida. Levou menos tempo do que a primeira viagem de carro. Apenas poucos minutos depois eu escalei a parede da casa dela e deslizei a janela para fora do meu caminho.<br />Eu suspirei silenciosamente em alívio. Tudo estava como deveria. Bella estava a salvo em sua cama, sonhando, seus cabelos úmidos emaranhados como algas pelo travesseiro.<br />Mas, diferente de outras noites, ela estava encolhida com os cobertores enrolados acima dos seus ombros. Frio, eu imaginei. Antes que eu pudesse me acomodar em meu acento usual, ela teve calafrios em seu sono e seus lábios estremeceram.<br />Eu hesitei por um breve momento e então me movi para o corredor, explorando uma nova parte da casa pela primeira vez.<br />O ronco de Charlie era alto e peculiar. Eu praticamente podia pegar a margem do seu sonho. Algo com água corrente e uma espera paciente… pescaria, talvez?<br />Lá, no alto da escadaria, havia um armário promissor. Eu a abri e encontrei o que procurava. Escolhi o cobertor mais grosso dentre as finas peças de linho e o levei para o quarto dela. Eu o guardaria de volta antes que ela acordasse, assim ninguém se daria conta.<br />Segurando minha respiração, eu cuidadosamente abri o cobertor sobre ela; sem que ela reagisse ao peso adicional. Voltei então para a minha cadeira.<br />Enquanto eu esperava ansiosamente para que ela se aquecesse, eu pensei em Carlisle, imaginando onde ele estaria agora. Eu sabia que seu plano daria certo - Alice havia previsto isso.<br />Pensar no meu pai me fez suspirar - Carlisle me deu muito crédito. Eu gostaria de ser a pessoa que ele imaginava que eu fosse. Aquela pessoa, merecedora de felicidade, poderia esperar ser merecedor desta garota adormecida. Como as coisas seriam diferentes se eu fosse aquele Edward.<br />Enquanto eu ponderava isto, uma imagem estranha e indesejada preencheu minha mente.<br />Por um momento, a velha vidente que eu havia imaginado, a mesma que previu a destruição de Bella, foi trocada pelo mais tolo e desajeitado dos anjos. Um anjo da guarda - algo que a minha versão imaginada por Carlisle poderia ter. Com um sorriso despreocupado nos seus lábios, seus olhos da cor do céu cheios de provocação, o anjo formava Bella de tal modo que seria impossível que eu não a notasse. Um odor incrivelmente potente que exigia minha atenção, uma mente silenciosa para inflamar minha curiosidade, uma beleza calma para prender meus olhos, uma alma altruísta para ganhar meu respeito. Deixado de lado o sentido natural de auto-preservação - assim Bella podia suportar o fato de estar próxima a mim - e finalmente adicionada um uma larga dose de má sorte.<br />Com uma gargalhada inconseqüente, o anjo irresponsável empurrou sua frágil criação diretamente para o meu caminho, confiando descuidadamente na minha moralidade maculada para manter Bella viva.<br />Nesta visão, eu não era a condenação de Bella; ela era minha recompensa.<br />Eu balancei minha cabeça com a fantasia do anjo inimaginável. Ela não era muito melhor do que a harpia. Eu não poderia conceber um poder maior que agisse de maneira tão perigosa e estúpida. Pelo menos, contra a vidente horrorosa eu poderia lutar.<br />E eu não tinha nenhum anjo. Eles eram reservados para os bons - para pessoas como Bella. Então onde estaria o anjo dela no meio disso tudo? Quem estava tomando conta dela?<br />Eu ri silenciosamente, perplexo, enquanto realizava que nesse momento era eu quem estava cumprindo aquele papel.<br />Um anjo vampiro - havia uma boa distância entre as duas coisas.<br />Depois de cerca de meia hora, Bella relaxou. Sua respiração se tornou mais profunda e ela começou a murmurar. Eu sorri, satisfeito. Era uma pequena coisa, mas pelo menos ela estava dormindo mais confortavelmente esta noite, por eu estar aqui.<br />“Edward” ela sussurrou, e sorriu também.<br />Eu empurrei a tragédia de lado, por um momento, e me permiti ser feliz novamente.<br /><a title="Link permanente para Décimo Primeiro Capítulo - Midnight Sun" href="http://foforks.com.br/2008/08/decimo-primeiro-capitulo-midnight-sun/">Décimo Primeiro Capítulo - Midnight Sun</a><br />11. Interrogações<br />A CNN trouxe a história antes.<br />Eu estava contente por isto ter chegado ao noticiário antes de eu ter que ir para a escola, ansioso por ouvir como os humanos iriam descrever o acontecimento, e quanta atenção o fato iria gerar.<br />Por sorte, era um dia cheio de noticias frescas. Houve um terremoto na américa do sul e um sequestro político no oriente médio. Portanto, tudo acabou em uns poucos segundos, umas poucas frases e uma imagem chuviscada.<br />“Alonzo Calderas Wallace, suspeito de ser um estuprador em série e assassino procurado nos estados do Texas e Oklahoma, foi preso na última noite em Portland, Oregon graças a uma denúncia anônima. Wallace foi encontrado inconsciente em um beco nesta manhã, apenas a alguns metros da delegacia de polícia.<br />Os policiais não souberam dizer por enquanto se ele seria extraditado para Houston ou Oklahoma para aguardar o julgamento.”<br />A imagem não estava clara. Uma foto de arquivo policial, e ele tinha uma barba bem grossa na época em que a fotografia foi tirada. Mesmo que Bella tivesse visto, ela não o teria reconhecido. Eu esperava que não. Isto a deixaria amedrontada sem necessidade.<br />“A cobertura aqui na cidade será bem pequena. É algo de muito longe para ser considerado de interesse local,” disse-me Alice. “Foi uma boa idéia que Carslile o levasse para fora do estado.”<br />Eu acenei positivamente com a cabeça. Bella não assistia muita TV normalmente, e eu nunca havia visto seu pai assistir nada além de canais de esportes.<br />Eu tinha feito o que podia. Este monstro já não caçaria mais, e eu não era um assassino. Não nos últimos tempos, de qualquer forma. Eu fiz bem em confiar em Carslile, por mais que eu ainda desejasse que o monstro não tivesse se safado tão incolume. Eu me peguei desejando que ele fosse extraditado para o Texas, onde a pena de morte é tão popular…<br />Não. Isso não importa. Deixaria isto no passado, e me concentraria no que é mais importante.<br />Havia deixado o quarto de Bella a menos de uma hora atrás e já estava louco para vê-la novamente.<br />“Alice, você se importa-”<br />Ela me cortou. “Rosalie vai dirigir. Ela vai parecer irritada, mas você sabe que ela vai adorar a desculpa para exibir seu carro.” Alice soltou um riso trêmulo.<br />Eu sorri para ela. “Te vejo na escola.”<br />Alice suspirou, e meu sorriso se tornou uma careta.<br />Eu sei, eu sei, ela pensou. Não ainda. Eu vou esperar até que você esteja pronto para Bella saber quem sou. Você deve saber, enfim, que isso não é apenas egoísmo meu. Bella vai gostar de mim também.<br />Eu não a respondi, enquanto seguia com pressa para a porta. Aquela era uma maneira diferente de ver a situação. Bella iria querer conhecer Alice? Ter uma vampira como amiga?<br />Conhecendo Bella… aquela idéia provavelmente não iria incomodá-la nem um pouco.<br />Eu franzi as sobrancelhas, pensando. O que Bella quer e o que é melhor para Bella, são duas coisas muito distintas.<br />Eu comecei a me sentir desconfortável enquanto estacionava meu carro no passeio da casa de Bella.<br />O provérbio humano dizia que tudo parece diferente pela manhã - que as coisas mudam quando você as deixa passar. Eu pareceria diferente para Bella na luz fraca de um dia nublado? Mais ou menos sinistro do que pareceria no escuro da noite? Teria a verdade se revelado enquanto ela dormia? Será que finalmente ela teria medo?<br />Seus sonhos haviam sido pacíficos, enfim, na última noite. Quando ela falou meu nome, uma vez e outra, ela sorriu. Mais de uma vez ela murmurou apelando para que eu ficasse.<br />Aquilo não significaria nada no dia de hoje?<br />Eu aguardei impacientemente, ouvindo os sons vindos de dentro da casa - os passos rápidos e tropeçantes nas escadas, o rasgar seco de papel alumínio, os frascos do refrigerador batendo uns contra os outros quando a porta se fechou. Parecia que ela estava com pressa. Anciosa para ir a escola? A idéia me fez sorrir, esperançoso novamente.<br />Olhei para o relógio. Eu supunha que - levando em conta a velocidade a sua velha pickup a limitava, ela estava um tanto atrasada.<br />Bella saiu correndo da casa, sua mochila escorregando dos seus ombros, seu cabelo preso em uma trança mal feita que já se dividia perto de sua nuca. O grosso suéter verde que ela usava não era o suficiente para evitar que seus pequenos ombros tremessem com a névoa fria.<br />O longo suéter era grande demais para ela, desproporcional. Ele mascarava sua silhueta delgada, tornando todas as suas curvas delicadas e suaves em uma confusão disforme. Eu gostei, mesmo desejando que ela usasse algo mais parecido com a delicada blusa azul que vestira na última noite… o tecido havia aderido a sua pele de um jeito muito convidativo, decotado o suficiente para revelar a maneira hipnótica como sua clavícola se afastava do vazio abaixo de seu pescoço. O azul fluia como agua através do contorno delicado de seu corpo.<br />Era melhor - essencial - que eu mantivesse meus pensamentos muito, muito longe daquelas formas, então eu deveria estar agradecido por ela usar aquele suéter pouco atraente. Eu não poderia me permitir qualquer erro, e seria um erro monumental me deixar levar pela estranha fome que os pensamentos sobre seus lábios… sua pele… estavam criavam dentro de mim. Fome que eu havia erradicado de mim por uma centena de anos. Eu não poderia sequer pensar em tocá-la, porque isso seria impossível.<br />Eu a destruiria.<br />Bella voltou-se para longe da porta com tanta pressa que ela quase passou pelo meu carro sem notá-lo.<br />Então ela parou quase derrapando, seus joelhos travando em um solavanco. Sua mochila escorregou pelo seu braço e seus olhos se arregalaram quando focalizaram o carro.<br />Eu saí, sem me preocupar em me mover numa velocidade humana, e abri a porta do passageiro para ela. Eu não tentaria mais ludibriá-la. Quando estivessemos a sós, pelo menos, eu seria eu mesmo.<br />Ela olhou para mim, supresa novamente, por eu praticamente ter me materializado no meio da névoa.<br />E então a surpresa em seus olhos se tornaram em outra coisa, e eu não estava mais temeroso - nem esperançoso - que seus sentimentos por mim tivessem mudado durante o curso da noite. Calor, preocupação, fascinação, tudo nadando no que era o chocolate derretido dos seus olhos.<br />“Quer ir de carona comigo hoje?” Eu perguntei. Ao contrário do jantar na última noite, eu a deixaria escolher. De agora em diante, seria sempre a escolha dela.<br />“Sim, obrigada,” ela murmurou, subindo no carro sem hesitar.<br />Algum dia eu deixaria de me surpreender pelo fato de ela dizer sim para mim? Eu duvidei.<br />Eu dei a volta no carro, ansioso para me juntar a ela. Ela não mostrou nenhum sinal de supresa com a minha súbita reaparição.<br />A alegria que senti quando ela se sentou ao meu lado não tinha precedentes. Por mais que eu apreciasse o amor e companheirismo da minha familia, apesar dos vários entretenimentos e distrações que o mundo tem a oferecer, eu nunca estive feliz dessa forma. Mesmo sabendo que isso era errado, que isso poderia não terminar bem, eu não pude evitar por muito tempo estampar um sorriso em minha face.<br />Minha jaqueta estava dobrada sobre o descanso de cabeça do banco dela. Eu a vi olhando.<br />“Eu trouxe a jaqueta para você,” Eu disse a ela. Esta era minha desculpa, eu tinha que arrumar alguma para a minha inesperada visita nesta manhã. Estava frio. Ela não tinha jaqueta. Certamente esta era uma forma convincente de cavalheirismo. “Eu não gostaria que você ficasse doente ou algo parecido.”<br />“Eu não sou assim tão frágil,” ela disse, fitando meu peito ao invés do meu rosto, como se ela estivesse hesitante em me olhar nos olhos. Mas ela vestiu o casaco antes que eu tivesse que a ajudar ou persuadir.<br />“Não é?” Eu sussurrei para mim mesmo.<br />Ela fitava a estrada enquanto eu acelerava para a escola. Eu pude agüentar o silêncio apenas por alguns segundos. Eu tinha que saber onde estavam os seus pensamentos nesta manhã. Tanta coisa havia mudado entre nós desde o último nascer do sol.<br />“O que, nada de vinte perguntas hoje?” Eu perguntei, mantendo um tom suave.<br />Ela sorriu, parecendo feliz por eu ter puxado assunto novamente. “Minhas perguntas o aborrecem?”<br />“Não tanto quanto as suas reações,” disse a ela com toda honestidade, sorrindo em resposta ao seu sorriso, que esmaeceu.<br />“Eu reajo mal? “<br />“Não, este é o problema. Você encara tudo tão calmamente - isso é algo pouco natural, me faz imaginar o que realmente você está pensando.”<br />É claro que tudo que ela fazia ou não fazia me deixava imaginando o que ela pensava.<br />“Eu sempre digo o que eu realmente estou pensando.”<br />“Você edita.”<br />Ela mordeu os lábios novamente. Ela parecia não notar quando fazia isso - era uma resposta inconsciente à tensão. “Não muito.”<br />Estas poucas palavras foram suficientes para inflamar minha curiosidade. O que é que ela deliberadamente escondia de mim?<br />“O bastante para me deixar louco,” eu disse.<br />Ela hesitou e então sussurrou, “Você não gostaria de ouvir.”<br />Eu tive que pensar por um momento, analisar toda a nossa conversa da última noite, palavra por palavra, antes que eu fizesse a associação. Talvez isso exigisse muita concentração, pois eu não imaginava nada que eu não quisesse ouvi-la dizer. E então - pelo tom de sua voz ser o mesmo da última noite; havia uma dor repentina novamente - Eu me lembrei. Uma vez eu pedi que ela não me dissesse seus pensamentos. Nunca diga isto, eu vociferei para ela. Eu a fiz chorar…<br />Era isso que ela escondia de mim? A profundidade dos seus sentimentos sobre mim? Que eu ser um monstro, não importava para ela, e que ela achava tarde demais para mudar sua decisão?<br />Eu não conseguia falar, porque a alegria e a dor eram demasiado intensas para serem expressas em palavras, o conflito entre elas era muito radical para possibilitar uma resposta coerente. Havia silêncio no carro, exceto pelo ritmo uniforme de seu coração e pulmões.<br />“Onde está o restante de sua familia?” ela perguntou repentinamente.<br />Eu respirei fundo - registrando o aroma no carro com uma verdadeira dor pela primeira vez ; eu estava me acostumando a isso, eu fazia com satisfação - e me forçando a ser casual novamente.<br />- Eles pegaram o carro da Rosalie.<br />Estacionei perto da capota suspensa do carro em questão. Escondi meu sorriso quando vi seus olhos arregalarem.<br />- “Chamativo, não?”<br />- “Hmm, caramba. Se ela tem isso, porque pega carona com você?”<br />Rosalie deveria ter apreciado a reação de Bella… se ela estivesse sendo mais objetiva com respeito a ela , o que provavelmente não iria acontecer.<br />- “Como eu disse, é chamativo. Nós tentamos nos misturar.”<br />“Vocês não conseguem”, ela me disse; e então ela sorriu um cuidadoso sorriso.<br />O jovial, inteiramente despreocupado som do seu riso queimou o meu peito oco como também fez minha cabeça flutuar com tontura.<br />“Então por que Rosalie dirigiu hoje se ele é mais notável?” ela perguntou.<br />“Não percebeu? Estou quebrando todas as regras agora.”<br />Minha resposta deveria ter sido ligeiramente assustadora - então, é claro, Bella riu dela.<br />Ela não esperou por mim para abrir sua porta, exatamente como a noite passada. Eu tinha que aparentar normalidade aqui na escola - então eu não poderia me mover rápido o bastante para impedir isso - mas ela teria que se acostumar a ser tratada com mais cortesia, e acostumar-se logo.<br />Eu caminhei mais perto dela do que ousaria, olhando cuidadosamente por qualquer sinal de que minha proximidade a perturbaria. Duas vezes sua mão estremeceu-se em direção à minha e então ela gostaria de trazê-la de volta. Parecia que ela queria me tocar… Minha respiração disparou.<br />“Por que vocês têm carros assim, então? Se vocês procuram ter privacidade? - ela me perguntou enquanto caminhávamos.<br />“Como um prazer” - eu admiti - “Todos nós gostamos de dirigir rápido”.<br />“Imagino” ela murmurou, em seu tom de voz.<br />Ela não olhou para cima para ver minha resposta maliciosa.<br />“Nuh-uh”! Eu não acredito nisso. Como que Bella conseguiu ignorar isso? Eu não entendo! Por que?<br />A mente nebulosa de Jessica interrompeu os meus pensamentos. Ela estava esperando por Bella, se refugiando da chuva, sob o abrigo da marquise da cafeteria com o casaco de inverno de Bella debaixo de seu braço. Seus olhos estavam estatelados com descrença.<br />Bella também a percebeu no exato momento. Um fraco tom rosado tocou sua face quando Bella registrou a expressão de Jessica. Os pensamentos de Jessica estavam nitidamente claros em seu rosto.<br />“Oi Jéssica. Obrigada por lembrar”, Bella lhe agradeceu. Ela apanhou o casaco e Jessica o entregou sem dizer nenhuma palavra.<br />Eu tenho que ser educado com os amigos de Bella, mesmo sendo eles bons amigos ou não.<br />“Bom dia Jessica”..<br />Nossa…<br />Os olhos de Jessica se arregalaram. Foi estranho e divertido… e honestamente, um pouco embaraçoso… para se ter uma idéia de como ficar perto de Bella me deixou mais gentil. Parecia que ninguém estava mais com medo de mim. Se Emmett soubesse disso, ele iria ficar rindo pelo próximo século.<br />“É…oi” Jessica murmurou e seus olhos lampejaram para o rosto de Bella, cheios de expressão. “Acho que te vejo em trigonometria”.<br />Ah, você vai desembuchar tudo para mim. Não vou aceitar não como resposta. Detalhes. Tenho que saber dos detalhes! Edward gato CULLEN! A vida é tão injusta.<br />A boca de Bella se torceu. - “É, a gente se vê lá.”<br />Os pensamentos de Jessica ficaram fora de controle enquanto ela corria para sua primeira aula, nos espiando uma vez ou outra.<br />A história inteira. Não vou aceitar nada menos que isso. Eles combinaram de se encontrar ontem à noite? Eles estão namorando? Há quanto tempo? Como ela pôde guardar segredo sobre isso? Por que ela guardaria? Não pode ser uma coisa casual - ela tem que estar bem afim dele. Tem alguma outra opção? Eu vou descobrir. Não vou conseguir não saber de nada. Será que ela já deu uns amassos nele? Ah, vou desmaiar… De repente os pensamentos de Jessica ficaram desconexos, e ela deixou que suas fantasias mudas girassem por sua cabeça. Eu recuei com suas especulações, e não só porque ela tinha trocado Bella por si mesma nas figuras mentais.<br />Eu não podia ser assim. Mas mesmo assim, eu… eu queria…<br />Resisti em admitir isso, mesmo para mim. Em quantas maneiras erradas eu queria colocar a Bella? Qual iria acabar por matá-la?<br />Eu sacudi a cabeça e tentei deixar as coisas mais leves.<br />- “O que vai dizer a ela?” - perguntei a Bella.<br />- “Ei!” - ela sussurrou ferozmente. - “Pensei que você não pudesse ler minha mente!”<br />- “Não posso.” - eu a encarei, surpreso, tentando entender suas palavras. Ah - devíamos estar pensando a mesma coisa ao mesmo tempo. Hmmm, gostei disso. - “Mas” - contei a ela. - “posso ler a dela - Ela vai pegar você de surpresa na sala.”<br />Bella gemeu, e deixou a jaqueta escorregar por seus ombros. Não percebi que ela estava a devolvendo - eu não teria pedido; preferia que ficasse com ela… uma lembrança - então fui muito devagar para oferecer minha ajuda. Ela me entregou a jaqueta e passou os braços pela dela, sem olhar para cima para ver que minhas mãos estavam esticadas para ajudar. Eu fiz uma careta com isso, e então controlei minha expressão antes que ela notasse.<br />- “Então, o que vai dizer a ela?” - eu pressionei.<br />- “Que tal uma mãozinha? O que ela quer saber?”<br />Eu sorri e sacudi a cabeça. Eu queria escutar o que ela estava pensando agora sem nenhuma dica. - “Isso não é justo”.<br />Os olhos dela se apertaram. - “Não, você não está partilhando o que sabe - isso é que não é justo”.<br />“Certo” - ela não gostava de dois pesos e duas medidas.<br />Chegamos à porta da classe dela - onde eu teria que deixá-la; me perguntei à toa se a Srta. Cope iria ser mais favorável sobre uma mudança da minha aula de inglês… Forcei a minha concentração. Eu podia ser justo.<br />- “Ela quer saber se estamos namorando escondido” - eu disse lentamente. - “E ela quer saber como você se sente com relação a mim”.<br />Seus olhos se arregalaram - dessa vez não de surpresa, mas astutos. Estavam abertos para mim, legíveis. Ela estava bancando a inocente.<br />- “Caramba” - ela murmurou. - “O que devo dizer?”<br />- “Hmmm” - Ela sempre tentava fazer com que eu revelasse mais do que ela. Refleti como responder.<br />Uma mecha rebelde do cabelo dela, ligeiramente úmida por causa da neblina, caia por seu ombro e se enrolava onde a sua clavícula estava escondida por aquele suéter ridículo. Atraiu meus olhos… os arrastou para ver as outras linhas escondidas…<br />Me estiquei para pegá-la cuidadosamente, sem tocar em sua pele - a manhã já estava fria o suficiente sem meu toque - e a coloquei de volta ao lugar em seu coque desarrumado para que não me distraísse outra vez. Me lembrei quando Mike Newton tinha tocado seu cabelo, e meu queixo se trincou com a memória. Ela tinha se afastado dele na ocasião. A reação dela agora não era nada parecida; ao invés disso, seus olhos se arregalaram, seu sangue correu mais rápido nas veias e uma súbita aceleração em seu coração.<br />Tentei conter meu sorriso quando a respondi.<br />- “Acho que pode dizer sim à primeira pergunta… Se não se importa…” - a escolha era dela, sempre dela. - “É mais fácil do que qualquer outra explicação.”<br />- “Não me importo…” - ela sussurrou. Seu coração ainda não tinha recuperado o ritmo normal.<br />- “E quanto à outra pergunta de Jessica…” - não conseguia esconder meu sorriso agora. - “Bom, eu estarei ouvindo para saber eu mesmo a resposta.”<br />Deixar que Bella considerasse isso. Reprimi uma risada e o choque passou por seu rosto.<br />Me virei rapidamente, antes que ela pudesse perguntar mais alguma coisa. Eu tinha certa dificuldade em não dar a ela qualquer coisa que ela quisesse. E eu queria escutar os pensamentos dela, não os meus.<br />“A gente se vê no almoço” - eu disse à ela sobre o ombro; uma desculpa para checar que ela ainda estava me encarando, de olhos arregalados. Sua boca estava aberta. Me virei de novo e fui embora, rindo.<br />Enquanto eu me afastava, estava vagamente ciente dos pensamentos surpresos e especulativos que giravam ao meu redor - olhos indo do rosto de Bella à minha figura que recuava. Prestei pouca atenção neles. Não conseguia me concentrar. Foi muito difícil manter meus pés se movendo a uma velocidade aceitável enquanto cruzava a grama encharcada para minha próxima aula. Queria correr - realmente correr, tão rápido que iria desaparecer, tão rápido que iria parecer que estava voando. Parte de mim já estava voando.<br />Coloquei a jaqueta quando entrei na classe, deixando que a fragrância dela flutuasse, pesada ao meu redor. Eu iria queimar agora - deixar que o cheiro me dessensibilizasse - para que depois fosse mais fácil ignorar, quando estivesse com ela de novo no almoço…<br />Era uma coisa boa que os professores não se importavam mais em me chamar. Hoje talvez tivesse sido o dia que eles me pegassem desprevenido, e sem respostas. Minha cabeça estava em tantos lugares esta manhã; só meu corpo estava na sala de aula.<br />É claro que eu estava vigiando Bella. Isso estava se tornando natural - tão automático quanto respirar. A escutei conversar com um Mike Newton desmoralizado. Ela rapidamente mudou a conversa para Jessica, e abri um sorriso tão grande que Rob Sawyer, que estava sentado ao meu lado direito, se encolheu visivelmente e escorregou na cadeira, para longe de mim.<br />Argh. Assustador.<br />Bom, ele não estava totalmente errado.<br />Também estava monitorando Jessica livremente, observando enquanto ela definiria suas perguntas para Bella. Mal podia esperar até o quarto tempo, dez vezes mais ansioso e curioso que a garota humana que queria uma fofoca nova.<br />E também estava escutando Angela Weber.<br />Não tinha esquecido a gratidão que tinha sentido por ela - primeiro por só pensar coisas boas a respeito de Bella, depois pela ajuda à noite passada. Então eu esperei pela manhã, procurando por algo que ela quisesse. Achei que seria fácil; como qualquer outro humano, devia haver alguma coisa bugiganga ou brinquedo que ela quisesse. Vários, provavelmente. Entregaria algo anonimamente e nos deixaria quite.<br />Mas Angela provou ser quase tão desatenciosa com seus pensamentos quanto Bella. Ela era estranhamente satisfeita para uma adolescente. Feliz. Talvez essa fosse a razão para sua bondade incomum - ela era uma daquelas raras pessoas que tinham o que amavam e amavam o que tinham. Se ela não estivesse prestando atenção aos professores e às anotações, estava pensando dos irmãos gêmeos que levaria à praia nesse final de semana - antecipando a animação deles com um prazer quase maternal. Ela cuidava deles de vez em quando, mas não se sentia rancorosa com esse fato… era bem carinhoso.<br />Mas não me ajudava muito.<br />Tinha que ter alguma coisa que ela queria. Eu só teria que continuar procurando. Mas depois. Agora era a hora da aula de trigonometria de Bella com Jessica.<br />Não estava prestando atenção aonde ia quando fui para a aula de inglês. Jessica já estava em seu lugar, os dois pés batendo impacientemente no chão enquanto ela esperava Bella chegar.<br />Ao contrário, quando me sentei em minha cadeira na sala de aula, fiquei completamente parado. Tinha que me lembrar de me mexer uma hora ou outra. Manter a fachada. Foi difícil, meus pensamentos estavam tão concentrados nos de Jessica. Esperava que ela fosse prestar atenção, realmente tentar ler o rosto de Bella para mim.<br />As batidas dos pés de Jessica se intensificaram quando Bella entrou na sala.<br />Ela parece… triste. Por quê? Talvez não tenha nada acontecendo com o Edward Cullen. Isso seria um desapontamento. Exceto que… então ele ainda está disponível… se de repente ele está interessado em namorar, não me importo em ajudá-lo com isso…<br />O rosto de Bella não parecia triste, parecia relutante. Ela estava preocupada - ela sabia que eu iria escutar tudo isso. Sorri para mim mesmo.<br />- “Me conta tudo!” - Jess mandou enquanto Bella ainda estava tirando o casaco e pendurando nas costas de sua cadeira. Ela estava se mexendo com deliberação, sem vontade.<br />Argh, ela é tão lerda. Vamos passar para as coisas interessantes!<br />-” O que quer saber?” - Bella escapou quando se sentou.<br />- “O que aconteceu ontem à noite?”<br />- “Ele me levou para jantar e depois me levou em casa.”<br />- “Como chegou em casa tão rápido?”<br />Eu observei Bella rolar os olhos à suspeita de Jessica.<br />- “Ele dirige como um louco. Foi apavorante.”<br />Ela sorriu um pouco, e eu ri em voz alta, interrompendo os anúncios do Sr. Mason. Eu tentei transformar a risada em um acesso de tosse, mas ninguém se enganou. O Sr. Mason me lançou um olhar irritado, mas eu nem me preocupei em escutar o pensamento por trás dele. Estava ouvindo a Jessica.<br />Ah. Parece que ela está falando a verdade. Por que está me fazendo arrancar tudo isso dela, palavra por palavra? Eu estaria me gabando a plenos pulmões se fosse comigo.<br />- “Foi tipo um encontro, disse a ele para encontrar você lá?”<br />Jessica viu a surpresa passar pela expressão de Bella, e ficou desapontada como isso parecia ser verdade.<br />- “Não… Eu fiquei muito surpresa em vê-lo lá” - Bella disse a ela.<br />- “O que está acontecendo? - Mas ele pegou você para vir à escola hoje? - Tem que ter mais coisa nessa história”.<br />“Sim - isso era uma surpresa, também. Ele percebeu que eu não tinha uma jaqueta noite passada”.<br />Isso não é muito divertido, Jessica pensou, desapontada novamente.<br />Eu estava cansado da sua linha de perguntas - Eu queria ouvir algo que eu não soubesse realmente. Eu esperei que ela não estivesse tão descontente que ela poderia pular as questões que eu estava esperando.<br />“Então você vai sair com ele novamente?” Jessica perguntou.<br />“Ele se ofereceu para me levar a Seattle sábado porque ele pensa que o meu carro não consegue chegar até lá - isso conta?”<br />Hmm. Bom, cuide dela. Bella está maluca.<br />“Sim” Jessica respondeu a pergunta de Bella.<br />“Bom, então, sim.”<br />“U-A-U… Edward Cullen”. Ela gostando dele ou não, isso é grande.<br />“Eu sei.” Bella concordou.<br />O tom de sua voz encorajou Jessica. Finalmente - ela soa como se gostasse! Ela deve estar realizada…<br />“Peraí” Jessica falou, de repente se lembrando da pergunta mais vital “Ele já te beijou?” Por favor diga sim. E depois descreva cada segundo!<br />“Não.” Bella disse, e então ela olhou para suas mãos, sua face corando. “Não é bem assim.”<br />Droga. Eu queria… há. parece que ela gostaria disso.<br />Eu franzi o cenho. Bella parecia chateada sobre algo, mas não poderia ser desapontamento como Jessica assumiu. Ela não poderia querer aquilo. Sem saber o que ela sabe. Ela não poderia querer estar perto de meus dentes. Por tudo que ela sabia, eu tinha presas.<br />Eu estremeci.<br />“”Você acha que Sábado…?” Jessica continuou.<br />Bella pareceu mais frustrada do que ela dissse, “Eu realmente duvido.”<br />É, ela realmente desejava. Que droga para ela.<br />Seria porque eu estava ouvindo isso pelo “filtro” das percepções de Jessica que pareceu que ela estava certa?<br />Por um segundo eu me distraí pela idéia, o impossível, sobre como eu gostaria de beijá-la. Meu lábios em seus lábios…<br />E então ela morre.<br />Eu balancei minha cabeça, e me mandei prestar atenção na conversa.<br />“Sobre o que foi que vocês conversaram?” Você conversou com ele, ou você fez ele falar cada informação sobre ele que você queria saber?<br />Eu sorri. Jessica não estava longe.<br />“Eu não sei, Jess, um monte de coisas. Nós falamos um pouco sobre o trabalho de inglês.”<br />Só um pouquinho. Eu sorri, animal.<br />Oh, fala sério. “Por favor, Bella. Me dê alguns detalhes.”<br />Bella pensou por um minuto.<br />“Bom…tudo bem, eu te digo um. Você precisava ter visto a garçonete flertando com ele - foi até um pouco demais. Mas ele não estava prestando nem um pouco de atenção”.<br />Que detalhe estranho para contar. Eu estava surpresa que Bella havia percebido. Pareceu uma coisa bem inconseqüente.<br />Interessante… “Isso é um bom sinal. Ela era bonita?”<br />Hmm, Jéssica deu mais atenção do que eu. Devia ser coisa feminina.<br />- “Muito” - Bella disse a ela - “E devia ter uns 19 ou 20 anos”.<br />Jéssica ficou momentaneamente distraída pela memória de Mike e ela no encontro de segunda à noite - Mike sendo amigável demais com a garçonete que Jessica não tinha considerado nem um pouco bonita. Ela espantou a memória e voltou, oprimindo sua irritação, para perguntar os detalhes.<br />- “Melhor ainda. Ele deve gostar de você”.<br />- “Eu acho que sim” - Bella disse, e eu estava na beirada na cadeira, meu corpo rígido. - “Mas é difícil saber. Ele é sempre tão misterioso”.<br />Eu não devia ter sido tão transparentemente óbvio e fora de controle quanto tinha pensado. Ainda… observadora como ela era… Como não podia perceber que estava apaixonado por ela? Eu procurei por nossa conversa, quase surpreso de não ter dito as palavras em voz alta. Parecia que esse fato estava implícito em cada palavra entre nós.<br />“Uau. Como você senta na frente de um modelo e conversa normalmente? - Não sei como você tem coragem de ficar sozinha com ele”. - Jessica disse.<br />Choque passou pelo rosto de Bella. - “Por quê?”<br />Reação estranha. O que ela acha que eu quero dizer? - “Ele é tão…” - qual é a palavra certa? - “intimidador. Eu não saberia o que dizer a ele” - Nem consegui falar inglês com ele hoje, e tudo que ele disse foi bom dia. Devo ter parecido uma idiota.<br />Bella sorriu. - “Tenho uns problemas de incoerência quando estou perto dele”.<br />Ela devia estar tentando fazer com que Jessica se sentisse melhor. Ela era quase anormalmente possuída quando estávamos juntos<br />- “Ah, sim”. - Jessica suspirou. - “Ele é mesmo incrivelmente bonito”.<br />O rosto de Bella ficou mais frio. Seus olhos brilharam do mesmo jeito que eles faziam quando ela sentia alguma injustiça. Jessica não reconheceu a mudança na expressão dela.<br />- “Há muito mais nele do que isso.” - Bella repreendeu.<br />Aaaah, agora estamos chegando a algum lugar. - “É mesmo? Tipo o quê?”<br />Bella mordeu o lábio por um momento. - “Não posso explicar muito bem…” - ela finalmente disse. - “Mas ele é ainda mais inacreditável por trás daquele rosto.” - Ela desviou os olhos de Jessica, seus olhos ligeiramente desfocados como se estivesse vendo algo muito longe.<br />A emoção que senti agora era remotamente familiar àquela que sentia quando Carlisle ou Esme me exaltavam além do que eu merecia. Similar, mas mais intenso, mais consumidor.<br />Conta essa para outra pessoa - não tem nada melhor que aquele rosto! A não ser o corpo. - Será possível? - Jessica deu um sorriso falso.<br />Bella não se virou. Ela continuou a olhar a distância, ignorando Jessica.<br />Uma pessoa normal estaria triunfante. Talvez se eu mantivesse as perguntas simples. Ha ha. Como se estivesse falando com alguém do jardim de infância. - “Então gosta dele, né?”<br />Fiquei rígido de novo.<br />Bella não olhou para Jessica. - “Sim.”<br />- “Quer dizer, você realmente gosta dele?”<br />- “Sim.”<br />Olha esse rubor!<br />Estava olhando.<br />- “O quanto você gosta dele?”<br />A sala de inglês podia estar em chamas e eu não iria notar.<br />O rosto de Bella estava vermelho vivo agora - quase conseguia sentir o calor da imagem mental.<br />- “Demais.” - ela sussurrou. - “Mais do que ele gosta de mim. Mas não vejo como evitar isso.”<br />Droga! O que o Sr. Varner perguntou agora? - “Hm, que número Sr. Varner?”<br />Foi bom que a Jessica não pudesse mais interrogar Bella. Precisava de um minuto.<br />Que diabos que essa menina estava pensando agora? Mais do que ele gosta de mim? Como ela inventou isso? Mas não vejo como evitar isso? O que isso queria dizer? Não conseguia achar uma explicação racional para as palavras. Era praticamente sem sentido.<br />Parecia que eu não podia ter certeza de nada. Coisas óbvias, coisas que faziam perfeito sentido, de algum jeito se deformavam e viravam ao contrário naquele cérebro bizarro dela. Mais do que ele gosta de mim? Talvez eu não devesse desistir da instituição ainda.<br />Olhei para o relógio, batendo os dentes. Como meros minutos são tão impossivelmente longos para um imortal? Onde estava minha perspectiva?<br />Meu queixo estava fechado por toda a aula de trigonometria do Sr. Varner. Ouvi mais dela do que da minha própria aula. Bella e Jessica não falaram outra vez, mas Jessica espiou Bella várias vezes, e uma vez o rosto dela estava escarlate de novo sem razão aparente.<br />O almoço não ia chegar rápido o suficiente.<br />Não tinha certeza se Jessica iria ter algumas das respostas que eu queria quando a classe terminasse, mas Bella foi mais rápida do que ela.<br />Assim que o sinal tocou, Bella se virou para Jessica.<br />- “Na aula de inglês, o Mike me perguntou se você disse alguma coisa sobre a noite de segunda.” - Bella disse, um sorriso nos cantos dos lábios. Eu entendi isso - o ataque era a melhor defesa.<br />“Mike perguntou sobre mim?” A felicidade deixou a mente de Jessica repentinamente desprotegida, gentil, sem o tom falso de costume. - “Tá brincando! O que você disse?”<br />- “Disse a ele que você falou que se divertiu muito… Ele pareceu satisfeito.”<br />- “Me conta exatamente o que ele disse, e a sua resposta exata!”<br />Claramente isso era tudo o que eu ia arrancar de Jessica hoje. Bella estava sorrindo como se estivesse pensando a mesma coisa. Como se tivesse ganhado a rodada.<br />Bom, o almoço seria outra história. Teria mais sucesso em ter as respostas dela do que de Jessica, ia ter certeza disso.<br />Mas pude suportar espiar os pensamentos da Jessica pela quarta aula. Não tinha paciência para seus pensamentos obsessivos de Mike Newton. Já tinha o agüentado o suficiente nas últimas duas semanas. Ele tinha sorte em estar vivo.<br />Me mexi apaticamente na aula de educação física com Alice, do modo que sempre nos movíamos quando se tratava de atividade física com os humanos. Ela era minha companheira de time, naturalmente. Era o primeiro dia de badminton. Suspirei de tédio, girando a raquete em câmera lenta para acertar a bola e mandá-la para o outro lado. Lauren Mallory estava no outro time; ela errou. Alice rodava sua raquete como um bastão, olhando o teto.<br />Todos nós detestávamos educação física, principalmente Emmett. Fingir jogar era um insulto a sua filosofia. Educação física hoje era pior que o normal - me senti tão irritado quanto Emmett sempre se sentia.<br />Antes que minha cabeça pudesse explodir de impaciência, o treinador Clapp terminou os jogos e nos dispensou mais cedo. Fiquei ridiculamente agradecido que ele tivesse pulado o café-da-manhã - uma nova tentativa de dieta - e a fome conseqüente o tinha deixado com pressa para deixar o campus e encontrar um sanduíche engordurado em algum lugar. Ele prometeu a si mesmo que começaria amanhã de novo…<br />Isto me deu tempo suficiente para chegar ao prédio de matemática antes que a aula de Bella terminasse.<br />Se divirta, Alice pensou enquanto se afastava para encontrar Jasper. Só mais alguns dias para ser paciente. Acho que não vai dizer oi para a Bella por mim, não é?<br />Sacudi a cabeça, exasperado. Todos os que tinham poderes psíquicos eram tão metidos?<br />Só para você saber, vai estar sol dos dois lados da baía esse fim-de-semana. Talvez queira refazer seus planos.<br />Eu suspirei enquanto continuava para a direção oposta. Meditar, mas útil.<br />Apoiei-me na parede perto da porta, esperando. Estava tão perto que podia escutar a voz de Jessica através dos tijolos, assim como seus pensamentos.<br />- “Não vai se sentar com a gente hoje, não é?” Ela parece… animada. Aposto que tem um monte de coisas que não me falou.<br />- “Acho que não.” - Bella respondeu, estranhamente insegura.<br />Não tinha prometido almoçar com ela? O que ela estava pensando?<br />Elas saíram da sala juntas, e os olhos das duas garotas se arregalaram quando me viram. Mas eu só podia ouvir a Jessica.<br />Ótimo. Uau. Ah, com certeza tem mais coisa acontecendo por aqui do que ela me contou. Talvez eu ligue para ela hoje à noite… Ou talvez não deva encorajá-la. Argh. Espero que ele a supere rápido. O Mike é bonitinho, mas… uau.<br />- “A gente se vê depois, Bella.”<br />Bella andou na minha direção, parando a um passo de distância, ainda insegura. Sua pele estava rosa nas bochechas.<br />Eu a conhecia bem o suficiente a essa altura para ter certeza que não havia medo por trás de sua hesitação. Aparentemente, isso era sobre algum abismo que ela tinha imaginado entre os sentimentos dela e os meus. Mais do que ele gosta de mim. Absurdo!<br />- “Oi.” - eu disse, minha voz estava um pouco seca.<br />O rosto dela ficou mais brilhante. - “Oi.”<br />Não parecia que ela ia falar outra coisa, então eu abri caminho até o refeitório e ela andou silenciosamente ao meu lado.<br />A jaqueta tinha funcionado - o cheiro dela não foi o golpe que geralmente era. Só era uma intensificação da dor que eu já sentia. Conseguia ignorar mais facilmente do que uma vez teria acreditado ser possível.<br />Bella estava inquieta enquanto esperávamos na fila, brincando distraída com o zíper de sua jaqueta e mudando o peso, nervosa, de um pé para o outro. Ela me olhou algumas vezes, mas sempre que encontrava meu olhar, olhava para baixo como se estivesse envergonhada. Isso era por que todo mundo estava nos olhando? Talvez ela conseguisse escutar os cochichos - a fofoca era tão verbal quanto mental hoje.<br />Ou talvez ela tenha percebido, pela minha expressão, que estava enrascada.<br />Ela não disse nada até que eu estava reunindo seu almoço. Não sabia do que ela gostava - ainda não - então apanhei um de cada.<br />- “O que está fazendo?” - ela sibilou em uma voz baixa. - “Não está pegando tudo isso para mim, não é?”<br />Sacudi a cabeça, e entreguei a bandeja para o caixa. - “Metade é para mim, é claro.”<br />Ela ergueu uma sobrancelha ceticamente, mas não disse mais nada enquanto eu pagava pela comida e a acompanhava à mesa que nós nos sentamos na semana passada antes da experiência desastrosa com a coleta de sangue. Parecia que tinha sido a mais tempo do que há alguns dias. Tudo estava diferente agora.<br />Ela sentou-se de frente para mim novamente. Eu empurrei a bandeja em sua direção.<br />“Pegue o que quiser”, eu encorajei.<br />Ela escolheu uma maçã, virando ela em suas mãos, um olhar pensativo em seu rosto.<br />“Eu estou curiosa”.<br />Que surpresa.<br />“O que você faria se uma pessoa te desafiasse a comer alguma coisa?” ela continuou em uma voz baixa que não alcançaria os ouvidos humanos. Ouvidos imortais eram um outro caso, se esses ouvidos estivessem prestando atenção. Eu provavelmente devia ter mencionado alguma coisa para eles mais cedo…<br />“Você está sempre curiosa”, eu me queixei. Oh, bem. Não era como se eu nunca tivesse comido antes. Isso fazia parte da charada. Uma parte nem um pouco prazerosa.<br />Eu procurei pela coisa mais próxima e a segurei nas mãos enquanto eu mordia um pedaço do que quer que fosse. Sem olhar, eu não podia dizer. Era repugnante e espesso e repulsivo como qualquer comida humana. Eu mastiguei rapidamente e engoli, tentando manter as caretas fora do meu rosto. O bolo de comida se moveu lenta e desconfortavelmente goela abaixo. Eu suspirei e imaginei em como eu iria ter que colocar isso para fora depois. Nojento.<br />A expressão de Bella estava chocada. Impressionada.<br />Eu quis revirar meus olhos. É claro que nós tínhamos causado algumas decepções.<br />“Se alguém te desafiasse a comer areia, você poderia, não poderia?”<br />O seu nariz se enrugou e ela sorriu. “Eu já fiz isso uma vez…num desafio. Não foi tão ruim”.<br />Eu ri “Eu acho que não estou muito surpreso”<br />Eles parecem à vontade, não parecem? Boa linguagem corporal. Eu vou falar com Bella depois. Ele está se inclinando em direção à ela como se deve, se ele estiver interesse. Ele parece interessado. Ele parece… perfeito. Jessica suspirou. Aiai.<br />Eu encontrei com os olhos curiosos de Jessica, e ela olhou para longe nervosa, dando risadinhas com a garota ao seu lado.<br />Hmmm. Melhor eu ficar com Mike. Realidade, não fantasia…<br />“Jessica está analisado tudo que eu faço,” Eu informei à Bella “Ela vai falar com você sobre isso depois.”<br />Eu empurrei o prato de comida de volta em direção à ela - pizza, eu percebi - imaginando a melhor forma de começar. Minha frustração de antes queimou novamente com as palavras se repetindo em minha cabeça: Muito mais do que ele gosta de mim. Mas eu não sei como posso evitar isso.<br />Ela deu uma mordida no mesmo pedaço de pizza. É impressionante como ela confiava em mim agora. É claro, ela não sabia que eu era venenoso - não que aquele pedaço de comida pudesse machucá-la. Ainda assim, eu esperava que ela me tratasse diferente. Como outra coisa. Ela nunca fez isso - pelo menos, não de uma forma negativa…<br />Eu devia começar de forma gentil.<br />“Então a garçonete era bonita, não era?”<br />Ela ergueu uma sobrancelha de novo. “Você realmente não reparou?”<br />Como se qualquer outra mulher pudesse tirar a minha atenção de Bella. Absurda, de novo.<br />“Não. Eu não estava prestando atenção. Eu tinha muitas coisas na cabeça”. Não pior do que as que haviam sido envolvidas pela sua blusinha fina.<br />Ao menos ela não teria que usar aquele suéter horrível hoje.<br />“Pobre garota” Bella disse, sorrindo.<br />Ela gostou que eu não tivesse achado a garçonete interessante de qualquer forma. Eu podia entender isso. Quantas vezes eu tinha me imaginando mutilando Mike Newton na sala de biologia?<br />Ela não conseguiria compreender honestamente que esses seus sentimentos humanos, fruto de dezessete anos humanos, podiam ser mais fortes que as minhas paixões imortais que tinham se construído por um século.<br />“Algo que você disse pra Jessica…” Eu não conseguia manter a minha voz casual. “Bem, me incomodou”.<br />Ela se colocou imediatamente na defensiva.<br />“Eu não estou surpresa que você tenha ouvido algo de que não tenha gostado. Você sabe o que as pessoa dizem sobre espionar”.<br />Os bisbilhoteiros nunca ouvem bem deles, esse era o ditado.<br />“Eu te disse que estaria ouvindo” eu a lembrei.<br />“E eu te avisei que você não ia querer saber tudo o que eu pensava”.<br />Ah, ela estava pensando de quando eu a fiz chorar. O remorso fez minha voz endurecer.<br />“Você avisou. Porém, você não estava precisamente certa. Eu quero saber o que você pensa - tudo. Eu só queria que você não estivesse pensando em… algumas coisas”.<br />Mais meias-verdades. Eu sabia que eu não podia querer que ela se importasse comigo. Mas eu queria. É claro que eu queria.<br />“Isso é uma distinção”. Ela rosnou, fazendo cara feia para mim.<br />“Mas não é isso que importa no momento”.<br />“Então o que é?”<br />Ela se inclinou em minha direção, sua mão ao redor de seu pescoço. Isso atraiu meus olhos - me distraindo. Como sua pele devia ser suave…<br />Se concentre, eu me ordenei.<br />“Você realmente acredita que gosta de mim mais do que eu gosto de você?” eu perguntei. A pergunta parecia ridícula para mim, como se as palavras estivessem trocadas.<br />Seus olhos se arregalaram, sua respiração parou. Então ela olhou para longe, piscando rapidamente. Sua respiração saiu em um baixo suspiro.<br />“Você está fazendo isso de novo”, ela murmurou.<br />“O que?”<br />“Me deixando deslumbrada”, ela admitiu, encontrando meus olhos cuidadosamente.<br />“Oh” Hmm. Eu não tinha muita certeza do que fazer quanto a isso. Nem eu tinha certeza se eu não queria deslumbrá-la. Eu ainda estava emocionado por eu poder deslumbrá-la. Mas isso não estava ajudando o progresso da conversa.<br />“Não é sua culpa”, ela suspirou “Você não consegue evitar”.<br />“Você vai responder a pergunta?” eu exigi.<br />Ela encarou a mesa. “Sim.”<br />Isso foi tudo que ela disse.<br />“Sim, você vai responder; ou sim, você realmente acha isso?” eu perguntei impacientemente.<br />“Sim, eu realmente acho isso”, ela disse sem olhar para cima. Tinha um fraco tom de tristeza em sua voz. Ela corou de novo, e seus dentes se moveram inconscientemente para mordiscar seu lábio.<br />Abruptamente, eu percebi que isso era muito difícil para ela admitir, porque ela realmente acreditava nisso. E eu não era melhor do que aquele covarde, Mike, pedindo para ela confirmar seus sentimentos antes que eu confirmasse os meus próprios. Não importava que o que eu sentisse estivesse totalmente claro para mim. Eu ainda não os tinha esclarecido para ela, e isso não tinha perdão.<br />“Você está errada”, eu prometi. Ela deve ter ouvido a ternura em minha voz.<br />Bella olhou para mim, seus olhos opacos, não dizendo nada. “Você não tem como saber isso” ela murmurou.<br />Ela achava que eu estava subestimando seus sentimentos porque eu não podia ouvir seus pensamentos. Mas, na verdade, o problema é que ela estava subestimando os meus.<br />“O que te faz pensar isso?” eu me admirei.<br />Ela me encarou, as rugas entre suas sobrancelhas, mordendo seus lábios. Pela milionésima vez, eu desejava desesperadamente que eu pudesse ouvi-la.<br />Eu estava prestes a implorar para que ela me dissesse sobre o que ela tanto pensava, mas ela ergueu um dedo para não me deixar falar.<br />“Me deixe pensar” ela pediu.<br />Enquanto ela estava simplesmente organizando os seus pensamentos, eu podia me manter paciente.<br />Ou podia fingir que mantinha.<br />Ela pressionou suas mãos juntas, cruzando e descruzando seus finos dedos. Ela estava olhando suas mãos como se elas pertencessem à outra pessoa enquanto ela falava.<br />“Bem, tirando o óbvio” ela murmurou. “Às vezes… Eu não posso ter certeza - eu não leio mentes - mas às vezes parece que você está querendo dizer adeus, mas diz outra coisa”, ela não olhou para cima.<br />Ela percebeu, não percebeu? Ela percebeu que foi somente fraqueza e egoísmo que me mantiveram aqui? Ela pensa pior de mim por isso?<br />“É uma questão de perspectiva” eu soltei, então olhei com horror a dor que cruzava a sua expressão. Eu me apressei para contradizer a sua suposição.<br />“Porém, é exatamente por isso que você está errada, no entanto -”, eu comecei, então eu parei, me lembrando das primeiras palavras de sua explicação “O que você quis dizer com ‘o óbvio’?”<br />“Bem, olhe pra mim” ela disse.<br />Eu estava olhando. Tudo o que eu fazia era olhar para ela. O que ela quis dizer?<br />“Eu sou absolutamente normal,” ela explicou. “Bem, com exceção das experiências de quase-morte e de ser tão atrapalhada que eu quase chego a ser uma inválida. E olhe pra você”. Ela abanou o ar em minha direção, como se ela estivesse explicando coisa tão óbvia que não era necessário de se dizer.<br />Ela pensava que era normal? Ela pensou que eu era de alguma forma melhor do que ela? Na avaliação de quem? Pessoas tolas, de mente pequena, humanos cegos como Jessica ou Sra. Cope? Como que ela não percebeu que ela era a mais bela… mais delicada… essas palavras não eram o suficiente.<br />E ela não tinha nem idéia.<br />“Você não se vê muito claramente, sabe” eu disse a ela. Eu tenho que admitir que você estava certa sobre as experiências de quase-morte…” eu ri sem humor. Eu não achava cômico o destino miserável que a assombrava. A falta de jeito, no entanto, era um pouco engraçado. Amável. Ela acreditaria em mim se eu dissesse a ela que ela era linda por dentro e por fora? Apesar de que ela acharia uma corroboração mais persuasiva. “Mas você não ouviu o que todos os seres humanos do sexo masculino nessa escola pensaram de você no seu primeiro dia”.<br />Ah, a esperança, a vibração, a ansiedade daqueles pensamentos. A velocidade com que eles se tornaram em fantasias impossíveis. Impossíveis, porque ela não queria nenhum deles.<br />Eu fui o único a quem ela disse sim.<br />Meu sorriso devia estar parecendo presunçoso.<br />Ela ficou inexpressiva com surpresa. “Eu não acredito nisso,” ela resmungou.<br />“Acredite em mim apenas dessa vez - você é o oposto do comum.”<br />Sua existência era justificativa suficiente pra criação de todo o mundo.<br />Ela não estava acostumada com elogios, eu podia ver isso. Outra coisa a qual ela apenas tinha que se acostumar. Ela se esguichou, e mudou de assunto. “Mas eu não estou dizendo adeus.”<br />“Você não vê? Isso é o que prova que eu estou certo. Eu me preocupo mais, porque se eu tenho que fazer isso…” Algum dia eu seria bondoso o suficiente para fazer a coisa certa? Eu mexi a cabeça sem esperança. Eu teria que encontrar força. Ela merecia uma vida. Não o que Alice tinha visto vindo pra ela. “Se ir embora é a coisa certa a fazer…” E tinha que ser a coisa certa, não tinha? Não havia anjo imprudente. Bella não me pertencia. “Então eu me machucarei para mantê-la sem se machucar, para mantê-la salva.”<br />Enquanto eu dizia as palavras, eu desejava que fosse verdade.<br />Seus olhos cintilaram pra mim. De alguma forma, minhas palavras a irritaram. “E você não acha que eu faria o mesmo?” ela demandou furiosa.<br />Tão furiosa - tão macia e tão frágil. Como ela poderia machucar alguém? “Você nunca teria que fazer essa escolha,” eu disse a ela, novamente triste pela grande diferença entre nós.<br />Ela me fitou, o carinho substituindo a raiva em seus olhos e vindo a tona a pequena dobra entre eles.<br />Havia algo verdadeiramente errado com a ordem do universo se alguém tão bom e tão quebrável não merecia um anjo da guarda para mantê-la fora de problemas.<br />Bem, eu pensei com um humor negro, pelo menos ela tinha um vampiro da guarda.<br />Eu sorri. Como eu gostava da minha desculpa para ficar. “Claro, manter você segura está começando a parecer uma ocupação de tempo integral que requer minha presença constante.”<br />Ela sorriu, também. “Ninguém tentou me matar hoje,” ela disse levemente, e então sua expressão se tornou especulativa por metade de um segundo antes que seus olhos ficassem opacos novamente.<br />“Ainda,” eu adicionei secamente.<br />“Ainda,” ela concordou para minha surpresa. Eu esperava que ela negasse qualquer necessidade de proteção.<br />Como ele pôde? Aquele burro egoísta! Como ele pôde nos fazer isso? O grito da mente pungente de Rosalie quebrou minha concentração.<br />“Fácil, Rose,” eu ouvi Emmett sussurrar do outro lado da cantina. Seus braços estavam a redor dos ombros dela, segurando-a firme a seu lado - restringindo-a.<br />Desculpe, Edward, Alice pensou se culpando. Ela poderia dizer que Bella sabia muito pela conversa de vocês… e, bem, seria pior se eu não a tivesse contado a verdade antes. Confie em mim.<br />Eu estremeci pela figura mental seguinte, do que teria acontecido se eu dissesse a Rosalie que Bella sabia que eu era um vampiro em casa, onde Rosalie não tinha uma fachada a manter. Eu teria que esconder meu Aston Martin em algum lugar fora do estado se ela não se acalmasse até que o tempo escolar acabasse. A visão do meu carro preferido, estropiado e queimando, foi perturbadora - embora eu soubesse que ganharia a retribuição.<br />Jasper não estava muito mais feliz.<br />Eu negociaria com os outros mais tarde. Eu tinha muito pouco tempo permitido pra ficar com Bella, e eu não ia desperdiçá-lo. E ouvir Alice me lembrando que eu tinha alguns trabalhos a fazer.<br />“Eu tenho outra pergunta para você,” eu disse evitando os ataques histéricos mentais de Rosalie.<br />“Diga,” Bella disse sorrindo.<br />“Você realmente precisa ir a Seattle esse sábado, ou é só uma desculpa para fugir de todos os seus admiradores?”<br />Ela fez uma careta para mim. “Você sabe que eu ainda não te perdoei pela coisa com o Tyler. É sua culpa, ele se iludir pensando que eu vou ao baile com ele.”<br />“Oh, ele encontraria uma chance de te convidar sem minha ajuda - eu só queria ver sua cara.”<br />Eu ri nesse momento, lembrando da sua expressão consternada. Nada que eu tinha dito para ela sobre a minha própria história negra tinha feito ela parecer tão aterrorizada. A verdade não a deixava aterrorizada. Ela queria estar comigo. Espantoso.<br />“Se eu tivesse te convidado, você teria recusado?”<br />“Provavelmente não,” ela disse. “Mas eu teria cancelado mais tarde - fingindo estar doente ou ter torcido o tornozelo.”<br />Que estranho. “Por que você faria isso?”<br />Ela balançou a cabeça desapontada que eu não tivesse entendido de primeira.<br />“Você nunca me viu na educação física, eu suponho, eu acho que você entenderia.”<br />Ah. “Você está se referindo ao fato de que você não consiga atravessar uma superfície estável sem achar algo para tropeçar?”<br />“Obviamente.”<br />“Isso não seria um problema. Tudo depende de quem está guiando.”<br />Por uma fração de segundos, eu estava imerso na idéia de segura-la em meus braços em uma dança - onde ela usaria algo bonito e delicado, e não aquele horrível suéter.<br />Com perfeita clareza, eu me lembrei de como o corpo dela se sentiu embaixo do meu logo após tirá-la do caminho da van desgovernada. Mais forte que o pânico ou o desespero ou a mortificação, eu podia lembrar-me daquela sensação. Ela era tão quente e tão macia, se encaixando perfeitamente em minha própria forma de pedra…<br />Eu me libertei da memória.<br />“Mas você ainda não me disse -” eu disse rapidamente, impedindo ela de discutir comigo sobre o seu desajeitamento, como ela claramente pretendeu fazer.<br />“Você está decidida a ir pra Seattle, ou se importaria de fazermos algo diferente?”<br />Divergente - dando a ela uma escolha, sem dar a ela a possibilidade de fugir de mim por um dia. Dificilmente justo da minha parte. Mas eu fiz uma promessa a ela noite passada… E eu gostei da idéia de poder cumpri-la - quase tanto quanto a idéia me aterrorizava.<br />O sol deveria estar brilhando no sábado. Eu poderia mostrar para ela o verdadeiro eu, se eu fosse bravo o suficiente para suportar o seu horror e a repugnância. Eu conhecia apenas um lugar para correr tal risco…<br />“Eu estou aberta a alternativas,” Bella disse.” Mas eu tenho um favor a pedir.”<br />Uma qualificação, sim. O que será que ela queria de mim?<br />“O que?”<br />“Posso dirigir?”<br />Era essa a idéia dela de diversão? “Por quê?”<br />“Bem, é por que quando eu disse a Charlie que iria a Seattle, ele especificamente perguntou se eu iria sozinha, e até o momento eu ia. Se ele perguntar novamente, eu provavelmente não vou mentir, mas não acho que ele vá perguntar de novo, e deixar minha picape em casa só levantaria o assunto sem nenhuma necessidade. E, além disso, porque você dirige de um jeito que me dá medo.”<br />Virei meus olhos para ela. - “De todas as coisas sobre mim que podem te dar medo, você se preocupa com minha direção.” - Realmente, o cérebro dela funcionava de trás para frente. Sacudi a cabeça, desgostoso.<br />Edward, Alice chamou urgentemente.<br />De repente eu estava olhando para um círculo de luz do sol, distraído por uma das visões de Alice.<br />Era um lugar que eu conhecia bem, um lugar que eu tinha considerado levar Bella - uma pequena clareira aonde ninguém ia além de mim. Um lugar bonito e quieto eu podia ficar sozinho - longe de qualquer trilha ou habitação humana, que até minha mente podia ficar calma e ter paz.<br />Alice reconheceu também, porque ela já tinha me visto lá não fazia muito tempo, em outra visão - uma dessas visões rápidas e indistintas que Alice tinha me mostrado no dia em que salvei Bella da van.<br />Nessa visão vacilante, eu não tinha estado sozinho. E agora estava claro - Bella estava lá comigo. Então eu era corajoso o suficiente. Ela olhava para mim, arco-íris dançando em seu rosto, seus olhos insondáveis.<br />É o mesmo lugar, Alice pensou, sua mente cheia de um horror que não combinava com a visão. Tensão, talvez, mas horror? O que ela quis dizer, é o mesmo lugar?<br />E então eu vi.<br />Edward! Alice protestou, estridente. Eu a amo, Edward!<br />Eu a ignorei sem dó.<br />Ela não amava a Bella do jeito que eu amava. A visão dela era impossível. Errada. Ela estava cega, de algum jeito, vendo coisas impossíveis.<br />Nem meio segundo havia se passado. Bella estava olhando curiosamente para meu rosto, esperando que eu concordasse com seu pedido.<br />Ela tinha visto o lampejo de terror, ou tinha sido rápido demais para ela?<br />Me concentrei nela, em nossa conversa inacabada, empurrando Alice e suas visões falhas de meus pensamentos. Elas não mereciam minha atenção.<br />Não consegui manter o tom alegre da brincadeira.<br />- “Não quer contar a seu pai que vai passar o dia comigo?” - eu perguntei, um tom sombrio cobrindo minha voz.<br />- “Com Charlie é melhor não pecar pelo excesso.” - disse Bella, certa deste fato. - “Aonde vamos, aliás?”<br />Alice estava errada. Muito errada. Não tinha chance disso acontecer. E era só uma visão antiga, inválida. As coisas tinham mudado.<br />- “O tempo estará bom” - eu disse a ela lentamente, lutando contra o pânico e a indecisão. Alice estava errada. Eu continuaria como se não tivesse escutado ou visto nada. - “Então vou ficar longe dos olhares públicos… E você pode ficar comigo, se quiser.”<br />Bella entendeu o significado na hora; seus olhos estavam brilhantes e ansiosos. - “E vai me mostrar o que quis dizer, sobre o sol?”<br />Talvez, como tantas vezes antes, a reação dela seria oposta ao que eu esperava. Eu sorri com essa possibilidade, lutando para voltar ao momento mais leve. - “Vou. Mas…” - ela ainda não tinha tido sim. - “se não quiser ficar… só comigo, ainda prefiro que não vá a Seattle sozinha. Eu tremo só de pensar nos problemas que você pode arranjar numa cidade daquele tamanho.”<br />Os lábios dela se juntaram; estava ofendida.<br />- “Phoenix é três vezes maior do que Seattle - só em termos de população. Em tamanho…”<br />- “Mas ao que parece sua hora não ia chegar em Phoenix” - eu disse, cortando suas justificações. - “Então é melhor ficar perto de mim.”<br />Ela podia ficar para sempre e ainda não seria o suficiente.<br />Não devia pensar desse jeito. Nós não tínhamos para sempre. Os segundos que passavam contavam mais do que já haviam contado antes; cada segundo a mudava enquanto eu continuava o mesmo.<br />- “Por acaso, eu não me importo de ficar sozinha com você.” - ela disse.<br />Não - porque seus instintos eram de trás para frente.<br />- “Eu sei.” - suspirei. - “Mas devia contar ao Charlie.”<br />- “Por que diabos eu faria isso?” - ela perguntou, parecendo horrorizada.<br />Olhei para ela, as visões que ainda não conseguia reprimir girando, nauseantes pela minha cabeça.<br />- “Para me dar um pequeno incentivo para leva-la de volta.” - eu sibilei. Ela devia me dar isso - “Uma testemunha para me obrigar a ser cauteloso.”<br />Por que Alice tinha que forçar esse conhecimento para mim justo agora?<br />Bella engoliu ruidosamente, e me encarou com um longo momento. O que ela tinha visto?<br />- “Acho que vou correr o risco.” - ela disse.<br />Argh! Ela ficava animada em arriscar a vida? Alguma dose de adrenalina que ansiava?<br />Eu fiz uma careta para Alice, que encontrou meu olhar com uma expressão de advertência. Ao lado dela, Rosalie estava encarando furiosamente, mas eu não podia ter me importando menos. Deixa que ela destrua o carro. Era só um brinquedo.<br />- “Vamos falar de outra coisa.” - Bella sugeriu de repente.<br />Olhei de volta para ela, me perguntando como ela podia ser tão alheia ao que importava de verdade. Por que ela não me via pelo mostro que eu era?<br />- “Do que você quer falar?”<br />Seus olhos se viraram para a esquerda e então para a direita, como se estivesse checando que ninguém estava escutando. Ela devia estar planejando conversar sobre outro tópico relacionado a mitos. Os olhos congelaram por um segundo e seu corpo enrijeceu, e então ela olhou para mim.<br />- “Por que foi àquele lugar nas Goat Rocks no fim de semana passado… para caçar? Charlie disse que não era um bom lugar para caminhadas, por causa dos ursos.”<br />Tão alheia. Continuei olhando para ela, com uma sobrancelha erguida.<br />- “Ursos?” - ela ofegou.<br />Eu sorri ironicamente, prestando atenção enquanto ela absorvia o fato. Isso a faria me levar a sério? Alguma coisa faria?<br />Ela recompôs a expressão. - “Sabe, ursos não estão na temporada.” - ela disse severamente, estreitando os olhos.<br />-” Se ler com cuidado, as leis só diz respeito a caça com armas.”<br />Ela perdeu o controle de seu rosto por um momento. Sua boca se abriu.<br />- “Ursos?” - ela disse outra vez, uma pergunta experimental dessa vez, não um ofego de choque.<br />- “Os pardos são os preferidos de Emmett.”<br />Eu observei seus olhos, vendo-a se organizar.<br />- “Hmmm “- ela murmurou. Pegou um pedaço de pizza, olhando para baixo. Ela mastigou pensativamente, então tomou um gole da bebida.<br />- “E aí” - ela disse, finalmente olhando para cima. - “Qual é o seu preferido?”<br />Eu achei que devia ter esperado algo assim, mas não tinha. Bella era sempre interessante, no mínimo.<br />- “O leão da montanha.” - eu respondi bruscamente.<br />- “Ah.” - ela disse em uma voz neutra. Seus batimentos cardíacos continuaram estáveis e regulares, como se estivéssemos discutindo um restaurante preferido.<br />Ótimo, então. Se ela queria agir como se isso não fosse nada incomum…<br />- “É claro que precisamos ter o cuidado de não causa impacto ambiental com uma caçada imprudente.” - Eu disse a ela, minha voz desatada e sem emoção. - “Tentamos nos concentrar em áreas com uma superpopulação de predadores… na maior extensão que precisarmos. Sempre há muitos cervos e veados por aqui, e eles vão servir, mas que diversão há nisso?”<br />Ela escutou com uma expressão educadamente interessada, como se eu estivesse passando uma lição de casa. Tive que sorrir.<br />- “Que diversão?” - ela murmurou calmamente, mordendo outro pedaço de pizza.<br />- “O início da primavera é a temporada de ursos preferida de Emmett…” - Eu disse, continuando com a lição. - “Eles estão saindo da hibernação, então são mais irritadiços.”<br />Setenta anos depois, e ele ainda não tinha superado o fato de ter perdido aquela primeira briga.<br />- “Não há nada mais divertido do que um urso pardo irritado.” - Bella concordou, acenando solenemente.<br />Não consegui reprimir uma risadinha quando sacudi a cabeça com a calma ilógica dela. Tinha que ser fingida. - “Me diga o que realmente está pensando, por favor.”<br />- “Estou tentando imaginar… mas não consigo” - ela disse, a pequena ruga aparecendo entre seus olhos. - “Como vocês caçam um urso sem armas?”<br />- “Ah, nós temos armas” - eu disse a ela, então abri um largo sorriso. Esperava que ela se encolhesse, mas ela ficou parada, me olhando. - “Mas não do tipo que consideram quando redigem as leis de caça. Se já viu um ataque de urso pela televisão, deve poder visualizar Emmett caçando.”<br />Ela espirou em direção a mesa onde os outros sentavam, e tremeu.<br />Finalmente. Então eu ri comigo mesmo, porque parte de mim queria que ela continuasse alheia.<br />Seus olhos escuros estavam arregalados e profundos quando voltou a me olhar. - “Você também é como um urso?” - ela perguntou, quase sussurrando.<br />- “Mais como o leão, ou é o que me dizem.” - disse a ela, lutando para parecer desatado novamente. Talvez nossas preferências sejam indicativas.<br />Os lábios dela se levantaram um pouco nos lados. - “Talvez.” - ela repetiu. E então a cabeça dela pendeu para o lado, e curiosidade estava inesperadamente clara em seus olhos. - “É uma coisa que eu poderia ver?”<br />Eu não precisava das imagens de Alice para ilustrar esse horror - minha imaginação já era boa o suficiente.<br />- “Claro que não!” - rosnei para ela.<br />Ela se desviou para longe de mim, seus olhos surpresos e assustados.<br />Eu me afastei também, querendo deixar algum espaço entre nós. Ela nunca iria ver, iria? Ela não faria nenhuma coisa para me ajudar a mantê-la viva.<br />- “É assustador demais para mim?” - ela perguntou a voz composta. Seu coração, no entanto, ainda estava se movimentando em tempo dobrado.<br />- “Se fosse assim, eu levaria você esta noite” - eu revidei pelos dentes. - “Você precisa de uma dose saudável de medo. Nada pode ser mais benéfico para você.”<br />- “Então por quê?” - ela pediu, sem recuar.<br />A encarei sombriamente, esperando que ela ficasse com medo. Eu estava com medo. Podia imaginar muito claramente Bella enquanto eu caçava…<br />Os olhos delas continuaram curiosos, impacientes, nada mais. Ela esperou por sua resposta, sem desistir.<br />Mas nossa hora tinha terminado.<br />- “Depois.” - eu repreendi, e me pus de pé. - “Vamos nos atrasar.”<br />Ela olhou ao seu redor, desorientada, como tivesse esquecido de que estava no almoço. Como se tivesse esquecido que estávamos na escola - surpresa que nãos estivéssemos sozinhos em algum lugar particular. Eu entendia exatamente esse sentimento. Era difícil lembrar do resto do mundo quando eu estava com ela.<br />Ela se levantou rapidamente, sacudindo a cabeça uma vez, e então jogou a mochila no ombro.<br />- “Depois, então.” - ela disse, e eu pude ver a determinação se formar em sua boca; ela ia me segurar nesse assunto.<br /><a title="Link permanente para Décimo Segundo Capítulo - Midnight Sun" href="http://foforks.com.br/2008/08/decimo-segundo-capitulo-midnight-sun/">Décimo Segundo Capítulo - Midnight Sun</a><br />12. Complicações<br />Bella e eu andamos silenciosamente até a aula de biologia. Eu estava tentando me focar no momento, na garota ao meu lado, no que era real e sólido, em qualquer coisa que mantivesse as visões enganosas e sem sentido da Alice longe de minha cabeça.<br />Nós passamos por Angela Weber, lentamente na calçada, discutindo um exercício com um garoto de sua aula de trigonometria. Eu vistoriei os pensamentos dela mecanicamente, esperando mais desapontamentos, somente para ser surpreendido por seu teor melancólico.<br />Ah, então havia alguma coisa que Angela queria. Infelizmente, não era algo que podia ser facilmente embrulhado para presente.<br />Eu me senti estranhamente confortável por um momento, ouvindo a falta de esperança gritante de Angela. Um senso de afinidade de que Angela nunca tomaria conhecimento passou por mim, e eu estava, naquele segundo, quite com aquela garota humana. Eu estava estranhamente consolado em saber que eu não era o único a viver uma trágica história de amor. Corações quebrados estavam por toda parte.<br />No segundo seguinte, eu estava abruptamente e completamente irritado. Porque a história de Angela não tinha que ser trágica. Ela era humana e ele era humano e a diferença que parecia tão intransponível em sua cabeça era ridícula, realmente ridícula comparada à minha própria situação. Não havia razão em seu coração quebrado.<br />Que tristeza mais sem sentido, quando não havia nenhuma razão válida para ela não estar com quem ela queria. Por que ela não tinha o que ela queria? Por que essa história não tinha um final feliz?<br />Eu queria dar a ela um presente… Bem, eu devia dar a ela o que ela queria. Sabendo o meu efeito sob a natureza humana, isso provavelmente não devia ser muito difícil. Eu analisei cuidadosamente a consciência do garoto ao seu lado, o objeto de sua afeição, e ele não pareceu relutante, ele somente estava bloqueado pela mesma dificuldade que ela estava. Falta de esperança e submisso, assim como ela.<br />Tudo que eu tinha que fazer era implantar a sugestão…<br />O plano se formou facilmente, o script se escreveu sozinho sem esforço algum de minha parte. Eu precisaria da ajuda de Emmet - convencê-lo a ir adiante com isso era a única dificuldade de verdade. A natureza humana era muito mais fácil de se manipular do que a natureza vampírica.<br />Eu estava satisfeito com a minha solução, com o meu presente para Angela. Era uma boa distração de meus próprios problemas. Gostaria que os meus fossem tão fáceis de serem resolvidos.<br />Meu humor estava lentamente melhorando enquanto eu e Bella nos sentávamos em nossos lugares. Talvez eu devesse ser mais positivo. Talvez existisse alguma solução para nós que estava me escapando, do mesmo jeito que a solução óbvia para Angela não estava visível para ela. Não é muito provável… mas por que perder tempo com falta de esperança? Eu não tinha tempo a perder quando se tratava de Bella. Cada segundo importava.<br />O Senhor Banner centralizou uma velha TV e vídeo. Ele estava pulando uma sessão que ele não estava particularmente interessado - doenças genéticas - mostrando um vídeo nos próximos três dias. O Óleo de Lorenzo não era uma peça muito alegre, mas isso não parou a excitação na sala. Sem anotações, sem materiais de teste. Três dias livres. Os humanos exultavam.<br />Isso não me importava muito, de qualquer forma. Eu não tinha planejado em prestar atenção em nada além de Bella.<br />Eu não puxei a minha cadeira para longe dela hoje, para me dar espaço para respirar. Ao invés disso, eu sentei perto, ao lado dela, como qualquer humano normal faria. Mais perto do que nós sentamos dentro do carro, perto o suficiente para que o lado esquerdo do meu corpo submergisse no calor que saía de sua pele.<br />Era uma experiência estranha, tanto agradável quanto extremamente irritante, mas eu preferia isso a sentar de frente para ela na mesa. Isso era mais do que eu estava acostumado, e ainda eu rapidamente percebi que não era o suficiente. Eu não estava satisfeito. Estando tão perto assim dela eu queria estar mais perto. A força era maior quanto mais perto eu estava.<br />Eu tinha a acusado de ser um imã para o perigo. Agora mesmo, eu sentia que isso era literalmente verdade. Eu era o perigo, e, cada centímetro que eu me permitia ficar mais próximo dela, sua força de atração aumentava.<br />E então o Senhor Banner desligou as luzes.<br />Foi diferente, quanto de diferença isto fez, considerando que a falta da luz significa pouco aos meus olhos. Eu podia ver perfeitamente quanto antes. Cada detalhe da sala era claro.<br />Então por que o súbito choque de eletricidade no ar, na sala escura que não era escura para mim? Era porque eu sabia que eu era o único que podia ver claramente? Ambos, Bella e eu éramos invisíveis para os outros? Como se estivéssemos sozinhos, somente nós dois, escondidos em uma sala escura, sentados tão perto um do outro…<br />Minha mão se moveu na direção dela sem a minha permissão. Somente para tocar a sua mão, segurá-la na escuridão. Isso teria sido um engano horrível? Se a minha pele a incomodasse, ela só teria que puxar sua mão para longe…<br />Eu puxei rapidamente minha mão de volta, cruzando meus braços firmemente contra o meu peito e cerrei minhas mãos. Sem erros. Eu tinha prometido a mim mesmo que eu não cometeria erros, não importassem quão mínimos eles parecessem. Se eu segurasse a sua mão, eu iria querer mais - outro toque insignificante, outro movimento para mais perto dela. Eu podia sentir isso. Um novo tipo de desejo estava crescendo em mim, lutando para superar meu auto-controle.<br />Sem erros.<br />Bella cruzou seus braços com segurança sob seu próprio peito, e suas mãos estavam travadas como bolas, assim como as minhas.<br />O que você está pensando? Eu estava morrendo para murmurar as palavras para ela, mas a sala estava quieta o suficiente para se ouvir a mínima conversação.<br />O filme começou, iluminando a escuridão um pouco. Bella olhou para mim. Ela notou a maneira rígida que eu mantinha meu corpo - assim como ela - e sorriu. Seus lábios se repartiram lentamente, e seus olhos pareciam cheios de calorosos convites.<br />Ou eu estava vendo o que eu queria ver.<br />Eu sorri de volta; sua respiração saiu em um baixo ofego e ela olhou rapidamente para longe. Isso piorou as coisas. Eu não conhecia seus pensamentos, mas eu estava repentinamente positivo de que eu estava certo antes, e ela queria me tocar. Ela sentia esse desejo perigoso assim como eu.<br />Entre o seu corpo e o meu, a intensa eletricidade.<br />Ela não se moveu pelo resto da hora, mantendo-se rígida, postura controlada enquanto eu me segurava.<br />Ocasionalmente, ela me espiava de novo, e a eletricidade se agitava como se um raio passasse por mim de forma repentina.<br />A hora passou - mesmo assim suficientemente lenta. Isso era tão novo, eu poderia ficar sentado aqui ao lado dela por todo o dia, só para experimentar esse sentimento por completo.<br />Eu tinha dúzias de diferentes argumentos para discutir comigo mesmo enquanto os minutos passaram. Racionalidade lutando contra desejo enquanto eu tentava justificar tê-la tocado.<br />Finalmente, Sr. Banner ligou as luzes novamente.<br />Na brilhante luz fluorescente, a atmosfera do quarto voltou ao normal.<br />Bella suspirou e se espreguiçou, esticando os braços na sua frente. Isto deve ter sido desconfortável para ela se manter naquela posição por muito tempo. Era mais fácil para mim - a imobilidade vinha naturalmente.<br />Eu soltei um risinho pela expressão de alivio em sua face. “Bem, aquilo foi interessante.”<br />“Hmm,” ela murmurou, claramente entendendo sobre o que eu me referi, mas sem fazer comentários. Eu daria tudo para ouvir o que ela estava pensando naquele instante.<br />Eu suspirei. Nem toda a vontade do mundo me ajudaria com aquilo.<br />“Devemos?” Eu perguntei, me levantando.<br />Ela fez uma careta e se pôs de pé de uma maneira instável, com suas mãos espalmadas como se ela estivesse com medo de que fosse cair.<br />Eu poderia oferecer minha mão. Ou poderia colocar minha mão por baixo de seu cotovelo - bem sutilmente - e apoiá-la. Claramente não seria uma infração horrível…<br />Sem equívocos.<br />Ela estava muito quieta enquanto caminhávamos através do ginásio. Entre seus olhos uma ruga se fazia evidente, um sinal de que ela não havia dormido muito. Eu, também, estivera pensando profundamente.<br />Um toque em sua pele não iria machucá-la, argumentava meu lado egoísta.<br />Eu poderia facilmente moderar a pressão de minhas mãos. Isso não era algo dificil, enquanto eu conseguisse me controlar. Meu senso tátil era melhor desenvolvido do que o de um humano. Eu poderia fazer malabarismos com uma dúzia de cristais sem quebrar nenhum. Eu poderia tocar uma bolha de sabão sem estourá-la. Enquanto eu estivesse em meu pleno controle…<br />Bella era como uma bolha de sabão - frágil e efêmera. Temporária.<br />Por quanto tempo eu seria capaz de justificar a minha presença em sua vida? Quanto tempo eu ainda tinha? Eu teria outra chance, como esta, como este momento, este segundo?<br />Ela não estaria sempre ao alcance de meus braços…<br />Bella virou-se para olhar-me à porta do ginásio, seus olhos arregalaram-se diante da expressão de meu rosto. Ela nada falou. Eu olhei para mim mesmo através do reflexo de seus olhos e vi o conflito dentro de mim. Assisti a minha face se alterar enquanto meu melhor lado perdia o argumento.<br />Minha mão se levantou, sem um comando consciente para que isso acontecesse. Tão gentilmente como se ela fosse feita do mais fino vidro, como se ela fosse tão frágil como uma bolha, meus dedos tocaram a pele quente que cobria sua bochecha. Ela esquentou ao meu toque e eu pude sentir seu sangue pulsar por baixo de sua pele alva.<br />Já chega, eu ordenei, apesar de minha mão estar lutando para acariciar sua face. Já chega.<br />Foi dificil de trazer minha mão de volta, de me fazer parar de me mover mais próximo a ela do que eu já mais havia estado. Milhares de diferentes possibilidades explodiram em minha mente em um átmo - milhares de maneiras de tocá-la. A ponta do meu dedo traçando o contorno de seus lábios. Minha palma acariando seu queixo. Puxando a presília de seus cabelos e deixando ele se espalhar em minha mão. Meus braços envolvendo-a pela cintura, segurando-a contra a extensão de meu corpo.<br />Já chega.<br />Eu forcei-me a virar, para mover-me para longe dela. Meu corpo moveu-se pesadamente, sem vontade.<br />Deixei minha mente hesitante para olhá-la enquanto eu caminhava apressadamente para longe, quase correndo da tentação. Eu capturei os pensamentos de Mike Newton - eram os mais audíveis - enquanto ele via Bella passar por ele sem notá-lo, seus olhos sem foco e suas bochechas coradas. Ele se enfureceu e de repente meu nome se misturava a maldições em sua mente. Eu não ajudei muito, sorrindo sarcásticamente em resposta.<br />Minhas mãos estavam formigando. Eu as flexionei e então cerrei os punhos, mas elas continuaram a me aferroar de forma indolor.<br />Não, eu não havia machucado ela - mas ainda assim, tocá-la havia sido um erro.<br />Eu me sentia em chamas - como se a sede ardente em minha garganta tivesse se espalhado por todo o meu corpo.<br />Na próxima vez que eu estivesse próximo a ela, seria eu capaz de me impedir de tocá-la novamente? E se eu a toquei uma vez, seria eu capaz de parar por aí?<br />Sem mais equívocos. Era isso. Contenta-te com a memória, Edward, eu disse para mim mesmo, rindo, e guarda tuas mãos para ti mesmo. Era isso ou eu teria que forçar-me a partir, de alguma forma. Pois eu não poderia permitir a mim mesmo de estar perto dela se eu insistisse em cometer estes erros.<br />Eu respirei profundamente e tentei afirmar meus pensamentos.<br />Emmet me encontrou do lado de fora do prédio de Inglês.<br />“Ei, Edward.” Ele parece melhor, estranho, mas melhor. Feliz.<br />“Ei, Em.” Pareço feliz? Creio que sim, apesar do caos em minha mente, eu me sentia dessa forma.<br />É melhor você manter a boca fechada, garoto. Rosalie quer arrancar sua língua fora.<br />Eu suspirei. “Me desculpe por tê-lo deixado encarregado disso. Está bravo comigo?”<br />“Naw. Rose vai superar isto. Era algo que estava destinado a acontecer de qualquer jeito.” Assim como o que Alice viu…<br />As visões de Alice são algo que eu não quero pensar nesse instante. Eu olhei para o vazio, meus dentes travados juntos.<br />Enquanto eu procurava por alguma distração, eu capturei um pensamento de Ben Cheney, entrando na sala de Espanhol na nossa frente. Ah - aqui estava minha chance de dar a Angela Weber o seu presente.<br />Eu parei de andar e peguei no braço de Emmet. “Espere um segundo.”<br />Que foi?<br />“Eu sei que não mereço, mas você me faria um favor?”<br />“O que é?” ele me perguntou, curioso.<br />Sussurradamente - e numa velocidade que faria as palavras incompreensíveis para qualquer humano, não importasse quão audíveis elas fossem ditas - eu expliquei a ele o que eu queria.<br />Ele me fitou, pasmo, quando eu terminei. Seus pensamentos tão confusos quanto a sua expressão.<br />“E então?” eu perguntei. “Vai me ajudar a fazê-lo?”<br />Levou um minuto para que ele respondesse. “Mas, por que?”<br />“Qual é, Emmet. Por que não?”<br />Quem diabos é você e o que fez com o meu irmão?<br />“Não é você que sempre reclama da escola ser sempre igual? Isto é algo um tanto diferente, não acha? Considere isto um experimento - um experimento sobre a natureza humana.”<br />Ele me fitou por mais um momento antes de dizer. “Bem, isto é diferente, eu o farei… Okay, ótimo.” Emmet bufou e encolheu os ombros. “Eu vou te ajudar.”<br />Eu sorri para ele, me sentindo mais entusiasmado sobre o meu plano, agora que ele estava a bordo. Rosalie era um saco, mas eu sempre devia a ela por ter escolhido Emmet, ninguém tinha um irmão melhor que o meu.<br />Emmet não precisaria praticar. Eu sussurrei as instruções para ele, por sob a minha respiração enquanto entravamos na sala de aula.<br />Ben já estava em sua cadeira, atrás da minha, ajeitando seu dever de casa para entregar.<br />Emmet e eu, ambos sentamos e fizemos o mesmo. A classe ainda não estava em silêncio; o burburinho de conversas paralelas continuaria até que a senhora Goff chamasse a atenção.<br />Ela não tinha pressa, estava contemplando os questionários da aula passada.<br />“Então,” Emmet disse, sua voz mais alta que o necessário - se ele estivesse realmente falando apenas para mim. “Você já convidou a Angela Weber para sair?”<br />O som de papéis farfalhado atrás de mim cessou abruptmente enquanto Ben congelava, sua atenção repentinamente cravada na nossa conversa.<br />Angela? Eles estão falando de Angela?<br />Bom. Eu tinha a sua atenção.<br />“Não,” eu disse, balançando minha cabeça lentamente para parecer arrependido.<br />“Por que não?” Emmet improvisou. “Está com medo?”<br />Eu sorri para ele. “Não, eu ouvi dizer que ela está interessada em outra pessoa.”<br />Edward Cullen vai chamar Angela para sair? Mas… Não. Eu não gosto disto. Eu não o quero perto dela. Ele não… não é bom para ela. Não é… seguro.<br />Eu não havia previsto o cavalheirismo, o instinto protetor. Eu queria a inveja. Mas qualquer coisa funcionaria.<br />“Você vai deixar isso impedir você?” Emmet perguntou, improvisando novamente. “Não está a fim de competição?”<br />Eu me espantei com ele mas fiz uso do que ele me deu. “Olha, eu acho que ela realmente gosta desse tal de Ben. Eu não vou tentar persuadi-la do contrário. Há outras garotas.”<br />A reação na cadeira atrás da minha foi elétrica.<br />“Quem?” Emmet perguntou, de volta ao script.<br />“Meu parceiro de laboratório disse que é algum garoto chamado Cheney. Eu acho que não sei quem é.”<br />Eu mordi meus lábios para não sorrir. Apenas os poderosos Cullens poderiam convencer alguém com esse fingimento de não conhecer cada aluno dessa escola simplória.<br />A cabeça de Ben estava rodando em parafuso. Eu? Acima de Edward Cullen? Mas porque ela iria gostar de mim?<br />“Edward,” Emmet murmurou em um tom baixo, indicando o garoto com os olhos. “Ele está bem atrás de você,” ele mexeu os lábios, de uma maneira tão óbvia que o humano facilmente pode ler as palavras.<br />“Oh,” eu murmurei de volta.<br />Eu virei meu acento e olhei uma vez para o garoto atrás de mim. Por um segundo, os olhos negros, atrás dos óculos, estavam amedrontados, mas então ele enrijeceu e alinhou seus ombros estreitos, afrontado pela minha clara e depreciativa avaliação. Seu queixo se projetou e uma vermelhidão de raiva escureceu sua pele bronzeada.<br />“Huh,” eu disse arrogantemente enquanto me voltava para Emmet.<br />Ele pensa que é melhor que eu. Mas Angela não. Eu mostrarei a ele.<br />Perfeito.<br />“Você não disse que ela levaria Yorkie para o baile?” Emmet perguntou, roncando ao dizer o nome do garoto demonstrando o quanto desprezava sua esquisitice.<br />“Aparentemente esta foi uma decisão tomada pelo grupo.” Eu queria ter certeza de que Ben estava escutando claramente. “Angela é tímida. Se B - se um garoto não tiver coragem de chamá-la, ela nunca chamaria”.<br />“Você gosta de garotas tímidas,” Emmet disse improvisando. Garotas quietas. Garotas tipo… hmm, eu não sei. Talvez Bella Swan?<br />Eu sorri para ele. “Exatamente.” Depois eu voltei para a encenação. “Talvez Angela se canse de esperar. Talvez eu a chame para o baile.”<br />Não, você não vai. Ben pensou, sentando-se em sua cadeira. E daí que ela é muito maior que eu? Se ela não se importar, eu também não me importo. Ela é a garota mais legal, mais esperta e mais bonita dessa escola. E ela me quer.<br />Eu gostei desse Ben. Ele parecia brilhante e bem esclarecido. Talvez até merecesse uma garota como Angela.<br />Eu mostrei meu polegar para Emmet por debaixo da carteira enquanto a Sra. Goff parou e saudou a classe.<br />Ok, eu admito - isso foi um tanto engraçado, Emmet pensou.<br />Eu sorri para mim mesmo, feliz por ter sido capaz de fazer uma história de amor ter um final feliz. Eu sabia que Ben ia cair na armadilha e que Angela iria receber meu presente anônimo. Minha dívida foi paga.<br />Que tolos eram os humanos, deixar um diferencial de 15 centímetros confundir sua felicidade.<br />Meu sucesso me deixou de bom humor. Eu sorri novamente enquanto me arrumava em minha cadeira para ser entretido. Afinal de contas, como Bella disse no almoço, eu nunca a havia visto em ação em uma aula de educação física antes.<br />Os pensamentos de Mike eram os mais fáceis de encontrar no monte de vozes que havia pela quadra. Sua mente tinha se tornado bem familiar nas últimas semanas. Com um suspiro eu me renunciei para ouvir através dele. Pelo menos eu poderia ter certeza que ele estaria prestando atenção em Bella.<br />Eu estava quase pronto para ouvir ele se oferecendo para ser o parceiro de Bella. Meu sorriso se fechou, meus dentes se apertaram e eu tive que lembrar a mim mesmo que matar Mike Newton não era uma opção permissível.<br />“Obrigada, Mike - você não precisa fazer isso, sabe?”<br />“Não se preocupe, eu ficarei fora de seu caminho.”<br />Eles sorriram um para o outro, e flashes de numerosos acidentes - todos conectados a Bella de alguma forma - se passando pela cabeça de Mike.<br />Mike jogou sozinho primeiro, enquanto Bella hesitava na metade de trás do pátio, segurando sua raquete cautelosamente, como se ela fosse alguma espécie de arma. Então o treinador bateu palmas enquanto caminhava e disse a Mike para deixar Bella jogar.<br />Uh oh, Mike pensou enquanto Bella caminhava com um suspiro, segurando sua raquete em um ângulo estranho.<br />Jennifer Ford jogou diretamente na direção de Bella com uma satisfação rondando seus pensamentos. Mike viu Bella dar uma guinada, batendo a raquete muito longe de seu alvo, e ele entrou para tentar salvar a jogada.<br />Eu observei a trajetória da raquete de Bella com atenção. Com certeza ela tinha acertado a rede esticada e saltou de volta para ela, dando uma pancada em sua testa antes de quicar para acertar o braço de Mike com um ressonante “thwack”.<br />Ow. Ow. Uhm. Isso vai deixar um hematoma.<br />Bella estava esfregando sua testa. Era difícil para mim ficar parando no lugar onde eu estava, sabendo que ela estava machucada. Mas o que eu poderia fazer se estivesse lá? E não parecia ser algo sério… eu hesitei, assistindo. Se ela tentasse continuar a jogar, eu teria que arrumar uma desculpa para tirá-la da aula.<br />O treinador riu. “Desculpe, Newton.” Essa garota era a mais azarada que eu já tinha visto. Não devia infligir sua presença aos outros.<br />Ele virou suas costas deliberadamente e se moveu para assistir a outro jogo para que Bella pudesse voltar ao seu lugar de espectadora.<br />Oh, Mike pensou de novo, massageando seu braço. Ele se virou para Bella. “Você está bem?”<br />“Sim, e você?” ela perguntou timidamente, corando.<br />“Acho que posso superar.” Não queria parecer um bebê chorão. Mas, cara, aquilo doía!<br />Mike balançou seu braço em um círculo, retrocedendo.<br />“Eu ficarei aqui atrás,” Bella disse, além de dor, vergonha e desgosto em sua expressão.<br />Talvez Mike tivesse feito o pior. Eu certamente esperava que esse fosse o caso. Pelo menos ela não estava mais jogando. Ela segurou sua raquete com tanto cuidado atrás de suas costas, seus olhos grandes com remorso… eu tive que disfarçar a risada em uma tossida.<br />O que é engraçado? Emmet quis saber.<br />“Te digo depois,” eu murmurei.<br />Bella não se aventurou a jogar de novo. O treinador a ignorou e deixou Mike jogar sozinho.<br />Eu fiz os exames rapidamente, ao final de uma hora e Sra. Goff me deixou sair mais cedo. Eu estava ouvindo Mike atentamente enquanto cruzava o campus. Ele havia decidido confrontar Bella a meu respeito.<br />Jessica jura que eles estão se vendo. Por que? Por que ele tinha que escolhe-la?<br />Ele não havia reconhecido o fenômeno real - que ela me escolheu.<br />“Então.”<br />“Então o que?” ela perguntou.<br />“Você e Cullen, hein?” Você e o esquisitão. Eu me pergunto, se um cara rico é tão importante para você.<br />Eu cerrei os dentes sob sua degradante suposição.<br />“Isso não é da sua conta, Mike.”<br />Defensiva. Então é verdade. Droga. “Eu não gosto disso.”<br />“Você não precisa gostar.” ela rebateu.<br />Por que ela não podia ver o show de circo que ele era? Como eles todos são. O jeito que ele fica perto dela. Me dá até calafrios de ver. “Ele olha para você como… como se você fosse algo comestível.”<br />Eu me encolhi, esperando pela resposta dela.<br />Seu rosto se tornou vermelho brilhante, e seus lábios se fecharam com força, como se ela estivesse segurando a respiração. Então, subitamente, um riso falso saiu de seus lábios.<br />Agora ela está rindo de mim. Ótimo.<br />Mike se virou, com pensamentos sombrios e foi se trocar.<br />Eu me encostei na parede da quadra e tentei me recompor.<br />Como ela poderia ter rido da acusação de Mike - uma acusação tão certa que comecei a pensar que Forks tinha se tornado muito percebido… Por que ela riria da acusação de que eu poderia matá-la, quando ela sabia que isso era inteiramente verdade? Onde estava o humor nisso?<br />O que havia de errado com ela?<br />Ela tinha um senso de humor mórbido? Que não se encaixava com a idéia que eu tinha de seu caráter, mas como eu poderia ter certeza? Ou talvez meu sonho de que o tolo anjo estava certo sobre uma coisa, que ela não sentia medo. Corajosa - essa era uma palavra para isso. Outros poderiam dizer estúpida, mas eu sabia quão inteligente ela era. Não importa por que razão, essa falta de medo ou senso de humor retorcido não era bom para ela. Era essa estranha falta de medo que a colocava em perigo tão constantemente? Talvez ela precisasse de mim aqui para sempre…<br />De repente, meu humor estava aceso.<br />Se eu pudesse simplesmente me disciplinar, me fazer seguro, então talvez fosse certo para mim ficar com ela.<br />Quando ela saiu pelas portas da quadra, seus ombros estavam duros e seu lábio inferior estava entre seus dentes de novo - um sinal de ansiedade. Mas assim que seus olhos encontraram os meus, seus ombros rígidos relaxaram e um largo sorriso apareceu em seu rosto. Essa era uma estranha expressão de paz. Ela caminhou em minha direção sem hesitar, só parando quando ela estava tão perto que a temperatura de seu corpo bateu em mim como uma onda de maré.<br />“Oi,” ela sussurrou.<br />A felicidade que eu senti nesse momento era, novamente, sem precedentes.<br />“Olá,” eu disse, e depois - porque com meu humor subitamente tão leve eu não podia resistir em importuná-la - eu adicionei “Como foi a educação física?”<br />Seu sorriso hesitou. “Bem.”<br />Ela era uma péssima mentirosa.<br />“Sério?” eu perguntei, pressionando-a - eu ainda estava preocupado com sua cabeça; ela estava sentindo dor? - mas então os pensamentos de Mike Newton estavam tão altos que quebraram minha concentração.<br />Eu o odeio. Eu queria que ele morresse. Eu desejo que ele bata aquele carro brilhante diretamente contra um penhasco. Por que ele não pode simplesmente deixá-la em paz? Debandar para seu próprio tipo - para os esquisitos.<br />“O que?” Bella exigiu.<br />Meus olhos se refocaram em seu rosto. Ela olhou para as costas de Mike e depois de volta para mim.<br />“Newton me deixa nos nervos,” eu admiti.<br />Sua boca se abriu e seu sorriso desapareceu. Ela devia ter se esquecido que eu tinha o poder de assistir sua última hora calamitosa, ou tinha esperança de que eu não o tivesse utilizado. “Você estava ouvindo de novo?”<br />“Como está sua cabeça?”<br />“Você é inacreditável!” ela disse através dos dentes e então me deu as costas e cruzou furiosamente o estacionamento. Sua pele ruborizou e ficou vermelho-escura - ela estava envergonhada.<br />Eu continuei andando com ela, esperando que sua raiva passasse logo. Ela normalmente era rápida para me perdoar.<br />“Foi você quem disse que eu nunca tinha visto você na educação física,” eu expliquei. “Isso me deixou curioso.”<br />Ela não respondeu; suas sobrancelhas se juntaram.<br />Ela parou subitamente no estacionamento quando ela percebeu que o caminho para o meu carro estava bloqueado por uma multidão de estudantes do sexo masculino.<br />Eu me pergunto quão rápido eles andam nisso.<br />Olhe só a marcha SMG paddles. Eu nunca os havia visto fora das páginas de revista.<br />Belos side grills.<br />Com certeza eu queria ter 60 mil dólares para passear…<br />Esse era exatamente o motivo pelo qual era melhor que usássemos apenas o carro de Rosalie.<br />Eu caminhei da multidão de garotos cheios de luxúria para o meu carro; depois de um momento de hesitação, Bella me seguiu.<br />“Ostentação,” eu murmurei quando ela entrou no carro.<br />“Que tipo de carro é esse?” ela se perguntou.<br />“Um M3.”<br />“Eu não leio a Carro e Motorista.”<br />“É um BMW.” Eu rolei meus olhos e os foquei na ré para não passar por cima de ninguém. Eu tive de encarar alguns meninos que não pareciam querer sair do meu caminho. Meio segundo encarando meu olhar pareceu ser suficiente para convencê-los.<br />“Você ainda está brava?” eu perguntei a ela. Sua expressão estava relaxada.<br />“Definitivamente,” ela respondeu brevemente.<br />Eu suspirei. Talvez eu não devesse ter contado a ela. Oh, bem, eu poderia dar uma recompensa, eu supunha. “Você me perdoará se eu pedir desculpas?”<br />Ela pensou sobre isso por um momento. “Talvez… se você realmente estiver arrependido,” ela decidiu. “E se você prometer não fazer isso de novo.”<br />Eu não ia mentir para ela, mas não havia jeito de prometer isso a ela. Talvez se eu oferecesse uma boa troca.<br />“Que tal se eu realmente estiver arrependido e eu concordar em deixar você dirigir no sábado?” Eu contraí os músculos com esse pensamento.<br />A ruga entre seus olhos enquanto ela considerava a nova barganha. “Feito,” ela disse depois de um momento pensando.<br />Agora, para minhas desculpas… eu nunca tinha tentado deslumbrar Bella de propósito antes, mas agora parecia ser uma boa hora. Eu olhei no fundo de seus olhos enquanto eu dirigia para longe da escola, me perguntando se eu estava fazendo o caminho correto. Eu usei meu tom mais persuasivo.<br />“Então, eu sinto muitíssimo por ter deixado você triste.”<br />Seu batimento cardíaco acelerou e ficou mais alto que antes e o ritmo ficou abruptamente destacado (Referente à musica. Modo de executar destacando nitidamente cada nota.) Seus olhos se abriram um pouco, parecendo atordoados.<br />Eu dei um meio-sorriso. Pareceu que eu tinha feito corretamente. É claro que eu estava tendo um pouco de dificuldade olhando através de seus olhos também. Eu estava igualmente deslumbrado. Ter essa estrada memorizada era uma boa coisa.<br />“E eu estarei à sua porta cedo no sábado de manhã,” eu adicionei, finalizando o acordo.<br />Ela piscou rapidamente, balançando a cabeça como se para clareá-la. “Uh,” ela disse “Não ajudaria muito com a história para o Charlie se eu não explicar um Volvo deixado na garagem.”<br />Ah, como ela me conhecia pouco. “Eu não pretendia levar um carro.”<br />“Como-” ela começou a perguntar.<br />Eu a interrompi. A resposta seria difícil de explicar sem uma demonstração, e agora não era o momento certo. “Não se preocupe com isso. Eu estarei lá. Sem carro.”<br />Ela entortou um pouco a cabeça para o lado, e me olhou por um segundo como se fosse me pressionar para saber mais, mas depois pareceu mudar de idéia.<br />“Já está muito tarde?” ela perguntou, me lembrando da conversa interminada na cafeteria mais cedo; ela esqueceria uma pergunta difícil apenas para se lembrar de outra pior.<br />“Eu acho que está tarde,” eu concordei sem vontade.<br />Eu estacionei em frente à sua casa, tenso em pensar em como explicar… sem deixar muito evidente minha monstruosa natureza, sem assustá-la novamente.<br />Ela esperou com a mesma máscara educadamente interessada que ela havia usado no almoço. Se eu tivesse sido menos ansioso, sua calma teria me feito rir.<br />“E você ainda quer saber por que não pode me ver caçar?” eu perguntei.<br />“Bem, na verdade eu estava imaginando sua reação,” ela disse.<br />“Eu assustei você?” eu perguntei, certo de que ela negaria.<br />“Não.”<br />Eu tentei não rir. E falhei. “Peço desculpas por ter assustado você.” E então meu sorriso se desfez com o humor momentâneo. “Foi só o pensamento de ter você lá… enquanto nós caçamos.”<br />“Isso seria ruim?”<br />A figura mental era demais - tão vulnerável na escuridão vazia; eu, fora de controle. Eu tentei banir isso da minha cabeça. “Extremamente.”<br />“Por que…?”<br />Eu respirei fundo, me concentrando por um momento na sede que queimava. Sentindo-a, monitorando-a, provando minha dominação sobre ela. Ela nunca me controlaria novamente - eu desejei que isso fosse verdade. Eu seria seguro por ela. Eu olhei para as nuvens bem vindas sem realmente vê-las, desejando que minha determinação fizesse alguma diferença se eu estivesse caçando quando sentisse seu cheiro.<br />“Quando caçamos… nos entregamos aos nossos instintos,” eu disse a ela, pensando em cada palavra antes de dizê-las. “Governamos menos a mente. Especialmente o olfato. Se você estivesse em algum lugar por perto enquanto eu estivesse fora de controle desse jeito…”<br />eu balancei minha cabeça com agonia ao pensar no que iria - não no que poderia, mas no que iria - certamente acontecer.<br />Eu ouvi o espigão em seus batimentos e depois me voltei, sem descanso, para ler seus olhos.<br />Sua face estava composta, seus olhos graves. Sua boca estava levemente cerrada, o que eu pensava ser preocupação. Mas preocupação com o quê? Sua própria segurança? Ou minha angústia? Eu continuei a olhar para ela, tentando traduzir sua expressão ambígua em fato concreto.<br />Ela olhou de volta. Seus olhos ficaram maiores por um instante e suas pupilas se dilataram, embora a luz não tivesse mudado.<br />Minha respiração acelerou e, de repente, o silêncio no carro parecia zunir, como na escura sala de <a href="http://foforks.com.br/2008/08/decimo-segundo-capitulo-midnight-sun/">biologia</a> naquela tarde. A pulsação corrente passou entre nós novamente, e meu desejo de tocá-la era, brevemente, mais forte que a demanda da minha sede.<br />A pulsante eletricidade me fez sentir como se eu tivesse pulsação de novo. Meu corpo cantou com isso. Eu me senti quase… humano. Mais que qualquer coisa no mundo, eu queria sentir os lábios dela contra os meus. Por um segundo, eu lutei desesperadamente para encontrar a força, o controle, para poder colocar minha boca tão perto de sua pele.<br />Ela sugou uma quantidade enorme de ar e só então eu percebi que quando minha respiração acelerou, ela parou de respirar no mesmo momento.<br />Eu fechei meus olhos, tentando quebrar a conexão entre nós.<br />Sem mais erros.<br />A existência de Bella estava atada a milhões de delicados processos químicos, todos tão facilmente rompidos. A rítmica expansão de seus pulmões, a passagem de oxigênio, era vida ou morte para ela. A cadência agitada de seu frágil coração poderia ser parada por tantos acidentes idiotas, ou doenças, ou… por mim.<br />Nenhum membro de minha família hesitaria se lhes fosse dada uma chance de voltar atrás - se imortalidade pudesse ser trocada pela mortalidade de novo. Qualquer um no nosso mundo ficaria no fogo por isso. Queimaria por quantos anos ou séculos fosse necessário.<br />A maioria de nossa espécie prezava a imortalidade mais que qualquer coisa. Existiam até certos humanos que buscavam isso, que procuravam em lugares escuros alguém que pudesse lhes dar o mais sombrio dos presentes…<br />Não nós. Não minha família. Nós poderíamos trocar qualquer coisa para sermos humanos.<br />Mas nenhum de nós já esteve desesperado por um caminho de volta como eu estava agora.<br />Eu olhei para as microscópicas fossas e defeitos no pára-brisas, como se houvesse alguma solução escondida no vidro. A eletricidade não havia desaparecido, e eu tive que me concentrar para manter minhas mãos no volante.<br />Minha mão direita começou a latejar sem dor de novo, de quando eu a havia tocado antes.<br />“Bella, eu acho que você devia entrar agora.”<br />Ela obedeceu de primeira, sem comentar, saindo do carro e batendo a porta atrás dela. Ela havia sentido o potencial de desastre tão claramente quanto eu?<br />Sair a machucou tanto quanto a mim por deixá-la ir? O único consolo é que eu a veria em breve. Antes do que ela pudesse me ver. Eu sorri ao pensar nisso e então desci o vidro e me debrucei para falar com ela mais uma vez - era seguro agora com o calor de seu corpo fora do carro.<br />Ela se virou para ver o que eu queria, curiosa.<br />Ainda curiosa, embora ela tivesse me feito tantas perguntas hoje. Minha própria curiosidade estava inteiramente insatisfeita; responder as perguntas dela hoje só haviam me feito revelar meus segredos - eu tinha tirado pouco dela a não ser por minhas suposições. Isso não era justo.<br />“Oh, Bella.”<br />“Sim?”“Amanhã é minha vez.”<br />Sua testa se enrugou. “Sua vez de quê?”<br />“Fazer perguntas.” Amanhã, quando estivéssemos em um lugar mais seguro, cercado de testemunhas, eu conseguiria minhas próprias respostas. Eu sorri com esse pensamento e depois eu me virei, porque ela não fez sinal de se afastar. Mesmo com ela fora do carro, o eco da eletricidade moveu-se rapidamente no ar. Eu queria sair também ir com ela até a porta, para ter uma desculpa para ficar ao seu lado.<br />Sem mais erros. Eu liguei o carro e depois suspirei enquanto ela desaparecia atrás de mim. Parecia que eu estava sempre correndo em direção à Bella ou correndo dela, nunca ficando no lugar. Eu tinha que achar um jeito de me segurar se algum dia nós tivéssemos um pouco de paz.Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com24tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-24310103834835778522009-01-13T11:25:00.000-08:002009-01-13T11:30:36.268-08:00As Sinopses<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiygtMi56giNSR8RKg1kSL74AqFLQFTI2BHcsB5nu_-SDBrPQK0WYvFkTlodDy3oMgUxiXv7P67PvCw7kSDc7u2_TJnq2Efhzqqh00ld6BrgnxbomN8KpOSfH3WvYrYiuLJfA2L9k4hSaK5/s1600-h/78829896ty3.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5290862719415968994" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 100px; CURSOR: hand; HEIGHT: 150px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiygtMi56giNSR8RKg1kSL74AqFLQFTI2BHcsB5nu_-SDBrPQK0WYvFkTlodDy3oMgUxiXv7P67PvCw7kSDc7u2_TJnq2Efhzqqh00ld6BrgnxbomN8KpOSfH3WvYrYiuLJfA2L9k4hSaK5/s320/78829896ty3.jpg" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijhva-3alh694JgkrX-03bZQ7T-urj1npzUQsU7hyB-iPdyD_AemVP-Wk8Hro1NGz3SLn76FtC-RoqH8X09cXE0JZZrdq59EDSekarKSsbWdoKB7feVaV-xAKRzoB26WvGgsVO8BQ-UVep/s1600-h/col_luz_e_sombra%5B1%5D.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5290862434334506386" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 153px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijhva-3alh694JgkrX-03bZQ7T-urj1npzUQsU7hyB-iPdyD_AemVP-Wk8Hro1NGz3SLn76FtC-RoqH8X09cXE0JZZrdq59EDSekarKSsbWdoKB7feVaV-xAKRzoB26WvGgsVO8BQ-UVep/s320/col_luz_e_sombra%5B1%5D.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div> Crepúsculo - Isabella Swan, de 17 anos, nunca tentou ser como os outros jovens da sua idade. Sendo uma jovem responsável, tímida e reclusa dentro de si mesma, ela muda-se da grande e quente cidade de Phoenix para Forks, uma chuvosa e nublada vila do interior, tão pequena que quase todos os habitantes se conhecem. É ali que Bella irá morar com seu pai e é na sua nova escola que ela conhece os Cullen, cinco intrigantes jovens de uma extrema beleza. É neste mistério que caracteriza a família, que Bella vê-se envolvida com Edward Cullen, jovem pálido e de cabelos cor de bronze que mostrará um novo universo a Bella, transformando completamente o rumo da sua vida e deixando a sua história bem mais emocionante. O que Bella não sabe, é que quanto mais se aproxima de Edward, mais perigo cria tanto para si como para as pessoas que ela própria ama. É então que James, um vampiro viciado em caçadas se determina em matá-la, uma vez que não resiste ao cheiro do seu sangue. Mas o amor que une Edward e Bella é tão forte que consegue ultrapassar o desafio e James é destruído.</div><br /><br /><div></div><br /><br /><div></div><br /><br /><div></div><br /><br /><div><br /> Lua Nova - Lua Nova inicia no dia do aniversário de Bella. A família Cullen prepara uma festa para Bella em sua casa, oferecendo-lhe presentes que esta recusa imediatamente, mas que algum tempo depois, aceita. Ao abrir um presente, Bella corta-se no papel e Jasper, o que se juntou família mais recentemente e o que tem mais dificuldade em se conter ao cheiro de sangue, observa o gesto de Bella. Ao ver a minúscula mas suficiente gota de sangue em seu dedo, Jasper não consegue evitar e tenta atacá-la. É por esse motvo que Edward e sua família vão embora de Forks. Ele teme que esteja colocando a vida de Bella em perigo. Bella entra em uma depressão profunda por vários meses depois que ele parte, até que ela desenvolve uma forte amizade com o lobisomem Jacob Black. Jacob e os outros lobisomens de sua vila devem protegê-la de Victoria, uma vampira má que pretende se vingar de Edward por ele ter matado James, matando Bella. Bella ainda em depressão, tenta suicidar-se, quase se afogando no mar, mas não morre. Um mal-entendido ocorre, e Edward pensa que Bella está realmente morta. Desesperado, ele decide então cometer suicídio, apelando para os Volturi, uma grupo que representa espécie de ‘realeza’ entre os vampiros e aplica ‘leis’ para manter sua espécia em segredo. Ele vai a Volterra, Itália, procurando pelos Volturi, mas Bella o detém. Eles se encontram com os Volturi antes de retornarem para Forks e Aro, seu lider, demonstra um interesse especial em Bella, considerando que seu conhecimento sobre os vampiros pode colocar sua espécie em perigo e exigindo que ela seja morta ou transformada em vampira também. Alice Cullen, irmã adotiva de Edward, se compromete a transformá-la em um futuro próximo.</div><br /><br /><div></div><br /><br /><div></div><br /><br /><div></div><br /><br /><div></div><br /><br /><div><br /> Eclipse - Bella ainda está sendo caçada por Victoria, que montou um exército de vampiros “recém-nascidos”. Enquanto isso, Bella é forçada a escolher entre sua relação com Edward e sua amizade com Jacob, sabendo que, uma vez sua decisão sendo feita, ela não poderia voltar atrás. Ela própria sabe que um século antes do seu nascimento, o bisavô de Jacob assinou um acordo com a família Cullen, em que estes prometeriam não atacar seres humanos. Se Bella escolhe a amizade de Jacob, esta é morta por Aro. Se Bella escolhe o amor de Edward, tornar-se-á numa vampira e originará uma batalha entre lobisomens e vampiros, uma vez que a família Cullen quebra o acordo em que promete não atacar humanos. A família de vampiros de Edward e o grupo de lobisomens de Jacob juntam forças para lutar contra o exército de vampiros de Victoria, mesmo sendo inimigos. Antes da batalha, Edward pede Bella em casamento, e ela aceita. A batalha começa, e Victoria e seu exército de vampiros são destruídos. Durante a luta, Jacob é severamente ferido, mas se recupera. No fim, Bella escolhe o amor de Edward, Jacob fica arrasado ao ouvir sua decisão e parte para longe de Forks.</div><br /><br /><div></div><br /><br /><div></div><br /><br /><div></div><br /><br /><div></div><br /><br /><div><br /> Breaking Dawn - Bella e Edward se casam e vão passar a Lua de Mel no Brasil. Eles voltam repentinamente pois Bella descobre que está grávida. Edward quer que Bella faça um aborto pois tem medo de que a criatura a mate. Bella pede ajuda a Rosalie e ela cuida de Bella enquanto está grávida. O bebê representa uma “maldição” para os Lobisomens, pois não sabem que criatura irá nascer (meio homem meio vampiro). O bando planeja destruir a criatura antes que ela nasça, e consequentemente Bella também. Jacob não aceita isso e se rebela contra o bando, se tornando um Alfa também. Bella definha a medida que a gestação avança. Os Cullen descobrem que devem alimentar Bella com sangue para que a criança não a mate, e ela começa a beber sangue humano. A gestação dura pouquíssimo tempo, a criança nasce e Edward transforma Bella em uma Vampira, antes que ela morra depois o parto. Ela não sofre com os sintomas de um recém nascido. A criança se chama Reneesme e quando ela toca alguém, consegue fazer a pessoa ver as imagens que ela quiser. Bella conta a Charlie sobre sua vida, mas não revela diretamente que é uma vampira. Ela começa a testar seus poderes. Jacob tem uma impressão com Reneesme, e fica por perto todo tempo. Alice vê que os Volturi estão vindo para matar Reneesme, e Aro quer o poder de Alice para o clã dele. Ela foge com Jasper. Carlisle chama todos os vampiros que ele conhece para que possam contar aos Volturi que Reneesme não é um perigo. Todos esperam na mansão Cullen até que os Volturi chegam. Bella descobre que tem o poder de formar um escudo ao redor dela, que a protege dos poderes dos outros vampiros. Quando os Cullen, seus amigos, os Lobisomens e os Volturi estão frente a frente para uma batalha, Bella envolve todos com seu escudo e nada os atinge. Alice volta e traz com ela um meio-vampiro meio-humano para provar que não há problema em deixar Reneesme viva. Não há luta. Aro entende que a criança não representa problemas e os Volturi vão embora. Edward e Bella vivem felizes para sempre!</div></div>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-14855594474974232492009-01-10T13:24:00.000-08:002009-01-10T13:50:52.723-08:00Crepúsculo 1 CapituloPRÓLOGO<br />nunca pensei muito em como morreria — embora nos<br />últimos meses tivesse motivos suficientes para isso —, mas, mesmo<br />que tivesse pensado, não teria imaginado que seria assim.<br />Olhei fixamente, sem respirar, através do grande salão, dentro dos<br />olhos escuros do caçador, e ele retribuiu satisfeito o meu olhar.<br />Sem dúvida era uma boa forma de morrer, no lugar de outra pessoa,<br />de alguém que eu amava. Nobre, até. Isso devia contar para alguma<br />coisa.<br />Eu sabia que, se nunca tivesse ido a Forks, agora não estaria diante<br />da morte. Mas, embora estivesse apavorada, não conseguia me arrepender<br />da decisão. Quando a vida lhe oferece um sonho muito além de<br />todas as suas expectativas, é irracional se lamentar quando isso chega<br />ao fim.<br />O caçador sorriu de um jeito simpático enquanto avançava para<br />me matar.<br />amostra Crepusculo.indd 2 13.03.08 16:42:<br />3 <br />1. À PRIMEIRA VISTA<br />minha mãe me levou ao aeroporto com as janelas do<br />carro abertas. Fazia 24 graus em Phoenix, o céu de um azul perfeito<br />e sem nuvens. Eu estava com minha blusa preferida — sem mangas,<br />de renda branca com ilhoses; eu a vesti como um gesto de despedida.<br />Minha bagagem de mão era uma parca.<br />Na península Olympic, do noroeste do estado de Washington,<br />há uma cidadezinha chamada Forks, quase constantemente debaixo de<br />uma cobertura de nuvens. Chove mais nessa cidade insignifi cante do<br />que em qualquer outro lugar dos Estados Unidos. Foi desse lugar e de<br />suas sombras melancólicas e onipresentes que minha mãe fugiu comigo<br />quando eu tinha apenas alguns meses de idade. Nessa cidade eu fui<br />obrigada a passar um mês a cada verão até ter 14 anos. Foi então que<br />fi nalmente bati o pé. Nos últimos três verões, meu pai, Charlie, passou<br />duas semanas de férias comigo na Califórnia.<br />Era em Forks que agora eu me exilava — uma atitude que<br />assumi com muito pavor. Eu detestava Forks.<br />Eu adorava Phoenix. Adorava o sol e o calor intenso. Adorava a<br />cidade vigorosa e esparramada.<br />— Bella — disse minha mãe, pela centésima vez, antes de eu<br />entrar no avião —, você não precisa fazer isso.<br />Minha mãe é parecida comigo, a não ser pelo cabelo curto e as<br />amostra Crepusculo.indd 3 13.03.08 16:42:<br />4 <br />rugas de expressão. Senti um espasmo de pânico ao fi tar seus olhos<br />arregalados e infantis. Como eu podia deixar que minha mãe amorosa,<br />instável e descuidada se virasse sozinha? É claro que ela agora<br />tinha o Phil, então as contas provavelmente seriam pagas, haveria<br />comida na geladeira, gasolina no carro e alguém para chamar quando<br />ela se perdesse, mas mesmo assim...<br />— Eu quero ir — menti. Sempre menti mal, mas ultimamente<br />ando contando essa mentira com tanta freqüência que agora<br />parecia quase convincente.<br />— Diga a Charlie que mandei lembranças.<br />— Vou dizer.<br />— Verei você em breve — insistiu ela. — Pode vir para casa<br />quando quiser... Eu volto assim que você precisar de mim.<br />Mas eu podia ver, nos olhos dela, o sacrifício por trás da promessa.<br />— Não se preocupe comigo — insisti. — Vai ser ótimo. Eu te<br />amo, mãe.<br />Ela me abraçou com força por um minuto e depois entrei no<br />avião, e ela se foi.<br />De Phoenix a Seattle são quatro horas de vôo, outra hora em<br />um pequeno avião até Port Angeles, depois uma hora de carro até<br />Forks. Voar não me incomodava; a hora no carro com Charlie, porém,<br />era meio preocupante.<br />Charlie foi realmente gentil com tudo aquilo. Parecia realmente<br />satisfeito que eu, pela primeira vez, fosse morar com ele por um<br />período mais longo. Já me matriculara na escola e ia me ajudar a<br />comprar um carro.<br />Mas sem dúvida seria estranho com Charlie. Não éramos o que<br />se chamaria de falantes, e eu não sabia se havia alguma coisa para<br />dizer. Sabia que ele estava bastante confuso com minha decisão —<br />como minha mãe antes de mim, eu não escondia o fato de detestar<br />Forks.<br />Quando pousamos em Port Angeles, estava chovendo. Não vi<br />amostra Crepusculo.indd 4 13.03.08 16:42:<br />5 <br />isso como um presságio — era apenas inevitável. Eu já tinha dado<br />adeus ao sol.<br />Charlie me aguardava na radiopatrulha. Eu também esperava<br />por isso. Charlie é o chefe de polícia Swan para o bom povo de<br />Forks. Minha principal motivação por trás da compra de um carro,<br />apesar da verba escassa, era que me recusava a circular pela cidade<br />em um carro com luzes vermelhas e azuis no teto. Nada deixa o<br />trânsito mais lento do que um policial.<br />Charlie me deu um abraço desajeitado com um braço só quando<br />eu cambaleei para fora do avião.<br />— É bom ver você, Bells — disse ele, sorrindo enquanto<br />automaticamente me segurava e me fi rmava. — Você não mudou<br />muito. Como está a Renée?<br />— A mamãe está bem. É bom ver você também, pai. — Eu<br />não tinha permissão para chamá-lo de Charlie na frente dele.<br />Eu tinha só algumas malas. A maior parte das minhas roupas<br />do Arizona era leve demais para Washington. Minha mãe e eu havíamos<br />juntado nossos recursos para complementar meu guardaroupa<br />de inverno, mas ainda assim era reduzido. Coube tudo muito<br />bem na mala da viatura.<br />— Achei um bom carro para você, baratinho — anunciou ele<br />quando estávamos afi velando o cinto.<br />— Que tipo de carro? — Fiquei desconfi ada do modo como<br />ele disse “um bom carro para você” em vez de simplesmente “um<br />bom carro”.<br />— Bom, na verdade é uma picape, um Chevy.<br />— Onde o achou?<br />— Lembra do Billy Black, de La Push? — La Push é a pequena<br />reserva indígena no litoral.<br />— Não.<br />— Ele costumava pescar com a gente no verão — incentivou<br />Charlie.<br />amostra Crepusculo.indd 5 06.08.08 15:36:<br />6 <br />Isso explicava por que eu não me lembrava dele. Eu era bastante<br />competente em bloquear da minha memória coisas dolorosas<br />e desnecessárias.<br />— Ele agora está numa cadeira de rodas — continuou Charlie<br />quando eu não respondi —, não pode mais dirigir, e ofereceu a<br />picape por um preço baixo.<br />— De que ano é? — Eu podia ver, pela mudança em sua expressão,<br />que esta era a pergunta que ele esperava que eu não fi zesse.<br />— Bom, o Billy trabalhou muito no motor... Na realidade só<br />tem alguns anos.<br />Eu esperava que ele não me subestimasse a ponto de acreditar<br />que eu desistiria com tanta facilidade.<br />— Quando foi que ele comprou?<br />— Comprou em 1984, eu acho.<br />— Ele a comprou nova?<br />— Bom, não. Acho que era nova no início dos anos 60... Ou<br />fi nal dos anos 50, no máximo — admitiu ele timidamente.<br />— Ih... Pai, eu não entendo nada de carros. Não conseguiria<br />consertar se alguma coisa desse errado, e não posso pagar um mecânico...<br />— Na verdade, Bella, o troço funciona muito bem. Não fazem<br />mais carros assim.<br />O troço, pensei comigo mesma... Era possível — como apelido,<br />na melhor das hipóteses.<br />— É barata barata mesmo? — Afi nal, essa era a parte em que<br />eu não poderia contemporizar.<br />— Bom, querida, já está quase comprado para você. Como um<br />presente de boas-vindas. — Charlie me olhou de lado com uma<br />expressão esperançosa.<br />Caramba. De graça.<br />— Não precisava fazer isso, pai. Eu mesma ia comprar um carro.<br />— Tudo bem. Quero que seja feliz aqui. — Ele estava olhando<br />amostra Crepusculo.indd 6 13.03.08 16:42:<br />7 <br />para a estrada à frente ao dizer isso. Charlie não fi cava à vontade<br />quando se tratava de externar as emoções em voz alta. Herdei isso<br />dele. Então fi quei olhando para a frente quando respondi.<br />— Foi muito gentil de sua parte, pai. Eu agradeço muito. —<br />Não era necessário acrescentar que, para mim, era impossível ser<br />feliz em Forks. Ele não precisava sofrer junto comigo. E picape<br />dada não se olham os dentes — nem o motor.<br />— Não foi nada — murmurou ele, constrangido com minha<br />gratidão.<br />Trocamos mais alguns comentários sobre o clima, que estava<br />úmido, e a maior parte da conversa não passou disso. Ficamos<br />olhando pela janela em silêncio.<br />Era lindo, é claro; eu não podia negar isso. Tudo era verde:<br />as árvores, os troncos cobertos de musgo, os galhos que pendiam<br />das copas, a terra coberta de samambaias. Até o ar fi ltrava o verde<br />das folhas.<br />Era verde demais — um planeta alienígena.<br />Por fi m chegamos à casa de Charlie. Ele ainda morava na casinha<br />de dois quartos que comprara com minha mãe nos primeiros<br />tempos de seu casamento. Aqueles foram os únicos tempos que o<br />casamento teve — os primeiros. Ali, estacionada na rua na frente da<br />casa que nunca mudava, estava minha nova — bom, nova para mim<br />— picape. Era de um vermelho desbotado, com pára-lamas grandes<br />e arredondados e uma cabine bulbosa. Para minha grande surpresa,<br />eu adorei. Não sabia se ia funcionar, mas podia me ver nela. Além<br />disso, era um daqueles negócios sólidos que não quebram nunca —<br />do tipo que se vê na cena de um acidente, a pintura sem um arranhão,<br />cercado pelas peças do carro importado que foi destruído.<br />— Caramba, pai, adorei! Obrigada! — Agora meu pavoroso<br />dia de amanhã seria bem menos terrível. Não teria que decidir entre<br />andar três quilômetros na chuva até a escola e aceitar uma carona<br />na radiopatrulha do chefe.<br />amostra Crepusculo.indd 7 13.03.08 16:42:<br />8 <br />— Que bom que você gostou — disse Charlie rudemente,<br />de novo sem graça.<br />Apenas uma viagem foi necessária para levar minhas coisas para<br />cima. Fiquei com o quarto do lado oeste, que dava para o jardim da<br />frente. O quarto era familiar; me pertencia desde que nasci. O piso<br />de madeira, as paredes azul-claras, o teto pontiagudo, as cortinas de<br />renda amarelas na janela — tudo isso fazia parte da minha infância.<br />As únicas mudanças que Charlie fi zera foram trocar o berço por uma<br />cama e acrescentar uma escrivaninha, à medida que eu crescia. A<br />mesa agora tinha um computador de segunda mão, com a linha telefônica<br />para o modem grampeada pelo chão até a tomada de telefone<br />mais próxima. Isso fora estipulado por minha mãe, assim poderíamos<br />manter contato facilmente. A cadeira de balanço de meus tempos de<br />bebê ainda estava no canto.<br />Só havia um banheiro pequeno no segundo andar, que eu teria<br />que dividir com Charlie. Estava tentando não pensar muito nisso.<br />Uma das melhores coisas em Charlie é que ele não fi ca rondando a<br />gente. Deixou-me sozinha para desfazer as malas e me acomodar, uma<br />proeza que teria sido completamente impossível para minha mãe. Era<br />legal fi car sozinha, sem ter que sorrir e parecer satisfeita; um alívio<br />olhar desanimadamente pela janela para a chuva entristecendo tudo<br />e deixar algumas lágrimas escaparem. Eu não estava com vontade de<br />ter um acesso de choro. Ia economizar para a hora de dormir, quando<br />teria que pensar na manhã seguinte.<br />A Forks High School tinha um total assustador de apenas 357<br />— agora 358 — alunos; em Phoenix, havia mais de setecentas pessoas<br />só do meu ano. Toda as crianças daqui foram criadas juntas<br />— seus avós engatinharam juntos. Eu seria a garota nova da cidade<br />grande, uma curiosidade, uma aberração.<br />Talvez, se eu parecesse uma verdadeira garota de Phoenix, pudesse<br />tirar proveito disso. Mas, fi sicamente, nunca me encaixei em lugar<br />nenhum. Eu devia ser bronzeada, atlética, loura — uma jogadora de<br />amostra Crepusculo.indd 8 13.03.08 16:42:<br />9 <br />vôlei ou uma líder de torcida, talvez —, todas as coisas compatíveis<br />com quem mora no vale do sol.<br />Em vez disso, apesar do sol constante, eu tinha uma pele de<br />marfi m. E não tinha os olhos azuis ou o cabelo ruivo que poderiam<br />me servir de desculpa. Sempre fui magra, mas meio mole, e obviamente<br />não era uma atleta; não tinha a coordenação necessária<br />entre mãos e olhos para praticar esportes sem me humilhar — e<br />sem machucar a mim mesma e a qualquer pessoa que se aproximasse<br />demais.<br />Quando terminei de guardar minhas roupas na antiga cômoda<br />de pinho, peguei minha nécessaire e fui ao único banheiro para me<br />lavar depois do dia de viagem. Olhei meu rosto no espelho enquanto<br />escovava o cabelo úmido e embaraçado. Talvez fosse a luz, mas eu<br />já parecia mais pálida, doentia. Minha pele podia ser bonita — era<br />muito clara, quase translúcida —, mas tudo dependia da cor. Não<br />tinha cor nenhuma ali.<br />Ao ver meu refl exo pálido no espelho, fui obrigada a admitir que<br />estava mentindo para mim mesma. Não era só fi sicamente que eu não<br />me adaptava. E quais seriam minhas chances aqui, se eu não conseguisse<br />achar um nicho em uma escola com trezentas pessoas?<br />Eu não me relaciono bem com as pessoas da minha idade. Talvez<br />a verdade seja que eu não me relaciono bem com as pessoas, e<br />ponto fi nal. Até a minha mãe, de quem eu era mais próxima do<br />que de qualquer outra pessoa do planeta, nunca esteve em sintonia<br />comigo, nunca esteve exatamente na mesma página. Às vezes eu me<br />perguntava se via as mesmas coisas que o resto do mundo. Talvez<br />houvesse um problema no meu cérebro.<br />Mas não importava a causa. Só o que importava era o efeito. E<br />amanhã seria só o começo.<br />Não dormi bem naquela noite, mesmo depois de chorar. Ao fundo o<br />ruído constante da chuva e do vento no telhado não desaparecia. Puxei<br />amostra Crepusculo.indd 9 13.03.08 16:42:<br />10 <br />o velho cobertor xadrez sobre a cabeça e mais tarde coloquei também<br />o travesseiro. Mas só consegui dormir depois da meia-noite, quando a<br />chuva fi nalmente se aquietou num chuvisco mais silencioso.<br />Só o que eu conseguia ver pela minha janela de manhã era uma<br />neblina densa, e podia sentir a claustrofobia rastejando em minha direção.<br />Jamais se podia ver o céu aqui; parecia uma gaiola.<br />O café-da-manhã com Charlie foi um evento silencioso. Ele me<br />desejou boa sorte na escola. Agradeci, sabendo que suas esperanças<br />eram vãs. A boa sorte geralmente me evitava. Charlie saiu primeiro<br />para a delegacia, que era sua esposa e sua família. Depois que ele<br />partiu, fi quei sentada à velha mesa quadrada de carvalho, em uma<br />das três cadeiras que não combinavam, e examinei a pequena cozinha,<br />com as paredes escuras revestidas de madeira, armários de um<br />amarelo vivo e piso de linóleo branco. Nada havia mudado. Minha<br />mãe tinha pintado os armários dezoito anos atrás numa tentativa<br />de colocar algum raio de sol na casa. Acima da pequena lareira na<br />minúscula sala adjacente, havia uma fi leira de fotos. Primeiro, uma<br />foto do casamento de Charlie e minha mãe em Las Vegas; depois,<br />uma de nós três no hospital em que nasci, tirada por uma enfermeira<br />prestativa, seguida pela procissão das minhas fotos de escola até o<br />ano passado. Era constrangedor olhar aquilo — eu teria de pensar no<br />que poderia fazer para que Charlie as colocasse em outro lugar, pelo<br />menos enquanto eu morasse aqui.<br />Era impossível não perceber que Charlie jamais superou a perda da<br />minha mãe ao fi car nesta casa. Isso me deixou pouco à vontade.<br />Não queria chegar cedo demais na escola, mas não conseguia<br />mais fi car ali. Vesti meu casaco — que era meio parecido com um<br />traje de biossegurança — e saí para a chuva.<br />Ainda estava chuviscando, não o sufi ciente para me ensopar enquanto<br />peguei a chave da casa, sempre escondida debaixo do beiral, e<br />tranquei a porta. O chapinhar das minhas novas botas impermeáveis<br />era enervante. Senti falta do habitual esmagar de cascalho enquanto<br />amostra Crepusculo.indd 10 13.03.08 16:42:<br />11 <br />andava. Não podia parar e admirar minha picape novamente, como<br />eu queria; estava com pressa para sair da umidade nevoenta que envolvia<br />minha cabeça e grudava em meu cabelo por baixo do capuz.<br />Dentro da picape estava agradável e seco. Billy, ou Charlie,<br />obviamente tinha feito uma limpeza, mas os bancos com estofado<br />caramelo ainda cheiravam levemente a tabaco, gasolina e hortelã.<br />Para meu alívio o motor pegou rapidamente, mas era barulhento,<br />rugindo para a vida e depois rodando em um volume alto. Bom,<br />uma picape dessa idade teria suas falhas. O rádio antigo funcionava,<br />um bônus que eu não esperava.<br />Não foi difícil encontrar a escola, embora eu nunca tivesse ido<br />lá. Como a maioria das outras coisas, fi cava perto da rodovia. Não<br />parecia uma escola — o que me fez parar foi a placa, que dizia ser<br />a Forks High School. Era um conjunto de casas iguais, construídas<br />com tijolos marrons. Havia tantas árvores e arbustos que no início<br />não consegui calcular seu tamanho. Onde estava o espírito da instituição?,<br />perguntei-me com nostalgia. Onde estavam as cercas de<br />tela, os detetores de metal?<br />Estacionei na frente do primeiro prédio, que tinha uma plaquinha<br />acima da porta dizendo secretaria. Ninguém mais havia estacionado<br />ali, então eu certamente estava em local proibido, mas decidi<br />me informar lá dentro em vez de fi car dando voltas na chuva feito<br />uma idiota. Saí sem vontade nenhuma da cabine da picape enferrujada<br />e andei por um pequeno caminho de pedra ladeado por uma cerca<br />viva escura. Respirei fundo antes de abrir a porta.<br />Lá dentro o ambiente era bem iluminado e mais quente do que<br />eu imaginava. O escritório era pequeno; uma salinha de espera com<br />cadeiras dobráveis acolchoadas, carpete laranja manchado, recados e<br />prêmios atravancando as paredes, um relógio grande tiquetaqueando<br />alto. Havia plantas em toda parte em vasos grandes de plástico,<br />como se não houvesse verde sufi ciente do lado de fora. A sala era<br />dividida ao meio por um balcão comprido, abarrotado de cestos de<br />amostra Crepusculo.indd 11 13.03.08 16:42:<br />12 <br />arame cheios de papéis e folhetos de cores vivas colados na frente.<br />Havia três mesas atrás do balcão, uma delas ocupada por uma ruiva<br />grandalhona de óculos. Ela vestia uma camiseta roxa que de imediato<br />fez com que eu me sentisse produzida demais.<br />A ruiva olhou para mim.<br />— Posso ajudá-la?<br />— Meu nome é Isabella Swan — informei-lhe, e logo vi a atenção<br />iluminar seus olhos. Eu era esperada, um assunto de fofoca, sem<br />dúvida. A fi lha da ex-mulher leviana do chefe de polícia fi nalmente<br />voltara para casa.<br />— É claro — disse ela. E cavucou uma pilha instável de documentos<br />na mesa até encontrar o que procurava. — Seu horário está<br />bem aqui, e há um mapa da escola. — Ela trouxe várias folhas ao<br />balcão para me mostrar.<br />Ela indicou minhas salas de aula, destacando a melhor rota para<br />cada uma delas no mapa, e me deu uma caderneta que cada professor<br />teria que assinar e que eu traria de volta no fi nal do dia. Ela sorriu para<br />mim e me desejou, como Charlie, que eu gostasse daqui de Forks. Sorri<br />também, da maneira mais convincente que pude.<br />Quando voltei à picape, outros alunos começavam a chegar. Dirigi<br />pela escola, seguindo o trânsito. Fiquei feliz em ver que os carros,<br />em sua maioria, eram mais velhos que o meu, nada chamativo. Em<br />Phoenix, eu morava em um dos poucos bairros de baixa renda incluídos<br />no distrito de Paradise Valley. Era comum ver um Mercedes ou<br />um Porsche novo no estacionamento dos alunos. O carro mais legal<br />aqui era um Volvo reluzente, e este se destacava. Ainda assim, desliguei<br />o motor logo que cheguei a uma vaga para que o barulho estrondoso<br />não chamasse a atenção para mim.<br />Olhei o mapa na picape, tentando agora memorizá-lo; esperava<br />não ter que andar com ele diante do nariz o dia todo. Enfi ei tudo na<br />bolsa, passei a alça no ombro e respirei bem fundo. Eu vou conseguir,<br />menti para mim mesma debilmente. Ninguém ia me morder.<br />amostra Crepusculo.indd 12 13.03.08 16:42:<br />13 <br />Por fi m soltei o ar e saí da picape.<br />Mantive a cara escondida pelo capuz ao andar para a calçada,<br />apinhada de adolescentes. Meu casaco preto e simples não chamava<br />a atenção, como percebi com alívio.<br />Depois de chegar ao refeitório, foi fácil localizar o prédio três.<br />Um grande “3” estava pintado em preto num quadrado branco no<br />canto leste. Senti aos poucos que começava a ofegar à medida que<br />me aproximava da entrada. Tentei prender a respiração enquanto<br />seguia duas capas de chuva unissex pela porta.<br />A sala de aula era pequena. As pessoas na minha frente pararam<br />junto à porta para pendurar os casacos em uma longa fi leira de<br />ganchos. Imitei-as. Havia duas meninas, uma loura com a pele cor<br />de porcelana, a outra igualmente pálida, com cabelo castanho-claro.<br />Pelo menos minha pele não se destacaria aqui.<br />Entreguei a caderneta ao professor, um careca alto cuja mesa tinha<br />uma placa identifi cando-o pelo nome, “Sr. Mason”. Ele me encarou<br />surpreso quando viu meu nome — não foi uma reação que me<br />encorajasse — e é claro que fi quei vermelha como um tomate. Mas<br />pelo menos ele me mandou sentar numa carteira vazia no fundo da<br />sala, sem me apresentar à turma. Era mais difícil para meus novos<br />colegas me encarar lá atrás, mas de algum jeito eles conseguiram.<br />Mantive os olhos baixos na bibliografi a que o professor me dera.<br />Era bem básica: Brontë, Shakespeare, Chaucer, Faulkner. Eu já lera<br />tudo. Isso era reconfortante... e entediante. Imaginei se minha mãe<br />me mandaria minha pasta com os trabalhos antigos, ou se ela pensaria<br />que isso era trapaça. Tive várias discussões com ela em minha<br />cabeça enquanto o professor falava monotonamente.<br />Quando tocou o sinal, uma buzina anasalada, um garoto magricela<br />com problemas de pele e cabelo preto feito uma mancha de<br />óleo se inclinou para falar comigo.<br />— Você é Isabella Swan, não é? — Ele parecia direitinho o tipo<br />prestativo de clube de xadrez.<br />amostra Crepusculo.indd 13 13.03.08 16:42:<br />14 <br />— Bella — corrigi. Todo mundo num raio de três carteiras se<br />virou para me olhar.<br />— Qual é a sua próxima aula? — perguntou ele.<br />Tive que olhar na minha bolsa.<br />— Hmmm, educação cívica, com Jefferson, no prédio seis.<br />Para onde quer que eu me virasse, encontrava olhos curiosos.<br />— Vou para o prédio quatro, posso mostrar o caminho... — Sem<br />dúvida, superprestativo. — Meu nome é Eric — acrescentou ele.<br />Eu sorri, insegura.<br />— Obrigada.<br />Pegamos nossos casacos e fomos para a chuva, que tinha aumentado.<br />Eu podia jurar que várias pessoas atrás de nós se aproximavam<br />o bastante para ouvir o que dizíamos. Esperava não estar<br />fi cando paranóica.<br />— E aí, isto é bem diferente de Phoenix, não é? — perguntou ele.<br />— Muito.<br />— Não chove muito lá, não é?<br />— Três ou quatro vezes por ano.<br />— Puxa, como deve ser isso? — maravilhou-se ele.<br />— Ensolarado — eu lhe disse.<br />— Você não é muito bronzeada.<br />— Minha mãe é meio albina.<br />Apreensivo, ele examinou meu rosto, e eu suspirei. Parecia que<br />nuvens e senso de humor não se misturavam. Alguns meses disso e<br />eu me esqueceria de como usar o sarcasmo.<br />Voltamos pelo refeitório até os prédios do sul, perto do ginásio.<br />Eric me levou à porta, embora tivesse uma placa bem evidente.<br />— Então, boa sorte — disse ele enquanto eu pegava a maçaneta.<br />— Talvez a gente tenha mais alguma aula juntos. — Ele parecia<br />ter esperanças.<br />Sorri vagamente para ele e entrei.<br />O resto da manhã se passou do mesmo jeito. Meu professor de<br />amostra Crepusculo.indd 14 13.03.08 16:42:<br />15 <br />trigonometria, o Sr. Varner, que de qualquer forma eu teria odiado<br />por causa da matéria que ensinava, foi o único que me fez parar diante<br />da turma para me apresentar. Eu gaguejei, corei e tropecei em minhas<br />próprias botas ao seguir para a minha carteira.<br />Depois de duas aulas, comecei a reconhecer várias rostos em<br />cada turma. Sempre havia alguém mais corajoso do que os outros,<br />que se apresentava e me perguntava se eu estava gostando de Forks.<br />Tentei ser diplomática, mas na maioria das vezes apenas menti.<br />Pelo menos não precisei do mapa.<br />Uma menina se sentou ao meu lado nas aulas de trigonometria<br />e espanhol e me acompanhou até o refeitório na hora do almoço. Era<br />baixinha, vários centímetros menor do que meu metro e sessenta e<br />três, mas o cabelo escuro, rebelde e cacheado compensava grande parte<br />da diferença entre nossas alturas. Não conseguia me lembrar do<br />nome dela, então eu sorria e assentia enquanto ela tagarelava sobre<br />professores e aulas. Não tentei acompanhá-la.<br />Sentamos à ponta de uma mesa cheia de vários de seus amigos,<br />que ela me apresentou. Esqueci o nome de todos assim que ela os<br />pronunciou. Eles pareceram impressionados com sua coragem de falar<br />comigo. O menino da aula de inglês, Eric, acenou para mim do<br />outro lado do salão.<br />Foi ali, sentada no refeitório, tentando conversar com sete estranhos<br />curiosos, que eu os vi pela primeira vez.<br />Estavam sentados no canto do refeitório, à maior distância<br />possível de onde eu me encontrava no salão comprido. Eram cinco.<br />Não estavam conversando e não comiam, embora cada um deles<br />tivesse uma bandeja cheia e intocada diante de si. Não me encaravam,<br />ao contrário da maioria dos outros alunos, por isso era<br />seguro observá-los sem temer encontrar um par de olhos excessivamente<br />interessados. Mas não foi nada disso que atraiu e prendeu<br />minha atenção.<br />Eles não eram nada parecidos. Dos três meninos, um era gran-<br />amostra Crepusculo.indd 15 13.03.08 16:42:<br />16 <br />dalhão — musculoso como um halterofi lista inveterado, com cabelo<br />escuro e crespo. Outro era mais alto, mais magro, mas ainda assim<br />musculoso, e tinha cabelo louro cor de mel. O último era esguio,<br />menos forte, com um cabelo desalinhado cor de bronze. Era mais<br />juvenil do que os outros, que pareciam poder estar na faculdade ou<br />até ser professores daqui, em vez de alunos.<br />As meninas eram o contrário. A alta era escultural. Linda,<br />do tipo que se via na capa da edição de trajes de banho da Sports<br />Illustrated, do tipo que fazia toda garota perto dela sentir um golpe<br />na auto-estima só por estar no mesmo ambiente. O cabelo era<br />dourado, caindo delicadamente em ondas até o meio das costas. A<br />menina baixa parecia uma fada, extremamente magra, com feições<br />miúdas. O cabelo era de um preto intenso, curto, picotado e desfi ado<br />para todas as direções.<br />E, no entanto, todos eram de alguma forma parecidos. Cada<br />um deles era pálido como giz, os alunos mais brancos que viviam<br />nesta cidade sem sol. Mais brancos do que eu, a albina. Todos tinham<br />olhos muito escuros, apesar da variação de cor dos cabelos.<br />Também tinham olheiras — arroxeadas, em tons de hematoma.<br />Como se tivessem passado uma noite insone, ou estivessem se recuperando<br />de um nariz quebrado. Mas os narizes, todos os seus<br />traços, eram retos, perfeitos, angulosos.<br />Mas não era por nada disso que eu não conseguia desgrudar os<br />olhos deles.<br />Fiquei olhando porque seus rostos, tão diferentes, tão parecidos,<br />eram completa, arrasadora e inumanamente lindos. Eram rostos que<br />não se esperava ver a não ser talvez nas páginas reluzentes de uma<br />revista de moda. Ou pintados por um antigo mestre como a face de<br />um anjo. Era difícil decidir quem era o mais bonito — talvez a loura<br />perfeita, ou o garoto de cabelo cor de bronze.<br />Todos pareciam distantes — distantes de cada um ali, distantes<br />dos outros alunos, distantes de qualquer coisa em parti-<br />amostra Crepusculo.indd 16 13.03.08 16:42:<br />17 <br />cular, pelo que eu podia notar. Enquanto eu observava, a garota<br />baixinha se levantou com a bandeja — o refrigerante fechado, a<br />maçã sem uma dentada — e se afastou com passos longos, rápidos<br />e graciosos apropriados para uma pista de decolagem. Fiquei<br />olhando, surpresa com seus passos de dança, até que ela largou a<br />bandeja no lixo e seguiu para a porta dos fundos, mais rápido do<br />que eu teria pensado ser possível. Meus olhos dispararam de volta<br />aos outros, que fi caram sentados, impassíveis.<br />— Quem são eles? — perguntei à garota da minha turma de<br />espanhol, cujo nome eu esquecera.<br />Enquanto ela olhava para ver do que eu estava falando — embora<br />já soubesse, provavelmente, pelo meu tom de voz —, de repente<br />ele olhou para ela, o mais magro, o rapaz juvenil, o mais<br />novo, talvez. Ele olhou para minha vizinha só por uma fração de<br />segundo, e depois seus olhos escuros fulguraram para mim.<br />Ele desviou os olhos rapidamente, mais rápido do que eu, embora,<br />em um jorro de constrangimento, eu tenha baixado o olhar de<br />imediato. Naquele breve olhar, seu rosto não transmitiu nenhum<br />interesse — era como se ela tivesse chamado o nome dele, e ele a<br />olhasse numa reação involuntária, já tendo decidido não responder.<br />Minha vizinha riu sem graça, olhando a mesa como eu.<br />— São Edward e Emmett Cullen, e Rosalie e Jasper Hale. A<br />que saiu é Alice Cullen. Todos moram com o Dr. Cullen e a esposa.<br />— Ela disse isso à meia-voz.<br />Olhei de lado para o rapaz bonito, que agora fi tava a própria<br />bandeja, desfazendo um pãozinho em pedaços com os dedos pálidos<br />e longos. Sua boca se movia muito rapidamente, os lábios perfeitos<br />mal se abrindo. Os outros três ainda pareciam distantes e, no entanto,<br />eu sentia que ele estava falando em voz baixa com eles.<br />Nomes estranhos e incomuns, pensei. O tipo de nome que têm<br />os avós. Mas talvez seja moda por aqui — nomes de cidades pequenas?<br />Finalmente me lembrei de que minha vizinha se chamava<br />amostra Crepusculo.indd 17 13.03.08 16:42:<br />18 <br />Jessica, um nome perfeitamente comum. Havia duas meninas que se<br />chamavam Jessica na minha turma de história, na minha cidade.<br />— Eles são... muito bonitos. — Lutei com a patente atenuação<br />da verdade.<br />— É — concordou Jessica com outra risada. — Mas todos estão<br />juntos... Emmett e Rosalie, e Jasper e Alice, quero dizer. E eles<br />moram juntos. — Sua voz trazia toda a condenação e o choque da<br />cidade pequena, pensei criticamente. Mas, para ser sincera, tenho<br />que admitir que até em Phoenix isso provocaria fofocas.<br />— Quem são os Cullen? — perguntei. — Eles não parecem<br />parentes...<br />— Ah, e não são. O Dr. Cullen é bem novo, tem uns vinte e<br />tantos ou trinta e poucos anos. Todos foram adotados. Os Hale são<br />mesmo irmãos, gêmeos... os louros... e são fi lhos adotivos.<br />— Parecem meio velhos para fi lhos adotivos.<br />— Agora são, Jasper e Rosalie têm 18 anos, mas estão com<br />a Sra. Cullen desde que tinham 8 anos. Ela é tia deles ou coisa<br />assim.<br />— Isso é bem legal... Eles cuidarem de todas essas crianças,<br />quando eram tão pequenos e tudo isso.<br />— Acho que sim — admitiu Jessica com relutância, e tive a<br />impressão de que por algum motivo ela não gostava do médico e<br />da esposa. Com os olhares que ela atirava aos fi lhos adotivos, eu<br />imaginava que o motivo era inveja. — Mas acho que a Sra. Cullen<br />não pode ter fi lhos — acrescentou ela, como se isso diminuísse sua<br />bondade.<br />Em toda essa conversa, meus olhos disparavam sem parar para<br />a mesa onde se acomodava a estranha família. Eles continuavam a<br />olhar para as paredes e não comiam.<br />— Eles sempre moraram em Forks? — perguntei. Certamente<br />eu os teria percebido em um dos verões aqui.<br />— Não — disse ela numa voz que dava a entender que isso<br />amostra Crepusculo.indd 18 13.03.08 16:42:<br />19 <br />devia ser óbvio, até para uma recém-chegada como eu. — Só se<br />mudaram há dois anos, vindos de algum lugar do Alasca.<br />Senti uma onda de pena, e também alívio. Pena porque, apesar<br />de lindos, eles eram de fora, e claramente não eram aceitos. Alívio<br />por eu não ser a única recém-chegada por aqui, e certamente não ser<br />a mais interessante, por qualquer padrão.<br />Enquanto eu os examinava, o mais novo, um dos Cullen, virouse<br />e encontrou meu olhar, desta vez com uma expressão de evidente<br />curiosidade. Quando desviei os olhos rapidamente, me pareceu que<br />o olhar dele trazia uma espécie de expectativa frustrada.<br />— Quem é o garoto de cabelo ruivo? — perguntei. Eu o espiei<br />pelo canto do olho e ele ainda estava me encarando, mas não aparvalhado<br />como os outros alunos. Tinha uma expressão meio frustrada.<br />Olhei para baixo novamente.<br />— É o Edward. Ele é lindo, é claro, mas não perca seu tempo.<br />Ele não namora. Ao que parece, nenhuma das meninas daqui é<br />bonita o bastante para ele. — Ela fungou, um caso claro de dor-decotovelo.<br />Eu me perguntei quando é que ele a tinha rejeitado.<br />Mordi o lábio para esconder meu sorriso. Depois olhei para ele<br />de novo. Seu rosto estava virado para o outro lado, mas achei que sua<br />bochecha parecia erguida, como se ele também estivesse sorrindo.<br />Depois de mais alguns minutos, os quatro saíram da mesa juntos.<br />To dos eram muito elegantes — até o grandalhão de cabelo<br />castanho. Era perturbador de ver. O garoto chamado Edward não<br />olhou novamente para mim.<br />Fiquei sentada à mesa com Jessica e os amigos dela por mais tempo<br />do que teria fi cado se eu estivesse sozinha. Estava ansiosa para não<br />me atrasar para as aulas no meu primeiro dia. Uma de minhas novas<br />conhecidas, que me lembrava repetidamente de que seu nome era Angela,<br />tinha biologia ii comigo no próximo tempo. Seguimos juntas<br />em silêncio para a sala. Ela também era tímida.<br />Quando entramos na sala, Angela foi se sentar em uma carteira<br />amostra Crepusculo.indd 19 13.03.08 16:42:<br />20 <br />de tampo preto exatamente como aquelas que eu costumava usar.<br />Ela já tinha uma vizinha. Na verdade, todas as cadeiras estavam ocupadas,<br />exceto uma. Ao lado do corredor central, reconheci Edward<br />Cullen por seu cabelo incomum, sentado ao lado daquele lugar vago.<br />Enquanto eu andava pelo corredor para me apresentar ao professor<br />e conseguir que assinasse minha caderneta, eu o observava furtivamente.<br />Assim que passei, ele de repente fi cou rígido em seu lugar. Me<br />encarou novamente, encontrando meus olhos com a expressão mais<br />estranha do mundo — era hostil, furiosa. Desviei os olhos rapidamente,<br />chocada, ruborizando de novo. Tropecei em um livro no caminho e<br />tive que me apoiar na beira de uma mesa. A menina sentada ali riu.<br />Percebi que os olhos dele eram pretos — pretos como carvão.<br />O Sr. Banner assinou minha caderneta e me passou um livro,<br />sem nenhum dos absurdos das apresentações. Eu podia dizer que<br />íamos nos dar bem. É claro que ele não teve alternativa a não ser me<br />mandar para o lugar vago no meio da sala. Mantive os olhos baixos<br />enquanto fui me sentar ao lado dele, desconcertada pelo olhar hostil<br />que ele me lançava.<br />Não olhei para cima ao colocar os livros na carteira e tomar meu<br />lugar, mas, pelo canto do olho, vi sua postura mudar. Ele estava inclinado<br />para longe de mim, sentado na ponta da cadeira, e desviava<br />o rosto como se sentisse algum fedor. Imperceptivelmente, cheirei<br />meu cabelo. Tinha cheiro de morango, o aroma de meu xampu preferido.<br />Parecia um odor bem inocente. Deixei meu cabelo cair no<br />ombro direito, criando uma cortina escura entre nós, e tentei prestar<br />atenção no professor.<br />Infelizmente a aula era sobre anatomia celular, uma coisa que<br />eu já estudara. De qualquer modo, tomei notas cuidadosamente,<br />sempre olhando para baixo.<br />Não conseguia deixar de espiar de vez em quando, através da<br />tela de meus cabelos, o estranho garoto sentado ao meu lado. Durante<br />toda a aula, ele não relaxou um minuto da postura rígida na<br />amostra Crepusculo.indd 20 13.03.08 16:42:<br />21 <br />ponta da cadeira, sentando-se o mais distante possível de mim. Eu<br />podia ver que suas mãos na perna esquerda estavam fechadas em<br />punho, os tendões sobressaindo por baixo da pele clara. Isso também<br />ele não relaxou. Estava com as mangas compridas da camisa<br />branca enroladas até o cotovelo e o braço era surpreendentemente<br />rijo e musculoso sob a pele clara. Ele não era nem de longe frágil<br />como parecia ao lado do irmão mais forte.<br />A aula parecia se arrastar mais do que as outras. Seria porque o<br />dia fi nalmente estava chegando ao fi m, ou porque eu esperava que<br />o punho dele relaxasse? Não aconteceu: ele continuou sentado tão<br />imóvel que nem parecia respirar. Qual era o problema dele? Será<br />que este era seu comportamento normal? Questionei a avaliação<br />que fi z da amargura de Jessica no almoço de hoje. Talvez ela não<br />fosse tão ressentida quanto eu pensava.<br />Isso não podia ter nada a ver comigo. Até hoje ele nem me<br />conhecia.<br />Eu o espiei mais uma vez e me arrependi disso. Ele agora me<br />encarava de cima, os olhos pretos cheios de repugnância. Enquanto<br />eu me afastava, encolhendo-me na cadeira, de repente passou por<br />minha cabeça a expressão como se pudesse me matar.<br />Naquele momento, o sinal tocou alto, fazendo-me pular, e Edward<br />Cullen estava fora de sua carteira. Com fl uidez, ele se levantou de costas<br />para mim — era muito mais alto do que eu pensava — e estava do lado<br />de fora da porta antes que qualquer outro tivesse saído da carteira.<br />Fiquei paralisada no meu lugar, encarando inexpressiva as costas<br />dele. Era tão mesquinho. Não era justo. Comecei a pegar minhas<br />coisas devagar, tentando bloquear a raiva que se espalhava em<br />mim, com medo de que meus olhos se enchessem de lágrimas. Por<br />algum motivo, minha ira era canalizada para meus dutos lacrimais.<br />Normalmente, eu chorava quando estava com raiva, uma tendência<br />humilhante.<br />— Você não é a Isabella Swan? — perguntou uma voz de homem.<br />amostra Crepusculo.indd 21 13.03.08 16:42:<br />22 <br />Olhei para cima e vi um rapaz bonitinho com cara de bebê, o<br />cabelo louro-claro cuidadosamente penteado com gel em pontas arrumadinhas,<br />sorrindo para mim de maneira simpática. Ele obviamente<br />não achava que eu cheirava mal.<br />— Bella — eu o corrigi, com um sorriso.<br />— Meu nome é Mike.<br />— Oi, Mike.<br />— Precisa de ajuda para encontrar sua próxima aula?<br />— Vou para a educação física. Acho que posso encontrar o<br />caminho.<br />— É minha próxima aula também. — Ele parecia impressionado,<br />mas não era uma coincidência assim tão grande numa escola<br />tão pequena.<br />Fomos para a aula juntos. Ele era um tagarela — alimentou a<br />maior parte da conversa, o que facilitou minha vida. Tinha morado<br />na Califórnia até os 10 anos, então sabia como eu me sentia com relação<br />ao sol. Por acaso também era meu colega na aula de inglês. Ele<br />foi a pessoa mais legal que conheci hoje.<br />Mas enquanto entrávamos no ginásio, ele perguntou:<br />— E aí, você furou o Edward Cullen com um lápis ou o quê?<br />Nunca o vi agir daquele jeito.<br />Eu me encolhi. Então não fui a única a perceber. E ao que parecia<br />aquele não era o comportamento habitual de Edward Cullen. Decidi<br />me fazer de burra.<br />— Era o garoto do meu lado na aula de biologia? — perguntei<br />naturalmente.<br />— Era — disse ele. — Parecia estar sentindo alguma dor ou<br />coisa assim.<br />— Não sei — respondi. — Nunca falei com ele.<br />— Ele é um cara estranho. — Mike se demorou ao meu lado<br />em vez de ir para o vestiário. — Se eu tivesse a sorte de me sentar<br />do seu lado, conversaria com você.<br />amostra Crepusculo.indd 22 13.03.08 16:42:<br />23 <br />Eu sorri para ele antes de ir para a porta do vestiário feminino.<br />Ele era simpático e estava na cara que gostava de mim. Mas não foi<br />o sufi ciente para atenuar minha irritação.<br />O professor de educação física, treinador Clapp, encontrou um<br />uniforme para mim mas não me fez vesti-lo para a aula de hoje. Em<br />Phoenix, só exigiam dois anos de educação física. Aqui, a matéria<br />era obrigatória nos quatro anos. Forks literalmente era meu inferno<br />particular na Terra.<br />Fiquei assistindo a quatro partidas de vôlei que aconteciam<br />simultaneamente. Lembrando quantas lesões eu sofri — e infl igi<br />— jogando vôlei, me senti meio nauseada.<br />O último sinal fi nalmente tocou. Andei devagar para a secretaria<br />para entregar minha caderneta. A chuva tinha ido embora, mas<br />o vento era forte e mais frio. Eu me abracei.<br />Ao entrar no escritório aquecido, quase me virei e voltei<br />para fora.<br />Edward Cullen estava parado junto à mesa na minha frente.<br />Reconheci de novo aquele cabelo bronze desgrenhado. Ele não pareceu<br />ter ouvido minha entrada. Fiquei encostada na parede de trás,<br />torcendo para que a recepcionista fi casse livre.<br />Ele estava discutindo com ela numa voz baixa e cativante. Rapidamente<br />peguei a essência da discussão. Ele tentava trocar o horário<br />de biologia por qualquer outro horário – qualquer outro.<br />Não consegui acreditar que fosse por minha causa. Tinha de ser<br />outra coisa, algo que acontecera antes de eu entrar na sala de aula.<br />A expressão dele devia ter sido por outro aborrecimento totalmente<br />diferente. Era impossível que este estranho pudesse ter uma repulsa<br />tão súbita e intensa por mim.<br />A porta se abriu de novo e de repente uma rajada do vento<br />frio entrou pela sala, espalhando os papéis na mesa, jogando meu<br />cabelo na cara. A menina que entrava limitou-se a ir até a mesa, colocou<br />um bilhete na cesta de arame e saiu novamente. Mas Edward<br />amostra Crepusculo.indd 23 13.03.08 16:42:<br />24 <br />Cullen se enrijeceu de novo e se virou lentamente para olhar para<br />mim — o rosto era absurdamente lindo — com olhos penetrantes e<br />cheios de ódio. Por um momento, senti um arrepio de puro medo,<br />que eriçou os pêlos de meus braços. O olhar só durou um segundo,<br />mas me gelou mais do que o vento frio. Ele voltou a se virar para<br />a recepcionista.<br />— Então deixa para lá — disse asperamente numa voz de veludo.<br />— Estou vendo que é impossível. Muito obrigado por sua ajuda.<br />— Virou-se sem olhar para mim, desaparecendo porta afora.<br />Fui humildemente até a mesa, minha cara branca de imediato<br />fi cando vermelha, e entreguei a caderneta assinada.<br />— Como foi seu primeiro dia, querida? — perguntou a recepcionista<br />num tom maternal.<br />— Bom — menti, a voz fraca. Ela não pareceu se convencer.<br />Quando fui para a picape, era quase o último carro no estacionamento.<br />Parecia um abrigo, a coisa mais próxima de uma casa<br />que eu tinha neste buraco verde e úmido. Fiquei sentada lá dentro<br />por um tempo, só olhando, sem enxergar pelo pára-brisa. Mas logo<br />estava frio o bastante para precisar do aquecedor, virei a chave e o<br />motor rugiu. Voltei para a casa de Charlie, lutando com as lágrimas<br />por todo o caminho até lá.Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-22709039124011047272009-01-09T15:47:00.000-08:002009-01-09T16:55:50.924-08:00A Família Cullen!<strong><span style="font-family:Verdana;">Edward :</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Nome Completo: Thomas Robert Pattinson;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Data de Nascimento: 13 de maio de 1986;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Nasceu em: Londres,Inglaterra,Reino Unido;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Altura: 1,85m;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Apelidos: Rob,R.Spunk/Spunk Ransom,Rpattz e Sexbonb;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Começou a Atuar com: 15 anos;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Filmes: </span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Crepúsculo;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Summer House;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> How To Be;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Harry Potter e a Ordem da Fênix.</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Carlisle:</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Nome Completo: Peter Facinelli;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Data de Nascimento:26 de novembro de 1973;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Nasceu em: Queens,Nova York,EUA;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Altura: 1,78m;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Curiosidade:Ele é Vegetariano;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Filmes:</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Espesso;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Crepúsculo;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Reaper;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Alice:</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Nome Completo: Ashley Greene;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Data de Nascimento:21 de fevereiro de 1987;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Nasceu em: Jacksonville,Flórida,USA;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Altura:1,65;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Filmes e Séries:</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Crepúsculo;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> O Rei da Califórnia;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Desire;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Esme:</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Nome Completo:Ann Elizabeth Reaser;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Data de Nascimento:15 de junho de 1975;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Nasceu em:Bloomfield,Michigan,USA;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Altura:1,59m;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Curiosidade: Ela é vegetariana;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Filmes:</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Crepúsculo;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Contra a Corrente;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Grey's Anatomy;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Rosalie:</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Nome Completo:Nicole Houston Reed;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Data de Nascimento:17 de maio de 1988;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Nasceu em: West Los Angeles,Califórnia,USA;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Altura:1,71m</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Filmes e Séries:</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Crepúsculo;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Privilegiada;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Strangers;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> The O.C;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Emmett:</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Nome Completo:Kellan Lutz;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Data de Nascimento: 15 demarço de 1985;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Nasceu em : Dakota do Norte;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Altura:1,85m</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Filmes e Séries:</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Crepúsculo;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> CSI:Nova York;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Six Feet Under;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Jasper:</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Nome Completo:Jackson Rathbone;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Data de Nascimento:21 de desembro de 1984;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Nasceu em:Cingapura;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Apelido:Jay</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Filme e Séries:</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Crepúsculo;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> Beautiful People;</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"> The OC.</span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong><br /><strong><span style="font-family:Verdana;"></span></strong>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-40797139298336052582009-01-09T15:40:00.000-08:002009-01-09T15:47:00.954-08:00O que Significa a Palavra Crepúsculo?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN5ewnJ3hT5EqRw3OwoN-Fu_FYZSkkTFmCrju8D521xKAe3PtZYuEZenm9Br8iUNvFbws3l3WTqAropfhqmbchrvo3HkSy4sNcYSdlaZ-LGf0NXS5IEBpA2VL56yhorMLZyUxuV5t-uf5H/s1600-h/800px-July_midnight_in_Lapland.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5289444670988420050" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN5ewnJ3hT5EqRw3OwoN-Fu_FYZSkkTFmCrju8D521xKAe3PtZYuEZenm9Br8iUNvFbws3l3WTqAropfhqmbchrvo3HkSy4sNcYSdlaZ-LGf0NXS5IEBpA2VL56yhorMLZyUxuV5t-uf5H/s320/800px-July_midnight_in_Lapland.jpg" border="0" /></a><br /><div></div><br /><div><strong><span style="font-size:85%;color:#c0c0c0;">Crepúsculos são os instantes em que o </span></strong><a title="Céu" href="http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9u"><strong><span style="font-size:85%;color:#c0c0c0;">céu</span></strong></a><strong><span style="font-size:85%;color:#c0c0c0;"> próximo ao </span></strong><a title="Horizonte" href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Horizonte"><strong><span style="font-size:85%;color:#c0c0c0;">horizonte</span></strong></a><strong><span style="font-size:85%;color:#c0c0c0;"> no </span></strong><a class="mw-redirect" title="Poente" href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Poente"><strong><span style="font-size:85%;color:#c0c0c0;">poente</span></strong></a><strong><span style="font-size:85%;color:#c0c0c0;"> ou </span></strong><a title="Nascente" href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Nascente"><strong><span style="font-size:85%;color:#c0c0c0;">nascente</span></strong></a><strong><span style="font-size:85%;color:#c0c0c0;"> toma uma cor gradiente, entre o azul do dia e o escuro da noite. Normalmente acontecem no instante em que o </span></strong><a title="Sol" href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Sol"><strong><span style="font-size:85%;color:#c0c0c0;">Sol</span></strong></a><strong><span style="font-size:85%;color:#c0c0c0;">, "ao nascer" ou "se pôr", também chamado de lusco-fusco, encontra-se logo abaixo da linha do horizonte marítimo, sendo que em alguns casos, como em regiões </span></strong><a title="Montanha" href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Montanha"><strong><span style="font-size:85%;color:#c0c0c0;">montanhosas</span></strong></a><strong><span style="font-size:85%;color:#c0c0c0;">, podem ocorrer antes do pôr-do-sol ou depois do nascer do astro, nesse momento é que os navegadores conferem sua posição estimada, comparando a abertura esperada em graus com a observada do horizonte ao astro.</span></strong></div>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com446tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-58626811897845940862009-01-09T07:39:00.001-08:002009-01-09T07:39:24.281-08:00YouTube - 1/14 aquele-que-deveria-brilhar, legendado<a href="http://www.youtube.com/watch?v=XLLLlXxvX00&feature=PlayList&p=0E18DAC6BF85DE3F&index=0&playnext=1">YouTube - 1/14 aquele-que-deveria-brilhar, legendado</a>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-21940624346896311542009-01-09T07:39:00.000-08:002009-01-09T07:39:22.711-08:00YouTube - 1/14 aquele-que-deveria-brilhar, legendado<a href="http://www.youtube.com/watch?v=XLLLlXxvX00&feature=PlayList&p=0E18DAC6BF85DE3F&index=0&playnext=1">YouTube - 1/14 aquele-que-deveria-brilhar, legendado</a>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-31151206444633801262009-01-09T07:08:00.000-08:002009-01-09T07:08:39.426-08:00YouTube - 14/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado<a href="http://www.youtube.com/watch?v=VPWm25BZhcQ&feature=PlayList&p=0E18DAC6BF85DE3F&index=13">YouTube - 14/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado</a>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-41277076093953278952009-01-09T07:07:00.001-08:002009-01-09T07:07:59.936-08:00YouTube - 12/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado<a href="http://www.youtube.com/watch?v=UiwFFhlInQw&feature=PlayList&p=0E18DAC6BF85DE3F&index=11">YouTube - 12/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado</a>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-91415983453956902012009-01-09T07:07:00.000-08:002009-01-09T07:07:30.410-08:00YouTube - 11/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado<a href="http://www.youtube.com/watch?v=XZalVTG9Rck&feature=PlayList&p=0E18DAC6BF85DE3F&index=10">YouTube - 11/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado</a>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-10540525354327472912009-01-09T07:06:00.002-08:002009-01-09T07:06:04.980-08:00YouTube - 10/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado<a href="http://www.youtube.com/watch?v=1eYaZuwBMDU&feature=PlayList&p=0E18DAC6BF85DE3F&index=9">YouTube - 10/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado</a>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-89450085053806286352009-01-09T07:06:00.001-08:002009-01-09T07:06:04.198-08:00YouTube - 10/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado<a href="http://www.youtube.com/watch?v=1eYaZuwBMDU&feature=PlayList&p=0E18DAC6BF85DE3F&index=9">YouTube - 10/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado</a>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-4372323130979924552009-01-09T07:06:00.000-08:002009-01-09T07:06:02.857-08:00YouTube - 10/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado<a href="http://www.youtube.com/watch?v=1eYaZuwBMDU&feature=PlayList&p=0E18DAC6BF85DE3F&index=9">YouTube - 10/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado</a>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-51557990426937080052009-01-09T07:05:00.000-08:002009-01-09T07:05:18.807-08:00YouTube - 8/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado<a href="http://www.youtube.com/watch?v=1PVeG0kGftE&feature=PlayList&p=0E18DAC6BF85DE3F&index=7">YouTube - 8/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado</a>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-54839756074958593962009-01-09T07:03:00.001-08:002009-01-09T07:03:31.079-08:00YouTube - 6/14 aquele-que-deveria-brilhar, legendado<a href="http://www.youtube.com/watch?v=6pQKtH4t92k&feature=PlayList&p=0E18DAC6BF85DE3F&index=5">YouTube - 6/14 aquele-que-deveria-brilhar, legendado</a>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-61454101468293376502009-01-09T07:03:00.000-08:002009-01-09T07:03:00.391-08:00YouTube - 5/14 aquele-que-deveria-brilhar, legendado<a href="http://www.youtube.com/watch?v=sieEpY_s_IQ&feature=PlayList&p=0E18DAC6BF85DE3F&index=4">YouTube - 5/14 aquele-que-deveria-brilhar, legendado</a>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-68812033016455238872009-01-09T07:02:00.004-08:002009-01-09T07:02:39.557-08:00YouTube - 4/14 aquele-que-deveria-brilha- legendado<a href="http://www.youtube.com/watch?v=wNcKyXl5sYc&feature=PlayList&p=0E18DAC6BF85DE3F&index=3">YouTube - 4/14 aquele-que-deveria-brilha- legendado</a>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-25029735379956986402009-01-09T07:02:00.003-08:002009-01-09T07:02:07.762-08:00YouTube - 3/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado<a href="http://www.youtube.com/watch?v=qinMMQIGZdo&feature=PlayList&p=0E18DAC6BF85DE3F&index=2">YouTube - 3/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado</a>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1156787905348184307.post-63562573442114696902009-01-09T07:02:00.002-08:002009-01-09T07:02:06.947-08:00YouTube - 3/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado<a href="http://www.youtube.com/watch?v=qinMMQIGZdo&feature=PlayList&p=0E18DAC6BF85DE3F&index=2">YouTube - 3/14 aquele-que-deveria-brilhar-legendado</a>Kristenhttp://www.blogger.com/profile/13177737668354876156noreply@blogger.com0